terça-feira, 27 de abril de 2010

Degradação

Wesley Collyer

Já disse em outro artigo que, em matéria de falta de ética, estamos sempre ultrapassando o fundo do poço.

Desta vez, passamos do fundo. Pode ser chamado de prostituição!

Informa a revista “Veja” que uma turma de formandos de administração da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, de Goiatuba, no interior de Goiás, escolheu como patrono, Delúbio Soares, “o homem que está no epicentro do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, que manuseou milhões de reais em dinheiro roubado dos cofres públicos”, e que está sendo processado por corrupção e formação de quadrilha, como informa a jornalista Sofia Krause.

Delúbio foi o escolhido apenas porque “poderia dar uma ajudazinha nas despesas”, diz o presidente da comissão de formatura. Um dos formandos, completou: “A gente sabe que a fama dele é horrível, mas fazer o quê, se ele pode bancar a festa?” Questionada, a direção da instituição que tem a nobre finalidade de formar profissionais que vão ajudar a construir o Brasil do futuro, declarou: “Nós respondemos ao MEC e ao Conselho Estadual de Educação, órgãos do governo”.

Delúbio deu R$ 6.000,00 e terminou seu discurso com a s palavras: “É importante ter ética em tudo que se faz na vida”.

Se ele não estava gozando da cara dos formandos e da direção da “faculdade” (que certamente não perceberam, por falta de ética, cultura e vergonha na cara), talvez estivesse fazendo pouco de nossa Justiça, pois, se tivesse sido julgado e preso, não seria patrono.

Se quisermos falar em números, embora a ética não possa ser medida em reais, cada formando vendeu-se (atenção: não foi comprado, ofereceu-se), por R$ 270,00.

Permitam-me os(as) leitores(as) algumas conclusões, recheadas de indignação.

Patrono é alguém que merece as honras, que não gasta nada, nem no coquetel, porque é personalidade reconhecida, exemplo a ser seguido. Lembro que meu irmão Willy, professor dos bons, um dia me disse, acabei de disputar com Einstein e venci. Perguntei o quê. “Ser patrono da turma”, respondeu...

Os jovens brasileiros estão sem referência ética, não há valores em quem se espelhar. É doloroso, mas não injusto dizer que somos o paraíso da impunidade e, por conseqüência, dos transgressores, dos oportunistas, dos que gostam de levar vantagem em tudo. Não há mais respeito às leis nem às instituições.

Que péssimo exemplo para as outras turmas!... E os pais, professores, coordenadores, reitor – que como Pilatos, disse: “Afinal, a escolha foi dos alunos” – o que dizer deles?

Todos os participantes desse fato vergonhoso também são o retrato do Brasil.

Não será demais perguntar se o governo Lula tem a ver com isso. Afinal, esses jovens (23, 24 anos) tomaram entendimento da vida nos últimos dez anos e, nos últimos sete, temos visto exemplos e declarações que fazem muito mal à ética e aos que “queimam as pestanas” estudando...

E o STF, e as nossas leis? Certamente têm contribuído enormemente para esse estado de coisas. É inadmissível a demora no julgamento dos “mensaleiros”.

Escolha, leitor(a) o melhor final para este artigo.
  1. Acabou a esperança. Se a educação leva à ética e uma turma de universitários age dessa forma, não há mais o que esperar...
  2. Vocês, administradores de Goiatuba, ajudaram a tornar menor o país que amamos e que queremos ver não apenas “gigante pela própria natureza”, mas por suas instituições e por seu povo. Isto se chama degradação.
  3. Nosso país está à mercê de gente sem ética. E está chegando mais uma turma deles, recém-formados...

Seja qual for o final escolhido, o Brasil está de luto.

Wesley Collyer é Capitão de Longo Curso da Marinha Mercante, Advogado, Mestre em Ciência Jurídica, Juiz Federal Aposentado e Professor Universitário. Visite seu blog em http://wesleycollyer.blogspot.com

A Farsa do PAC - Infraestrutura

O Brasil tem uma das piores infraestruturas de logística entre os países do Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), os Estados Unidos e o Canadá. É o que diz um estudo realizado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).

O presidente do Ilos, Paulo Fleury, que participa do 15º Fórum Internacional de Logística, afirmou que, em quilometragem de rodovias pavimentadas, por exemplo, o Brasil está na última colocação, com 212 mil quilômetros (km), atrás de Canadá (516 mil km), Rússia (655 mil km), Índia (1,565 milhão de km), China (1,576 milhão de km) e Estados Unidos (4,210 milhões de km).

O Brasil também fica em último na extensão de ferrovias, com 29 mil km. Perde para Canadá (47 mil km), Índia (63 mil km), China (77 mil km), Rússia (87 mil km) e Estados Unidos (227 mil km). De acordo com o estudo, nosso país também é o pior em quilometragem de dutos, com 19 mil km, ficando atrás de Índia (23 mil km), China (58 mil km), Canadá (99 mil km), Rússia (247 mil km) e Estados Unidos (793 mil km).

Em termos de hidrovias, o Brasil, com 14 mil km, só fica à frente dos 600 km do Canadá. As maiores redes de hidrovias estão na China (110 mil km), na Rússia (102 mil km), nos Estados Unidos (41 mil km) e na Índia (15 mil km).

Apesar da carência, Paulo Fleury estimou que o governo do presidente Luiz Inácio "nunca neste país" Lula da Silva só consigará realizar R$ 17 bilhões em investimentos de infraestrutura logística até o final do seu mandato, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo ele, Lula deve deixar um déficit de investimento de R$ 115 bilhões na área para o próximo governo.

Isso porque a previsão do governo Lula era a de realizar R$ 132 bilhões de investimentos em infraestrutura logística até 2010, mas apenas R$ 10 bilhões foram desembolsados até agora. Outros R$ 7 bilhões deverão ser gastos até o final do mandato. "Hoje já se passou 60% do tempo para o governo Lula fazer o PAC. Faltam em torno de 15 meses e só tem cerca de 10% executado", lembrou Fleury.

E a "mãe" do PAC continuará, como seu mentor e líder espiritual, mentindo descaradamente para o público.

sábado, 24 de abril de 2010

Os Juízes do Rio Greande e a Anistia

Fernando Mottola - Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do RS.

Ingressei na magistratura em 1973. Eram, dizem hoje, "anos de chumbo". Fui Juiz com absoluta liberdade e dos militares só recebi consideração e respeito. Vivi num Brasil ordeiro, pacífico, onde a criminalidade ainda não rondava nossas portas. "Anos de chumbo"? Na época, a maioria do povo brasileiro debocharia dessa expressão. Claro, havia comunistas, e alguns desses comunistas queriam o poder para si próprios e tentaram impor suas idéias pela força. Jogaram bombas, assassinaram inocentes, assaltaram bancos, seqüestraram. Um primo, estudante de medicina, foi morto num desses assaltos. Fora ao banco fazer uma retirada. Um dos "paladinos da liberdade" tomou-lhe a vida. O dinheiro que pretensamente financiaria a "luta operária" provavelmente acabou financiando alguma noitada da camarilha...

Dizer que os militares impuseram aos civis um regime impopular é afirmar uma mentira. Que por força da repetição querem converter em verdade. A verdade verdadeira é que a violência de alguns setores da esquerda só encontrou apoio em outros setores da esquerda. Eles não defendiam a democracia, defendiam um ideal totalitário! E, mais do que nas armas dos soldados, foi na indiferença da sociedade civil que eles esbarraram. É por isso que, no entorno do Cone Sul, no Brasil tivemos, comparativamente, tão pouco sangue. Nossa sociedade não simpatizava com a guerrilha.

Querem a verdade? Pois, para mim, a verdade foi essa: o Brasil de março de 1964 era um Brasil anárquico, e os projetos desenhados nos palanques governistas não encontravam eco no coração da maior parte dos brasileiros. Os militares assumiram o controle sob aplausos, e foi por contarem com a simpatia popular que praticamente não encontraram resistência.

Nos anos que se seguiram, alguns dos que pretendiam criar um Estado comunista partiram para a luta armada e foram confrontados. Os dois lados tiveram vítimas e cometeram excessos. A tortura e o assassinato de opositores, reais ou imaginários, não foram uma exclusividade dos governos militares. Mas os "heróis resistentes" que hoje ditam as regras decretaram que a ilicitude desses atos depende da ideologia em nome da qual foram praticados. E é por isso que, bem recentemente, Cezare Battisti, um assassino "de esquerda", recebeu o status de asilado, enquanto Manuel Cordero Piacentini, um assassino "de direita", foi devolvido à prisão.

Claro que, nos dias atuais, a minha é uma visão "politicamente incorreta". A minoria de ontem transformou-se na maioria de hoje. Ou na maioria ruidosa, que é como acho que a situação pode ser melhor descrita. Essa "maioria" quer sangue e não verdade! Essa maioria quer vingança!

Que o Conselho Executivo da AJURIS venha se juntar aos "politicamente corretos" (Os Juízes do Rio Grande e a Anistia, Zero Hora de 22/abril p. 15) é coisa que não me surpreende. Afinal de contas, "Juízes do Rio Grande" também prestaram homenagens a João Pedro Stédile - e poucos indivíduos têm manifestado maior desprezo pelo Judiciário do que esse senhor! Mas confesso que da Magistratura do meu Estado eu esperava um pouco mais de isenção e comedimento.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Escolha do MST

Rodrigo Constantino

“Um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos". Foi o que disse durante o “Abril Vermelho” o líder do MST, João Pedro Stédile, após o movimento ter anunciado e realizado a invasão de dezenas de propriedades privadas. Stédile disse ainda que não espera nenhum voto do MST para o candidato tucano. O MST parece ter feito sua escolha, e seu nome é Dilma. Faz todo sentido.

Não que o PSDB tenha uma postura abertamente contrária ao “movimento social” dos invasores e destruidores de propriedade; mas é que claramente o PT adota uma postura bem mais negligente – para não dizer conivente – com os criminosos do MST. Segundo o próprio presidente Lula, a relação entre o PT e o MST é como uma relação de pai para filho. O presidente literalmente veste o boné da entidade.

A linguagem que os líderes do MST entendem é a da violência, da ameaça, da coerção. Seu ideal de mundo é um retrocesso marxista que, na prática, entrega apenas favelas rurais na melhor das hipóteses, quando não um país destroçado na pior delas, como ocorreu no Zimbábue de Robert Mugabe. Aprisionados numa ideologia fracassada, seus líderes, sedentos por poder político, doutrinam uma legião de ignorantes, transformados em verdadeira massa de manobra oportunista do movimento. Trata-se da barbárie em ação, que nos remete aos sans-culottes na França, durante o Terror.

Quaisquer meios parecem justificados pelos seus “nobres” fins: invasão, destruição de laboratórios e plantações, cárcere privado e até mesmo assassinato. Basta um “julgamento popular” e ponto final. Como latifúndios improdutivos são coisa do passado, o MST adotou critérios mais elásticos para justificar suas invasões: plantar eucaliptos, por exemplo, não pode, uma vez que ninguém os come. Ninguém come minério de ferro também, e a Vale que se cuide!

Além disso, o governo Lula pretende adotar uma meta mínima de produtividade rural, sob o risco de cada proprietário ter suas terras confiscadas caso o índice não seja atingido. Em português mais claro, chama-se pilhagem, mas com a embalagem da lei tudo fica mais belo. Que ninguém se engane: o governo Lula é cúmplice do MST.

Intelectuais de esquerda reclamam de uma suposta “criminalização” do MST. Mas eu poderia jurar que quem criminaliza o movimento são seus próprios membros, que insistem em atos ilegais de vandalismo e invasão. O MST é um movimento criminoso em sua essência. O desrespeito às leis é total. O espantoso não é “criminalizar” um grupo de bandoleiros, mas sim o fato de que tais criminosos não só continuem livres, como façam anúncios de futuras invasões, sem que reação alguma da polícia seja vista. O grau de complacência com estes invasores é assustador, lembrando que a complacência de hoje acaba sendo paga com o sangue de amanhã.

O MST representa o embrião já bastante alimentado e crescido das FARB, na linha das FARC que tanta desgraça vem causando na Colômbia. Não é surpresa, então, que a simpatia do MST seja pelo PT, simpatia esta aparentemente recíproca. Afinal, o PT, entre o governo eleito da Colômbia e os narcoguerrilheiros das FARC, demonstra fortes inclinações em direção aos últimos. Eles são parceiros no Foro de São Paulo, sem falar do relacionamento próximo das FARC com Hugo Chávez, o caudilho venezuelano camarada do presidente Lula. Por falar em Chávez, este também já resolveu se meter nas eleições brasileiras e declarou sua preferência por Dilma, a candidata petista. Por que será?

Se o ditado popular “diga-me com quem andas que te direi quem és” ainda tem alguma validade neste país, então qualquer um com um pingo de respeito pela democracia, o Estado de Direito e o respeito à propriedade privada deveria ficar bastante alerta às “amizades” petistas. Quando não são elogios aos irmãos ditadores de Cuba, enquanto o corpo de um dissidente ainda esfriava após sua morte por greve de fome, é a afirmação de que há “excesso de democracia” na Venezuela, ou então a defesa do tirano do Irã, Ahmadinejad. O PT anda na pior companhia possível.

A melhor campanha para o PSDB é feita não por seus marqueteiros, mas sim pelos companheiros radicais do PT. Se Stédile e seu MST votam em Dilma, se Chávez votaria em Dilma caso fosse brasileiro, e se Ahmadinejad votaria em Dilma se fosse eleitor no país, parece claro qual candidato escolher nas próximas eleições: aquele que não desperta a simpatia do que há de pior na espécie humana.

Leia mais artigos de Rodrigo Constantino, aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Chefe

O LIVRO PROIBIDO...

O jornalista Ivo Patarra levou o manuscrito do seu livro, 'O Chefe', a duas editoras, que recusaram a publicação do livro.


O livro que compila todos os escândalos do desastroso governo Lula, não conseguiu ser publicado!!! Todos se negaram a publicá-lo.
Assim sendo, seu autor resolveu colocá-lo na Internet à nossa disposição, para ler online ou baixar. Acesse o site: http://www.escandalodomensalao.com.br/
Se não for verdade, o que descreve o jornalista Ivo Patarra no livro, acho que o Lulla deveria processá-lo por difamação e calúnia. Mas não o fez. Por que será?

Não deixe mesmo de ver esse site, nem que seja só para confirmar que ele existe.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A Imoralidade de Lula!

Ives Gandra Martins
Jornal do Brasil - 12/04/2010

Em 1958, eu era estudante de Direito. Nossa turma, formada por pessoas que viriam mais tarde a destacar-se como Sydney Sanches, Márcio Tomás Bastos e Claudio Lembo no regime aberto e descontraído do presidente Juscelino Kubitschek, ora se dedicava, fora os assuntos curriculares, à literatura, ora aos temas políticos . Entre nossos contemporâneos , estavam Lygia Fagundes Telles, Paulo Bonfim, Mário Chamie, Ivete Senise Ferreira, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Dalmo Florence, Dalmo Dallari e outros que participavam também das diversas vertentes de atividades acadêmicas no Largo de São Francisco.

Lembro-me, também, de que o meu grupo em particular, prezando profundamente, como futuros advogados, a liberdade e o direito de defesa, sentia-se, naqueles tempos, violentado diariamente pelas notícias sobre o regime de Fidel Castro, especialmente os famosos paredóns, para os quais os adversários políticos do governo cubano eram enviados para fuzilamento, sem defesa.

Nós o apelidávamos de Fidel Paredón Castro e o tínhamos por genocida.No último dia 21 de março, a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre os paredóns . A dúvida colocada é se teriam sido apenas 3.820 os fuzilamentos (números oficiais) ou 17.000, segundo O livro negro do Comunismo, escrito em 1998 por um colegiado de acadêmicos franceses, incluídos nesse número os que foram fuzilados depois de 1958.

Infelizmente, a perseguição a opositores e os 100 mil prisioneiros políticos mencionados no referido livro, ou os 20 mil mencionados por Fidel, em entrevista à revista Playboy americana , em 1967, demonstram que a tirania cubana é , ainda, uma das maiores máculas da política latino-americana, que, bem ou mal, procura os caminhos da democracia.

Muito me impressiona , portanto, que se lance, no Brasil , um Plano Nacional de Direitos Humanos, inspirado nas idéias de alguns amigos de Fildel Castro que, para além de permanecerem fiéis e orgulhosos desta amizade, a ponto de se acotovelarem a cada oportunidade de serem ao lado dele fotografados, calam -se , inexplicavelmente, ante as contínuas violações a tais direitos perpetradas em Cuba, assim como na Venezuela de Chávez e no Irã de Ahmadinejad, dois outros amigos preferenciais do presidente Lula, nos últimos tempos. Estou convencido de que, se o presidente Lula tivesse mantido sua independência e postura de magistrado assumida nos primeiros seis anos de presidência, seria hoje o nome mais cotado para o Prêmio Nobel da Paz. A desfiguração de sua imagem deveu-se, desde o episódio de Honduras, à defesa intransigente de ditadores como Castro.

Democrata que sempre fui, em meus escritos, livros, conferências sempre ataquei todas as ditaduras de esquerda ou de direita principalmente as de Pinochet e de Fidel, embora Pinochet tenha feito do Chile uma nação desenvolvida e Fidel uma das mais atrasadas economias das Américas implantadas por Hitler ou Stálin, Mussolini ou Ceacescu, Franco ou Mao. Não posso, portanto, reconhecer como democratas aqueles que atacam os ditadores de direita, mas acariciam o ego dos ditadores da esquerda. Tal comportamento faccioso e contraditório denota que não passam de aprendizes de ditadores.

Cuba é uma ditadura. E se o Brasil interveio, sem razão, na democracia hondurenha, cuja Constituição impunha a destituição de Zelaya, por seu artigo 239, não há porquê, tanto nas ditaduras em gestação, como na Venezuela e no Irã , como na cinquentenária ditadura cubana, não apoiar os movimentos legítimos do povo destes países em prol da democracia e do efetivo respeito aos verdadeiros direitos humanos.

Ives Gandra Martins é professor de direito e escritor.

domingo, 18 de abril de 2010

O Brasil Já Está Dividido

Vazio. Foi assim que ficou o cofre destinado às obras de prevenção a desastres em Santa Catarina durante todo o ano de 2009. Apesar de o Estado ter sido fortemente castigado pelas chuvas em 2008, nenhum centavo foi repassado pelo Ministério da Integração Nacional.

O dinheiro serviria para prevenir desastres como desmoronamento de encostas, além de auxiliar na retirada de famílias instaladas em áreas de risco. A falta de investimentos em solo catarinense não é recente.

Em 2008, ano do desastre em que 135 pessoas morreram com deslizamentos causados pelas enxurradas, a liberação de dinheiro ficou muito aquém do que havia sido prometido pelo próprio governo federal.

Dos R$ 7,17 milhões empenhados, apenas R$ 741, 9 mil foram pagos. O valor representa 0,4% do que foi repassado pela União naquele ano.

Enquanto os catarinenses penavam por investimentos, a Bahia, terra do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, hoje pré-candidato ao governo do Estado, recebia tratamento prioritário da pasta.

Só em 2009, dos R$ 58,9 milhões liberados pelo governo federal para obras preventivas, R$ 53,1 milhões foram destinados para municípios baianos. O valor representa 90% de tudo que foi liberado no ano passado.

Os únicos depósitos feitos pelo ministério a municípios catarinenses em 2009 foram sobras referentes ao orçamento do ano anterior. O dinheiro que estava previsto para 2009 nunca chegou a Santa Catarina. A distribuição desproporcional das verbas da Defesa Civil Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Integração, foi comprovada por meio de uma investigação requisitada pelo senador Raimundo Colombo (DEM-SC) ao Tribunal de Contas da União.

No relatório, o ministro Benjamin Zymler apontou que Santa Catarina, apesar dos prejuízos, não recebeu transferências significativas. — Não temos como recuperar esse dinheiro. Fomos renegados pelo ministério — reclama Colombo.

A quadrilha montada pelo PT no governo federal escancara sua atuação, preocupada apenas no benefício próprio. A Federação foi rasgada e transformada em "ação entre amigos e cumpadres".

A Constituição Federal é uma piada de mau gosto, pelo menos para o Sul do país.

sábado, 17 de abril de 2010

Vou Reabilitar o Trabalho

Num país de Bolsa-Tudo, vale a pena reler este trecho:

"Vou reabilitar o trabalho!

Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas.
O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada.

Não vamos permitir a mercantilização de um mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo.

A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto quanto o mestre, que não se pode dar notas para não traumatizar o mau estudante.

Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado.

Que não havia nada sagrado, nada admirável.

Era o slogan de maio de 68 nas paredes de Sorbone: 'Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar'.

Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética.

Uma esquerda hipócrita que permitia indenizações milionárias e o triunfo do predador sobre o empreendedor.


Esta esquerda está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder.

A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho.

Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma farsa: 'abriu-se uma fossa entre a polícia e a juventude'.

Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, inocente.

Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, e seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela.

Assinam petições quando se expulsa um invasor de terras, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou o mérito e o esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República.

Isto não pode ser perpetuado num país como a França e por isso estou aqui.

Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres.

Primeiro os deveres, depois os direitos."
Nicolas Sarkozy
Presidente da França

O texto acima é do discurso de posse do presidente francês Nicolas Sarkozy, dando um recado aos que se acostumaram a viver como proxenetas de um discurso esquerdista e que sempre alimentou os que não sabem pensar por conta própria.


Até parece que Sarkozy falou para os nossos intelectuais e para a esquerda tupiniquim.

O intelectual brasileiro esquerdista ama Cuba e fala das maravilhas da ilha do Dr. Castro, mas o apartamento para férias está em Paris. Cuba, só em audiovisual. Férias com as crianças, só na Disney.

Quando nossos políticos de coragem (se é que existem!) assumirem o tom de Sarkozy, será dada a partida para nossa redenção.

Mensalão - Lula Sabia e Admitiu Isto Ao STF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou ao Supremo Tribunal Federal, na quinta-feira, seu depoimento sobre o caso mensalão.

Na resposta ao questionário feito pelo Ministério Público Federal, Lula reconhece pela primeira vez que ouviu em março de 2005 do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o alerta sobre a existência do esquema de compra de congressistas da base aliada.

O documento foi entregue no mesmo dia que o plenário do STF rejeitou pedido da defesa de Jefferson para incluir Lula entre os réus do processo.


Como revelou a Folha, Lula respondeu que não conhece pessoalmente o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do principal escândalo de corrupção do governo petista.

Segundo a reportagem, Lula repete a versão que já deu em conversas reservadas sobre Valério. Diz que o publicitário nunca esteve na Granja do Torto.

Jefferson falou de mensalão ao Lula em reunião no Palácio do Planalto na qual estavam Aldo Rebelo e Walfrido dos Mares Guia, à época ministros das Relações Institucionais e do Turismo, respectivamente; Arlindo Chinaglia, então líder do governo na Câmara, e José Múcio, na época líder do PTB.

Na primeira entrevista à Folha, Jefferson afirmou que Lula chorou quando ele o alertou sobre o mensalão e que disse "não ser possível".

No documento do Ministério Público, enviado para Lula em novembro, o presidente é questionado se soube do mensalão por outra pessoa. É uma alusão a uma conversa entre o presidente e o então governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, em maio de 2004.

O presidente diz que só soube de detalhes do esquema de compra de apoio parlamentar após as revelações de Jefferson à imprensa.


Desde a revelação do mensalão, há rumores de que Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, teria levado Valério à Granja do Torto para se encontrar com Lula, que nega essa versão.

Até mesmo no Brasil, mentira tem pernas tortas e um dedo a menos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tragédias do Rio - Culpa da Sociedade

As TVs comprometidas ou não com conteúdos do mundo cão, derramam sons e imagens sobre a tragédia do Rio pelo oitavo dia consecutivo, como fizeram durante 45 dias no caso das enchentes de São Paulo.

São situações recorrentes.

As câmeras mostram sucessão de mulheres desesperadas, autoridades e especialistas explicando o que aconteceu e paisagens urbanas desoladoramente laceradas, pobres e amedrontadas.

O telespectador é transformado no espectador emasculado, que tudo consome no conforto da poltrona, enquanto sorve o trago da noite, mordisca o jantar em preparo e dá uma passada de olhos pelos jornais do dia.

É um BBB de povo pobre.

A tudo vê e ouve o governador do Rio, Sérgio Cabral, que acerta em cheio o diagnóstico: "A culpa é da sociedade". E é. A sociedade que elege gente como o governador Sérgio Cabral ou Lula, não tomou consciência de que tudo o que acontece pode e deve ser resolvido e prevenido pelos governantes que elege a cada dois anos.

Foram por água abaixo os PACs 1 e 2 e o programa Minha Casa, Minha Vida, como até mesmo o Bolsa Família, que não atacaram os problemas de infraestrutura material e social responsáveis pela tragédia repetida e que se repetirá ad nauseam.

É só olhar para a Europa Ocidental, para Estados Unidos e Canadá, para o Japão ou Coréia, Nova Zelândia e Austrália, e constatar que o estado de bem-estar social está ao alcance das mãos de cada um, bastando que eleja governantes decididos a melhorar os padrões de vida do conjunto da população brasileira.

Não se entende como é que os jornalistas não fazem a sua parte ao buscar as imagens e as falas, enfiando os microfones nas bocas da população humilhada e das autoridades que se escondem nestas horas, com o objetivo de fazer uma única pergunta: Por que você não está no meio dessa sujeirada toda, encharcando as mãos e decidindo que isto nunca mais voltará a acontecer no Brasil?

Desta vez, ao contrário do que fez quando conquistou a sede das Olimpíadas de 2014, o governador Sérgio Cabral não verteu uma só lágrima, como também Lula, nem de longe.

Desta vez, mandou ao Rio, fardado de soldadinho de campanha, o seu ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Militares, Nunca Mais!


Ainda bem que hoje tudo é diferente, temos um PT sério, honesto eprogressista.

Cresce o grupo que não quer mais ver militares no poder,pelas razões abaixo.

Militar no poder, nunca mais. Só fizeram lambanças.
  • Tiraram o cenário bucólico que havia na Via Dutra de uma só pista, que foi duplicada e recebeu melhorias; acabaram aí com as emoções das curvas mal construídas e os solavancos estimulantes provocados pelos buracos na pista.
  • Não satisfeitos, fizeram o mesmo com a rodovia Rio-Juiz de Fora.
  • Com a construção da ponte Rio-Niterói, acabaram com o sonho decrescimento da pequena Magé, cidade nos fundos da Baía de Guanabara,que era caminho obrigatório dos que iam de um lado ao outro e nãoqueriam sofrer na espera da barcaça que levava meia dúzia de carros.
  • Criaram esse maldito do Proálcool, com o medo infundado de que opetróleo vai acabar um dia. Para apressar logo o fim do chamado "ouronegro", deram um impulso gigantesco à Petrobras, que passou a extrair petróleo (de 75 mil barris diários, passou a produzir 750 mil); sem contar o fedor de bêbado que os carros passaram a ter com o uso do álcool.
  • Enfiaram o Brasil numa disputa estressante, levando-o da posição de 45ª economia do mundo para a posição de 8ª, trazendo com isso uma nociva onda de inveja mundial.
  • Tiraram o sossego da vida ociosa de 13 milhões de brasileiros, que, com a gigantesca oferta de emprego, ficaram sem a desculpa do "estou desempregado".
  • Em 1971, no governo militar, o Brasil alcançou a posição de segundo maior construtor de navios no mundo. Uma desgraça completa, com milhares de empregos criados.
  • Com gigantesca oferta de empregos, baixaram consideravelmente os índices de roubos e assaltos. Sem aquela emoção de estar na iminência de sofrer um assalto, os nossos passeios perderem completamente a graça.
  • Alteraram profundamente a topografia do território brasileiro com aconstrução de hidrelétricas gigantescas (Tucuruí, Ilha Solteira, Jupiá e Itaipu), o que obrigou as nossas crianças a aprenderem sobre essas bobagens, de nomes esquisitos. O Brasil, que antes vivia o romantismo do jantar à luz de velas ou de lamparinas, teve que tolerar a instalação de milhares de torres de alta tensão espalhadas pelo seu território, para levar energia elétrica a quem nunca precisou disso.
  • Implementaram os metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, deixando tudo pronto para atazanar a vida dos cidadãos e o trânsito nestas cidades.
  • Baniram do Brasil pessoas bem intencionadas, que queriam implantar aqui um regime político que fazia a felicidade dos russos, cubanos e chineses, em cujos países as pessoas se reuniam em fila nas ruas apenas para bater-papo, e ninguém pensava em sair a passeio para nenhum outro país. Foram demasiadamente rigorosos com os simpatizantes daqueles regimes, só porque soltaram uma "bombinha de São João" no aeroporto de Guararapes, onde alguns inocentes morreram de susto, apenas.
  • Os militares são muito estressados. Fazem tempestade em copo d'água só por causa de alguns assaltos a bancos, assassinatos de inocentes, sequestros de diplomatas.. .ninharias que qualquer delegado de polícia resolve.
  • Tiraram-nos o interesse pela Política, vez que os deputados e senadores daquela época não nos brindavam com esses deliciosos escândalos que fazem a alegria da gente hoje.
  • Inventaram um tal de FGTS, PIS e PASEP, só para criar atritos entre empregados e patrões. Para piorar a coisa, ainda criaram o MOBRAL, que ensinou milhões a ler e escrever, aumentando mais ainda o poder desses empregados contra os seus patrões. Nem o homem do campo escapou, porque criaram para ele o FUNRURAL, tirando do pobre coitado a doce preocupação que ele tinha com o seu futuro. Era tão bom imaginar-se velhinho, pedindo esmolas para sobreviver.
  • Outras desgraças criadas pelos militares: Trouxeram a TV a cores para as nossas casas, pelas mãos e burrice de um Oficial do Exército, formado pelo Instituto Militar de Engenharia, que inventou o sistema PAL-M, impedindo as multinacionais de cobrar elevados "royalties".
  • Criaram a EMBRATEL; TELEBRÁS; ANGRA I e II; INPS, IAPAS, DATAPREV, LBA, FUNABEM.

Tudo isso e muito mais os militares fizeram em 22 anos de governo.

Depois que entregaram o governo aos civis, estes, nos vinte anos seguintes, não fizeram nem 10% dos estragos que os militares fizeram.

Graças a Deus!

Tem muito mais coisas horrorosas que eles, os militares, criaram, mas o que está escrito acima é o bastante para dizermos: "Militar no poder, nunca mais!!!"

ALÉM DISSO, NENHUM DESSES MILITARES CONSEGUIU FICAR RICO.

NEM SEUS FILHOS, PRIMOS, CUNHADOS, AMIGOS OU CORRELIGIONÁRIOS.

ÊTA PESSOAL INCOMPETENTE!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Advertência Oportuna

Editorial - Zero Hora, Porto Alegre

Duas advertências feitas ontem pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal merecem ser devidamente avaliadas por responsáveis pela definição da política econômica no governo Luiz Inácio Lula da Silva e pela definição dos programas dos pré-candidatos à sua sucessão.

Um dos alertas, apontado pela articulista Mary Anastasia O’Grady, é o de que, desde a descoberta de abundantes reservas de petróleo, em 2007, o país deixou de lado a preocupação com as reformas estruturais. A outra é que, no Brasil, a estrutura de taxas e regulações do mercado cria uma situação asfixiante, a ponto de forçar pequenos e médios empresários a migrar para a informalidade como forma de sobrevivência.

O enfrentamento destas questões é precondição para uma transição sem maiores percalços, evitando a possibilidade de repetição de prejuízos econômico-financeiros comuns em mudanças de governo.

A questão é que tanto a necessidade do enfrentamento da burocracia quanto a das reformas costumam aparecer como prioridade dos governantes, que, embora as incluam na maior parte de suas manifestações públicas, não tomam iniciativas concretas para agir nesse sentido.

O resultado é que o país figura hoje entre os campeões de custos trabalhistas, que em alguns casos significam dobrar o custo dos salários. São conhecidas também as dificuldades encontradas para a simples abertura de uma empresa, entre outros procedimentos de rotina de quem empreende.

Além de não ter conseguido levar adiante uma reforma trabalhista adequada às transformações do mercado empregador na atualidade, o país continua devendo uma reforma tributária que, sem prejuízo ao financiamento do setor público, possa estimular a expansão do setor privado.

Um dos principais entraves à reforma tributária é justamente o fato de que, diante dos sucessivos recordes de arrecadação, a máquina administrativa no Brasil trata imediatamente de encontrar uma destinação para a receita extra – na maioria das vezes, com pessoal.

No início do segundo mandato, durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal chegou a encaminhar ao Congresso projeto de lei prevendo a contenção de gastos com pessoal por uma década, como forma de garantir mais recursos para investimentos públicos em infraestrutura.

Além de ter sido deixada de lado, porém, a intenção ainda deu margem a uma corrida por recuperação salarial por parte de categorias funcionais, algumas das quais acabaram atendidas.

Na antevéspera de sua troca de comando, o país não deve perder de vista a importância de levar adiante reformas como a trabalhista e a tributária, como forma de garantir expansão econômica com estabilidade. O alerta da publicação norte-americana especializada em economia é importante por chamar a atenção para esses aspectos que o país, infelizmente, teima em subestimar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Escolha de Sofia

Para quem não sabe, a escolha de Sofia é a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha qual será executado e o que será poupado. Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos.

Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele. A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de decisão quase impossível de ser tomada.

Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia
Rodrigo Constantino
“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)
Aécio Neves pulou fora da corrida presidencial de 2010. Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo. Afinal, nosso futuro e liberdade estão em jogo. Será que há necessidade de optar? Ou será que o voto nulo representa a única alternativa?
Tais questões me levaram à lembrança do excelente livro O Sonho de Cipião, de Iain Pears, uma leitura densa que desperta boas reflexões sobre o neoplatonismo. Quando a civilização está em xeque, até onde as pessoas de bem podem ir, na tentativa de salvá-la da barbárie completa? Nas palavras do autor: “Usamos os bárbaros para controlar a barbárie? Podemos explorá-los de modo que preservem os valores civilizados ao invés de destruí-los? Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”
Permanecer na “torre de marfim”, preservando uma visão ideal de mundo, sem sujar as mãos com um voto infame, sem dúvida traz conforto. Manter a paz da consciência tem seus grandes benefícios individuais. Além disso, o voto nulo tem seu papel pragmático também: ele representa a única arma de protesto político contra todos que estão aí, contra o sistema podre atual. Somente no dia em que houver mais votos nulos do que votos em candidatos o recado das urnas será ouvido como um brado retumbante, alertando que é chegada a hora de mudanças estruturais. Os eleitos sempre abusam do respaldo das urnas, dos milhões de eleitores que deram seu aval ao programa de governo do vencedor, ainda que muitas vezes tal voto seja fruto do desespero, da escolha no “menos pior”.

Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.
Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional, PT e PSDB.
Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso. O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma, mas uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos e assassinatos.
Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo o resultado “desejado” será uma vitória de Pirro. Algo como escolher entre um soco na cara ou no estômago. Mas situações extremas demandam medidas extremas, e infelizmente colocam certos valores puristas em xeque. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra, mas não sem antes tomar um Engov. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra . ... E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Ainda que depois ela seja substituída por outra parecida em muitos aspectos. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.

Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto temporário, como única chance de salvar o que resta da civilização brasileira – o que não é muito.
Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA em Finanças pelo IBMEC. É autor de 5 livros e editor do blog Rodrigo Constantino. Foi o vencedor do Prêmio Libertas em 2009, no XXII Fórum da Liberdade.

Contenha seu entusiasmo pelo Brasil

O respeitado jornal "The Wall Street Journal", de New York, publicou um artigo sob o título "Contenha seu entusiasmo pelo Brasil", que afirma que, desde que descobriu novas e promissoras reservas de petróleo na sua costa em 2007, o país parece ter abandonado várias reformas que deveriam deixá-lo em sintonia com sua ambição de conquistar um lugar entra as nações mais industrializadas do mundo.

O artigo foi publicado nesta segunda-feira, assinado por Mary Anastasia O'Grady, editora e colunista do jornal americano de finanças.

O texto questiona o otimismo manifestado no país sobre o sucesso das parcerias público-privadas na reinvenção "de um Brasil com sua nova riqueza".

O'Grady se refere em particular ao entusiasmo manifestado pelo empresário carioca Eike Batista em uma recente passagem por Nova York.

Ela conta que Batista, apontado como o homem mais rico do Brasil e o oitavo mais rico do mundo pela revista Forbes, "encantou a plateia com seu entusiasmo, não apenas por seus próprios projetos no desenvolvimento da exploração de petróleo, de portos e de estaleiros, como também pelo seu país".

"Apesar dos muitos erros do passado, ele (Batista) disse que o Brasil mudou e está pronto para reclamar seu lugar de direito entre as nações industrializadas", escreve.


Mas a autora do artigo se diz "cética" quanto ao otimismo de Batista, e se pergunta se o resto do país também vai se beneficiar das oportunidades que se abriram para o empresário no setor de gás e petróleo.

"Quanto mais a elite do país fala sobre sua parceria público-privada para reinventar o Brasil com sua recém descoberta riqueza, mais soa como o mesmo velho corporativismo latino", diz ela.

O'Grady admite que o Brasil melhorou "em relação ao que era em meados da década de 90, quando hiperinflação alimentou caos nacional", e disse que "o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real".


A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que "uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada".


"Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco."

A jornalista considera positivo que mudanças sejam gradativas, mas diz que "o problema é que desde que o Brasil descobriu petróleo abundante na costa em 2007, parece ter abandonado até as reformas modestas".

No artigo, ela sugere que faltam reformas que facilitem a operação de muitas empresas de pequeno e médio porte.


Citando um relatório do Banco Mundial de 2010, O'Grady diz que o Brasil não tem um bom histórico em relação à abertura de empresa, pagamento de impostos, contratação de funcionários e obtenção de alvará de construção.
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