terça-feira, 21 de dezembro de 2010

UMA COISA É UMA COISA, OUTRA COISA É OUTRA COISA.

José Alberto Tavares da Silva  


Passado o OBA-OBA das ações policiais exaustivamente exploradas pela imprensa mestrada, e cessados os ruídos maiores das “operações militares” que envolveram as forças armadas, é necessário fazer uma reflexão sobre muita coisa ocorrida porque, afinal de contas, nem sempre, no fundo, as coisas são como se apresentam na superfície.  


Uma coisa é a versão das autoridades, divulgadas pela imprensa, de que o motivo da baderna instituída na cidade do Rio de Janeiro foi a instalação das tais UPP nos morros. Na verdade, o que consta sobre o assunto é que a manifestação de desagrado dos bandidos se deu em face do rompimento de um acordo sobre o pagamento de propinas.  


Uma coisa é a informação das autoridades de que o crime organizado está sob controle e outra, bem diferente, foi a demonstração de força dada pelos bandidos em toda a cidade.  


Uma coisa foi a divulgação, pelo Sérgio Cabral, de que a intervenção das forças federais  atendeu a uma solicitação do governo do estado. Outra, foi a intervenção direta do Lula no problema por não suportar mais uma situação que, inclusive, já estaria prejudicando a imagem do Brasil no exterior. 

Uma coisa foi a tal Diretriz expedida pelo ministro general Jobim sobre o emprego das forças armadas. Outra coisa foi a reunião de Lula diretamente com os comandantes companheiros e as ordens para que providenciassem, com urgência, o emprego de suas forças.  


Uma coisa foi a aceitação, pelos comandantes militares, da quebra do princípio de emprego das forças armadas em situações de conflitos de natureza  interna sob o argumento de manutenção da lei e da ordem. Outra coisa foi a aceitação e o cumprimento pressuroso das ordens diretas do PR no momento em que um novo governo está sendo montado e serão definidos os companheiros comandantes das forças singulares. 


Uma coisa foi o emprego de helicópteros militares de várias procedências para localizar e fustigar a bandidagem espalhada por todos os cantos dos morros. Pirotecnia a toda prova. Outra coisa foi a permissão dada pelas autoridades para que as aeronaves militares fossem “policiadas” por outras pertencentes às diferentes cadeias de televisão, impedindo, assim, a faxina de dezenas de bandidos em campo aberto, correndo carregando armas, montados em motos  e enchendo carrocerias de caminhonetes. Um espetáculo vergonhoso, mas perfeitamente condizente com a defesa dos preceitos dos atuais governantes.  


Uma coisa foi realizar obras do PAC nas favelas. Outra foi a interveniência dos chefes do tráfico para que fossem realizadas alterações nos projetos, de modo a criar vias de escape, como, de fato, aconteceu, com as fugas pelas galerias pluviais.  


Uma coisa foi realizar o “cerco completo” do complexo do Alemão. Outra foi deixar livre uma das saídas para a evasão dos “sócios”. 

Uma coisa foi a fuga dos bandidos do complexo do Alemão. Outra, muito difícil de controlar, é a dispersão dessa gente fina não só pelos outros morros do Rio, mas, como parece já estar acontecendo, migrando para outros estados.  


Uma coisa são as passeatas dos calhordas vestidos de branco pedindo PAZ, desfilando pela Avenida Atlântica. Outra coisa são as reuniões deles mesmos, nas coberturas elegantes do bairro, para cheirar as “carreirinhas da branquinha”. Pacifistas, são os maiores patrocinadores de todas as desgraças. 
 

Uma coisa são as ONGs que se dizem preocupadas com os Direitos Humanos. Outra, são os repasses de verbas, gastas sem prestações de contas, enriquecendo muitos companheiros malandros. 


Uma coisa é manter 800 homens da brigada pára-quedista por 10, 20 ou 30 dias. Outra, muito diferente, é manter esses mesmos homens por oito meses, com repercussões administrativas, de instrução, e, mesmo, de disponibilidade para emprego em situações de maior gravidade. 


Uma coisa, segundo relato que circula na internet, é um agente da PF dizer para um cabo pára-quedista que ganha quase dez vezes mais que este, sempre às voltas com missões de alto risco. Outra, muito pior, é constatar que esse mesmo agente ganha mais do que muita gente graduada da brigada pára-quedista, o que é fácil de conferir.  


Uma coisa é ação pirotécnica. Forças armadas, helicópteros, carros blindados, armas de grosso calibre, televisões ao vivo e em cores, etc., etc.   Outra coisa é NÃO AGIR internacionalmente, junto aos provedores das drogas, confraternizando permanentemente com Evo Morales, o Cocaleiro  e  o bispo paraguaio que preside o principal supridor de maconha. 
E, para não deixar em situação difícil os companheiros das FARC, também grandes fornecedores do pó maldito, mas amigos do FORO DE S.PAULO, ainda dão emprego, a pessoa indiscutivelmente ligada às tais forças, no próprio governo, para, curiosamente, trabalhar na Secretaria da Pesca.


Pescando o que? 


POIS É. UMA COISA É UMA COISA. OUTRA COISA É OUTRA COISA. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FHC e a Ópera do Absurdo


FHC foi o acorde dissonante na ópera do absurdo que Lula recomeçou.Augusto Nunes

De volta ao Brasil de sempre, resignaram-se há oito anos as paredes do gabinete presidencial depois de uma ligeira contemplação do novo inquilino. Desde 1960, quando Juscelino Kubitschek inaugurou o Palácio do Planalto, a grande sala no terceiro andar já abrigou napoleões de hospício, generais de exército da salvação, perfeitas cavalgaduras, messias de gafieira, gatunos patológicos, vigaristas provincianos e outros exotismos da fauna brasileira. Por que não um Luiz Inácio Lula da Silva?
Quem conhece a saga republicana sabe que a ascensão ao poder de um ex-operário metalúrgico só restabeleceu a rotina da anormalidade que vigora, com curtíssimos intervalos, desde o inquilinato de Jânio Quadros. Na galeria dos retratos dos presidentes, Lula está à vontade ao lado dos vizinhos de parede. Sente-se em casa. A discurseira delirante e ininterrupta está em perfeita afinação com a ópera do absurdo. O acorde dissonante é Fernando Henrique Cardoso. Um confirma a regra. O outro é a exceção.
O migrante nordestino que chegou à Presidência sem escalas em bancos escolares tem tudo a ver com o país dos 14 milhões de analfabetos, dos 50 milhões que não compreendem o que acabaram de ler nem conseguem somar dois mais dois, da imensidão de miseráveis embrutecidos pela ignorância endêmica e condenados a uma vida não vivida. Esse mundo é indulgente com intuitivos que falam sem parar sobre assuntos que ignoram. E é hostil a homens que pensam e agem com sensatez. É um mundo que tem pouco a ver com um sociólogo nascido no Rio que tinha escrito muitos livros quando se instalou no Planalto.
O Brasil de Lula tem a cara primitiva de sempre. O Brasil  de FHC provou que a erradicação do atraso não é impossível. Pareceu até civilizado no primeiro dia de 2003, quando se completou um processo sucessório exemplarmente democrático. Durante a campanha eleitoral, o presidente fez o contrário do que faria o sucessor. Embora apoiasse José Serra, não mobilizou a máquina administrativa em favor do candidato, não abandonou o emprego para animar palanques e consultou os principais concorrentes antes de tomar decisões cujos efeitos ultrapassariam os limites do mandato prestes a terminar.
NEM RUTH CARDOSO FOI POUPADAConsumada a vitória do adversário, FHC pilotou o período de transição e ajudou a conter a fuga de investidores inquietos com a folha corrida do PT. O Brasil de janeiro de 2003 tinha poucas semelhanças com o que Itamar Franco encontrou depois do despejo de Fernando Collor. Em 1994, o ministro da Fazenda de Itamar comandou a montagem do Plano Real. Nos oito anos seguintes, fez o suficiente para entregar a Lula um Brasil alforriado da inflação e da irresponsabilidade fiscal, modernizado pela privatização de mamutes estatais deficitários e livre de tentações autoritárias.
“Aqui você deixa um amigo”, disse o sucessor com a faixa presidencial já enfeitando o peito. Foi a primeira das mentiras, vigarices, trapaças e traições que alvejariam, nos oito anos seguintes, a assombração que está para o SuperLula como a kriptonita para o Super-Homem. Criminosamente solidário com José Sarney, a quem chamava de ladrão, obscenamente amável com Fernando Collor, a quem chamava de corrupto, o ressentido incurável, incapaz de absorver as duas derrotas no primeiro turno, guardou o estoque inteiro de truculências e patifarias para tentar destruir um antigo aliado, um adversário leal e um homem honrado.
Lula nunca pronuncia o nome nem as iniciais do antecessor. Delega as agressões frontais a grandes e pequenos canalhas, que explicitam o que o chefe insinua. Há sempre os sarneys, dirceus, jucás, berzoinis, collors, dutras, renans, mercadantes, tarsos, gilbertinhos, dilmas e erenices prontos para a execução do trabalho sujo que não poupou sequer Ruth Cardoso, vítima do papelório infame forjado em 2008 na fábrica de dossiês da Casa Civil. A cada avanço dos farsantes correspondeu uma rendição sem luta do PSDB, do PPS e do DEM. FHC não é atacado pelos defeitos que tem ou pelos erros que cometeu, mas pelas qualidades que exibe e pelas façanhas que protagonizou.
Ele merecia adversários menos boçais e aliados mais corajosos. Há algo de muito errado com a oposição oficial quando um grande presidente, para ressuscitar verdades reiteradamente assassinadas desde 2003, tem de defender sozinho um patrimônio político-administrativo que deveria ser festejado pelos partidos que o apoiaram. Há algo de muito estranho com um PSDB que não ouve o que diz seu presidente de honra. Nem lê o que escreve, como atesta a releitura de dois artigos publicados no Estadão.
O PONTO FORA DA CURVA
Em outubro de 2008, FHC avisou que a democracia brasileira estava ameaçada pelo “autoritarismo popular” do chefe de governo, que poderia descambar numa espécie de subperonismo amparado nas centrais sindicais, em movimentos ditos sociais e nas massas robotizadas.  “Para onde vamos?”, perguntava o título do primeiro artigo. A Argentina de Juan Domingo Perón foi para os braços de Isabelita e acabou no colo dos militares. O Brasil de Lula foi para Dilma Rousseff. É cedo para saber  onde acabará.
Em fevereiro, com 968 palavras, FHC enterrou no jazigo das malandragens eleitoreiras a fantasia costurada durante sete anos. “Para ganhar sua guerra imaginária, o presidente distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação, nega o que de bom foi feito e apossa-se de tudo que dele herdou como se dele sempre tivesse sido”, resumiu. Depois de ensinar que o Brasil existia antes de Lula e existirá depois dele, recomendou que se apanhasse a luva atirada pelo sucessor: “Se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer”.
Em vez de seguir o conselho e sugerir a Lula que topasse um debate com Fernando Henrique, José Serra reincidiu no crime praticado em 2002 — com agravantes. Além de esconder o líder que aumentou a distância entre o país e a era das cavernas, apareceu no horário eleitoral ao lado de Lula, convertido num Zé decidido a prosseguir a obra do Silva. Aloysio Nunes Ferreira fez o contrário. Tinha 3% das intenções de voto quando transformou FHC em principal avalista da candidatura. Elegeu-se senador com a maior votação da História. Saudado por sorrisos, cumprimentos e aplausos quando caminha nas ruas de São Paulo, FHC nunca foi hostilizado em público. Depois da vaia no Maracanã, Lula não voltou a dar as caras fora do circuito das plateias amestradas.
Desde o dia da eleição, FHC tem exortado o PSDB a transformar-se num partido de verdade, com um programa que adapte à realidade brasileira a essência da social-democracia, combata sem hesitações a corrupção institucionalizada e, sobretudo, aprenda que o papel da oposição é opor-se, como ele próprio tem feito há oito anos. “Por enquanto, o único partido que temos é o PT”, repetiu há dias. “Sem uma linha política clara a seguir, o PSDB continuará a agir segundo as circunstâncias e a perder tempo com questões pontuais”. Pode perder de vez também o respeito e a confiança do eleitorado oposicionista, adverte a reação provocada pela Carta de Maceió. O teor vergonhoso do documento comprova que os governadores tucanos não captaram o recado do patriarca.
Na trajetória desenhada pelos presidentes da República, FHC é o ponto fora da curva. Pode ser esse o seu destino, sugere a paisagem deste fim de 2010. Assegurada a vaga na História, poupado da obsessão pelo poder, ainda assim não recusa o combate, não faz acordos, não capitula. Em respeito à própria biografia, e por entender que a nação merece algo melhor, continua a apontar a nudez do pequeno monarca. Oito anos mais velho, ficou oito anos mais novo: nenhum líder político é tão parecido com a oposição real, rejuvenescida e revigorada neste outubro por 44 milhões de votos, quanto Fernando Henrique Cardoso

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Volta de Um Sentimento Antigo: Patriotismo

Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo



Eu sou segundo-tenente de Cavalaria da Reserva do Exército. Melhor dizendo, fui rebaixado, depois, para terceiro-sargento, por não ter feito o curso de aperfeiçoamento. Mas, sou, sim, um orgulhoso cavalariano da turma de 62, número 2611, apesar de quase ter sido expulso por minhas atividades estudantis, quando eu era o editor do jornal O Metropolitano, de notória tendência marxista-leninista, semanário que era lido com avidez pelos órgãos de repressão do Exército e onde só fui mantido graças à ajuda de um camarada-sargento do Partidão, da administração do quartel, que me avisou: "Olha aí... tu vai ser desligado."


Corri para meu pai, que veio em meu socorro. Meu pai era brigadeiro da Aeronáutica e entrou no quartel todo fardado - suas dragonas douradas brilhavam - e foi falar com o comandante do CPOR, entre continências respeitosas e sob meu olhar encantado com aquele apoio paterno sobre uma questão militar em que eu era pivô - eu, um reles comuna, sim, que sonhava em derrubar o imperialismo e seus aliados.


Não fui expulso e, hoje, confesso que não foi a única vez que tive orgulho do Exército.


O meu cavalo se chamava Himalaia, quando desfilei numa remota parada do 7 de Setembro. Passávamos vaselina no corpo do animal para que ele brilhasse ao sol da avenida, ajaezado com arreios de luxo, fazíamos uma trança em sua crina e, com os freios luzindo como ouro, desfilávamos com uma lança onde tremulava uma flâmula colorida, ao som de uma banda marcial. Dentro de culotes, botas e esporas, eu, o comuna montado, o bolchevique de cabelo zero, tremia de emoção patriótica.


Claro que não foram apenas dias de fulgor. O serviço militar era um inferno também. Quantas noites brancas, limpando bosta de cavalo, correndo por São Cristóvão às 3 horas da manhã, para pegar uma égua fugitiva que os "canalhas" da Artilharia soltavam para nosso desespero; daí termos inventado a doce melodia: "Quem quiser comer alguém/ seja noite ou seja dia/ dê um pulo na Artilharia."


Quanto horror da lama nas batalhas de Gericinó, do medo pavoroso de desmontar um morteiro de 81 mm que não explodira, quanto pânico quando os tenentes nos faziam pular obstáculos na Quinta da Boa Vista. Poucos conhecem o martírio de calçar os cavalos com ferraduras em brasa, sob os coices alucinados dos ditos corcéis e sob as vaias dos infantes e artilheiros empoleirados na cerca, nos sacaneando e nos chamando de "estrume".


Tudo isso criava um casco em minha alma frágil, que lia Rimbaud no vestiário e que uma vez, para pasmo do major, trouxe uma contribuição literária para a revista do Exército - uma poesia "trans-sintática" sobre O Cavalo - poema infelizmente nunca publicado pelos oficiais insensíveis e hoje perdido para a literatura e que (ainda lembro) falava em "o cavalo e sua quilha/ vogando entre lanças/ num campo de Ucello", recitado com ardor para o major, que certamente me achou meio "viado" (com i, por favor).


Depois, em 64, vi a UNE pegar fogo, comigo dentro. Depois, foi o horror da repressão, todo aquele baixo-astral: os "anos do milagre" da ditadura.


Mas, já naqueles anos eu também via certos detalhes da vida militar que me dão ainda hoje um travo de poesia brasileira. No fim do expediente, os oficiais garbosos de uniforme na caserna vestiam suas pobres roupas paisanas e iam para casa de bonde, visivelmente sozinhos e pobres em busca de suas famílias; ali, na tristeza daqueles dias militares, havia uns momentos de beleza rude. Havia as cornetas soando nas madrugadas cinzas, havia uma certa pureza medieval nos caibros das cocheiras, na cal das árvores pintadas, na comida brasileira das cantinas, no tosco desejo de ordem e progresso, num comovente patriotismo xucro. Havia uma solidão sacrificada nos milicos, nos soldos rasos, no orgulho dos uniformes, uma coisa positivista cambaia que eu via nas fileiras, como batalhões de "Policarpos Quaresmas".


Nas frestas do cotidiano, estava a missão militar despercebida. Naqueles hinos militares, que falavam em "pátria adorada", havia um projeto de Brasil até meio ridículo, mas puro. Nos bivaques e acampamentos, no texto parnasiano das ordens do dia, sentíamos uma rala e ingênua ideologia nacional, um tosco desejo de construir um país, tão estuprado pelos que realmente deitaram e rolaram no milagre brasileiro, transformando o Estado neste bordel de hoje. Hoje, já aprendemos; sabemos das táticas e técnicas dos corruptos e reacionários reais, pois a dolorosa contemplação dos escândalos que nos foram servidos pela democracia já faz parte da cultura política. Quando eu servia o Exército, tinha a sensação do desperdício de toda aquela organização verde-oliva numa luta abstrata contra os pobres guerrilheiros do absurdo. Eu pensava: hoje, os inimigos são a fome, a miséria endêmica; como esta imensa força de brasileiros de classe média poderia ser útil para "salvar" o Brasil.


E mais: os militares que conheci ultimamente ainda sofrem do preconceito que sobrou contra eles depois da ditadura. Ela foi terrível, sim, mas um general de hoje tinha cerca de 10 anos em 1964 e o Exército mudou muito. Claro que há contradições e atrasos, mas lá no Forte Apache, em Brasília, onde participei de um seminário, só vi homens bem informados, trabalhando em fronteiras e florestas e, mais importante que tudo, homens com um sentimento antigo, mas muito necessário hoje em dia - patriotismo.


Nesses anos de caserna, tive dois momentos de orgulho: um, quando meu pai entrou com as dragonas brilhando para me salvar; outra, quando meu coração bateu na Av. Presidente Vargas no 7 de Setembro, em cima do meu pangaré Himalaia.


Agora, houve a terceira onda de orgulho.
Na semana passada, vendo os militares treinados no Morro do Alemão, os paraquedistas treinados no Haiti, os tanques da Marinha, os helicópteros da FAB, pareceu-me estar ouvindo a banda tocar a Arma de Heróis em l962.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Narcotráfico Forever e a Cilada para as Forças Armadas

Por Jorge Serrão


O narcotráfico no Rio de Janeiro não vai acabar. Nem sofrer um baque estrutural, apesar da “guerra” a ele declarada pela administração Serginho Cabral. É sério o risco de desmoralização da parceria do governo fluminense com as Forças Armadas e a Polícia Federal. A presente batalha campal no Complexo do Alemão é apenas mais uma encenação midiático-policial-militar, no pretenso combate do Poder do Estado ao Poder Paralelo das facções criminosas. Na verdade, nada acontecerá contra o Crime Organizado, porque ele só existe na interação entre a máquina estatal e os criminosos – incluindo os políticos que se beneficiam dos esquemas criminosos.

Não importa o resultado da “Batalha do Alemão”. Seus efeitos serão idênticos ao da famosa Batalha de Itararé – aquela que não ocorreu, na década de 30 do século passado. O gerenciamento do narcotráfico apenas vai mudar de mãos. Pouco munda, em essência, na previsível rotatividade da ilegal atividade comercial de venda de drogas e aluguel de armas pesadas. Os traficantes A, da facção X, serão trocados pelos traficantes B, da facção Y. Todos, claro, parceiros do crime estatalmente organizado. Enfim, o que as “Forças de Segurança” fazem agora, no Rio de Janeiro, tem o efeito prático de um profundo enxugamento de gelo.

O narcotráfico não vai ser extinto no Rio e alhures. Por vários motivos simples. Indagar não ofende. Por acaso, a cadeia de consumo das drogas sofreu ou vai sofrer alguma alteração significativa? A demanda pelas drogas diminuiu, para que o tráfico seja extinto pela simplória via do combate armado? A prisão de dezenas de operários do narcotráfico é realmente significativa para acabar com a atividade criminosa? Os verdadeiros sustentáculos da máquina do tráfico realmente foram (ou serão) presos ou tirados definitivamente de circulação? As parcerias internacionais dos vendedores de drogas no Brasil (com grupos guerrilheiros ideologicamente identificados com o Foro de São Paulo) serão combatidas pelo poder vigente?

O narcotráfico é uma atividade econômica altamente lucrativa. Os economistas Sergio Guimarães Ferreira e Luciana Velloso, da subsecretaria estadual de Fazenda, elaboraram, em abril de 2009, o estudo: “A Economia do Tráfico na Cidade do Rio de Janeiro: uma tentativa de calcular o valor do negócio”. Os números da estimativa de consumo anual apavoram: Maconha (90 toneladas). Cocaína (8,8 toneladas). Crack (4,3 toneladas). A Quantidade de delinquentes envolvidos no tráfico é de 16.387 pessoas (estimativa da Polícia Civil).


Faturamento anual do Tráfico (ajustando a subestimativa das pesquisas diretas): Maconha (108,1 milhões de reais). Cocaína (423,2 milhões de reais). Crack (102,1 milhões de reais). Total: 633,4 milhões de reais. Custo Anual Estimado: Pessoal (158,7 milhões de reais). Custo de compra das drogas (193,9 milhões de reais). Armas (24,8 milhões de reais). Perdas por apreensões (19,4 milhões de reais). Total: 396,8 milhões de reais. Lucro operacional: (236,6 milhões de reais). Estudo completo pode ser visto e baixado em:http://www.fazenda.rj.gov.br/portal/ShowBinary/BEA%20Repository/site_fazenda/transpFiscal/estudoseconomicos/pdf/NT_2008_35.pdf
Tudo nessa guerra exibida midiaticamente é um jogo de ilusão. Ontem, o chefão Luiz Inácio Lula da Silva deixou isto claro - em Georgetown, onde participou de uma cúpula de emergência da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Avisou que as Forças Armadas mobilizadas nas operações contra a violência no Rio de Janeiro não fariam prisões. Com isto, Lula quis apenas ressaltar que as tropas de elite das Forças Armadas se tornaram meras coadjuvantes, sob comando do Governo e da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ou seja, na bagunda institucional promovida por Lula e seu ministro da Defesa, Nelson Jobim, o Exército e a Marinha viraram “forças auxiliares”. 

As Forças Armadas caíram em uma cilada institucional. A atuação deles nesta operação de Garantia da Lei da Ordem não tem amparo legal. Os políticos não regulamentaram a ação constitucional do Exército, Marinha e da FAB nestas situações de emergência. Se a “batalha” do Alemão demorar demais, a chance de desgaste de imagem para as Forças Armadas é imensa. Se os militares forem obrigados a entram em combate, a vero, gerando “vítimas” no “meio civil” (aliado ou não do narcotráfico), acabarão atacados virulentamente pelos pretensos defensores dos “direitos humanos”, sempre háveis em relacionar as Forças Armadas com ações autoritárias.

Enquanto o pau canta na Cidade Maravilhosa – sendo visto no mundo inteiro -, a Presidenta eleita Dilma Rousseff toma uma decisão previsível. Decide dar continuidade à política internacional do governo Lula – alinhada ideologicamente com o radicalismo socialista na América Latina. Dilma manterá no cargo de Aspone Internacional o ilustre top-top Marco Aurélio Garcia – um dos principais dirigentes do Foro de São Paulo. Garcia fará o meio campo de Dilma com o PT e seus aliados externos. Por isto, tudo vai continuar como dantes, nas bocas de fumo do Abrantes.

Repetir conceitos corretos é preciso. Crime Organizado é a associação entre criminosos e servidores públicos. Sem a proteção do Estado o crime não se organiza. Cada vez mais organizado, o crime joga contra a Ordem Pública, que é o patrimônio jurídico mais importante para a sociedade, pois garante a vida e a liberdade dos cidadãos. Ou seja, agora, no Rio de Janeiro, o crime organizado não é combatido.

O crime organizado corrompe e destrói as instituições – que são a concretização da vontade da Nação (cristalizadora da vontade de um povo). A ação criminosa inviabiliza a Democracia, que é a segurança do direito natural. No Brasil, o sistema delitivo obedece, ideológica e politicamente, a esquemas externos que nos mantêm permanentemente colonizados, sem soberania efetiva. O crime não é um fim. É um meio.

O crime organizado emprega duas sofisticadas modalidades de violência radical. Tudo para minar as instituições e constranger o senso comum a não identificar o verdadeiro inimigo. A intenção é usar o medo como fator de contenção social. Isto dificulta ou impede uma reação efetiva da sociedade. E quem não reage rasteja. Perde qualquer guerra antecipadamente. 

A organização criminosa promove a Guerra de 5ª geração. Também chamada de guerra assimétrica, é toda tentativa de origem externa, por quaisquer meios, que objetive minar o cenário político – econômico – tecnológico – psicossocial – ambiental – militar de um País, através de agentes internos ou externos. No teatro de operações carioca, o que se combate agora é o “operariado” do narcovarejo, cujos gerentes custam caro ao contribuinte nos Hotéis de Segurança Máxima. E os verdadeiros chefões dos gerentes, alguém vai combater? Jura que vai?

Ou seja, por todos estes conceitos objetivos, a “batalha” do Alemão vai dar em nada. No Brasil, como bem afirma o provérbio francês, tudo parece que muda para ficar sempre a mesma coisa. O próximo governo apenas dará continuidade a tudo que está aí. Certamente, com pequenas alterações na escalação do time do Crime Organizado. Tomara que os segmentos esclarecidos não caiam em mais uma armadilha do ilusionismo ideológico que comanda a verdadeira Organização Criminosa.

Por enquanto, a sociedade do espetáculo se aliena com uma pretensa guerra que se torna "real" com a colaboração da mídia amestrada tupiniquim. Aonde vamos parar? Nem o herói-fictício Coronel Nascimento saberá responder...

Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Por Oportuno

O Brasil (e uma boa parte do mundo), está assistindo ao vivo e às cores nos últimos dias, o espetáculo dantesco da realidade da cidade do Rio de Janeiro.

A imprensa e o governo do Estado agradecem, a cada momento, a intervenção da Marinha do Brasil, através do Corpo de Fuzileiros Navais. Intervenção declaradamente fundamental para o êxito da operação policial, em curso.

Mas nos últimos anos, vários políticos de destaque na conjuntura brasileira e alguns profissionais da imprensa, colocam os militares brasileiros numa situação de desgaste, menosprezando sua importância para o país.

Infelizmente, só damos valor ao cidadão fardado quando somos atacados, sejam por inimigos externos ou internos. Depois, é o esquecimento e a crítica negativa.

Por oportuno (e aí a razão do título desta postagem), transcrevo o comentário do jornalista Ricardo Boechat, feito na Radio BandNews FM no dia 12 de novembro. A seguir, vem a nota oficial da Marinha do Brasil, em resposta a estes comentários. Não sei onde mora o jornalista Ricardo Boechat. Mas, se morar no Rio de Janeiro, tenho certeza de que ele se arrependeu do comentário que fez..

RÁDIO BANDNEWS FM

12/11/2010

Transcrição de áudio

Comentários do jornalista Ricardo Boechat – Submarino nuclear

[...] Aqui no Brasil, tanto pela influência tanto pelo peso do aconselhamento militar, quanto pela fragilidade das convicções das figuras que nos governam, nós estamos na iminência de gastar bilhões e bilhões de euros em programas de equipamento militar, de aparelhamento militar. Mas não é um aparelhamento militar que vai dar para a Marinha, por exemplo, 300 fragatas para percorrer nossos rios na amazônia, nossos rincões, nossos grotões; fragatas equipadas com hospitais...não, não, não, não. Não são fragatas ou navios de menor porte equipados com material militar para fazer o patrulhamento de nossa costa e evitar a depredação dos nossos cardumes, a caça predatória, a pesca predatória, melhor dizendo, dos nossos cardumes. Não é para prevenir contrabando que entra aí; por exemplo, na Baía de Guanabara...o que entra de contrabando pela Baía de Guanabara e desembarca nesses cantos aí do fundo da Baía, é uma barbaridade. Cadê as lanchas de vigilância, cadê as embarcações para abordar navios que estão trazendo contrabando etc e tal. Não é equipamento militar para você botar mais helicóptero para ações de resgate, não é equipamento militar para você ter uma esquadrilha de aviões bombeiros que, em casos de incêndios florestais como os que destruíram boa parte dos parques nacionais este ano, minha gente, há poucos meses se você pudesse deslocar 30, 40 aviões tanque com água, com produtos químicos para apagar incêndios de grandes proporções. Não, não, não. Não é esse tipo de equipamento militar que refoçaria o poderio social. Não, é equipamento militar mesmo, para ficar brincando de guerrinha, para ficar fingindo que é potencinha, que pode dar tirinho no inimigo...brincando de soldadinho. Bilhões e bilhões de euros estão prestes a ser jogados nesta palhaçada, nesta ridicularia que só atende ao interesse de paranóicos militaristas, de idiotas governantes e de lobistas espertos – porque esses, sim, vão ganhar muita grana nessa operação; e claro, atende aos interesses da fantástica indústria bélica francesa ou sueca ou americana que ficam aí disputando esse fornecimento e que são grandes produtores de tecnologia militar e que exportam isso para paisecos africanos, asiáticos, sulamericanos que acham que têm essa vocação, digamos, para potência. Potências são construídas, e cada vez mais serão, pela educação, pela saúde, pela cidadania, pela qualidade de vida. [...] Notem que, assim como eu não sou contra a ideia de botar mais dinheiro na saúde – eu sou contra a ideia de que só o imposto resolve -, eu também não sou contra a ideia de colocar dinheiro em equipamentos para as Forças Armadas. O que eu estou discutindo é a natureza desse equipamento. Algum de vocês aí precisa de um submarino nuclear? Algum de vocês aí precisa de caças superssônicos, com um poder ofensivo gigantesco? Nós estamos numa região de conflitos? Há algum horizonte potencial, ainda que remoto, no nosso horizonte, no nosso destino? Claro que não, isso é uma palhaçada [...].

Agora, a resposta da Marinha do Brasil, através do Centro de Comunicação Social da Marinha.

CCSM

19/11/2010

Nota de Esclarecimento encaminhada ao jornalista Ricardo Boechat 

Senhor jornalista,

Em relação ao seu  comentário sobre o reaparelhamento das Forças Armadas, realizado durante seu programa na rádio “BandNews FM”, no último dia 12,  a Marinha do Brasil esclarece que o Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB) entregue ao Ministério da Defesa, contempla ações a respeito de instalações militares e de quantificação dos meios necessários ao atendimento eficaz das suas possibilidades de emprego.
A proposta apresentada no PAEMB engloba as seguintes ações, além do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (construção de submarinos convencionais e de propulsão nuclear, Base e Estaleiro associados; e transferência de tecnologia para a construção de submarinos convencionais e para a parte não nuclear do submarino de propulsão nuclear), citado em seu programa:
- implantação da segunda Esquadra e da segunda Divisão Anfíbia no Norte/Nordeste do Brasil, o que inclui Base Naval, Base Aérea Naval, Base de Fuzileiros Navais e Base de Abastecimento;
- implantação do Projeto "Amazônia Segura", com a criação e elevação de categoria de Capitanias Fluviais e suas Delegacias e Agências, construção de navios de patrulha fluvial, navios de transporte fluvial, navios de assistência médico-hospitalar, criação de Batalhões de Operações Ribeirinhas;
- construção do núcleo principal do Poder Naval (escoltas, navios aeródromos, de propósitos múltiplos, de apoio logístico, de transporte e apoio, navios-patrulha, aeronaves de asa fixa e móvel, veículos aéreos não tripulados (VANT) e meios de Fuzileiros Navais para duas Divisões Anfíbias); e
- desenvolvimento e implantação do Sistema de Monitoramento da Amazônia Azul (SisGAAz).
No que tange a Navios de Assistência Hospitalar (NAsH), a Marinha do Brasil possui, hoje, quatro – três operando na Região Amazônica e um no Pantanal. Além disso, será incorporado, no próximo dia 23, o NAsH “Soares de Meirelles” para atender à população ribeirinha da Amazônia.
A aquisição do navio partiu de uma necessidade premente, identificada pelo PAEMB, de aumentar a quantidade de NAsH de três para cinco na Amazônia. O objetivo é ampliar, de forma quantitativa e qualitativa, a capacidade em prover atendimento médico e odontológico às populações ribeirinhas da Região Amazônica em parcerias com o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde dos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Amapá e Secretarias Municipais de Saúde. 
Os Navios de Assistência Hospitalar são, para  quase todas as regiões visitadas, a única presença do Estado brasileiro, o único instrumento possível de aplicação de ações de saúde para essas populações carentes. São conhecidos como os “navios da esperança”.
Quanto ao patrulhamento da costa e dos rios brasileiros, o PAEMB prevê a aquisição de 62 Navios-Patrulha (NPa) e de 14 Navios-Patrulha Fluviais (NPaFlu). Hoje, a Marinha possui 18 NPa e dez NPaFlu (cinco na Região Amazônica e cinco na bacia Paraguai-Paraná).
Seguindo o cronograma estabelecido no Plano, no próximo dia 30, será incorporado à Marinha do Brasil o segundo Navio-Patrulha de uma nova classe em construção, o NPa Macau. O primeiro, o NPa Macaé, foi incorporado à Marinha em dezembro do ano passado.
Os NPa são meios de emprego amplo, ressaltando-se, além da Patrulha Naval nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), as atividades de Inspeção Naval, de busca e salvamento na área de responsabilidade SAR (Search and Rescue) do Brasil, estas decorrentes de compromissos internacionais, e contribuição no combate às novas ameaças (terrorismo, contrabando, crime organizado, poluição marinha, tráfico de drogas e de pessoas).
Distribuídos pelos diversos Distritos Navais, têm emprego crucial nas operações de defesa de plataformas de exploração e explotação de petróleo no mar, que respondem por mais de 80% de nossa produção. Participam, também, de missões de fiscalização contra a pesca predatória e de outras relacionadas à prevenção da poluição hídrica nas AJB, em apoio aos órgãos governamentais. Além disso, podem ser empregados em missões para a garantia da lei e da ordem, bem como contribuir para o transporte de pessoal e material em proveito das ações de Defesa Civil.
Esses navios implementam as leis do Estado em nossas AJB. Sem sua ação de presença, ilícitos como a pirataria, contrabando, descaminho, despejos ilegais de material poluente, exploração da fauna, entre outros, encontrariam terreno fértil de propagação. Quanto aos Navios-Patrulha Fluviais, eles são fundamentais para a realização de patrulhas nas Bacias Amazônica e do Paraguai - Paraná, operações e ações de apoio às populações ribeirinhas, contribuindo para o desenvolvimento nacional e aumentando a presença da Marinha nas fronteiras. A presença desses meios leva o Estado brasileiro às porções mais isoladas das citadas Bacias, sendo um importante elemento de apoio às operações ribeirinhas, realizando ações cívico-sociais, contribuindo fortemente para a permanente integração nacional.
Além disso, o PAEMB prevê, também, a  aquisição  de 430 embarcações menores para a execução de tarefas afetas à defesa nacional e à segurança do tráfego aquaviário, no cumprimento da legislação específica que estabelece as responsabilidades da Autoridade Marítima (AM).
Sobre tais responsabilidades, podem-se destacar as inerentes à segurança da navegação, à salvaguarda da vida humana no mar e à prevenção da poluição hídrica, as quais são levadas a efeito por meio das Organizações Militares (OM) integrantes do Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário (SSTA), composto por Capitanias, Delegacias e Agências, espalhadas ao longo do nosso litoral e das principais hidrovias interiores.
A Marinha necessita efetuar a obtenção de diversos tipos de embarcações, tanto por construção, no País, quanto por aquisição no comércio, dentro de uma moldura temporal de 10 anos de execução, entre as quais destacam-se as seguintes embarcações, destinadas às atividades do SSTA:
·         Lancha de Apoio ao Ensino e Patrulha (LAEP);
·         Agência Escola Flutuante (AgEFlut); e
·         Embarcações de Casco Semirrígido (ECSR).
Quanto ao submarino de propulsão nuclear, considerando a vastidão do Atlântico Sul, natural teatro de nossas operações navais e a magnitude de nossos interesses no mar, a Marinha constatou, desde logo, que, no que tangia a submarinos, a posse de convencionais não era o bastante. Para o cumprimento de sua missão constitucional de defender a soberania, a integridade territorial e os interesses marítimos do País, tornava-se mister dispor, também, de submarinos  de propulsão nuclear. Aqueles, em face de suas peculiaridades, para emprego preponderante em áreas litorâneas, em zonas de patrulha limitadas. Estes, graças à excepcional mobilidade, para a garantia da defesa avançada da fronteira marítima mais distante.
Destaca-se que os submarinos de propulsão nuclear são, do mesmo modo, os meios navais por excelência para negar o uso do mar, constituindo-se na estratégia de defesa marítima do Brasil, em paralelo com a capacidade para projeção de poder e para o controle de áreas marítimas, no grau necessário à defesa e dentro dos limites do direito internacional. Ao mantermos e ampliarmos essas capacidades, como consequência, estaremos contribuindo para a dissuasão estratégica no Brasil.
Atualmente, o Brasil vem assumindo um destaque crescente no cenário mundial, ocupando uma posição cada vez mais próxima dos pólos estratégicos globais. Assim, a importância estratégica pretendida pela MB é a de dispor de uma Força de Submarinos com a capacidade de contribuir para tornar a via diplomática mais atraente para a solução de controvérsias, ampliando a condição de defesa do País e o seu poder dissuasório, constituindo-se em uma força naval de envergadura, composta de submarinos modernos, convencionais e de propulsão nuclear, para assegurar o propósito de negação do uso do mar. Por sua vez, o Brasil, de acordo com a Estratégia Nacional de Defesa, manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e fabricar tanto submarinos de propulsão convencional como de propulsão nuclear. Cuidará, ainda, de ganhar autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com as outras forças navais, terrestres e aéreas.
Enfim, a MB visualiza possuir uma Força moderna, equilibrada e balanceada, dispondo de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais compatíveis com a inserção político-estratégica do nosso País no cenário internacional e, em sintonia com os anseios da sociedade brasileira, permanentemente pronta para atuar no mar e em águas interiores, de forma singular ou conjunta, de modo a atender à destinação constitucional.
Aproveito a oportunidade, para convidar Vossa Senhoria para participar da incorporação dos Navio de Assistência Hospitalar “Soares Meirelles” (no próximo dia 23, às 10h, na Estação Naval do Rio Negro, em Manaus – AM) e Navio-Patrulha “Macau” (próximo dia 30, em uma cerimônia no Píer da Indústria Naval do Ceará (INACE), em Fortaleza – CE, às 10h.).

Atenciosamente,
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA

sábado, 6 de novembro de 2010

Toque de Silêncio

Indiscutível a existência de dois Brasis oponentes, estimulados pela cúpula
governamental a assim permanecerem, alimentados pelo refrão sistemático dos
inflamados e alcoólicos discursos presidenciais nos quais contrapunha as chamadas
“elites” aos “pobres”, lembrados e visitados em épocas eleitorais. Arengas tão velhas,
mas que satisfazem a população, mantida, ainda, pelos sagazes aproveitadores daignorância alheia, no fosso da estupidez humana.


Esta divisão ficou comprovada ao ser anunciado o resultado da apuração
eletrônica: a grande fatia da população que suga nas tetas da Caixa a sua “bolsa”
graciosa, e o dos contribuintes que dá sustentação a este bizarro Brasil da contumaz
preguiça fagueira e da perniciosa irresponsabilidade de viver de barganha. Somente
as mesuras com o chapéu alheio respondem pela vitória da violenta candidata.

Não há lógica que explique a eleição de uma ré confessa, com seus crimes
registrados em livros e em slides e que, daqui para a frente, vai ditar normas a
brasileiros probos, éticos e de conduta ilibada. Não há lógica que explique como as
supremas instituições se deixaram devorar, nas entranhas, pelos carunchos da
corrupção, dando provas de que seus alicerces já estavam bastante apodrecidos por
desejos agora satisfeitos. Não há Esopo que explique a moral das fábulas brasileiras
em que o mal sempre vence o bem.


Reconhecemos que Gramsci venceu a batalha, pelo menos, nesta primeira parte
do primeiro ato, em que tudo são festas e comemorações.

Pobre Brasil, que tem como óbices antagonistas seus próprios governantes e
seu próprio povo, todos egoístas, todos espertos, todos inescrupulosos!

Pobre Brasil,coberto por uma mídia medrosa e subserviente, escondida na dubiedade e na manipulação de suas informações, mas que vai sentir na pele, em breve, a mão de
ferro que o sequestrador Franklin Martins vai baixar sobre os seus ombros, impondo-
lhe a censura já apregoada na constituição petista, o PNDH-3!


Pobre Brasil, cujas Forças Armadas terão que prestar homenagens a uma bastarda, lesa-pátria, em obediência às regras que ditam o ritual do cargo! Irão prestar, também, homenagens a Chávez e a Fidel que, presumivelmente, estarão a postos, ao lado da criminosa presidente, como convidados especiais?

Não disseram, um dia, que “lugar de brasileiros é no Brasil”, confundindo
mercenários aqui nascidos, com os dotados da excelência da brasilidade?

Em agosto, um artigo meu perguntava se queríamos “pleito ou preito” e a
resposta da votação diz que desejamos a manutenção do subdesenvolvimento, da falta
de educação em todos os sentidos e níveis, do extermínio do decoro, da permanência
do roubo do dinheiro público e de tudo o que o ébrio de Garanhuns ensinou a seus filhos de partido.


Pleiteamos um governo austero, mas iremos preitear anos (não sei quantos) de
ausência de moralidade, com um toque de silêncio em memória do regime
democrático que se esvai, apressadamente. Não é sem razão que a caixa eletrônica de
votação é chamada „urna‟, por sepultar todas as esperanças que se tinha a respeito de
uma possível sensatez deste povo ignóbil e moralmente doente.

O que dizer mais, a não ser que teremos de conviver com os horrores que se
prenunciam e que virão, certamente, pelas estúpidas intervenções de um fantoche tão
ou mais ignorante, tão ou mais perverso do que seu idealizador?!

Prof.ª Dr.ª Aileda de Mattos Oliveira
(Membro da Academia Brasileira de Defesa, Doutorado na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrado no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense).

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E Lula Criou a Mulher-presidente

Entre os de sua tribo não havia um varão digno do reino. Achando-se insubstituível tirou de si mesmo uma costela e a moldou à sua imagem.

E Lula criou a mulher-presidente
Jota Alves

Nunca na história desse país um presidente elegeu seu sucessor. Os militares não contam. Foram nomeados.

Após décadas de convívio Lula descobriu: “meu partido é uma merda, composto de facções demais, classes de pessoas que vivem brigando entre elas. Nunca fui ideológico”.

Dilma Rousseff preencheu-lhe vazio de liderança e amizade, mostrou serviço. Lula pousou-lhe a mão na cabeça e apontou aos plebeus e fariseus com os quais negociou a tranqüilidade da pregação de seu evangelho: “esta é a prometida”.

A mãe do povo está eleita. Milhões de descamisados não sabem, nem professores e “formadores” de opinião se interessam em conhecer e divulgar o que aconteceu com a vizinha Argentina após Perón criar Isabelita sua sucessora e primeira mulher a presidir um país da América Latina.

Evita a Preferida, vice de Perón, a Santa, teria sido a primeira se um câncer uterino não lhe tirasse a vida. Isabelita foi eleita com Perón. Dilma foi eleita por Lula. Mesmo metade do país não tendo votado em Dilma o Brasil será, formalmente, governado pelo lulismo. Um peronismo sem tango, à brasileira.

O Ela sou Eu argentino
Juan Domingo Perón encontrava-se desde 1955 exilado em Madri quando conheceu a bailarina Maria Estela Martinez, a Isabelita. Em 1972, acontece o regresso triunfal do pai dos pobres, criador e protetor de sindicatos. No ano seguinte a chapa Perón-Peron vence as eleições com 60% dos votos. Em 1974 com a morte de Perón Isabelita assume a presidência. Já se disse que na Argentina os mortos governam os vivos.

A Santa Evita
A mãe do povo distribua Bolsas de lotes na periferia de Buenos Aires, leite em pó, bolos de aniversário, envelopes com dinheiro, fazia discursos inflamados, representava o país no exterior com exclusivos Dior. Os descamisados exigiram que ela fosse embalsamada para ser venerada em mausoléu. Com a caída de Perón a múmia mais famosa dos tempos modernos teve seu caixão profanado, seqüestrado, contrabandeado, ate permanecer ao lado do marido em Madri. O caixão de Perón também foi violado. Isabelita jamais poderia substituir Evita no imaginário, crença e apoio popular. Os peronistas radicais não a reconheciam como legitima herdeira de Perón. Para eles, Isabelita profanava o espaço de Evita.

Corrupção, caos, prisão, exílio.
Inflação incontrolável, pecuária e agricultura em crise, greves. Na ânsia de conter o desastre econômico e caos político a presidente ficou dependente de seu ministro do Bem Estar Social (das Bolsas da caridade) o articulador José Lopez Rega, o bruxo. O Zé da Isabelita exercia total influencia sobre ela, fez acordos com a banda podre do país, censurou TV, Rádios, Jornais. Acusada de corrupção foi deposta e condenada a cinco anos de prisão. Argentinos querem julgá-la por crimes contra os direitos humanos. A Espanha que lhe concedeu asilo político não concede a repatriação.

Antes e depois do peronismo
O peronismo penetrou fundo no DNA argentino. O país orgulhoso de sua riqueza, prestígio internacional, “alimentou o mundo” com trigo e carne de primeira; o calçou e embelezou com sapatos, cintos, bolsas e roupas de invejável qualidade; o tango com sua beleza, magia e sensualidade alegrou salões e teatros; nunca mais viu brilhar a fama dos seus pampas, a gloria portenho de seus poetas e escritores e de ter sido o mais rico e desenvolvido país da América Latina. Há mais de sessenta anos a Argentina têm a sua história definida: antes e depois do peronismo.

Sistema? Regime? Ideologia? Seita? Mito? Hipnose social? Máfia?
Esse critério personalista de escolha Isabelita/Dilma como grife exclusiva de Guia, Onipotente, Populista, Pai da Pátria, com ou sem Ideologia, não importa se homem ou mulher, nunca, em nenhum lugar do mundo antigo ou moderno, rendeu bons frutos. Passada a euforia mantida pela propaganda, a descoberta de minerais, petróleo, a distribuição de presentes, discursos, promessas, da fabricada popularidade dos Redentores, países com seus recursos naturais e morais exauridos entram em decadência e povos com ricos, novos ricos, pré-ricos, remediados, pobres satisfeitos, ficam robotisados e abestalhados. Ninguém explica e sabe o que é peronismo. Ideologia? Seita? Culto à personalidade? Sistema? Regime? Máfia? Esperteza política? Fumaça verbal? Sabemos o que o peronismo fez da Argentina. E o lulismo que fará do Brasil?

Jota Alves fundou o jornal The Brasilians, criou o Dia do Brasil em Nova York.
Foi Secretário de Governo em seu estado natal, MT.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um Dia Depois do "Day After"

Uma amiga querida, de Belo Horizonte, fez um comentário brilhante sobre a postagem anterior.

Preferiu responder-me diretamente, ao invés de colocar o comentário no Blog.

Mas o conteúdo é muito importante para que só eu tenha conhecimento dele. Portanto, decidí publicá-lo aqui, ainda que de maneira anônima.

Suas palavras me fazem ter orgulho da terra onde nasci.

"Carissíssimo Comandante,
sinto-me na obrigação de fazer algumas considerações acerca do texto em pauta e também das críticas em torno da nossa votação, isto é, do voto mineiro.


Em primeiro lugar, devo dizer que os sentimentos de frustração, revolta e raiva que lhe acometeram não são certamente próprios do nobre Comandante. Digamos, são apenas aflições de um patriota digno, honesto e ético que se viu diante de um quadro que julga poder trazer dissabores a sua terra e a seu povo. Mas, realmente, como V. Exª. reconhece, o tempo é o senhor da razão.

Por outro lado, sinto discordar de algumas de suas colocações; por exemplo, quando diz que a Dilma foi enfiada goela a baixo do PT. Não creio que tenha sido bem assim. Na verdade, penso que foi pura falta de opção. Qual outro petista poderia tentar o embate? Suplicy, o que enganou a pobre Mulher-Pera prometendo-lhe votos? A ex-Suplicy que trocou o marido pelo franco-argentino, mas que não larga o sobrenome nem sob tortura? A petezada sabia muito bem quem e por que escolher.

E, infelizmente, doa a quem doer, o PSDB não teve a mesma percepção e ligeireza. Foi arrogante quando as pesquisas mostravam Dilma bem aquém de Serra e, no alto de seu salto, pensou que poderia protelar a campanha até quando bem quisesse, que já estava ganha a eleição. Erro crasso! Destemperou e azedou o doce. E quando falo em tucanos, falo sim dos caciques paulistas, dos donos do Partido.

Entretanto, concordo quando diz que os números revelam um país dividido, equilibrado; e ainda com tudo mais o que tece a respeito das nossas mazelas e peculiaridades sócio, históricas, culturais e, claro, político-regionais. Mormente os equívocos políticos de cariocas e fluminenses, apesar de não me sentir à vontade para entrar no mérito dessa questão. Porém, caríssimo Will, não entendo o porquê da surpresa da votação de Dilma em nosso estado.

Uai!! Então acredita realmente que nosso povo deu a maioria de seus votos à candidata de Lula apenas por decepção e protesto??? Que isso?!! Desculpe-me, prezado Comandante, mas isso seria menosprezar e muito a posição de um povo que não se abaixa diante de ameaças e imposições.

As reações de Serra e de seus “segura-cachorro”, no discurso da admissão da derrota, mostram claramente que os afagos, por ocasião da campanha, no senador Aécio Neves e nos mineiros, tinham como finalidade única arrebanhar votos e nada mais. Ficou muito óbvio o sentimento que o candidato tucano nutre em relação a Minas. E, claro, é muito fácil agora atribuir a derrota aos desafetos e não a seus erros. E, com toda sinceridade do mundo, não sei se o futuro do Brasil estaria mesmo tão bem nas mãos de um homem que age dessa forma. Que feio!! Lavar a roupa suja em rede nacional!!

E não se anime muito não, mocinho!! Se dependesse do meu direito de decisão, o resultado teria sido o mesmo, pois a minha consciência não me permitiu escolher entre um dos dois candidatos. Pela primeira vez na minha vida, exerci o meu direito de não decidir nem por um e nem por outro; votei em branco!! E mil vezes voltasse o tempo, mil vezes essa seria minha resolução.

Por fim, penso que já passa da hora do altaneiro Comandante, que vive "mais ao Sul do país" em meio a quem não compactua com os desmandos dos políticos tupiniquins, sentir novamente os ares de sua terra natal e ver de perto que, do lado de cá da montanha, nós não voltamos a trabalhar, produzir, pagar impostos e vigiar pela nossa liberdade, pois simplesmente nunca, nunca, paramos de fazê-lo, qualquer fosse o partido ou o ocupante do Palácio. Mesmo porque trabalho está em nossa índole, produção em nossa capacidade, pagar impostos em nossa responsabilidade e solidariedade e liberdade, mesmo que alguns conterrâneos esqueçam, está em nosso sangue, ainda que custe a chegar.

Um abraço apertado e carinhoso,"


Não há dúvida sobre o erro estratégico do PSDB, tanto em não reconhecer a potencialidade de Aécio Neves, como em menosprezar a capacidade aglutinadora da militância petista, entre muitos outros.

Mas continuo achando que foi um erro político eleger Dilma.

O tempo dirá quem tem razão. Pelo futuro dos meus netos, espero que eu seja o equivocado.
E se for, não terei problema em admití-lo publicamente.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

The Day After

Ontem eu me sentia como no noite em que estava na minha casa em Ocala, Flórida, e ví pela televisão que o Hugo Chávez havia retornado ao seu gabinete, na Presidência da Venezuela, depois de ter renunciado três dias antes.

Não vou discutir as razões que levaram Chavez a renunciar, depois do massacre de civis por seus seguidores – claramente incitados por ele em cadeia nacional de rádio e televisão.
Não vou discutir, também, como ele desmentiu a renúncia – lida em cadeia nacional pelo Ministro da Defesa. Ninguém me contou: eu ví, pela CNN, o Ministro da Defesa ler a carta-renúncia que Hugo Chavez assinou e que negou depois – apesar de não ter demitido o ministro, que continuou no governo por vários anos.

A menção ao fato é sómente para retratar o sentimento que se apossou de mim, no momento que ví a diferença percentual entre os votos dados a Dilma Roussef e aos dados a José Serra.
Frustração, revolta, raiva.

O que passou pela minha mente foi pensar que 56% dos brasileiros haviam escolhido a corrupção, a mentira e a falta de ética, como novos padrões morais do nosso país.

Mas nada como um dia após o outro, com uma noite de reflexão no meio.

Ao amanhecer hoje, menos chocado com o resultado das eleições, pude analisar com mais cuidado os números das urnas.

Sem tirar a legitimidade da eleição da candidata do Lula (enfiada goela à baixo no PT), os números mostram um país dividido, sem dúvida, mas , ao mesmo tempo equilibrado.

As diferenças culturais e políticas entre o Sul-Sudeste-Centro Oeste e o Norte-Nordeste do Brasil são conhecidas e fazem parte da nossa história.

Currais eleitorais, mantidos por coronéis do sertão à exemplo do José Sarney e do falecido Antonio Carlos Magalhães, são fatos históricos que não cabe discutir.

Equívocos políticos do Rio de Janeiro, um Estado que conseguiu eleger pessoas como Leonel Brizola, Moreira Franco, Garotinho e Garotinha e reeleger Sergio Cabral – apesar de tudo o que ocorre por lá nas áreas de saúde, educação e segurança – já são uma tradição que os cariocas cultuam e que conseguiram transferir para seus conterrâneos fluminenses, desde que a fusão Guanabara-Rio de Janeiro aconteceu, na década de 1970.

Portanto, ver a grande parte do Norte e todo o Nordeste votando em massa na fantoche do Lula, não me surpreendeu.

Ver a votação que o Lula obteve no Rio de Janeiro, também não (eu escreví Lula, mesmo, não foi erro de digitação. A Dilma não tem méritos siquer para ter sido a escolhida do seu partido, se o PT tivesse tido a chance de discutir o assunto).

A grande surpresa foi Minas Gerais. Eu até entendo a Dilma ter sido mais votada no primeiro turno, com Minas Gerais ainda curtindo a decepção de ter visto Aécio Neves preterido em favor de José Serra.

Não concordei com o voto de protesto, mas entendí.
Só não consigo entender a votação expressiva dada à candidata do PT, no segundo turno. Naquele momento, era o futuro do Brasil que estava em jogo e voto protesto não tinha mais sentido.
Mas, vamos ao números:

Dilma: 55,7 milhões de votos
Serra: 43,7 milhões de votos
Nulos: 4,7 milhões de votos
Brancos: 2,3 milhões de votos
Abstenção: 29,2 milhões de votos

Estes números me dizem que 55,7 milhões estão com Lula e Dilma, mas 48,4 milhões estão contra Lula e Dilma e 31,5 milhões estão pouco se ligando para Lula e Dilma.

Ou seja, se estes eleitores que preferiram se abster ou votar em branco, tivessem exercido seu direito de decisão, o resultado poderia ter sido bem diferente.

Isto me dá mais ânimo.

Olhando o mapa do Brasil e vendo que a grande maioria do povo que trabalha, produz, paga impostos e não vive de "bolsas" é contra o Lula e a Dilma, fico mais tranquilo.

Lamento por aqueles milhões de brasileiros iludidos que preferem acreditar em esmolas e votaram pela continuação do paternalismo do Estado. Estão destinados a continuar vivendo desse paternalismo, infelizmente.

Mas a parte mais ao sul do nosso país-continente demonstrou que não pactua, não apoia e não perdoa as mentiras, a impunidade e a institucionalização da corrupção, marca registrada dos últimos 8 anos da nossa vida política nacional.

Agora, já não há mais nada a fazer para mudar o resultado das eleições.

Voltamos a trabalhar, a produzir, a pagar impostos e a exercer um vigilância constante para que nosso direito de decidir e nossa liberdade de criticar continuem a existir no Brasil.

Por que na Venezuela, à exemplo de muitos outros países, já não existe.
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