quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Você é Branco?

VOCÊ É BRANCO? Que azar, hein?
Ives Gandra da Silva Martins*


Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos. Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.

Os índios que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios, que pretendem ser beneficiados também – passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos "quilombolas", que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências (algo que um cidadão comum jamais conseguiria!)

Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse "privilégio", porque cumpre a lei.

Desertores, assaltantes de bancos e assassinos que, no passado participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais, o que é retirado dos pagadores de tributos para "ressarcir" aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema? Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.

(*Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo).

Popularidade?!
A popularidade alcançado por Adolf Hitler na Alemanha chegou aos 96%; portanto, ainda há uma defasagem de 12%.

Ah, calma, ainda faltam computar os efeitos da bolsa celular e do filme!
"O culto ao mito exerceu um papel determinante no funcionamento do Terceiro Reich e na aterradora dinâmica do nazismo... "

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Nova Minoria

texto de Martha Medeiros

É um grupo formado por poucos integrantes. Acredito que hoje estejam até em menor número do que a comunidade indígena, que se tornou minoria por força da dizimação de suas tribos. A minoria a que me refiro também está sendo exterminada do planeta, e pouca gente tem se dado conta. Me refiro aos sensatos.


A comunidade dos sensatos nunca se organizou formalmente. Seus antepassados acasalaram-se com insensatos, e geraram filhos e netos e bisnetos mistos, o que poderia ser considerada uma bem-vinda diversidade cultural, mas não resultou em grande coisa. Os seres mistos seguiram procriando com outros insensatos, até que a insensatez passou a ser o gene dominante da raça. Restaram poucos sensatos puros.

Reconhecê-los não é difícil. Eles costumam ser objetivos em suas conversas, dizendo claramente o que pensam e baseando seus argumentos no raro e desprestigiado bom senso. Analisam as situações por mais de um ângulo antes de se posicionarem. Tomam decisões justas, mesmo que para isso tenham que ferir suscetibilidades. Não se comovem com os exageros e delírios de seus pares, preferindo manter-se do lado da razão. Serão pessoas frias? É o que dizem deles, mas ninguém imagina como sofrem intimamente por não serem compreendidos.

O sensato age de forma óbvia. Ele conhece o caminho mais curto para fazer as coisas acontecerem, mas as coisas só acontecem quando há um empenho conjunto. Sozinho ele não pode fazer nada contra a avassaladora reação dos que, diferentemente dele, dedicam suas vidas a complicar tudo. Para a maioria, a simplicidade é sempre suspeita, vá entender.

O sensato obedece a regras ancestrais, como, por exemplo, dar valor ao que é emocional e desprezar o que é mesquinho. Ele não ocupa o tempo dos outros com fofocas maldosas e de origem incerta. Ele não concorda com muita coisa que lê e ouve por aí, mas nem por isso exercita o espírito de porco agredindo pessoas que não conhece. Se é impelido a se manifestar, defende sua posição com ideias, sem precisar usar o recurso da violência.

O sensato não considera careta cumprir as leis, é a parte facilitadora do cotidiano. A loucura dele é mais sofisticada, envolve rompimento com algumas convenções, sim, mas convenções particulares, que não afetam a vida pública. O sensato está longe de ser um certinho. Ele tem personalidade, e se as coisas funcionam pra ele, é porque ele tem foco e não se desperdiça, utiliza seu potencial em busca de eficácia, em vez de gastar sua energia com teatralizações que dão em nada.

O sensato privilegia tudo o que possui conteúdo, pois está de acordo com a máxima que diz que mais grave do que ter uma vida curta é ter uma vida pequena. Sendo assim, ele faz valer o seu tempo. Reconhece que o Big Brother é um passatempo curioso, por exemplo, mas não tem estômago para aquela sequência de conversas inaproveitáveis. É o vazio da banalidade passando de geração para geração.

Ouvi de um sensato, dia desses: “Perdi minha turma. Eu convivia com pessoas criativas, que falavam a minha língua, que prezavam a liberdade, pessoas antenadas que não perdiam tempo com mediocridades. A gente se dispersou”. Ele parecia um índio.

Mesmo com poucas chances de sobrevivência, que se morra em combate.
Sensatos, resistam.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Brasília e o Brasil

Editorial do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 21/2/2010

Na antevéspera do seu cinquentenário de fundação e sob a perspectiva de uma intervenção federal que lhe devolva a governabilidade, Brasília reflete um Brasil que não serve mais aos brasileiros – o país dos desmandos, do jeitinho, das mordomias e da corrupção.

Os últimos episódios políticos do Distrito Federal, que culminaram com a prisão do governador José Roberto Arruda e com a polêmica em torno de sua sucessão, só pioraram o conceito da capital da República, que já nasceu sob questionamentos e acumulou ao longo de cinco décadas os piores rótulos: abrigo para uma burocracia dispendiosa e improdutiva, concentração do pior da política nacional, reduto dos marajás do serviço público e verdadeira ilha da fantasia num país de desigualdades históricas. Será mesmo que Brasília é apenas um espinho encravado no coração do Brasil?

Sua curta história mostra que não é bem assim. Ainda que a transferência da capital do país para o Centro-Oeste tenha sido feita sob protestos da oposição da época, o sonho da integração – realizado pelo presidente Juscelino Kubitschek, com o respaldo profissional dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer – encheu os brasileiros de orgulho (e o país de dívidas) em 1960.

Foi uma proeza sem precedentes no continente sul-americano a construção em apenas três anos de uma metrópole em cima do nada. Hoje, com uma população de 2,6 milhões de habitantes, é a quarta maior cidade, o centro do poder político do país e um dos patrimônios arquitetônicos da humanidade.

Mas o que incomoda em Brasília não é a sua arquitetura arrojada, nem seus palácios modernos, suas avenidas espaçosas, seus lagos artificiais ou suas residências funcionais.

O que a torna malvista e malfalada no restante do país é a elite política lá instalada e a estrutura burocrática que a cerca.

Desde que o país passou a ser comandado do Planalto Central, os olhos e as críticas dos brasileiros se voltaram para o Cerrado goiano e para as decisões de lá emanadas.

Precisamos, no entanto, distinguir a cidade de seus dirigentes. Não é de Brasília – e sim dos representantes políticos que desonram seus mandatos – a responsabilidade pelos desmandos, pelos conchavos, pela expropriação da coisa pública.

Estas mesmas mazelas ocorrem em outras unidades da Federação, embora estejam mais concentradas na Capital Federal em decorrência da própria organização administrativa do país.

E a origem da corrupção e das falcatruas – convém não esquecer – está no voto equivocado de quem elege por compadrio, por desinformação, por desinteresse em participar da vida política do país.

Todos nós temos responsabilidade pelo que acontece no coração do poder. Todos nós temos o dever de fiscalizar, de protestar e de excluir do nosso convívio aqueles que desvirtuam o país.

Brasília – para o bem e para o mal – é o Brasil.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Amizade com o Irã? Pra que?

É terrível o país que não tem memória.

Muita gente não se lembra, não sabe e nem quer saber dos problemas enfrentados pelo Brasil e por quase todo o mundo ocidental, quando os países árabes, com a participação forte do Irã, quase destruíram nossa economia com a crise do petróleo dos anos 70 e 80.

Naquele tempo, produzíamos menos de 20% do petróleo que precisávamos para continuar crescendo e importávamos o petróleo árabe.

Eu mesmo, como milhares de outros colegas, passei grande parte de minha vida pilotando os super-petroleiros de então, que iam ao Golfo Pérsico buscar o petróleo de que tanto necessitávamos. Meses e meses de solidão no mar, longe da família, na missão de abastecer o país com esta fonte de energia.

Agora, de repente, nos tornamos amigos e aliados do Irã. Por quê? Para quê? Qual o objetivo estratégico desta mudança radical na nossa política exterior?

Talvez este artigo, escrito por Augusto Nunes, possa nos indicar as razões.

Só consegue ser amigo do governo do Irã quem despreza a liberdade.

Afrontados pela fraude colossal que viciou as eleições presidenciais, centenas de milhares de manifestantes expuseram-se nas ruas do Irã à truculência do Exército regular e à cólera das milícias a serviço dos aiatolás . O mundo civilizado comoveu-se com a coragem das multidões de manifestantes anônimos. Lula enxergou algo parecido com um jogo de futebol.

Primeiro, comparou os atos de protesto à reação de torcedores que não aceitam a derrota do time. Depois, exigiu respeito ao placar criminosamente adulterado. Nos meses seguintes, oposicionistas que não seguiram o conselho de Lula foram torturados e mortos. O estadista brasileiro não viu nada demais. No fim do ano, recepcionou Mahmoud Ahmadinejad com honras de estadista. E vai retribuir a visita em maio.

Indignadas com o cinismo de Ahmadinejad, que continuou a montar nas sombras o arsenal nuclear cuja existência sempre negou em público, as nações desenvolvidas exigiram que o farsante deixasse de mentiras. O mundo civilizado hoje vê com perturbadora nitidez um psicopata no comando de um regime primitivo. Lula só consegue enxergar um bom companheiro.

Ahmadinejad lhe prometera usar a energia nuclear só para fins pacíficos, revelou há três meses. Depois da notícia, a gabolice de praxe: “Ele não teria motivos para mentir para mim”. O espancador da verdade garante que o Holocausto não existiu e garante que não pretende atacar Israel. Lula acha a primeira afirmação um tanto exagerada e acredita na segunda.

Em 11 de fevereiro, no meio da entrevista coletiva em Brasília, uma jornalista perguntou o que o chanceler Celso Amorim achava da revelação feita horas antes por Ahmadinejad: o Irá já tem condições de produzir a bomba e é, portanto, “um país nuclear”. Visivelmente perturbado, um gaguejante Amorim primeiro duvidou do que ouviu, depois lamentou o que ouviu e enfim prometeu pensar no que ouviu. No dia seguinte, retomou a lengalenga exasperante: “Precisamos conversar bastante com o Irã”, disse o áulico de todos os chefes.

O governo brasileiro nunca quis conversa com o presidente colombiano Alvaro Uribe, para que ele tentasse convencer o vizinho a parar de tratar os narcoguerrilheiros das FARC como “insurgentes”. Tampouco quis conversa com o governo interino de Honduras, para saber o que fez Manuel Zelaya para justificar a deposição. Mas quer muita conversa com os companheiros iranianos. Esses merecem toda a paciência do mundo.

A paciência acabou, avisa o comportamento dos países que contam, todos convencidos de que chegou a hora de tratar com dureza os provocadores atômicos. Sempre do lado errado, Lula comunicou que não aceitará a adoção de “medidas unilaterais” contra o governo amigo. Parece brincadeira, mas ele acredita mesmo na Teoria do Ponto G, segundo a qual o mundo já não consegue viver sem ouvir a voz do Brasil.

O presidente nunca folheou um livro de História e é desoladoramente ignorante em geopolítica. O cérebro baldio facilita as coisas. Permite-lhe, por exemplo, embarcar alegremente na fantasia do “protagonismo” alcançado por um país que ainda não descobriu como tirar das trevas 10 milhões de analfabetos ou mandar para a cadeia um único corrupto da classe executiva. Difícil é entender a inexistência, nas cercanias de Lula, de alguém capaz de dizer-lhe que nenhum chefe de governo tem o direito de cobrir de ridículo uma nação inteira.

Melhor assim. Quanto mais demorada for a parceria com o Irã, mais tempo terá o eleitorado brasileiro para entender que a política externa da companheirada antecipa as bandidagens que, se pudesse, já estaria praticando no Brasil. Quem se desmancha em agrados com a Venezuela de Chávez sonha com o “controle social da mídia”. Só pode ser parceiro do Irã dos aitolás quem despreza a democracia e odeia a liberdade. Os amigos estrangeiros só fazem por lá o que os stalinistas farofeiros pretendem fazer por aqui.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Porque Arruda Foi Preso

por Wesley Collyer

Finalmente, com um atraso típico de nações que não prezam devidamente o Direito, aconteceu o afastamento do Governador Arruda. As instituições, mais uma vez, decepcionavam os cidadãos e cidadãs que teimam em acreditar que somos um país sério, que todos são iguais perante a lei e que ninguém está acima dela.

A repetição televisiva das imagens que mostram a prostituição ética instalada no governo do Distrito Federal embrulha o estômago de quem cumpre a lei, paga seus impostos e espera dos governantes atitudes exemplares. Foram quase três meses de espera indignada e perguntas do tipo: por que essa cara não vai preso?!!! Ou expressões de total descrença no país e no Direito: é isso mesmo e aposto que ele nem vai pra cadeia...

Ah, como ser sério e ético em nosso país nos faz sofrer. Quanta decepção com os políticos, com as coisas erradas, sem conserto; por que temos que aturar tanta corrupção e tanta impunidade? Por que tanta frouxidão de nossas leis? E não se vê um político sério bradando contra isso, nenhuma organização à frente de alguma iniciativa para alterar isso?

Por que as decisões dos tribunais superiores em assuntos de repercussão nacional decepcionam tanto? Por que é tão lerda nossa Justiça? Por que Daniel Dantas foi solto (rapidamente) duas vezes? E o médico Roger Abdelmassih, acusado de 56 crimes sexuais contra pacientes de sua clínica também foi solto pelo Supremo às vésperas do Natal? Às vezes, tenho a impressão que nossos tribunais superiores querem mostrar o que nem os países velhos e desenvolvidos mostram – como diz o povo, querem ser mais realistas do que o rei.

Parece faltar ao Brasil mais seriedade. Ou, se não falta seriedade, somos um povo estupidamente tolerante e permissivo, o que dá no mesmo.

Nosso sistema jurídico prevê a prescrição, que permite a um assassino matar alguém a sangue frio, sumir vinte anos e reaparecer sem que a Justiça possa fazer nada contra ele! Na Inglaterra não existe a prescrição – puxa, como são bárbaros... Prescrição, no Brasil, com a lerdeza de nossa Justiça, é um prêmio para o criminoso. Essa mesma prescrição obriga o Supremo Tribunal Federal a arquivar um processo por semana contra parlamentar. E ninguém faz nada!!! Não se vê nenhuma iniciativa do Supremo para estancar esse sangramento ético que se chama arquivamento de processo contra parlamentares por prescrição! Será que o STF não tem meios de se tornar mais ágil? Será que toda a culpa cabe aos parlamentares, legisladores que são?

Dizem os estudiosos do Direito Penal, que a pena só é legítima quando traduz o sentimento médio da coletividade.

Afirmo, como cidadão, que certamente a prescrição não faria parte do Código Penal se dependesse da coletividade.

Agora, voltemos à prisão do Governador Arruda. Como disse, já passava a hora. Mas, atenção: ele foi preso não porque recebeu dinheiro e é acusado de comandar um esquema de corrupção, mas porque tentou “subornar testemunha e de utilizar documento falsificado para alterar a verdade da investigação” – despacho do Ministro Marco Aurélio que confirmou a prisão! Ora viva!!! Nem tudo está perdido... Detalhe: se ele tivesse ficado quieto, ainda estaria governando, ô Brasil!...

Será que o fim da impunidade em nosso País começa, curiosamente no Carnaval, período em que “vale tudo”?

De minha parte, pelo que já vi e conheço do nosso sistema de leis frouxas e interpretações dos tribunais superiores que se perdem em firulas jurídicas e quase nunca atendem aos anseios da sociedade, ouso afirmar que não veremos o Arruda julgado, condenado e cumprindo pena em penitenciária.

Ah, quem dera eu esteja errado...

Leia mais postagem de Wesley Collyer aqui.

Meu Comentário na postagem do meu dileto amigo Collyer:
Desculpe meu rompante de cidadão frustrado, mas o Brasil está falido, como nação. Depois da eleição do primeiro "trabalhador" como presidente (assim mesmo, em minúscula) a corrupção foi institucionalizada e já ninguém se espanta com nada. Não acredito na prisão do bandido Arruda, como não acreditei na prisão do Jader Barbalho ou do Paulo Maluf. Tomara que eu esteja totalmente equivocado, mas isto tudo vai se tornar uma imensa Venezuela.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ainda Há Pessoas Com Dignidade

Carta de Anita Leocádia Prestes ao Jornal "O Globo"

À Redação de “O Globo ”
RJ , 13/01/2010

Tendo em vista matéria publicada em “O Globo” de hoje (p. 4), intitulada “Comissão aprovará novas indenizações” e na qualidade de filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, devo esclarecer o seguinte: Luiz Carlos Prestes sempre se opôs à sua reintegração no Exército brasileiro, tendo duas vezes se demitido e uma vez sido expulso do mesmo.

Também nunca aceitou receber qualquer indenização governamental; assim, recusou pensão que lhe fora concedida pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Sr. Saturnino Braga.

A reintegração do meu pai ao Exército no posto de coronel e a concessão de pensão à família constitui, portanto, um desrespeito à sua vontade e à sua memória.

Por essa razão, recusei a parte de sua pensão que me caberia.

Da mesma forma, não considerei justo receber a indenização de cem mil reais que me foi concedida pela Comissão de Anistia, quantia que doei publicamente ao Instituto Nacional do Câncer.

Considerando o direito, que a legislação brasileira me confere, de defesa da memória do meu pai, espero que esta carta seja publicada com o mesmo destaque da matéria referida.

Atenciosamente,

Anita Leocádia Prestes
CPF 059050957/87
RG 1492888 IFP/RJ

Judiciário versus Polícia Federal

Pedro Simon analisa desempenho do Judiciário em relação a operações da Polícia Federal e critica Gilmar Mendes.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) em seu discurso, nesta quarta-feira (17.02) fez uma análise da atuação do Judiciário brasileiro e em relação às operações da Polícia Federal e criticou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Gilmar Mendes. Para ele, decisões de tribunais superiores entraram em choque com decisões de primeira instância tanto na Operação Satiagraha quanto na Operação Castelo de Areia.

Simom destacou o confronto vivido pelo juiz De Sanctis, com Gilmar Mendes e disse que “o juiz não vive, porém, dias sossegados, alvo de inúmeros procedimentos administrativos e de acusações e ironias de pares e escribas, sem falar do confronto que teve que sustentar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, quando das prisões do banqueiro Daniel Dantas. Confronto perdido, como se sabe, pelos dois habeas corpus concedidos ao banqueiro graças a decisões de Mendes tão imperiosas quanto descabidas”.

Para o senador, a prisão preventiva do “cabeça da organização” foi criteriosamente determinada em sólida decisão, embasada em documentos e em fatos confirmados nos autos, como a grande soma de dinheiro apreendida com os investigados, provando ser hábito do grupo o pagamento de propinas a autoridades.

Apesar de tantas evidências, destacou Pedro Simon, o presidente do Supremo Tribunal Federal revogou a prisão por duas vezes em menos de 48 horas. Os fatos criminosos, gravíssimos, foram ignorados. “Pateticamente, o plenário do Supremo Tribunal Federal referendou o “HC canguru” (aquele habeas corpus que pula instâncias) e voltou-se contra o juiz, mas sem a anuência dos ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio – este, aliás, o único que leu e analisou minuciosamente as decisões de primeiro grau”.

Em julho de 2008, decretou-se a prisão dos investigados pela possibilidade real de orquestração e destruição de provas.

Simom lamentou que no Brasil hoje, aparentemente, Judiciário, Legislativo e Executivo não se debruçam mais sobre o essencial. “O que se discute, por exemplo, não é o crime praticado, mas se as autoridades colocaram os carimbos corretos nas páginas certas dos processos. Ou seja, discute-se, em muitos casos, o acessório, e não o principal”.

Simon leu o artigo "A Justiça na UTI", de autoria da procuradora Janice Ascari, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo em 24 de dezembro do ano passado, onde ela examina os desdobramentos jurídicos da Operação Satiagraha. Para a procuradora, "após sucessivas intervenções jurídicas incomuns" as investigações sobre "um dos mais escabrosos casos de corrupção" do Brasil foram prejudicadas. Na opinião dela, leu Simon, a Satiagraha surpreendeu o país devido às "manifestações de autoridades e de instituições públicas e privadas em defesa dos investigados".

"Nunca se viu tamanho massacre contra os responsáveis pela investigação e julgamento do caso. Em vez do apoio à rigorosa apuração e punição, buscou-se desacreditar e desqualificar a investigação criminal colocando em xeque, com ataques vis e informações orquestradas e falaciosas, o sério trabalho conjunto do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, bem como a atuação da Justiça Federal", afirma a procuradora Janice Ascari no artigo, lido por Simon.

O senador também lembrou que liminares do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), lançadas no fim do ano passado, "podem invalidar as investigações da Satiagraha", pois suspenderam ações e invalidaram provas da operação.

Outro caso também a cargo do juiz Fausto De Sanctis, acrescentou Simon, foi proveniente da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal, que investigou doações da Camargo Corrêa a políticos de diversos partidos.

“No processo da operação Castelo de Areia a investigação do juiz De Sanctis foi suspensa em pleno recesso da Justiça, agora em janeiro, pelo Superior Tribunal de Justiça que aceitou as alegações dos advogados da empresa no sentido de que a investigação teria sido iniciada ilegalmente por quebra de sigilo telefônico em decorrência de denúncia anônima”, disse Simon.

“Ali eu me perguntei: será que em outros países é assim, será que na França, nos Estados Unidos, um ministro da Corte Suprema revoga a decisão de um juiz e dá em seguida declarações bombásticas quanto a esse mesmo magistrado? O problema, em poucas palavras, é o seguinte: estarão as decisões dos Tribunais Superiores brasileiros travando investigações contra poderosos, ao mesmo tempo em que desprestigiam policiais competentes, humilham magistrados inflexíveis? - questionou Simon.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Perigo da História Única

Vale a pena ver/ouvir e meditar.

O Perigo da História Única.

Políticos Corruptos Vão Para a Cadeia

Mas não aqui; nos Estados Unidos . . .

Explico: a Constituição dos EUA (a mais antiga em vigor) não oferece imunidade para político ou para qualquer outra pessoa em cargo público. Lá, ao contrário daqui, todos são iguais perante a lei.

Crimes praticados por políticos são investigados pela Polícia Federal (FBI) e se houver provas suficientes, são levados a julgamento e, caso condenados, cumprem a pena integralmente. Nas mesmas prisões.

Veja o clipe:

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Lula, o PT e suas heranças: 2002 e 2006

Publicado no "O Estado de São Paulo" em julho de 2006 e republicado em 14 de Fevereiro de 2010.

Por Pedro S. Malan

Este artigo foi publicado neste espaço em julho de 2006. É republicado hoje sem nenhuma alteração. Por duas razões: a primeira, porque como na letra do samba de carnavais de outrora, "recordar é viver"; a segunda, muito mais importante, porque o autor acredita que o texto talvez possa reter certo interesse, à luz da insistência do governo atual num confronto plebiscitário, com foco no passado, em vez de um olhar à frente, como, creio eu, seria melhor para o País, onde há tanto por fazer. Portanto, peço ao eventual leitor que adicione, ao título do artigo e onde mais couber, o ano de 2010.

"A opinião que tens de tua importância te porá a perder", dizia uma das inscrições nas vigas da biblioteca de Montaigne, cujos Ensaios há séculos encantam seus leitores. O tema da vaidade dos homens lhe era caro. O belo ensaio a ele dedicado começa bem: "Talvez não haja vaidade maior do que sobre ela escrever de forma tão vã." Afinal, sempre vale lembrar o Eclesiastes: vaidade das vaidades, tudo é vaidade.

Não sei bem por quê, estas lembranças por vezes me vêm à mente ao ler os pronunciamentos de nosso presidente, cada vez mais encantado consigo mesmo e com o que considera não só como seu superior entendimento das coisas deste mundo, como sua autoproclamada capacidade de transformá-lo. Em arroubo recente, informou-nos que "só Deus conseguiria consertar em quatro anos o que não foi feito em 500 anos". Ele (Lula), por exemplo, precisaria de oito anos para começar a corrigir erros e omissões seculares e pôr o País no rumo certo, deixando uma extraordinária herança a seu sucessor.

Mas falemos antes sobre as heranças, já por eles construídas, com que Lula e o PT chegaram a 2002 - e chegam às eleições de 2006.

Em 2002, Lula e o PT tinham uma história de mais de 20 anos e, portanto, uma herança que consigo carregavam. Fazia parte dessa herança a ferrenha oposição ao lançamento do Real em 1994, chamado de "pesadelo", de "estelionato eleitoral" e com duração por eles prevista para poucos meses. Fazia parte dessa herança a oposição às mudanças constitucionais que permitiriam ampliar os investimentos privados em infraestrutura. Fazia parte dessa herança a oposição às privatizações, à redução do número de bancos estaduais e à abertura comercial. Fazia parte dessa herança o plebiscito pela suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna e pelo "rompimento" com o FMI. Fazia parte dessa herança a oposição do PT à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no Congresso, a tentativa de derrubá-la no STF e a aprovação, em dezembro de 2000, por seu Diretório Nacional, de texto em que o PT declarava sua posição: "A LRF precisa ser radicalmente modificada porque o preço da responsabilidade fiscal não pode ser a irresponsabilidade social." Fazia parte da herança com que o PT e Lula chegaram a 2002 o programa de governo aprovado em dezembro de 2001 pelo seu congresso nacional, a mais alta instância decisória do partido, e que tinha como subtítulo A ruptura necessária com tudo aquilo que ali estava.

Essa herança, como é sabido, teve consequências já em 2002. A taxa de câmbio desvalorizou-se em mais de 50% nos seis meses que antecederam a eleição de outubro (de R$ 2,4 em março/abril para R$ 3,7 por dólar em setembro/outubro), o risco País chegou a multiplicar-se por quatro no período, chegando a 2.400 pontos em outubro, e a inflação em 2002 alcançou 12,5%, tendo mais da metade deste aumento sido registrada nos últimos três meses do ano. Como bem notou Armínio Fraga em longa e excelente entrevista ao jornal Valor (23/6), "a economia estava na UTI, mas isto era a consequência de expectativas em relação ao que o próximo governo faria". E havia fundadas razões para essas expectativas.

A gradual desconstrução dessa herança foi um processo, timidamente iniciado em fins de junho de 2002 com carta-compromisso do candidato e ainda não concluído, porque há sérias divisões e ambiguidades não resolvidas no PT, no próprio governo e nas forças que o apoiam, como mostra a experiência pós-Palocci, em particular no que diz respeito à forte expansão recente do gasto público.

Passados quatro anos, é cada vez mais claro que a gradual desconstrução da herança construída pelo PT para si próprio em 2002 foi facilitada por três ordens de fatores: um contexto internacional extraordinariamente favorável no quadriênio 2003-2006 (só comparável ao quadriênio 1970-1973, afirma estudo recente do FMI); uma política macroeconômica não-petista (nenhuma das "estrelas econômicas" do PT ocupou qualquer posição relevante na área mais sensível da política macroeconômica, graças ao médico Palocci e ao apoio que este recebeu de Lula até o final de 2005); e uma herança não-maldita de inúmeros avanços institucionais e mudanças estruturais que foram de enorme serventia ao novo governo, nos mais variados setores, inclusive os sociais, e aos quais o governo Lula soube dar continuidade, ainda que pretendendo ter inventado a roda - em alguns casos, com desfaçatez e hipocrisia.

Entretanto, o contexto internacional, que permitiu que o Brasil reduzisse extraordinariamente a sua vulnerabilidade externa, não será tão favorável nos próximos quatro anos. O ministro Palocci, assim como pessoas-chave de sua equipe, não mais emprestam seu concurso ao governo. E, nos últimos quatro anos, houve poucos avanços institucionais, andamento de processos de reforma e melhoria de contextos regulatórios - pelo contrário.

O discurso sobre "herança maldita", que marcou o imaginário petista, era não só objetivamente equivocado, como trazia seu prazo de validade estampado no rótulo: afinal, em menos de quatro anos o governo Lula se apresentaria ao eleitorado com sua própria herança. E, em modernas democracias, o que se pode - e deve - esperar de um governo é que entregue a seu sucessor um país um pouco melhor do que recebeu de seu antecessor. Como fez FHC, sem achar que a "verdadeira" História do País começou com ele e sua gestão.

Qualquer governo, em qualquer país do mundo, não só tem seus próprios erros e acertos, como também constrói sobre avanços alcançados na vigência de administrações anteriores. O governo Lula não foi, não é e não será exceção a esta regra. Reconhecê-lo, difícil como possa parecer para a vaidade humana, é algo que só beneficiaria a governabilidade futura, qualquer que venha a ser o resultado das urnas de outubro.

Pedro S. Malan, economista, foi ministro da Fazenda no governo FHC
E-mail:
malan@estadao.com.br

Devaneios de Carnaval

O carnaval em que o Padroeiro dos Pecadores vestiu a fantasia de Inimigo dos Corruptos
Augusto Nunes

Durante o Carnaval, os brasileiros estão autorizados a vestir a fantasia que quiserem. Todos podem transformar-se em arlequim, pirata, pierrô, demônio, anjo, lorde inglês ou Nelson Jobim. Qualquer um tem o direito de fazer de conta que é o que nunca foi e jamais será. Lula, por exemplo, irrompeu em Goiás na sexta-feira fantasiado de Guardião da Moral e do Dinheiro Público em Luta contra os Corruptos Inimigos da Pátria. No País do Carnaval, talvez ganhe algum troféu na categoria Originalidade. Num Brasil menos cafajeste, o concorrente seria desqualificado por obscenidade.

A fantasia se inspira numa fantasia mais antiga: nos últimos sete anos, Lula não enxergou nenhum caso de corrupção, não viu nenhum corrupto. Descobriu só agora que existem bandidagens por perto, contou na espantosa entrevista concedida a emissoras de rádio goianas. “Obviamente que fico chocado quando vejo a denúncia de corrupção nesse país”, disse sem ficar ruborizado o presidente que, desde julho de 2005, preside um escândalo por mês. “Fico chocado quando vejo aquele vídeo do Arruda recebendo o dinheiro”, continuou a figura que, confrontada há dois meses com a performance da Turma do Panetone, ensinou que “imagens não falam por si”.

“É uma coisa absurda a gente imaginar que em pleno século 21 isso acontece neste país”, prosseguiu sem gaguejar. O que há com o Brasil, estaria perguntando Nelson Rodrigues, que não interrompe aos gritos o falatório, para berrar que muito mais absurdo é ouvir uma coisa dessas declamada pelo Padroeiro dos Pecadores Companheiros? Como os repórteres nem miaram, a discurseira seguiu seu curso: “Espero que o que aconteceu com o Arruda sirva de exemplo para que isso não possa mais se repetir em lugar nenhum. Por isso mandei para o Congresso projeto de lei transformando o crime de corrupção em crime hediondo porque precisamos ser mais duros com a corrupção e com os corruptos”. O que há com o Brasil, estaria rugindo Nelson Rodrigues, que não reage com uma gargalhada nacional ao espetáculo do cinismo?

Como pode falar em combate à corrupção quem finge não saber das bandalheiras em que se meteram mensaleiros, sanguessugas, aloprados, os compadres Roberto Teixeira e Paulo Okamotto, o “nosso Delúbio” e seus quadrilheiros? Como pode posar de defensor dos usos e costumes o presidente que se despediu com cartinhas meigas do estuprador de contas bancárias Antônio Palocci e de José Dirceu, capitão do time do Planalto e general da organização criminosa em julgamento no Supremo? Como pode apresentar-se como guardião da moral e da ética o companheiro que convive fraternalmente com Fernando Collor, Renan Calheiros e Romero Jucá, e promoveu José Sarney a homem incomum?

Há pouco, entre uma e outra pedra fundamental, Lula inaugurou a tese de que o mensalão não passou de uma trama forjada por inimigos da pátria inconformados com a performance incomparável do operário que virou presidente. Tudo somado, esse histórico informa que a promessa de combater duramente a corrupção é mais que uma fantasia de Carnaval. É também a prova de que o Brasil é governado por um presidente que, em vez de cérebro, tem na cabeça um palanque.

Desde o escândalo do mensalão, Lula fez a opção preferencial pela amoralidade e incorporou a mentira ao estilo de governo. É compreensível que tenha visto em Dilma Rousseff a sucessora ideal.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

É, não tem jeito mesmo!

postado por Wesley Collyer no seu blog .

Eles não tomam jeito . . .

Certamente me refiro aos nossos representantes em Brasília.

Está preparado, caro(a) leitor(a)?

Depois de todo o escândalo dos gastos do Senado, com diretores de garagem e de recorte de notícias; depois de um servidor (melhor dizer aproveitador), declarar que lá é melhor que o céu, porque se chega vivo; depois de, por pressão da opinião pública, as 181 diretorias terem sido reduzidas e a Fundação Getulio Vargas contratada para fazer um estudo para reduzir os exorbitantes gastos com pessoal, inclusive recomendando que o número de diretorias fosse fixado em 65, o diretor da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fernando César Mesquita, indicado por Sarney (claro), exorbitando o regimento interno (que permite apenas aos senadores opinarem), propôs a criação de mais 54 funções extras na área de jornalismo...

Sabe quantos já trabalham só na estrutura de comunicação do Senado? Mais de 400! Sem contar os assessores de imprensa que trabalham nos gabinetes e nas comissões. É de chorar, não é? E não se soube de nenhum senador protestando contra a idéia do “Seo” Fernando César...

Mais uma. Você imaginava que os deputados federais têm direito, além das passagens aéreas, a fretar aeronaves? Pois têm! Quando se esperava que o escândalo das passagens resultasse em economia para o bolso do contribuinte, foi permitido o uso mais amplo do fretamento de aviões. Resultado: um em cada quatro deputados recebeu reembolso por aluguel de aeronaves entre os meses de julho e novembro. Foram gastos R$ 2,8 milhões com 115 parlamentares! Seis deputados gastaram mais que o teto previsto para todas as despesas do gabinete! Que tal? Só o deputado Zé Vieira (do Maranhão) recebeu R$ 119.940,00 da Câmara para cobrir despesas com aluguel de aviões nos mesmos meses, ultrapassando duas vezes o teto (não é de altitude é de dinheiro)...

Agora, vamos falar dos gazeteiros. Um levantamento publicado pelo saite Congresso em Foco revela que o número de faltas justificadas dos nobres senadores, subiu de 193, em 2007, para 1.442, em 2008! Detalhe: menos de 10% das faltas foram por motivo de saúde, mas não importa, justificou, ganha o salário...

O pior (se é possível) é que os senadores faltaram mais às sessões deliberativas (aquelas destinadas a votações de projetos de lei e medidas provisórias), justamente as mais importantes.

Para não dizer que só os parlamentares têm gastos exorbitantes, duas notícias que assustam.

O Supremo Tribunal Federal pagou ao seu presidente, Gilmar Mendes, R$ 114.205,93 em diárias de viagem nos 13 meses de sua gestão. Esse valor significa praticamente quatro vezes o total acumulado por sua antecessora, a ministra Ellen Gracie, nos 24 meses de sua presidência.

Também o ex-presidente do Tribunal de Contas da União, Walton Alencar Rodrigues recebeu R$ 253.452,70 em diárias nos dois anos (2007-2008) em que comandou o órgão responsável pela fiscalização de recursos públicos na administração federal.

Gastou quase seis vezes mais que seu antecessor, o ex-ministro Adylson Motta (R$ 44.228,40 em 20 meses) para custear despesas em viagens nacionais e internacionais.

Para terminar, uma do Corregedor do Senado (responsável por apurar os desvios éticos dos colegas); o Senador Romeu Tuma se hospedou de 28 a 31 de agosto num hotel para ver a festa do boiadeiro em Barretos (SP), sacou a conta do bolso e a atirou para o contribuinte, que pagou R$ 14.127,00 pelos três dias de hospedagem, dele e de outros “dois ou três assessores”, como disse ele.

Até, tu, Tuma?...

Será que dá para fazer queixa ao bispo?...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Um Carnaval Melhor

A prisão de Arruda melhorou o Carnaval que seria perfeito com os mensaleiros na cela ao lado.
Augusto Nunes

A agenda do homem público José Roberto Arruda foi atropelada pelo prontuário do delinquente José Roberto Arruda. Governador do Distrito Federal desde 2006, já deveria estar no Rio nesta sexta-feira, pronto para brilhar na Marquês de Sapucaí. Criminoso irrecuperável desde o berçário, cancelou passagens aéreas e reservas no hotel para hospedar-se involuntariamente na Polícia Federal. Em vez de desfrutar das noites cariocas, vai pensar na vida durante as madrugadas na cadeia.

Para os brasileiros honestos, a prisão de um corrupto da classe executiva é mais animadora que qualquer samba-enredo. Pelo menos não serão afrontados pelo sorriso do bandido no camarote, pago com dinheiro público, assistindo à passagem da Beija-Flor, que escolheu o 50° aniversário de Brasília como tema do enredo para que o governo pilantra pagasse a conta da festa.

É cedo, contudo, para festejar o fim da impunidade dos meliantes da primeira classe. O primeiro pedido de habeas corpus foi rejeitado pelo ministro Marco Aurélio de Mello. Mas outros virão. E mesmo o mais delirante dos otimistas sabe que Arruda estará em liberdade antes da Sexta-Feira Santa.

Em países civilizados, o chefe da Turma do Panetone aprenderia o que acontece a quem rouba com a desfaçatez, a gula, e o cinismo documentados pelos vídeos inverossímeis. Se fosse julgado por um tribunal americano, por exemplo, Arruda só voltaria a brincar no Carnaval num clube da terceira idade. Como isto aqui é o Brasil, expressões como “direito à ampla defesa” e “devido processo legal” prevalecem sobre o dever de impedir que criminosos exerçam o direito de ir e vir para dedicar-se à obstrução da Justiça, ao sumiço de provas e à intimidação de testemunhas.

É o que Arruda vinha fazendo desde a divulgação das gravações cafajestes ─ e voltará a fazer depois da escala na cadeia, só que menos ostensivamente. Foi preso não por corrupção, mas por ansiedade. Deveria ter esperado que os vídeos caíssem no buraco negro da desmemória brasileira para tentar subornar uma testemunha. Mesmo para os padrões do Judiciário, foi demais.

Ironicamente, a primeira prisão de um governador corrupto, ao escancarar a solidão de Arruda na paisagem absurdamente despovoada de colegas de profissão, transformou-se numa prova contundente de que o Brasil não prende ladrões com bons advogados e amigos influentes. Larápios infestam os três Poderes, a procissão de escândalos não para, falta espaço aos jornais para tantos patifes. Mas só Arruda está na gaiola.

“A prisão do Arruda deve ser servir de exemplo”, disse Lula nesta sexta-feira. “É um absurdo a gente constatar que, em pleno século 21, isso ainda acontece no Brasil”. O Padroeiro dos Pecadores Companheiros tem tanto compromisso com a seriedade quanto um vadio profissional com o trabalho. Não lhe basta afrontar o país que presta com a absolvição liminar dos cafajestes amigos, com a mão estendida a José Sarney, com o tratamento de comparsas dispensado aos mensaleiros.

A declaração desta sexta-feira não rima com as anteriores. “As imagens não falam por si”, resolveu Lula depois de confrontado com gatunos enfiando montes de cédulas nos bolsos, nas meias e na cueca. Como não conseguiu livrar do camburão outro patife de estimação, o presidente faz de conta que a corrupção no Brasil foi inaugurada por Arruda. Os cofres públicos nunca foram assaltados com tanta cupidez quanto nos últimos sete anos. Lula não conseguiu enxergar nenhum ladrão. Acaba de ver o primeiro. Parece ficção.

Uma peça de ficção tão obscena quanto a reação da companheirada que topa qualquer safadeza porque os fins justificam os meios. ”Não vai falar do Arruda?”, excitam-se as patrulhas petistas, como se homens de bem pudessem ser indulgentes com um fora-da-lei só por não estar homiziado no PT. Como são assim, os patrulheiros precisam acreditar que todos sejam. Aqui se disse do governador do DF. desde o primeiro vídeo, o que se diz agora: merece cadeia.

O rebanho dos devotos de Lula dividem o mundo em branco e preto. Quem apoia o chefe está certo, mesmo que seja um Sarney. Quem não apoia está, além de errado, vinculado a todos os não-companheiros. Fanáticos não conseguem admitir a existência de gente simplesmente honesta, pronta para exigir a punição de quem não é ─ pouco importa o nome do bandido, pouco importa a filiação partidária.

Sem Arruda na rua, o Carnaval ficou mais animado. Ficaria muito melhor se a população carcerária fosse engrossada também pelos 40 companheiros da organização criminosa sofisticada chefiada por José Dirceu. Se fossem eternizadas em vídeo, as cenas que exibem pais-da-pátria carregando malas da grife Marcos Valério, líderes da base alugada dividindo o produto do roubo, quantias astronômicas pousando em bancos na Suíca e outros lances pornográficos lembrariam, comparadas à chanchada da Turma do Panetone, um épico hollyoodiano.

Enquanto o escândalo do mensalão se arrasta no Supremo Tribunal Federal, os quadrilheiros desmascarados em 2005 saboreiam a liberdade imerecida. Alguns estão de volta à direção do PT e cuidam da campanha de Dilma Rousseff. São aplaudidos pelas mesmas matilhas que pedem a forca para o governador que, perto da turma do mensalão, fica com cara de punguista aprendiz.

Os colegas de Arruda deveriam estar numa cela. Estão no palanque.

Definição


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Poder Corrompe - Prova Cabal

Enquanto candidato da oposição, o ex-torneiro mecânico e líder sindical Lulla, combatia todo tipo de ajuda assistencialista que os governos prestavam ao mais carentes.

Como presidente, criou uma monumental estrutura assistencialista para carrear votos para sí, para o PT e seus condidatos.

O vídeo abaixo mostra que o discurso é do tipo "façam o que eu digo, não o que eu faço".


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Governo Não Suporta Crítica - Típico

10/02/2010 - 12h41

Jobim anuncia exoneração de general após declaração sobre plano de direitos humanos

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou nesta quarta-feira a exoneração do general da ativa Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército.

Santa Rosa, segundo reportagem publicada hoje pela Folha, afirmou que a comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia".

O ministro não apresentou justificativa para a exoneração do general, apenas confirmou sua saída do cargo. "Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército. Ele está à disposição do comando do Exército. O assunto está absolutamente encerrado."

Segundo a reportagem, Santa Rosa, que é general de quatro estrelas (maior patente militar) e parte do Alto Comando do Exército, disse que os integrantes da comissão seriam os "mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder".

Na nota que circula na internet, ele diz: "Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A história da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada [1420-1498] viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar 30 mil vítimas por ano".

Consultado pela Folha, o Comando do Exército disse que o texto do general é uma "carta pessoal a um amigo" e não traduz a posição da Força, pois quem fala pelo Exército é o comandante, general Enzo Martins Peri.

A reportagem está tentando contato com o Exército para comentar a decisão de Jobim.

Plano cria "comissão da calúnia", diz general

Militar da ativa afirma que comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes na ditadura, seria formada por "fanáticos".

Comando do Exército diz que declarações, que circulam na internet, estão em "carta pessoal a um amigo" e não refletem a posição da Força.

ELIANE CANTANHÊDE

Colunista da Folha

O general da ativa Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército, diz em nota que a comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia".

Segundo ele, que é general de quatro estrelas (maior patente militar) e parte do Alto Comando do Exército, os integrantes da comissão seriam os "mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder".

Na nota que circula na internet, Santa Rosa diz: "Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A história da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada [1420-1498] viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar 30 mil vítimas por ano."

Consultado pela Folha, o Comando do Exército disse que o texto do general é uma "carta pessoal a um amigo" e não traduz a posição da Força, pois quem fala pelo Exército é o comandante, general Enzo Martins Peri". A "carta ao amigo", porém, é tão formal que contém a patente, o nome completo e o cargo de Santa Rosa.

Considerado um dos remanescentes e o atual "porta-voz" da "linha dura" da ativa, o general Santa Rosa já se envolveu em pelo menos dois outros conflitos com autoridades civis no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deve ir para a reserva, por tempo, neste ano.

Um dos conflitos foi em 2007, quando discordou das negociações para a reserva indígena Raposa/Serra do Sol e foi afastado pelo ministro Nelson Jobim da Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais da Defesa e devolvido ao Exército.

O outro foi em 2009, quando assinou nota com dois outros generais, então da ativa, criticando a Estratégia Nacional de Defesa e o novo organograma das Forças Armadas, por afastarem ainda mais os militares do poder.

"Hierarquia e disciplina"

Falando em tese, já que disse desconhecer o teor da nota, o ministro Carlos Alberto Soares, do STM (Superior Tribunal Militar), disse à Folha que esse tipo de manifestação "não é normal de militar da ativa e que, ao circular pela internet, deve obedecer todos os princípios de hierarquia e disciplina".

O "Regulamento Disciplinar do Exército" relaciona pelo menos duas transgressões que se encaixam no caso de Santa Rosa: "Manifestar-se, publicamente, sem que seja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária"; e "censurar ato de superior hierárquico ou procurar desconsiderá-lo, seja entre militares, seja entre civis".

A nota do general que circula na internet não tem data. Os seis integrantes da comissão foram designados pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), no dia 6 de janeiro. São ligados aos direitos humanos e às famílias dos mortos e desaparecidos políticos na ditadura.

Entre eles, está o secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, principal responsável pelo decreto presidencial que mandou criar a comissão e que atraiu críticas da área militar, da Igreja Católica, do setor ruralista e acabou sofrendo alterações semânticas justamente na parte que previa a investigação de tortura e mortes na ditadura.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Também Quero Ser Corrupto

Cacá Rosset

O espectro da corrupção ronda o Brasil.Os escândalos se sucedem, com vagalhões cada vez maiores: Coroa-Brastel, Ferrovia Norte-Sul, escândalo da Mandioca, decretos retroativos, fraudes, desvio de verbas, etc...É uma roubalheira que não acaba mais.

A família brasileira, está chocada. O cidadão comum está perplexo. As donas de casa estão em prantos. A juventude está revoltada.

Nesse agitado mar de lama, em que a ladroagem campeia desenfreada, a nação se pergunta atônita e desesperada: " onde é que vamos parar "?

Chegou a hora de acabar com tudo isso e colocar um ponto final nesses fatos vergonhosos.

A gravidade da situação exige uma medida corajosa e patriótica: é preciso legalizar a corrupção no Brasil.

Essa seria a solução simples, prática e definitiva para todos os nossos males.

Não é justo que a corrupção fique concentrada nas mãos de poucos. Faz-se necessário, redistribuir a corrupção no Brasil, aumentando a corrupção " per capita".Não é preciso nem esperar crescer o bolo da corrupção para depois dividi-lo em fatias. Ele já está enorme; vamos fatiá-lo já!

Eu que sempre cumprí com meus deveres de cidadão, também quero o meu quinhão de corrupção.

Essa idéia nasceu depois que lí na imprensa o que está acontecendo com a CPI da corrupção. No início, seu objetivo era simples: apurar a roubalheira na Secretaria do Planejamento.

O governo reagiu: e surgem denúncias de corrupção envolvendo os próprios membros da CPI. Um ministro chegou a dizer que há corruptos muito proximos do presidente José Sarney. A resposta do governo foi dizer que vai interpelar o ministro.

Eu pensava que só existia corrupção num lugar e descubro então, que está presente em toda a parte.

Pensava que o objetivo era achar os corruptos, mas não é; parece ser mais divertido acusar o adversário de ladrão e, feito isso , estamos todos em casa.

Também quero entrar nessafamilia, já que ficou impossível acusar qualquer pessoa de ser corrupta. Vendo a confusão entre CPI e o governo, parece que todos tem razão.

Um outro caso muito estranho, é o desses decretos n° 94.042 e 94.233, que reajustam os preços das empreiteiras que prestam serviços ao governo. Por um lado, pode-se dizer, esses decretostem sua razão de ser: a inflação subiu e seria errado não reajustar as contas dos empreiteiros.

Mas quando se pensa nisso, vemos o outro lado do problema, ou seja, por quê só os preços dos empreiteiros foram reajustados? Por quê os salários também não foram e ficaram congelados quando se coloca o ágio por baixo do tapete? Por quê os reajustes não são iguais aos grupos econômicos, ao pessoal do teatro, aos empregados, e os clubes de mães, ao pessoal da rua?

Talvez, os conservadores se choquem com essa medida, já que as grandes idéias, as vezes são mal recebidas numa primeira fase.

Mas uma boa campanha publicitária se encarregaria de convencer os mais refratários.

Poderiam ser usados slogans do tipo: "Corrupção é cultura" ou "Corrupção...essa onda pega" ou mesmo "Corrupção...sabendo usar, não vai faltar".

Algumas medidas práticas terão que ser tomadas para agilizar o mar de lama.

Em primeiro lugar, seria muito importante a criação do Ministério da Corrupção, que teria a função de organizar, administrar e traçar os rumos da corrupção no Brasil.

O ministério faria com que o país entrasse numa nova era, na qual a corrupção seria mais tecnológica e menos amadora.

Em segundo lugar, teria que se tornar disciplina curricular, para que as crianças de hoje, tivessem uma sólida formação para serem os corruptos de amanhã.

Um decreto do governo, tornaria a corrupção obrigatória para todos, assim como o voto, o serviço militar,e o pagamento de impostos.

Isso evitaria possíveis dúvidas ou crises existenciais, pois o cidadão não se perguntaria: " Será que tenho que me tornar um corrupto? ".

Não, o cidadão diria: " eu tenho que ser um corrupto ".

O problema atual é acabar com o favorecimento exclusivo de determinadas categorias profissionais.

Por que não estender o privilégio a outros segmentos da sociedade? Ampliemos o clientelismo. Dá cá o meu !

Que se crie o Instituto de Dois Pesos e Duas Medidas para regulamentar os casuísmos, adulterar taxímetros, aumentar a porcentagem de água no leite, de metanol no álcool combustivel, autorizar a venda de medicamentos proibídos em outros países, afrouxar o controle sobre os bancos de sangue, regulamentar a comissão do governo sobre toda e qualquer transação comercial, elevando-a dos irrisórios 10% para robustos 40% ou 50%; sem esquecer obviamente, do estabelecimento de tarifas para apoio político referente a cargos públicos de qualquer escalão.

Será necessário implementar um moderno sistema de computadores para controlar as declarações de renda , para apanhar na malha fina todos os aposentados, pequenos comerciantes e outros malandrinhos que insistam em não sonegar impostos.

Será a maior revolução política, moral e econômica de todos os tempos, um exemplo para o mundo. De minha parte, prometo que serei um corrupto aplicado e exemplar, que não pouparei esforços para o sucesso desta grande cruzada patriótica.

Cacá Rosset, é ator e diretor de teatro em São Paulo e este texto foi publicado em Maio de 1988.

Como se vê, parece que a proposta dele foi grandemente encampada pelo governo.

Roberto Carlos Recusa Convite Em Brasília

Blog do Josias: Roberto Carlos recusa convite para cantar em Brasília
Da Folha Online


Roberto Carlos recusou convite para se apresentar nas festividades do cinqüentenário de Brasília, em abril.

O empresário do cantor, Dodi Sirena, não fez segredo do motivo da recusa: José Roberto Arruda (ex-DEM) e o escândalo que o rodeia, informa o colunista Josias de Souza.

"Houve o convite e chegamos a considerar a possibilidade [de aceitar], porque Roberto estará no Brasil", disse Sirena.

Ele explicou que os 50 anos da Capital serão celebrados na mesma semana em que Roberto Carlos fará aniversário.


Porém "o convite foi feito pelo comitê de José Roberto Arruda. E decidimos interromper o contato. O Brasil está indignado com essa situação. E há uma prova de que houve desvio de dinheiro público", Sirena acrescentou, referindo-se ao panetonegate.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Guerrilha e Democratização

Por Ives Gandra da Silva Martins

Pela má qualidade do texto do PNDH-3 e pelo viés ideológico ditatorial, dificilmente essas propostas passarão no Legislativo

O Regime de exceção, em que o Brasil viveu de 1964 a 1985, foi encerrado, não por força da guerrilha − que terminou, de rigor, em 1971 −, mas principalmente pela atuação da OAB, à época em que figuras de expressão a conduziam, como Raymundo Faoro, Márcio Thomaz Bastos, Mário Sérgio Duarte Garcia e Bernardo Cabral, e de parlamentares como Ulysses Guimarães, Mário Covas e Franco Montoro, entre outros.


Tenho para mim que a guerrilha apenas atrasou o processo de retorno à democracia, pois ódio gera ódio, e a luta armada acaba por provocar excessos de ambos os lados, com mortes, torturas e violências.


Muitos dos guerrilheiros foram treinados na mais antiga e sangrenta ditadura da América (Cuba) e pretendiam, em verdade, apenas substituir uma ditadura de direita por uma ditadura de esquerda.

Os verdadeiros democratas, a meu ver, foram aqueles que, usando a melhor das armas, ou seja, a palavra, obtiveram um retorno indolor à normalidade, sem mortes, sem torturas, sem violências.

A Lei da Anistia, proposta principalmente pelos guerrilheiros, foi um passo importante para a redemocratização, pois possibilitou àqueles que preferiram as armas às palavras a sua volta ao cenário político. A lei, à evidência, pôs uma pedra sobre o passado, sepultando as atrocidades praticadas tanto pelos detentores do poder, à época, como pelos guerrilheiros. E foram muitas de ambos os lados.

Num país em que o ódio tem pouco espaço − basta comparar as revoluções de nossos vizinhos com as do Brasil para constatar que o derramamento de sangue aqui foi sempre muito menor −, tal olhar para o futuro permitiu que o Brasil ressurgisse, com uma Constituição democrática.


Nela, o equilíbrio dos Poderes possibilitou o enfrentamento de crises, como o impeachment, a superinflação, os mais variados escândalos, entre os quais o do mensalão foi o maior, e a alternância de poder sem que se falasse em rupturas institucionais. Vive-se − graças à redemocratização voltada para o futuro, e não para o passado − ambiente de liberdade e desenvolvimento social e econômico próximo ao de nações civilizadas.

O Programa Nacional de Direitos Humanos, organizado por inspiração dos guerrilheiros pretéritos, pretende, todavia, derrubar tais conquistas, realimentando ódios e feridas, inclusive com a tese de que os torturadores guerrilheiros eram santos, e aqueles do governo, demônios.


Essa parte do plano foi corrigida, tendo o presidente Lula admitido que, se for criada a comissão da verdade, há de apurar tudo o que de excessos foi praticado naquela época − por militares e guerrilheiros. Tenho a impressão de que isso não será bom para a candidata Dilma Rousseff.

O pior, todavia, é que o programa é uma reprodução dos modelos constitucionais venezuelano, equatoriano e boliviano, todos inspirados num centro de estudos de políticas sociais espanhol, para o qual o Executivo é o único Poder, sendo o Judiciário, o Legislativo e o Ministério Público Poderes vicários, acólitos, subordinados.


No programa, pretende-se fortalecer o Executivo, subordinar o Judiciário a organizações tuteladas por "amigos do rei", controlar a imprensa, pisotear valores religiosos, interferir no agronegócio para eliminá-lo, afastar o direito de propriedade, reduzir o papel do Legislativo e aumentar as consultas populares, no estilo dos referendos e plebiscitos venezuelanos, além de valorizar o homicídio do nascituro e a prostituição como conquistas de direitos humanos.

Quem ler a Constituição venezuelana verificará a extrema semelhança entre os instrumentos de que dispõe Chávez para eliminar a oposição e aqueles que o PNDH-3 apresenta, objetivando alterar profundamente a lei maior brasileira.


O programa possui, inclusive, "recomendações" ao Judiciário sobre como devem os magistrados decidir as questões prediletas do grupo que o elaborou, à evidência, à revelia de toda a população e do Congresso.

Pela má qualidade do texto e pelo viés ideológico ditatorial, dificilmente essas propostas passarão no Legislativo.

Se passarem, creio que o Supremo barrará tudo aquilo que nele fere as cláusulas pétreas constitucionais e os valores maiores em que a sociedade se lastreia.

Certa vez, ao saudoso crítico Agripino Grieco um amigo meu (Dalmo Florence) apresentou livro de poesia recém-lançado, pedindo-lhe a opinião. No dia seguinte, Agripino disse-lhe: "Dalmo, li o livro de seu amigo e aconselho a queimar a edição e, em caso de reincidência, o autor".


Sem necessidade de adotar a segunda parte do conselho agripiniano, a primeira seria admiravelmente aplicável a esse programa de direitos desumanos.

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, 74, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, é presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio.

O Fato e a Versão

Judy Wallman é uma pesquisadora de genealogia e histórico de famílias no sul da Califórnia.

Recentemente ela resolveu conduzir uma pesquisa em sua própria árvore genealógica e descobriu o seu tio-bisavô, Remus Reid era o ancestral comum entre ela e o atual Senador pelo Estado de Nevada, Harry Reid. Ela e o Senador Reid tinham em Remus um ancestral comum.

Ela descobriu também que seu tio-bisavô Remus Reid havia morrido enforcado, condenado por roubo de cavalos e roubo de trem no Estado de Montana, em 1889.

A única fotografia disponível de Remus Reid mostra seu enforcamento, no Território de Montana, em 1889.

No verso da fotografia de Remus Reid, obtida por Judy durante sua pesquisa, estava a seguinte anotação: 'Remus Reid, ladrão de cavalos, encarcerado na Prisão do Território de Montana em 1885, fugiu em 1887, roubou o trem Montana Flyer por seis vezes. Foi preso pelos detetives da Agência Pinkerton, foi condenado e enforcado em 1889.'

Judy então enviou um e-mail ao Senador Harry Reid solicitando informações sobre seu ancestral comum, Remus Reid, sem mencionar o que já sabia.

Os assessores de Harry Reid enviaram-lhe o seguinte resumo bibliográfico sobre Remus, para ser inserido em sua pesquisa genealógica:

"Remus Reid foi um famoso vaqueiro no Território de Montana. Seu império comercial cresceu a ponto de incluir a aquisição de valiosos exemplares de cavalos de raça, bem como um íntimo e profícuo relacionamento com a Ferrovia de Montana. A partir de 1883, ele dedicou vários anos de sua vida ao serviço do governo estadual. Após isso, ele licenciou-se para reiniciar seu relacionamento com a Ferrovia. Em 1887, ele foi o elemento fundamental em uma importante investigação conduzida pela famosa Agência de Detetives Pinkerton. Em 1889, ele veio a falecer durante uma importante cerimônia cívica realizada em sua homenagem, quando a plataforma sobre a qual ele estava cedeu logo após seu discurso."

Isso é política.


Qualquer semelhança com políticos brasileiros que mentem em seu currículo e assumem, como suas, as ações dos seus antecessores, não é coincidência.

Os Militares e a Memória Nacional

Os militares e a memória nacional
por Olavo de Carvalho

Como todos os meninos de escola na minha época, eu não podia cantar o Hino Nacional ou prestar um juramento à bandeira sem sentir que estava participando de uma pantomima. A gente ria às escondidas, fazia piadas, compunha paródias escabrosas. Os símbolos do patriotismo, para nós, eram o supra-sumo da babaquice, só igualado, de longe, pelos ritos da Igreja Católica, também abundantemente ridicularizados e parodiados entre a molecada, não raro com a cumplicidade dos pais. Os professores nos repreendiam em público, mas, em segredo, participavam da gozação geral.

Crescí, entrei no jornalismo e no Partido Comunista, freqüentei rodas de intelectuais. Fui parar longe da atmosfera da minha infância, mas, nesse ponto, o ambiente não mudou em nada: o desprezo, a chacota dos símbolos nacionais eram idênticos entre a gente letrada e a turminha do bairro. Na verdade, eram até piores, porque vinham reforçados pelo prestígio de atitudes cultas e esclarecidas. Graciliano Ramos, o grande Graciliano Ramos, glória do Partidão, não escrevera que o Hino era "uma estupidez"?

Mais tarde, quando conheci os EUA, levei um choque. Tudo aquilo que para nós era uma palhaçada hipócrita os americanos levavam infinitamente a sério. Eles eram sinceramente patriotas, tinham um autêntico sentimento de pertinência, de uma raiz histórica que se prolongava nos frutos do presente, e viam os símbolos nacionais não como um convencionalismo oficial, mas como uma expressão materializada desse sentimento. E não imaginem que isso tivesse algo a ver com riqueza e bem-estar social. Mesmo pobres e discriminados se sentiam profundamente americanos, orgulhosamente americanos, e, em vez de ter raiva da pátria porque ela os tratava mal, consideravam que os seus problemas eram causados apenas por maus políticos que traíam os ideais americanos.

Correspondi-me durante anos com uma moça negra de Birmingham, Alabama. Ali não era bem o lugar para uma moça negra se sentir muito à vontade, não é mesmo? Mas se vocês vissem com que afeição, com que entusiasmo ela falava do seu país! E não só do seu país: também da sua igreja, da sua Bíblia, do seu Jesus. Em nenhum momento a lembrança do racismo parecia macular em nada a imagem que ela tinha da sua pátria. A América não tinha culpa de nada. A América era grande, bela, generosa. A maldade de uns quantos não podia afetar isso em nada. Ouvi-la falar me matava de vergonha. Se alguém no Brasil dissesse essas coisas, seria exposto imediatamente ao ridículo, expelido do ambiente como um idiota-mor ou condenado como reacionário, um integralista, um fascista.

Só dois grupos humanos, neste país, falavam do Brasil no tom afetuoso e confiante com que os americanos falavam da América.

O primeiro eram os imigrantes: russos, húngaros, poloneses, judeus, alemães, romenos. Tinham escapado ao terror e à miséria de uma das duas grandes tiranias do século (alguns, das duas), e proclamavam, sem sombra de fingimento: "Este é um país abençoado!" Ouvindo-nos falar mal da nossa terra, protestavam: "Vocês são doidos. Não sabem o que têm nas mãos." Eles tinham visto coisas que nós não imaginávamos, mediam a vida humana numa outra escala, para nós aparentemente inacessível.

Falávamos de miséria, eles respondiam: "Vocês não sabem o que é miséria." Falávamos de ditadura, eles riam: "Vocês não sabem o que é ditadura." No começo isso me ofendia. "Eles acham que sabem tudo", dizia com meus botões. Foi preciso que eu estudasse muito, vivesse muito, viajasse muito, para entender que tinham razão, mais razão do que então eu poderia imaginar. A partir do momento em que entendi isso, tornei-me tão esquisito para meus conterrâneos como um estoniano ou húngaro, com sua fala embrulhada e seu inexplicável entusiasmo pelo Brasil, eram então esquisitos para mim. Digo, por exemplo, que um país onde um mendigo pode comer diariamente um frango assado por dois dólares é um país abençoado, e as pessoas querem me bater. Não imaginam o que possa ter sido sonhar com um frango na Rússia, na Alemanha, na Polônia, e alimentar-se de frangos oníricos. Elas acreditam que em Cuba os frangos dão em árvores e são propriedade pública. Aqueles velhos imigrantes tinham razão: o brasileiro está fora do mundo, tem uma medida errada da realidade.

O outro grupo onde encontrei um patriotismo autêntico foi aquele que, sem conhecê-lo, sem saber nada sobre ele exceto o que ouvia de seus inimigos, mais temi e abominei durante duas décadas: os militares.

Caí no meio deles por mero acaso, por ocasião de um serviço editorial que prestava para a Odebrecht e que me pôs temporariamente de editor de texto de um volumoso tratado O Exército na História do Brasil.

A primeira coisa que me impressionou entre os militares foi sua preocupação sincera, quase obsessiva, com os destinos do Brasil. Eles discutiam os problemas brasileiros como quem tivesse em mãos a responsabilidade pessoal de resolvê-los. Quem os ouvisse sem saber que eram militares teria a impressão de estar diante de candidatos em plena campanha eleitoral, lutando por seus programas de governo e esperando subir nas pesquisas junto com a aprovação pública de suas propostas. Quando me ocorreu que nenhum daqueles homens tinha outra expectativa ou possibilidade de ascensão social senão as promoções que automaticamente lhes viriam no quadro de carreira, no cume das quais nada mais os esperava senão a metade de um salário de jornalista médio, percebi que seu interesse pelas questões nacionais era totalmente independente da busca de qualquer vantagem pessoal. Eles simplesmente eram patriotas, tinham o amor ao território, ao passado histórico, à identidade cultural, ao patrimônio do país, e consideravam que era do seu dever lutar por essas coisas, mesmo seguros de que nada ganhariam com isso senão antipatias e gozações. Do mesmo modo, viam os símbolos nacionais – o hino, a bandeira, as armas da República – como condensações materiais dos valores que defendiam e do sentido de vida que tinham escolhido. Eles eram, enfim, "americanos" na sua maneira de amar a pátria sem inibições.

Procurando me explicar as razões desse fenômeno, o próprio texto no qual vinha trabalhando me forneceu uma pista. O Brasil nascera como entidade histórica na Batalha dos Guararapes, expandira-se e consolidara sua unidade territorial ao sabor de campanhas militares e alcançara pela primeira vez um sentimento de unidade autoconsciente por ocasião da Guerra do Paraguai, uma onda de entusiasmo patriótico hoje dificilmente imaginável.

Ora, que é o amor à pátria, quando autêntico e não convencional, senão a recordação de uma epopéia vivida em comum? Na sociedade civil, a memória dos feitos históricos perdera-se, dissolvida sob o impacto de revoluções e golpes de Estado, das modernizações desaculturantes, das modas avassaladoras, da imigração, das revoluções psicológicas introduzidas pela mídia. Só os militares, por força da continuidade imutável das suas instituições e do seu modo de existência, haviam conservado a memória viva da construção nacional. O que para os outros eram datas e nomes em livros didáticos de uma chatice sem par, para eles era a sua própria história, a herança de lutas, sofrimentos e vitórias compartilhadas, o terreno de onde brotava o sentido de suas vidas. O sentimento de "Brasil", que para os outros era uma excitação epidérmica somente renovada por ocasião do carnaval ou de jogos de futebol (e já houve até quem pretendesse construir sobre essa base lúdica um grotesco simulacro de identidade nacional), era para eles o alimento diário, a consciência permanentemente renovada dos elos entre passado, presente e futuro. Só os militares eram patriotas porque só os militares tinham consciência da história pátria como sua história pessoal.

Daí também outra diferença. A sociedade civil, desconjuntada e atomizada, é anormalmente vulnerável a mutações psicológicas que, induzidas do Exterior ou forçadas por grupos de ambiciosos intelectuais ativistas, apagam do dia para a noite a memória dos acontecimentos históricos e falseiam por completo a sua imagem do passado. De uma geração para outra, os registros desaparecem, o rosto dos personagens é alterado, o sentido todo do conjunto se perde para ser substituído, do dia para a noite, pela fantasia inventada que se adapte melhor aos novos padrões de verossimilhança impostos pela repetição de slogans e frases-feitas.

Toda a diferença entre o que se lê hoje na mídia sobre o regime militar e os fatos revelados em sites, como o Terrorismo Nunca Mais, vem disso.

Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, nascido em 1947 em Campinas, SP, é jornalista, escritor e filósofo. Como jornalista, escreveu para os jornais Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e O Globo. Vive em Richmond, Virginia, EUA, onde é correspondente do jornal Diário do Comércio, de São Paulo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Fracasso do Filme de Lulla

por Ipojuca Pontes

Produto estrategicamente amparado pelo aval do Palácio do Planalto e embalado para ser visto por 20 milhões de espectadores pagantes, “Lula, o Filho do Brasil”, o mais caro filme produzido até hoje no país (algo em torno de R$ 40 milhões, incluindo farta publicidade, confecção de 430 cópias e outras despesas) - fracassou miseravelmente.

Ao tomar conhecimento do fato Lula ficou “desapontado”, pois contava com o êxito do filme para arrebanhar votos e eleger Dilma Rousseff - ex-terrorista e assaltante de banco - à presidência da República.

Em São Paulo, principal mercado exibidor do país, o filme de Lula conseguiu pouco mais de 100 mil espectadores na sua segunda semana de exibição. (Para se ter idéia do desastre, em apenas três dias o desenho animado “Alvim e os Esquilos”, produção de segunda linha americana, superou a casa dos 640 mil ingressos vendidos). E na sua terceira semana de exibição, em circuito nacional, a frequência media do filme, que já era baixa, caiu 70%, consolidando a derrocada.

Fui ver o filme de Lula numa sala da Zona Sul do Rio, na última sessão de uma sexta-feira, horário considerado nobre para o mercado exibidor.Sua platéia, constituída por 17 incautos, mostrava-se entediada, em que pese o som áspero de uma trilha sonora sobrecarregada – em cinema, curiosamente, um fator decisivo para se anular a atenção do público.Antes do letreiro “Fim”, uns cinco espectadores, mais hostis, simplesmente abandonaram a sala de projeção, entre apupos e imprecações.

Por que o filme de Lula, mesmo com a milionária campanha de marketing e massivas chamadas na televisão, além do intenso noticiário da mídia amiga e o apoio milionário das centrais sindicais, fracassou a olhos vistos?

Em primeiro lugar porque é um filme pesado, “bore” - como diria, apropriadamente, a vigorosa Pauline Kael. Seu roteiro, por elíptico, caminha aos saltos e carece de uma estrutura dramática eficiente, capaz de envolver o espectador. Seus articuladores, movidos pela insensatez, pretendendo compor um ambicioso painel da vida do “cinebiografado”, estraçalharam as etapas de apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho da narrativa em função de uma montagem que corre em velocidade supersônica, suprimindo, com isso, a necessária integridade e clareza da narrativa.

Eis o veredicto: como se processa numa dramaturgia capenga, o filme de Lula corre por conta de situações dramáticas apenas esboçadas e, ao modo de um relatório previsível, materializa-se como peça de ilustração – ilustração chata e pouco convincente.

Mas a razão primeira pela qual o filme de Lula fracassa é porque ele navega, do início ao fim, nas águas turvas da mentira. Basicamente tudo que nele é exposto - desde os episódios da infância carente narrados em tom autocomplacente pelo ex-operário à “companheira” Denise Paraná (paga pela Fundação Perseu Abramo, instituição petista) até os relatos da sua ascendência na vida sindical - traz o selo da invencionice dissimulada e o desejo manifesto de se fabricar a imagem do herói predestinado que se fez presidente.

Como o filme não tem senso humor, o ponto de partida objetivado é comover o espectador pela exploração emotiva do miserabilismo físico e humano da paisagem social adversa. Neste diapasão, por exemplo, a cabrinha traçada por Lula na infância, conforme seu relato à “Playboy”, fica de fora. Como de fora fica o episódio marcante em que Vavá, o irmão mais velho de Lula, rouba mortadela para matar a fome da família - cena que é o ponto de partida de “Os Miseráveis”, a obraperene de Victor Hugo.

Por sua vez, na ânsia de soterrar a moral de botequim que norteia o personagem, por (de)formação infenso a qualquer tipo de valor espiritual, o filme subtraí a cena em que o futuro líder sindical, depois de pedir ao patrão para fazer algumas horas extras na oficina, enfia o dinheiro pago no bolso e, fugindo do trabalho, manda o patrão “tomar no cu”.

Como também fica ausente da narrativa, não por acaso, o relato crucial da enfermeira Miriam Cordeiro, ex-mulher do santificado sindicalista, que o trata por consumado “canalha” em depoimento ao “Estado de São Paulo”, tendo em vista a discriminação exercida por ele contra a filha Lurian, cuja vida, anos antes, “queria ver abortada”.

Ademais, para enganar a audiência, os articulares da escorregadia peça publicitária sequer mencionam o papel dos cursilhos comunistas (lecionados na Alemanha Oriental) na formação ideológica do sindicalista empenhado em fomentar o ódio de classe.

Por outro lado, com o firme propósito de incensar o mito do líder carismático, pleno de virtudes, o filme esconde as relações promíscuas de Lula com Murilo Macedo, o ministro do Trabalho com quem enchia a cara de cachaça num sítio de Atibaia, interior de São Paulo, na tentativa de morder a grana fácil da “ditadura militar”.

Pior: o filme esconde do espectador que a liderança de Lula no movimento sindical emerge da infiltração dos apóstatas da “teologia da libertação”, aliados do terrorismo (rural e urbano) financiado por Fidel Castro, somada à ação dos ativistas radicais banidos da vida política cabocla e dos intelectuais marxistas da USP - na prática os reais fundadores do Partido dos Trabalhadores. Não parece estranho, por exemplo, que tenha sido eliminado do entrecho a figura subversiva do “Frei” Betto, o mentor ideológico do maleável líder sindical?

Por incrível que parece, há no filme de Lula dois personagens que são responsáveis pelos momentos (raros) em que o filme anda e adquire verossimilhança. São eles: Aristides (interpretado por Milhem Cortaz, na férrea composição de um sub-Zampanô caboclo), o pai alcoólatra de quem Lula reconhece ter “herdado o lado ruim”, e Feitosa (Marcos Cesena, convincente), na vida real Paulo Vidal, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, hábil precursor do “sindicalismo deresultados”, de quem o operário de nove dedos tudo absorveu em matéria de malandragem e, depois, já contando com o apoio e as instruções das facções vermelhas, traiu.

São personagens episódicos, mas funcionais, visto que representam de alguma forma presenças antagônicas, sem as quais não há vestígio de dramaturgia. Já a personagem de D. Lindu (Gloria Pires, uma máscara sustentada com boa porção de pancake), de quem muito se esperava, opera convencionalmente, proferindo sentenças prosaicas, como é de se esperar de uma figura materna – por sinal, segundo Frei Chico, o filho mais velho, negligenciada pela eterna ausência do amado lídersindical.

Resumo da ópera: em vez de uma cinebiografia contraditória e humana, temos no filme de Lula o engendrar da construção de um mito. Nele, o personagem é visto como um ser perfeito e predestinado – logo ele, um sujeito grosseiro e vulgar, desprovido de qualquer tipo de grandeza, a não ser a de mercadejar mentiras em função da manutenção do poder. NemStalin, o monstruoso fabricante de si mesmo, consentiu que se cultuasse, em vida, sob forma de obra de ficção, sua personalidade ditatorial.

O que restará ao filme de Lula? Com o apoio da grana fácil do governo, cumprir a sua missão como peça de propaganda enganosa na agenda eleitoral de 2010. No Sul do país, as centrais sindicais estão distribuindo milhões de ingressos entre os seus filiados, ao tempo em que fornecem sanduíche, refrigerantes e serviço de transporte gratuito aos eventuais companheiros que se disponham a ver a peça de louvação.

No Nordeste, fala-se na contratação de unidades móveis de exibição para percorrer centenas de cidades do interior que ainda não possuem salas de projeção. São gastos adicionais que os mentores (públicos e privados) do projeto não abrem mão na esperança de que as populações miseráveis testemunhem o florescer da Virtú. A meu ver, inutilmente.Pois, como dizia o outro (que não foi, em absoluto, o Joãozinho Trinta), quem gosta de miséria - e dela se beneficia - são osintelectuais de esquerda. Pobre – ou operário - só quer luxo e riqueza.

No que está coberto de razão.

P.S. – Visto como espetáculo soa como desperdício que “Lula, o Filho do Brasil”, o “bom negócio” da LC Barreto, tenha custado em torno de enxundiosos R$ 20 milhões, até a 1ª cópia. É muita grana! Um produtor eficiente teria chegado a resultado idêntico com pouco mais de R$ 2 milhões.
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