quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E Lula Criou a Mulher-presidente

Entre os de sua tribo não havia um varão digno do reino. Achando-se insubstituível tirou de si mesmo uma costela e a moldou à sua imagem.

E Lula criou a mulher-presidente
Jota Alves

Nunca na história desse país um presidente elegeu seu sucessor. Os militares não contam. Foram nomeados.

Após décadas de convívio Lula descobriu: “meu partido é uma merda, composto de facções demais, classes de pessoas que vivem brigando entre elas. Nunca fui ideológico”.

Dilma Rousseff preencheu-lhe vazio de liderança e amizade, mostrou serviço. Lula pousou-lhe a mão na cabeça e apontou aos plebeus e fariseus com os quais negociou a tranqüilidade da pregação de seu evangelho: “esta é a prometida”.

A mãe do povo está eleita. Milhões de descamisados não sabem, nem professores e “formadores” de opinião se interessam em conhecer e divulgar o que aconteceu com a vizinha Argentina após Perón criar Isabelita sua sucessora e primeira mulher a presidir um país da América Latina.

Evita a Preferida, vice de Perón, a Santa, teria sido a primeira se um câncer uterino não lhe tirasse a vida. Isabelita foi eleita com Perón. Dilma foi eleita por Lula. Mesmo metade do país não tendo votado em Dilma o Brasil será, formalmente, governado pelo lulismo. Um peronismo sem tango, à brasileira.

O Ela sou Eu argentino
Juan Domingo Perón encontrava-se desde 1955 exilado em Madri quando conheceu a bailarina Maria Estela Martinez, a Isabelita. Em 1972, acontece o regresso triunfal do pai dos pobres, criador e protetor de sindicatos. No ano seguinte a chapa Perón-Peron vence as eleições com 60% dos votos. Em 1974 com a morte de Perón Isabelita assume a presidência. Já se disse que na Argentina os mortos governam os vivos.

A Santa Evita
A mãe do povo distribua Bolsas de lotes na periferia de Buenos Aires, leite em pó, bolos de aniversário, envelopes com dinheiro, fazia discursos inflamados, representava o país no exterior com exclusivos Dior. Os descamisados exigiram que ela fosse embalsamada para ser venerada em mausoléu. Com a caída de Perón a múmia mais famosa dos tempos modernos teve seu caixão profanado, seqüestrado, contrabandeado, ate permanecer ao lado do marido em Madri. O caixão de Perón também foi violado. Isabelita jamais poderia substituir Evita no imaginário, crença e apoio popular. Os peronistas radicais não a reconheciam como legitima herdeira de Perón. Para eles, Isabelita profanava o espaço de Evita.

Corrupção, caos, prisão, exílio.
Inflação incontrolável, pecuária e agricultura em crise, greves. Na ânsia de conter o desastre econômico e caos político a presidente ficou dependente de seu ministro do Bem Estar Social (das Bolsas da caridade) o articulador José Lopez Rega, o bruxo. O Zé da Isabelita exercia total influencia sobre ela, fez acordos com a banda podre do país, censurou TV, Rádios, Jornais. Acusada de corrupção foi deposta e condenada a cinco anos de prisão. Argentinos querem julgá-la por crimes contra os direitos humanos. A Espanha que lhe concedeu asilo político não concede a repatriação.

Antes e depois do peronismo
O peronismo penetrou fundo no DNA argentino. O país orgulhoso de sua riqueza, prestígio internacional, “alimentou o mundo” com trigo e carne de primeira; o calçou e embelezou com sapatos, cintos, bolsas e roupas de invejável qualidade; o tango com sua beleza, magia e sensualidade alegrou salões e teatros; nunca mais viu brilhar a fama dos seus pampas, a gloria portenho de seus poetas e escritores e de ter sido o mais rico e desenvolvido país da América Latina. Há mais de sessenta anos a Argentina têm a sua história definida: antes e depois do peronismo.

Sistema? Regime? Ideologia? Seita? Mito? Hipnose social? Máfia?
Esse critério personalista de escolha Isabelita/Dilma como grife exclusiva de Guia, Onipotente, Populista, Pai da Pátria, com ou sem Ideologia, não importa se homem ou mulher, nunca, em nenhum lugar do mundo antigo ou moderno, rendeu bons frutos. Passada a euforia mantida pela propaganda, a descoberta de minerais, petróleo, a distribuição de presentes, discursos, promessas, da fabricada popularidade dos Redentores, países com seus recursos naturais e morais exauridos entram em decadência e povos com ricos, novos ricos, pré-ricos, remediados, pobres satisfeitos, ficam robotisados e abestalhados. Ninguém explica e sabe o que é peronismo. Ideologia? Seita? Culto à personalidade? Sistema? Regime? Máfia? Esperteza política? Fumaça verbal? Sabemos o que o peronismo fez da Argentina. E o lulismo que fará do Brasil?

Jota Alves fundou o jornal The Brasilians, criou o Dia do Brasil em Nova York.
Foi Secretário de Governo em seu estado natal, MT.

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