sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A estupidez como categoria de pensamento


A presidente Dilma Rousseff certamente considerou que o ridículo a que submeteu nesta terça o país não era o suficiente. Resolveu então dobrar a dose. Como sabem, a nossa governanta censurou ontem, em entrevista à imprensa, os EUA e países aliados pelos ataques às bases terroristas do Estado Islâmico.

Dilma, este gênio da raça, pediu diálogo. Dilma, este portento da política externa, quer conversar com quem estupra, degola, crucifica, massacra. Dilma, este novo umbral das relações internacionais, defende que representantes da ONU se sentem à mesa com mascarados armados com fuzis e lâminas afiadas. Nunca fomos submetidos a um vexame desses. Nunca!

Nesta quarta, no discurso que abre a Assembleia Geral das Nações Unidas, uma tradição inaugurada em 1947 por Oswaldo Aranha, Dilma insistiu nesse ponto, para espanto dos presentes. Os que a ouviam certamente se perguntavam: “Quem é essa que vem pregar o entendimento e o diálogo com facinorosos que só reconhecem a língua da morte e da eliminação do outro?”.

Houvesse uma lei que proibisse o uso de aparelhos públicos internacionais para fazer campanha eleitoral, Dilma teria, agora, de ser punida. Sua fala na ONU foi a de uma candidata — mas candidata a quê, santo Deus? A presidente do Brasil desfiou elogios em boca própria, exaltando, acreditem, suas conquistas na economia, no combate à corrupção e na solidez fiscal — tudo aquilo, em suma, que a realidade interna insiste em desmentir.

Não falava para os que a ouviam; falava para a equipe do marqueteiro João Santana, que agora vai editar o seu pronunciamento de sorte a fazer com que os brasucas creiam que o mundo inteiro se quedou paralisado diante de tal portento, diante daquele impávido colosso que insistia em dar ao mundo uma aula de boa governança. Justo ela, que preside o país que tem a pior relação crescimento-inflação-juros entre as dez maiores economias do mundo.

De tal sorte fazia um pronunciamento de caráter eleitoral e eleitoreiro que, numa peroração em que misturou dados da economia nativa com um suposto novo ordenamento das relações internacionais, sobrou tempo para tentar faturar com o casamento gay. Afirmou: “A Suprema Corte do meu país reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assegurando-lhes todos os direitos civis daí decorrentes”. É claro que queria dar uma cutucadinha em Marina Silva, candidata do PSB à Presidência, que o sindicalismo gay petista tentou transformar em homofóbica numa das vertentes sujas da campanha.

Sem ter mais o que pregar aos nativos; temerosa de que o eleitorado cobre nas urnas os muitos insucessos de sua gestão; sabedora de que boa parte da elite política que a cerca pode ser engolfada por duas delações premiadas — a de Paulo Roberto Costa e da Alberto Youssef —, Dilma elegeu a sede da ONU como um palanque.

Na tribuna, bateu no peito e elogiou as próprias e supostas grandezas, como fazem os inseguros e os mesquinhos. No discurso que abre a Assembleia Geral das Nações Unidas, tratou de uma pauta bisonhamente doméstica — e, ainda assim, massacrando os números. Quando lhe coube, então, cuidar da ordem internacional, pediu, na prática, que terroristas sejam considerados atores respeitáveis.

Desde 12 de outubro de 1960, quando o líder soviético Nikita Krushev bateu com o próprio sapato na mesa em que estava sentado — e não na tribuna, como se noticia às vezes — para se fazer ouvir, a ONU não presencia cena tão patética. Nesta quarta, Dilma submeteu o Brasil a um ridículo inédito.


Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O ABRAÇO À CAVERNA DO ALI BABÁ


Quem assistiu a cena patética ficou impressionado com o comportamento do ex-presidente Lula tentando abraçar a Petrobrás, no Rio, o prédio que os seus companheiros transformaram na caverna do Ali Babá. A pobreza política de Lula deixa pasmo milhões de pessoas que por duas vezes o premiaram com a presidência da república.
Vestindo um casaquinho alaranjado e acompanhado de um monte de pelegos sindicais, muitos deles da própria Petrobrás, o ex-presidente esgoelou em vão para chamar atenção de quem passava pelo local. Os berros foram inúteis, como foram inúteis também os apelos à proteção da Petrobrás que a petezada transformou em um covil de corruptos.
A intenção do Lula era combater a Marina que já disse defender a energia alternativa a exploração do Pré-sal. Não deixa de ser uma boa idéia já que esses recursos minerais são esgotáveis. É para manter a gigante reserva de petróleo intocável em seu território que os Estados Unidos vivem em conflito permanente com os países árabes de quem compra o produto barato para abastecer o país, sem precisar mexer no seu estoque estratégico de óleo. Mas é claro que a Marina defendia a energia alternativa como forma de não alterar as nossas jazidas naturais, uma maneira boazinha de fazer política com o seu víeis ambientalista, um romantismo que beira ao sonhático para quem quer ser presidente.
Lula viu nessa declaração de Marina motivos mais que suficientes para juntar um monte de companheiros, mamadores das estatais, para fazer um gesto político em defesa do patrimônio brasileiro. É de se perguntar por que o ex-presidente não tomou essa iniciativa quando os gangsteres ocuparam a diretoria da Petrobrás no seu governo para saquear a empresa e distribuir seus “dividendos” com políticos de vários partidos e empresários desonestos. Essa, sim, seria uma iniciativa nobre do companheiro Lula que agora se transformou em agitador, uma coisa démodé para quem exerceu por duas vezes à presidência.
Na verdade, Lula é um homem obcecado pelo poder. Descobriu que, pela política e não pelo trabalho, pode alcançar o inalcançável. Quer manter a todo custo o status político, mesmo que para isso jogue a honra no lixo e mande os “escrúpulos às favas”, como disse Jarbas Passarinho ao aderir o AI 5 que mergulhou o Brasil numa sangrenta ditadura. Lula não tem limites. Faz aliança com bicheiros, políticos e empresários corruptos, com a direita, com esquerda festiva, enfim, com quem pode contribuir para que ele e seu grupo se mantenham no poder.
Como tem algumas aposentadorias conquistadas com a política, o ex-presidente pode se dar ao luxo de percorrer o país, as vezes em jatinhos de empresários, endividados com o BNDES, para cabalar votos para Dilma, a presidente que está levando o Brasil a recessão, que manteve os saqueadores do dinheiro público dentro dos ministérios em nome da falsa governabilidade. É assim, que mais uma vez, a petezada vai tentar se manter no poder. Com o seu voto, claro!

Dilma ainda vai atravessar tormentas. O que seria seu grande cabo eleitoral, Lula pode estar estragando a festa da sua candidata quando tenta voltar ao Lula sindicalista. A imagem está distante daquele Lula guerreiro, que ocupava as fábricas e fazia discurso para milhares de operários no ABC paulista e no Brasil. Que dizia impropérios contra “elite branca” e acenava com a bandeira do combate a corrupção. Daquele Lula, nada resta nem sombra. O de hoje vive nos noticiários dos escândalos, do mensalão das CPIs no parlamento. Tem contra ele depoimentos de Marcos Valério e de outros intermediários engaiolados pela Polícia Federal.

Jorge Oliveira

sábado, 20 de setembro de 2014

Petrobrás, a empresa que fura poços . . . e acha escândalos


Pois é… Reportagem da Folha deste sábado informa que Paulo Roberto Costa envolveu mais duas diretorias no esquema corrupto que vigorava na empresa: a Internacional, que era comandada pelo notório Nestor Cerveró, e a de Serviços e Engenharia, cujo titular era o petista Renato Duque. O PT está preocupado com os cadáveres que podem sair do armário. Faltam duas semanas para o primeiro turno das eleições, mas o segundo ainda está longe, só no dia 26 de outubro. Entre as irregularidades que atingem as duas diretorias, estão a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Segundo o Jornal Nacional, Costa admitiu ter recebido R$ 1,5 milhão de propina só nessa operação.
Duque, note-se, já aparece citado em outro inquérito da Polícia Federal para apurar irregularidades nos negócios da Petrobras. A polícia investiga sua relação com outros funcionários da estatal suspeitos de evasão de divisas.
Em abril, outra reportagem Folha informava que Rosane França, viúva do engenheiro da Petrobras Gésio França, que morreu há dois anos, acusou a empresa de ter colocado o marido na “geladeira” porque este se opusera ao superfaturamento do gasoduto Urucu-Manaus, na Amazônia. Para a sua informação, leitor amigo: esse gasoduto foi orçado pela Petrobras em R$ 1,2 bilhão e acabou saindo por R$ 4,48 bilhões.
A viúva de Gésio não citou nomes, mas em e-mails que vieram a público, ele reclamava justamente da diretoria de Serviços e Engenharia, que era comandada pelo petista Renato Duque, que negociava com as empreiteiras. Duque, aliás, é amigo de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, um dos nomes citados por Costa como parte do esquema corrupto, que recorria aos préstimos do doleiro Alberto Youssef.
Além de amigo de Vaccari, Duque sempre teve um padrinho forte no PT: ninguém menos do que José Dirceu. Quando Graça Foster assumiu a presidência da estatal, em 2012, ela o substituiu por Richard Olm. Mas isso não significa, é evidente, que a Petrobras está livre da politicagem. Lá está, por exemplo, José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e outro peixinho de Dirceu: é diretor Corporativo e de Serviços. Não só ele. Também é da cota do ainda presidiário Dirceu o gerente executivo da Comunicação Institucional, Wilson Santarosa.
A estatal, diga-se, tornou-se um retrato dos desmandos do PT e da forma como o partido entende o exercício do poder. Como esquecer uma frase já antológica do então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, em 2005, em reunião com uma certa ministra das Minas e Energia chamada Dilma Rousseff? Ele cobrou uma promessa que lhe fizera Lula: “O que o presidente me ofereceu foi aquela diretoria que fura poço e acha petróleo”.
Era assim que Lula exercia o poder. E foi assim que a Petrobras passou a furar poço e a achar escândalos.
Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A CORRUPÇÃO NA PETROBRAS E NAS ESTATAIS

A cada novo escândalo envolvendo as empresas estatais, lembro-me de frase curiosa do diplomata e economista Roberto Campos: “A diferença entre a empresa privada e a empresa pública é que aquela é controlada pelo governo, e esta por ninguém.”
No Brasil, mesmo após tantas discussões sobre as privatizações, ainda existe uma centena de empresas estatais que empregam mais de meio milhão de funcionários e movimentam, anualmente, R$ 1,4 trilhão, montante superior ao PIB da Argentina. Apenas os investimentos do Grupo Petrobras no ano passado somaram R$ 99,2 bilhões, o dobro dos investimentos federais dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
petrocorrupt
A conjunção de recursos volumosos, ingerência política e pouca transparência fez das estatais a Disneylândia dos políticos. Afinal, parafraseando Milton Nascimento na canção “Nos bailes da vida”, o corrupto vai aonde o dinheiro está. O ex-deputado e hoje condenado Roberto Jefferson, no seu livro “Nervos de aço”, referindo-se aos Correios, confessa: “… é evidente que as nomeações feitas pelo PTB se prendiam, sim, a uma estratégia de captação de recursos eleitorais. Nunca neguei isso.”
Essa lógica parece ser a mesma da camarilha infestada na Petrobras para intermediar negócios entre empreiteiras, prestadoras de serviços e políticos. A cada contrato, 3% para a patota. Se o próprio ex-diretor de operações Paulo Costa se ofereceu para devolver US$ 23 milhões, dá para imaginar o tamanho do rombo. A movimentação financeira irregular já identificada na operação Lava-Jato chega a R$ 10 bilhões, oriundos não só do desvio de dinheiro público, mas também de tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas. A importância faz o mensalão (R$ 141 milhões) parecer roubo de galinha.
De fato, as estatais são figurinhas carimbadas nos escândalos recentes. Com as eleições cada vez mais caras – e muitos ainda se valem dos pleitos para aumentar o próprio patrimônio – os partidos aparelham as empresas indicando “operadores” ou utilizam servidores de carreira filiados para viabilizar ganhos ilícitos em obras, contratos de prestação de serviços, aquisição de equipamentos ou, ainda, nos fundos de pensão. Quanto mais esses delinquentes “arrecadam”, mais são valorizados politicamente.
Como consequência da interferência do governo, a Petrobras e a Eletrobrás se apequenaram como “autarquias” vinculadas ao Ministério da Fazenda, reféns da política econômica. Na Petrobras, a contenção dos preços dos combustíveis, para empurrar a inflação com a barriga até depois das eleições, afetou o caixa e a rentabilidade da empresa. Na Eletrobrás as ações viraram “mico” após o subsídio ao uso das usinas térmicas e a redução das tarifas de energia. Em 2013, segundo cálculos do economista José Roberto Afonso, as duas estatais tiveram déficit primário de 0,71% do Produto Interno Bruto (0,09% para a Eletrobrás e 0,62% para a Petrobras). Em conjunto, investiram 2,2% do PIB, mas tomaram 1,58% do mesmo em operações de crédito. Se fossem empresas privadas, quebrariam.
As estatais fogem da transparência como o diabo da cruz. Incluídas na Lei de Acesso à Informação (lei 12.527), pressionaram o governo e foram praticamente excluídas da obrigatoriedade de prestarem informações à sociedade pelo decreto 7.724. Algumas situações beiram o ridículo. No primeiro dia da vigência da lei, a Associação Contas Abertas solicitou à Petrobras o Programa de Dispêndios Globais (PDG), conjunto de informações relacionado às receitas, dispêndios e necessidades de financiamento. A empresa negou sob a alegação de que “a informação não podia ser fornecida por comprometer a competitividade, a governança corporativa e/ou os interesses dos acionistas minoritários”. O próprio governo federal enviou-nos os dados.
Na verdade, o que hoje compromete a governança das estatais é, justamente, a falta de transparência. Os investimentos das estatais em julho, por exemplo, só serão conhecidos no fim de setembro. Sequer existe um portal com informações atualizadas e detalhadas sobre esse segmento. Na Petrobras, os mistérios são tantos que a Diretoria e o Conselho de Administração sequer desconfiavam do que Dilma e Lula costumam chamar de “malfeito”, expressão que minha avó usava quando fazia um bolo e ele solava. No bom português, o que aconteceu na Petrobras envolve peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Voltando à frase de Roberto Campos, já é tempo de as empresas públicas serem controladas pela sociedade.

GIL CASTELLO BRANCO

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Política como pura negociata está exposta: o começo da cura


dilma friboi
Metade das doações de R$ 1 bilhão para as campanhas eleitorais vem de apenas 19 empresas. É a informação divulgada pelo Estadão hoje. Sozinho, o maior deles, o Grupo JBS, doou até agora R$ 113 milhões, ou 11% do total doado. Dona de marcas como Friboi, Swift e Bertin, o grupo tem outras empresas que também doaram, como Seara e Flora Higiene-Limpeza. O PT foi o partido que mais recebeu da JBS por enquanto: R$ 28,8 milhões – ou 1 de cada 4 reais doado pela empresa.
Como uma empresa pode doar, sozinha, mais de R$ 100 milhões para candidatos? Quando lembramos que a JBS tinha um tamanho há alguns anos, e hoje tem um múltiplo de dez desse tamanho, graças às benesses estatais, como os subsídios do BNDES, fica mais fácil compreender os motivos. Siga o dinheiro, como diria o detetive.
Os bancos, que agora são demonizados pela campanha do PT, também são grandes doadores, e o PT é o maior agraciado. Não apenas os grandes bancos de varejo, mas bancos de investimento, como o de André Esteves, participam do financiamento em peso. O BTG Pactual e sua administradora de recursos doaram R$ 17 milhões e estão em décimo lugar na classificação geral. PT e PMDB foram os beneficiários de quase 80% desse dinheiro. Esteves deve ter tido algum sonho otimista com petistas…
Segunda colocada no ranking dos maiores contribuintes com os políticos, a Construtora OAS acumula R$ 66,8 milhões em doações. O PT ficou com quase metade desse dinheiro, ou R$ 32 milhões. Os sócios da OAS saíram do anonimato para a lista de bilionários da revista Forbes em pouco tempo. É a construtora do PAC, uma das que mais cresceram com contratos com o governo.
As construtoras estão expostas pelo escândalo da Petrobras também, denunciadas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa como parte do grande esquema de desvio de recursos. A relação é de total simbiose com o estado. Estima-se em R$ 10 bilhões os desvios na estatal.
Há um risco nas informações disponíveis que comprovam que a política virou apenas um grande negócio: a perda total da fé no processo democrático, não como algo perfeito, o que é impossível quando se trata de seres humanos, mas como um método pacífico de eliminar divergências e avançar na construção de uma sociedade livre e próspera.
Mas há também uma oportunidade: o começo de um processo de desintoxicação, justamente por derrubar antigas fantasias românticas. É a visão otimista que o jornalista Carlos Alberto Di Franco traz em sua coluna de hoje no Estadão:
Indignação? Desencanto? É óbvio. O macroescândalo da Petrobrás promete. O mensalão vai parecer um berçário. O Brasil está piorando? Não. Está melhorando. A exposição da chaga é o primeiro passo para a cura do doente. Ao divulgar as revelações do ex-diretor da Petrobrás, a imprensa cumpre relevante papel: impede que o escândalo fique na gaveta de uma CPI do Congresso. Tem gente que não gosta do trabalho da imprensa. O ministro Gilberto Carvalho, por exemplo, ensaiou uma lição de ética jornalística ao criticar o vazamento do depoimento de Costa: “Vazamento sempre é condenável, porque pode ter sido por advogado de réu para proteger algum réu e prejudicar outro”. E quando o vazamento é feito pelo PT, prática recorrente, tudo bem? A imprensa existe para divulgar informações relevantes. E alguém duvida da importância das revelações de Costa?
Há razões para otimismo? Creio que sim. A Lei da Ficha Limpa começa a dar os primeiro frutos. Paulo Maluf (PP-SP) e José Roberto Arruda (PR-DF), entre outros, podem estar fora das próximas eleições. A promiscuidade entre políticos e empresas parece estar com os dias contados. O Supremo Tribunal Federal, provavelmente, votará pelo fim das doações de empresas na ação movida nesse sentido pela OAB.
A imprensa de qualidade, livre e independente, está aí. Incomodando. Felizmente. Leia jornais. Informe-se. Acredite no Brasil, não em salvadores da pátria. E vote bem. O caminho é longo. Mas vale a pena.
Só não compartilho desse otimismo com a proibição de financiamento de empresas, pois sabemos que ele irá continuar por baixo dos panos, para o caixa dois dos candidatos, o que já ocorre. Mas espero que ele esteja certo quanto ao despertar dos eleitores, cientes cada vez mais das negociatas entre os políticos que falam em nome do povo e as grandes empresas que os financiam de olho no retorno monetário.
Jogando luz sobre tais relações promíscuas, papel fundamental da imprensa independente, teremos alguma chance de, com o tempo, educar melhor o eleitor e fazer com que haja menos romantismo boboca e vítimas da retórica sensacionalista.
Rodrigo Constantino

Dinheiro falso

‘Dinheiro falso’, de J.R. Guzzo

 PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA DE VEJA
J.R. GUZZO
Governos que mentem para o público o tempo todo acabam mais cedo ou mais tarde mentindo para si mesmos e, pior ainda, acreditando nas mentiras que dizem; o resultado é que sempre chegam a uma situação em que não sabem mais fazer a diferença entre o que é verdadeiro e o que é falso. Eis aí onde veio parar o governo da presidente Dilma Rousseff nestes momentos decisivos da campanha eleitoral. Muito pouco do que está dizendo faz nexo – resultado inevitável do hábito, desenvolvido já há doze anos, de navegar com o piloto automático cravado na contrafação dos fatos e na falsificação das realidades.
Entre atender à sua consciência e atender a seus interesses, o governo jogou todas as fichas na segunda alternativa, ao se convencer de que seria muito mais proveitoso tapear o maior número possível de brasileiros com a invenção de virtudes do que ganhar seu apoio com a demonstração de resultados. Não compensa: para que fazer toda essa força se dá para comprar admiração, cartaz e votos com dinheiro falso? Foi o que concluíram, lá atrás, os atuais donos do país. Agora, como viciados em substâncias tóxicas, vivem na dependência da embromação; está muito tarde para mudar, e a única opção é continuar mentindo até o dia das eleições. Sua esperança é que a maioria dos eleitores, como acontece com frequência, ache mais fácil acreditar do que compreender.
Para se ter uma ideia de onde foram amarrar nosso burro: o estado-maior da campanha de Dilma considerou que sua vitória mais importante no primeiro debate entre os candidatos foi ter escapado “de todas as perguntas difíceis”. É triste. Quando a verdade é substituída pelo silêncio, ensina o poeta Ievgeni Ievtushenko, o silêncio torna-se uma mentira – talvez seja, aliás, sua modalidade mais eficiente. A partir daí, vale tudo, e por conta disso os brasileiros têm ouvido as coisas mais extraordinárias por parte do governo.
Os candidatos da oposição, sobretudo Aécio Neves, foram publicamente acusados, por exemplo, de já terem decidido fazer uma recessão econômica se forem eleitos; no mesmo momento, comicamente, saíram os resultados da economia nos primeiros seis meses de 2014, mostrando que o Brasil andou para trás nos dois primeiros trimestres do ano. Ou seja: a recessão que os adversários iriam provocar no futuro já está sendo praticada pelo governo Dilma no presente. Na média dos seus quatro anos, por sinal, será o pior desempenho econômico do Brasil desde o presidente Floriano Peixoto.
Diante dos canais de concreto em ruínas na obra de transposição do Rio São Francisco, que, segundo as mais solenes promessas do ex-presidente Lula, estaria pronta em 2010, depois em 2012 e hoje é um mistério em termos de prazo, Dilma disse em sua propaganda eleitoral que a culpa do atraso é da “curva do aprendizado” – ou seja, pelo que dá para entender, ainda não aprendemos a fazer direito esse tipo de coisa. Ainda? O Canal de Suez está pronto desde 1869, o do Panamá desde 1914; será que já não deu tempo de aprender?
A Ferrovia Norte-Sul, que vem sendo construída pelos governos Lu­la-Dilma desde 2005, e que foi inaugurada mais uma vez em maio, continua fechada ao tráfego de trens, por falta de equipamentos – para piorar, ladrões vêm roubando os trilhos. São os únicos, além das empreiteiras, para quem a ferrovia tem tido alguma utilidade. O programa de formação de mão de obra técnica, descrito como “o maior do mundo”, formou até agora mais de 100 000 recepcionistas e manicures – o triplo do número de mecânicos. Em suma: já nem é mais um caso de mau governo. É anarquia.
Um dos diretores mais influentes da Petrobras durante o governo do PT, tão graduado que assumiu 24 vezes a presidência da empresa em substituição aos titulares, está na cadeia desde março, entalado em espetaculares denúncias de corrupção; foi figura-chave na tenebrosa compra da refinaria americana de Pasadena e está no centro da investigação sobre as negociatas na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, um pesadelo cujo custo final pode passar dos 20 bilhões de dólares. Indagada a respeito, Dilma nada respondeu. Preferiu dizer que o grande problema da empresa foi a sugestão, feita no governo Fernando Henrique, de trocar o nome da Petrobras para “Petrobrax” – apenas uma ideia tola, de vida curtíssima e sem importância nenhuma. E a economia parada? “Eu criei 5,5 milhões de empregos”, diz a candidata. Como assim – “eu criei”?
Uma mentira começa com o ato de fazer o que é falso parecer verdadeiro. Acaba deste jeito: em alucinação

sábado, 13 de setembro de 2014

Dilma confessa que existem corruptos por toda parte . . .

Dilma confessa que existem corruptos por toda parte, mas descobriu só agora que saqueavam até a Petrobras

REYNALDO ROCHA

A criatividade da presidente Dilma Rousseff é proporcional à inteligência que demonstra (não) ter.

Assim como o Partido Comunista Chinês teve por décadas o Livro Vermelho de Mao (uma coleção de ridículas citações) como documento dogmático, Dilma e o PT adotaram o Livro Sem Cor de Lula (e sem letras) para a mesma função.

Livro de fácil leitura. Tem somente duas orientações aos milicianos.

1 – “Eu não sabia”.

2 – “Sou, mas quem não é?”

O problema acontece quando ambas são usadas como desculpas no mesmo episódio político. Como no Mensalão 2, ou Petrolão.

Nesta sexta-feira, em mais uma sabatina no Globo, Dilma reiterou: “EU NÃO SABIA o que o diretor da Petrobras Paulo Roberto fazia”. Na tentativa de livrar-se da cumplicidade, declarou-se incompetente.

Dilma afirmou há dias que o escroque preso no Paraná era funcionário de carreira e altamente qualificado. Tenta esconder as ligações partidárias do ex-diretor que foi indicado pelo mensaleiro José Janene e nomeado por Lula. Como se a maior empresa do Brasil fosse um antro de funcionários de carreira afeitos à corrupção.

Assim, o primeiro mandamento do manual petista foi respeitado: “Eu não sabia”.

Mesmo anestesiada, a opinião pública sabe distinguir uma mentira de uma verdade. E Dilma mentiu. Paulinho de Lula foi escolhido pelos atributos que o PT e base alugada exigem dos apadrinhados: capacidade de roubar, conhecimento do caminho que leva à sala do cofre e respeito aos acertos financeiros costurados em Brasília. Fingir ignorar o que fazia Paulinho – o mesmo que se reunia constantemente com Lula – é imaginar que todos somos idiotas. Não somos.

Também na sabatina desta sexta-feira, o segundo mandamento foi obedecido: “Há corruptos EM TODOS OS partidos!”, afirmou Dilma. E o que temos com isso?

Não foi para mudar este cenário que um líder sindical sedutor de secretárias pagas com nossos impostos criou um partido? Não foram eles os fiadores da promessa do “novo”? Essa agressão a quem trabalha e sobrevive APESAR do PT equipara a seita ao PMDB e outros notórios traficantes de verbas públicas!

Sabemos que é assim. O que causa perplexidade é Dilma usar a alegação do “SOMOS TODOS IGUAIS” no mesmo episódio em que tentou esconder-se atrás do “EU NÃO SABIA”.

Não somos iguais. Nunca seremos. O Brasil decente não pode ser o mesmo que Dilma enxerga como sendo padrão do modo petista de ser, na pocilga que habitam. Nos incluam fora disto.

Por fim, diz a lógica que quem não sabe não pode admitir que FEZ, mesmo que para alegar que os outros também fazem.

Dilma admitiu que o governo dela e do amigo do Paulinho FIZERAM, pois todos são corruptos! Então, ela sabia.

Exigir lógica de quem sequer consegue balbuciar uma frase inteligível é querer demais. Peço menos: que saia de onde está no primeiro dia de janeiro de 2015. E se junte aos que existem em todos os partidos, na visão distorcida de quem USA a representação popular para jogar na lama a própria democracia.


Eu me contento com isso.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dilma ensina: é errando que se aprende. A errar!

Em entrevista veiculada na noite passada pela Rede TV!, Dilma Rousseff sinalizou que, sob sua presidência, o governo jamais se acomodará. Entre o certo e o errado, haverá sempre espaço para mais erros. Na Petrobras, por exemplo, a extensão do equívoco será ilimitada.
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PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal Leia mais Renato Costa/Frame/Folhapress
A Petrobras, como se sabe, convive com o absurdo. Preso, um ex-diretor conta às autoridades como saqueou as arcas da companhia para saciar as pulsões patrimonialistas de políticos governistas. Contra esse pano de fundo, perguntou-se a Dilma se extinguirá o modelo das nomeações políticas.
E ela: no meu governo, escolhi dentre os que eu considerava os melhores quadros da Petrobras. Vou continuar fazendo assim. Foi o que o presidente Lula fez. Vou continuar mantendo esse critério de escolher dentre os melhores. Esse é o melhor critério.
Quem assistiu foi tomado de assalto (ops!) pela impressão de que, sob o PT, o absurdo adquiriu uma doce, persuasiva, admirável naturalidade. A menos de quatro meses de fechar a conta do seu primeiro mandato, Dilma se espanta cada vez menos. Tornou-se uma administradora de pouquíssimos espantos.
Dilma referiu-se a Paulo Roberto Costa, o ex-executivo da Petrobras que virou delator, como um competente funcionário de carreira. Lembrou-se a ela que o executivo-delator tinha virado diretor de Abastecimento da Petrobras por indicação política. Sustentavam-no PT, PMDB e PP.
A senhora acha adequado? Em vez de responder com um ‘sim’ ou ‘não’, a Dilma preferiu praticar o esporte preferido do PT: tiro ao FHC. Paulo Roberto foi alto funcionário do governo Fernando Henrique, disse ela. Se não me engano, foi diretor da Gaspetro e gerente de exploração e prospecção de petróleo da região Sul. Dilma concluiu: os melhores quadros da Petrobras transitam de governo para governo.
A entrevistada não explicou se Paulinho, como Lula chamava o ex-executivo preso, já trazia o selo partidário da gestão FHC. Para ela, o apadrinhamento é normal. Se os aliados indicarem para a Petrobras uma ratazana, Dilma não fará a concessão de uma surpresa. É ratazana? Pois que seja ratazana! Se for uma ratazana de carreira, aí mesmo é que a nomeação sai. Se for uma alta ratazana da gestão FHC, as chances quintuplicam.
Entende-se agora por que Dilma mantém na Petrobras personagens como o ex-senador Sérgio Machado. Foi alojado no comando da subsidiária Transpetro em 2003, no alvorecer do primeiro reinado de Lula. Indicou-o, decerto movido por alguma inspiração patriótica, o notório senador Renan Calheiros.
Em dezembro, Sérgio Machado completará 12 anos de Petrobras. De duas, uma: ou o afilhado de Renan é um executivo genial ou Dilma, a exemplo do que fizera Lula, suprimiu dos seus hábitos o ponto de exclamação.
Amanhã, se der algum novo rolo, Dilma repetirá o que diz agora sobre Paulo Roberto Costa, o Paulinho: eu não sabia. O que nos espantou a todos foi que um desses quadros competentes da Petrobras cometeu esses delitos, ela acrescentou.
Sem querer, Dilma revoluciona o brocardo. Se o seu governo ensina alguma coisa é o seguinte: é errando que se aprende… A errar!
Josias de Souza

Abençoado por Deus e roubado com naturalidade


Tá lá o corpo estendido no chão. Acabou uma época imprensada entre a crise econômica e uma profunda desconfiança da política. Não quero dizer com isso que o atual governo federal, com sua gigantesca capacidade, milhões de reais e a máquina do Estado, perderá a eleição. Não o subestimo. Quando digo que acabou uma época quero dizer que algo dentro de nós se está rompendo mais decisivamente, com as denúncias sobre o assalto à Petrobrás.

De um ponto de vista externo, você continua respeitando as leis e as decisões majoritárias. Mas internamente sabe que vive uma cisão. A contrapartida do respeito à maioria é negada quando o bloco do governo se transforma num grupo de assaltantes dos cofres públicos.

Uma fantástica máquina publicitária vai jogar fumaça nos nossos olhos. Intelectuais amigos vão dizer que sempre houve corrupção. Não se trata de um esquema de dominação. Ele tem seus métodos para confundir e argumentar.

O elenco escolhido pelo diretor da Petrobrás para encenar o grande assalto na política não chega a surpreender-me. O presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Henrique Alves, são atores experimentados. A diferença agora é que decidiram racionalizar. Renan e Alves viveram inúmeros escândalos separadamente. Agora estão juntos na mesma peça. Quem escreve sobre escândalos deve ser grato a eles. Com a presença num mesmo caso, Renan e Alves nos economizam um parágrafo. Partimos daí: os presidentes do Senado e da Câmara brasileira são acusados de assaltar a Petrobrás.

Deixamos para trás um Congresso em ruínas e vamos analisar o governo. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi acusado, o tesoureiro do PT também foi denunciado. As declarações deixam claro que Lula levou o diretor para o posto e elogiava seu trabalho na Petrobrás.
Em termos íntimos, não há governo nem Congresso para respeitar. Ambos já mudaram de qualidade. Os que se defendem afirmando que sempre houve corrupção não percebem a fragilidade do argumento. É como se estivessem diante do incêndio do Rio e alguém sussurrasse: "O Nero, lembra-se? O Nero também incendiou Roma".

Grande parte dos analistas se interessa pela repercussão do escândalo na corrida presidencial. Meu foco é outro: a repercussão na sensação de ser brasileiro. Quem talvez conheça melhor essa sensação são as pessoas que vivem em favelas, dominadas pelo tráfico ou pela milícia.

Existem diferenças entre as favelas e o Brasil que as envolve. Diante de escândalos políticos somos livres para protestar, o que não é possível nos becos e vielas. E contamos com a Justiça. No caso do mensalão, o processo foi conduzido por um juiz obstinado e com dor nas costas, pouco tolerante a artifícios jurídicos. Neste caso da Petrobrás há indícios de que o juiz Sérgio Moro, competente em analisar crimes de lavagem de dinheiro, pretende avançar nas investigações. E avançar por um território que não é virgem, mas extremamente inexplorado: o universo das empreiteiras que subornam os políticos.

Lembro-me, no Parlamento, dos esforços do velho Pedro Simon para que se investigassem também as empreiteiras nos escândalos de suborno. Falar disso no Congresso é falar de corda em casa de enforcado. Ele não conseguiu. Mas Simon queria mostrar também que os políticos não se corrompem sozinhos. Desgastados, polarizam tanto a rejeição que poucos se interessam por quem deu dinheiro e com que objetivo.

Leio nos jornais que as empreiteiras fizeram um pool de excelentes advogados e, pela primeira vez na história, vão se defender de forma coordenada. Vão passar por um momento crucial. Ainda no Congresso, apresentei projeto regulando suas atividades no exterior. A presunção era de que mesmo no exterior o suborno era ilegal para uma empresa brasileira. Alguns países já adotam essa política.
Sinceramente, não sei se o caso das empreiteiras é apenas de bons advogados. Em muitos lugares do mundo, algumas empresas assumem seus erros e se comprometem com um novo tipo de relação com as leis. Isso no Brasil seria uma decisão audaciosa. Sem o suborno, devem pensar, não há chance de ter contratos com o governo.

Se, como no mensalão, a justiça for aplicada com severidade, também as empreiteiras serão punidas. Mais uma razão para pensar numa mudança de comportamento para a qual o País já está maduro. Todo esse processo de corrupção pode ser combatido, parcialmente, a partir de nova cultura empresarial. Os outros caminhos são transparência, Polícia Federal, Justiça, liberdade de imprensa e internet.
Quando afirmo que uma época acabou, repito, não excluo a vitória eleitoral das forças que assaltam a Petrobrás. Mas, neste caso, o governo sobreviverá como um fósforo frio. Maduro, na Venezuela, vê Chávez transfigurado em passarinho. Esse truque não vale aqui, pois Lula está vivo. E no meio da confusão.

Não creio que o Congresso será melhor nem que a oposição, que não soube combinar a crítica econômica com a rejeição moral, possa realizar algo radicalmente novo. O próprio Supremo não é mais o mesmo. Modestamente, podemos esperar apenas alguma melhoras e elas vão depender de como o povo interpretará o saque à Petrobrás. Na minha idade já não me posso enganar: Senado, Câmara, governo, tudo continua sendo formalmente o que é; no juízo pessoal, são um sistema que nos assalta.

O PT, via Gilberto Carvalho, acha que a corrupção é incontrolável e propõe financiamento público de campanha. Bela manobra, como se o dinheiro da Petrobrás não fosse público. Os adversários têm tudo para desconfiar da tese. Ficariam proibidos de arrecadar com empresas, enquanto dinheiro a rodo é canalizado das estatais para o PT, que se enrola na Bandeira Nacional e grita: "O petróleo é nosso!".

Na medida em que tudo fique mais claro, talvez possamos até economizar palavras, como Renan e Alves nos economizaram um parágrafo participando do mesmo escândalo. Poderíamos usar a frase do mendigo em Esperando Godot, ao ser questionado sobre quem o espancou: os mesmos de sempre.

*Fernando Gabeira - O Estado de São Paulo, 12/9/2014.

PT não fala mais em privatização da Petrobras . . .


PT não fala mais em privatização da Petrobras porque privatizada ela já está: pelo PT, PMDB e PP. A mentira da hora diz respeito ao pré-sal.

Em 2002, 2006 e 2010, o PT inventou que os tucanos haviam querido — e quereriam ainda — privatizar a Petrobras. Alguma evidência, algum documento, alguma fala oficial de governo, alguma proposta que apontasse para isso? Nada! Nem um miserável papel. A maior evidência de que dispunham era um estudo encomendado para mudar o nome da empresa para Petrobrax. Uma burrice? Sem dúvida! Privatização? É piada! Tratava-se apenas de uma mentira de cunho terrorista — já que o partido sabia que a população brasileira, na sua maioria, infelizmente, se oporia à ideia. Este nosso povo bom prefere uma estatal lotada de larápios, roubando dinheiro para si e para seus respectivos partidos, a uma empresa privada que funcione bem, sem assaltar o nosso bolso. O gosto de um povo costuma ser o seu destino.

Lembro, só para ilustrar, que, às vésperas do segundo turno da eleição de 2010, José Sérgio Gabrielli — um dos principais responsáveis pela compra desastrada da refinaria de Pasadena —, então presidente da estatal, concedeu uma entrevista à Folha em que afirmou que o governo FHC havia tomado medidas em favor da privatização. Não apresentou uma só evidência, é claro!, porque se tratava apenas de uma mentira. Privatizada, como vimos, de fato, a Petrobras já está, o que não é segredo para ninguém. As evidências que vêm à luz a cada dia ilustram o descalabro.

Pois bem! Neste 2014, falar que estão querendo privatizar a Petrobras não chega a ser uma coisa exatamente popular. A empresa está mais nas páginas de polícia do que nas de economia, não é mesmo? Privatizada, ela já está. Como vimos, boa parte de sua operação pertence a companheiros do PT, do PMDB e do PP. Uma gangue agia dentro da empresa, em conexão com outra que, segundo Paulo Roberto Costa, atuava do lado de fora. Fica difícil convocar a população para a guerra santa em defesa de um nome que, infelizmente, acabou tão manchado.

Como é que o PT vai fazer, então? O partido não sabe fazer campanha eleitoral sem transformar seus adversários em satãs. Os petistas não conseguem entender o jogo político senão pela eliminação do outro. Não lhes basta simplesmente vencê-lo. Sem encontrar, antes como agora, verdades fortes o bastante em favor de si mesmos, então recorrem a mentiras contra seus oponentes.

Assim é com essa história absurda de que, se eleita, Marina vai tirar R$ 1,3 trilhão — sim, os desmandos da turma já atingiram a casa dos bilhões, e as mentiras, dos trilhões — da educação em razão da não exploração do pré-sal. Esse é o terrorismo da vez. Moralistas como são, advertidos até internamente de que isso é forçar a barra, os chefões não se intimidaram. Como Dilma deu uma pequena reagida, e Marina, uma esmorecida, chegaram à conclusão de que esse é mesmo um bom caminho. Se eles não podem vencer com a verdade, indagam sem hesitação: “Por que não a mentira?”.

Nesta quinta, em entrevista à Rede TV, Dilma culpou Marina, quando ministra do Meio Ambiente, pela demora nas licenças ambientais para obras de infraestrutura. É mesmo? Eu posso criticar algumas questões que a então ministra levantou ao longo do tempo sobre esta ou aquela obras, Dilma não! Ora, se ela criava dificuldades tecnicamente injustificadas e artificiais, por que não foi posta, então, fora do governo? Por que não se fez, então, o devido debate público? É que Lula gostava — e precisava — da “simbologia Marina”.

No horário eleitoral gratuito, o PT demoniza empresários e banqueiros, apresentados como um bando de salafrários que se regozijam quando supostos inimigos do povo — sim, Marina é o alvo principal — aparecem combinando tramoias. É grotesco que, nestes dias, quando conhecemos a casa de horrores em que se transformou a Petrobras, o PT venha a público para atacar o setor privado.

Encerro com um dado: até há cinco dias, Dilma, a que aparece como a adversária de empresários cúpidos, havia arrecadado mais do que o dobro da soma de Aécio e Marina: R$ 123,3 milhões entre julho e agosto, contra R$ 42,3 milhões do tucano e R$ 19,5 milhões de Marina.

Essa é a cara deles. Essa é a moralidade deles.

Reinaldo Azevedo

terça-feira, 9 de setembro de 2014

As Forças Armadas e as forças alarmadas . . .



Eduardo Campos vinha recebendo ameaças veladas de membros da cúpula petista sobre o alto risco de seu nome ser envolvido, de forma comprometedora, nas investigações da Operação Lava Jato, principalmente nos negócios superfaturados envolvendo a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A queda do avião que matou o presidenciável socialista foi a gota d´água para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, decidir contar tudo que sabe na delação premiada aos investigadores da Operação Lava Jato.

Também ameaçados, Paulo Roberto e seus familiares temiam o mesmo destino fatal de Campos. Preso desde março na Polícia Federal no Paraná, Paulo Roberto soube de uma informação assustadora sobre o “acidente”. Um dia antes da queda mortal em Santos, dois homens fizeram uma “manutenção” na aeronave. O fato gravíssimo é que a Aeronáutica e a segurança da Infraero no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, não têm a identificação dos dois “técnicos”.

Ao saber que a estranha ocorrência era investigada pela FAB, indicando que a morte de Eduardo Campos pudesse não ser tão acidental quanto parecia, Paulo Roberto resolveu mudar sua estratégia de defesa e contou tudo que sabia ao Ministério Público Federal e ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. O nome de Eduardo Campos, inclusive, foi um dos citados nos problemas ligados à refinaria Abreu e Lima. Como bem reclamou a alarmada candidata Marina Silva, Paulo Roberto causou uma “segunda morte” de Eduardo Campos.

O domingão foi de pânico por causa da delação premiada de Paulo Roberto Costa. O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ontem de manhã à Brasília para uma “reunião de emergência”. Lula se deslocou no jatinho da empreiteira Andrade Gutierrez que costuma usar em seus deslocamentos. O fato coincide com o momento fatal em que a Lava Jato, a partir do que Paulo Roberto delatou, começa a centrar fogo nos negócios das grandes empreiteiras – principalmente com a Petrobras. As grandes construtoras, inclusive, passaram o recibo de montar um inédito “pool” para a uma estratégia comum de defesa – já que teriam sido formalmente denunciadas, com provas, sobre pagamentos de propinas milionárias. As construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Mendes Júnior, entre outras menos votadas e tradicionais doadoras de campanhas eleitorais, estão na mira do Ministério Público Federal e da Justiça.

O 7 de setembro foi um dia terrível para quem já sabe ter sido dedurado pelo arquivo-vivo Paulo Roberto Costa. Embora não se saiba que tenha sido formalmente citado pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Lula ficou tão preocupado quanto irritado, e já deu ordens para o governo adotar uma linha ofensiva de discurso. A missão é quase impossível para Dilma Rousseff que ontem estava abatida porque sabe não ter mais condições políticas de manter sua amiga Maria das Graças Foster na presidência da Petrobras. Dilma deve receber de Graça, o mais urgente possível, o “pedido para sair”, provavelmente junto com toda a diretoria da estatal de economia mista.

A turma do Palácio do Planalto, que só sabe de tudo quando convém, foi informada de que Paulo Roberto não poupou ninguém. Tanto que sua delação premiada, respaldada na Lei 9.807, de 1999, agora considerada mais uma herança maldita da Era FHC, pode render a Paulo Roberto até um inesperado “perdão judicial”. Se suas informações realmente permitirem a identificação dos membros da organização criminosa e facilitarem a recuperação total ou parcial dos milhões ou bilhões de reais desviados pelo esquema da Lava Jato, Paulo Roberto pode entrar no programa de proteção a testemunhas. Assim, legalmente, mudaria de nome e sairia do Brasil.

O acordo de delação premiada firmado por Paulo Roberto Costa com a Justiça terá de ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que cuida já de três ações ligadas à Lava Jato que envolvem políticos e autoridades com direito a foro privilegiado. A tendência de Zavaskci, sem muita alternativa, é pela ratificação do acordo. Em maio, o ministro chegou a conceder um habeas corpus libertando 12 presos na Lava Jato, inclusive Paulo Roberto. Mas foi obrigado a voltar atrás, sob o argumento de que os suspeitos poderiam fugir. Como os investigadores encontraram uma conta corrente de Paulo Roberto na Suíça, o juiz Sérgio Moro teve um argumento legal para fazê-lo retornar à cadeia.

Paulo Roberto Costa afundou o PTitanic. Agora, como diz um amigo, restam duas classes no Brasil, que aguardam os próximos acontecimentos: as armadas e as alarmadas...

Jorge Serrão - Alerta Total.

O silêncio de Lula

O silêncio de Lula

Ao escolher candidatos sem consulta à direção partidária, ele transformou o PT em instrumento de vontade pessoal

Na história republicana brasileira, não houve político mais influente do que Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar, passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas. Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou, desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.
Quando, no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem conseguir renová-las.
Lula, com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.
No Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros estafetas.
Lula humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados “postes”, transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era inadmissível.
Os “postes” foram um fracasso administrativo. Como não lembrar Fernando Haddad, o “prefeito suvinil”, aquele que descobriu uma nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento, disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado Celso Pitta.
Mas o símbolo maior do fracasso dos “postes” é a presidente Dilma Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história. Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta incompetência gerencial.
Lula poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos 12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a presidente de ser novamente candidata seria admitir que a “sua” escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.
A pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu. Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo de composição, evitando a todo custo o enfrentamento. Desta forma, foram diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.
Na campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.
Se em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.
Lula já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente, aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela teria na política brasileira?
O PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Marco Antonio Villa é historiador. Publicado no O Globo de 9/9/2014.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

FIQUE BRAVA, GENTE BRASILEIRA!

FIQUE BRAVA, GENTE BRASILEIRA!
Como resultado natural da inexorável ação do tempo, a idade vai se acumulando e nos transforma em testemunhas privilegiadas de um conjunto de fatos e acontecimentos que constroem nossa história. Até aí, nada de extraordinário. No entanto, ainda que inadvertidamente, esse estoque fabuloso de informações captadas pelas nossas retinas ao longo de nossa existência e arquivadas no HD de capacidade ilimitada do nosso cérebro espetacular, nos dá a falsa sensação de que somos guardiões da sabedoria e, vencidos pela soberba, em determinados momentos chegamos até a imaginar que já vimos de tudo nessa fugaz experiência terrena.
Ledo engano. Em sua infinita benevolência a natureza nos concede o dom da longevidade, mas, impõe como contrapartida o exercício da humildade. E nesse aspecto ela é pródiga em nos ensinar que por mais longeva que seja nossa caminhada a vida se renova e renasce todos os dias revelando eventos que julgávamos inconcebíveis. Jamais imaginei, por exemplo, que assistiria a uma das mais degradantes etapas de nossa história política. Mas os quase doze anos da desastrada e corrupta administração petista provam que o malfeito de ontem se reinventa a cada amanhecer, cada vez mais bem feito.
Nada mais me surpreende neste grande bordel que um dia foi a promissora República Federativa do Brasil. O mais lamentável é que são raros os indícios de um porvir mais venturoso. É desalentador ver uma nação naturalmente vocacionada para conduzir, ser conduzida por porteiros de casas de tolerância de quinta categoria. O gigante continua deitado, só que não mais em berço tão esplêndido. Apequena-se com a disseminação da desfaçatez e sente diminuir seu fulgor ante a sanha destruidora dos que teimam em reduzi-lo a mais uma mera republiqueta terceiro-mundista.
Prova disso é a reportagem publicada sábado último pela revista Veja relatando as denúncias do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, envolvendo autoridades de grosso calibre da República em um dos mais escabrosos casos de corrupção já perpetrado contra a estatal, arrastando para o fundo do pântano da desmoralização deputados federais, senadores da República, ministros de Estado, presidentes, ex-presidentes. Nem mesmo personagens que a tragédia se incumbiu de beatificar foram poupadas. A República ruiria se já não estivesse no chão!
Apesar de estupefato com as revelações do ex-diretor, que gozava da intimidade de Lula, ressalte-se, reconheço que nada supera a oportunidade ímpar de ter assistido ao longo de mais de uma década a evolução da mais infeliz das etapas da política brasileira. Jamais sequer cogitei da possibilidade de conviver com uma casta de políticos tão ineptos, irresponsáveis, oportunistas e corruptos e, concomitantemente, testemunhar o desempenho medíocre de um governo que, além de amasiar-se com a promiscuidade ideológica e flertar despudoradamente com a prostituição política, não se envergonha de recorrer ao flagelo da fome e ao suplício da miséria para amealhar algum dividendo eleitoral.
Paulo Roberto Costa, o ex-diretor que gozava da intimidade de Lula
Infelizmente, o Brasil foi transformado na pátria dos vigaristas, no reduto de vendilhões e no paraíso de velhos (e novos) comunistas que abominam o capitalismo e detestam a burguesia, mas não abrem mão da felicidade, nem da facilidade, que ambos propiciam. Nunca na história deste pais se contabilizou tantas denúncias de corrupção, gestão temerária e ação fraudulenta como as colecionadas pelos facínoras que têm comandado a nação brasileira. Embora poucos (ou quase nenhum) foram presos, em tempo algum, tantas autoridades foram levadas às barras da justiça. Mais dia menos dia a casa cai e eles terão de prestar conta dos seus atos.
Em repúdio a mais um escândalo de grandes proporções envolvendo as principais autoridades da República, o Brasil que presta haverá de fazer retumbar pela vastidão das urnas o grito dos indignados. Com certeza ele chegará aos ouvidos moucos daqueles que têm ultrajado a nossa pátria e coberto de vergonha toda uma nação e os fará perceber no horizonte da esperança o raiar de um novo tempo. O da decência. Desmoralizados, descobrirão que restará como alternativa apenas rastejarem na sarjeta da mediocridade que a desonra lhes reservou e, de lá, rezarem aos céus implorando, como imploram os covardes, para que a justiça dos homens seja clemente ao julgá-los. Sabem que a toga da história é impermeável à gratidão.
Ou nos levantemos contra a era da mediocridade que nos sufoca desde 2003 e estanquemos o mal que essa malta vem fazendo ao nosso País, ou não nos restará sequer o consolo de sonharmos com um Brasil decente, soberano, desenvolvido e democrático.
Fique brava, gente brasileira! Sem temor, sem ser vil!
Mauro Pereira
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