quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Rei Está Nú!

Hans Christian Andersen, o contista dinamarquês, criou uma estória em que um Rei muito vaidoso acabou sendo vítima de dois espertalhões que o convenceram a desfilar com roupas inexistentes, sob a alegação ardilosa de que o tecido que usavam na confecção das vestes reais só seria visível aos olhos de pessoas inteligentes.

Não apenas o Rei, mas todos que com ele trabalhavam se sentiram constrangidos a admitir que o tal tecido mágico lhes era invisível, posto que isso equivaleria a assumir sua própria ignorância.

Assim, o Rei saiu pelado às ruas e o povo ­– informado sobre a invisibilidade do tecido àqueles menos inteligentes – preferiu elogiar as vestes inexistentes a admitir sua inferioridade. A única exceção foi uma criança que – na pureza de seus sentimentos –, exclamou, surpreendida: — ”O rei está nú!”.
E só então as demais pessoas acreditaram naquilo que seu olhos (não) viam…

Temos, no trono, um Rei vaidoso.

Ao seu redor, um grupo enorme que teme contrariá-lo, até porque o Rei se (re)veste com um tecido mágico que lhe dá uma popularidade quase unânime, que ninguém tem a coragem de não enxergar.
Como também não enxerga – o Rei, inclusive – qualquer falcatrua dentro do Reino.

Há, na versão brasileira do conto de Andersen – um segundo tecido mágico que encobre qualquer desvio de conduta das pessoas ligadas ao Rei.

Se um ato desonesto qualquer vem a público, o tecido mágico garante que ele seja considerado boato, mentira, invencionice, fraude ou golpismo.
Tudo que não se admite é que sejam fatos verdadeiros e comprovados.

No entanto, na última semana, parte das roupagens do Rei foram anuladas pelo resultado das urnas no 1º Turno das eleições presidenciais.
O tecido que garantia a popularidade imensa do Rei se revelou inexistente.

Alguns eleitores – com sua espontaneidade resistente às pressões do marketing político e das pesquisas eleitoreiras – começaram a bradar, com seus votos, a inexistência da aprovação generalizada de tudo que o Rei tem feito nos últimos anos.

Agora só falta desnudá-lo por completo, gritando, em alto em bom som:

— ”O Rei está nú !!!

Nesse momento, mais importante do que eleger ou não a herdeira do Rei, é assumir a verdade daquilo que esse Reinado representou para o país.

Não há Bolsa-Família que compense a fortuna que já foi desviada dos cofres públicos.

Com os valores bilionários que têm sustentado famílias inteiras de petistas e agregados, todos poderíamos ter hospitais bem aparelhados, escolas de excelente qualidade, infra-estrutura decente – em suma, um país com serviços públicos correspondentes aos altos impostos que pagamos ao Rei.

Que o 2º Turno permita que a maioria do povo brasileiro finalmente enxergue as verdadeiras vestes do Rei e de seus seguidores…

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Abraço das Afogadas

Augusto Nunes
Erenice Guerra é o nervo exposto de Dilma Rousseff. É a chaga viva, a ferida que não cicatriza, o estigma irremovível, o sinal riscado a faca. Por vontade de Dilma, Erenice acumulou durante sete anos o posto de braço-direito e a chefia da quadrilha formada por parentes e agregados. Quando Dilma deixou o gabinete, foi a pedido da Mãe do PAC que Lula instalou no comando da Casa Civil a Mãe da Bandidagem.

No palácio abandonado pelo rei do palanque, Erenice mandou e desmandou desde o começo da campanha. Acobertou negociatas, transformou o gabinete em gazua a serviço do filho arrombador de cofres, foi coiteira dos larápios de estimação, ganhou dinheiro sujo como nunca. Livre de vigilância, sem medo de castigos, assumiu interinamente a Presidência e expandiu as fronteiras da capitania envilecida. Anexou a Anac, a Infraero, o Ministério de Minas e Energia. Foi ela quem expropriou os Correios e escolheu a nova diretoria da estatal hoje em avançado estado de decomposição.

Agora, açulada por ciros e dirceus, Dilma tenta repetir o velho truque: acusar o adversário de fazer o que faz o PT. O candidato da oposição deve deter imediatamente a ofensiva dos prontuários. Se alguém no PSDB cometeu crimes, que seja punido já. Se a denúncia é caluniosa, que acione a Justiça. Em qualquer hipótese, o país que pensa exige que Serra introduza no próximo debate na TV, numa das perguntas de um minuto, o escândalo da Casa Civil.

Cinquenta segundos bastarão para o resumo da ópera. Foi Dilma quem pariu, criou e protegeu Erenice Guerra. Foi a herdeira do pajé da tribo do mensalão quem transformou em sucessora a matriarca da família fora-da-lei. Durante sete anos, sempre juntas, as melhores amigas fizeram compras e dossiês. Sempre juntas, trancaram numerosos esqueletos no armário. Mas Dilma jura que Erenice roubou sozinha.

Feita a sinopse, Serra precisa apresentar à oponente as três opções possíveis. Se nunca suspeitou das bandalheiras na sala ao lado, Dilma é uma administradora inepta, incapaz de selecionar assessores e, portanto, despreparada para chefiar o governo. Se desconfiou de algo e não agiu, pecou por leniência e está, portanto, desqualificada para o cargo. Se descobriu alguma patifaria e preferiu calar-se, é cúmplice ─ e lugar de comparsa é o banco dos réus, não um palanque.

Nos 10 segundos restantes, bastará a Serra perguntar se Dilma sabia ou não sabia das bandalheiras protagonizadas pela melhor amiga (e repetir a pergunta, para que ela não finja que não entendeu). Qualquer que seja a resposta, será consumado o abraço das afogadas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Império da Mentira

Acredito que, mais até que um governo de corrupção desmedida, o governo do Lula vai ficar na história como o governo da mentira.

Lula e seus asseclas mentem em tudo. Mentem negando o óbvio do mensalão e de tantos outros escândalos que "alegraram" as vidas dos brasileiros, quase todas as semanas, nestes quase oito anos de desgoverno.

Mentem quando inauguram obras inacabadas e anunciam números que não existem ou que não refletem a realidade do país.

Mentem ao assumir para sí, o crédito pelo trabalho de outros.

Mentem ao inventar currículos que não resistem a uma análise simples.

Mentem!

Este artigo do Augusto Nunes, sobre a capacidade de mentir da Dilma "no-governo-do-lula" Rousseff, explica por que mentir, para ela, é tão fácil.


Dilma Rousseff repete com orgulho que se negou a dizer verdades perigosas mesmo sob tortura, lembrou um texto aqui publicado em agosto de 2009. Ela tinha pouco mais de 20 anos, mas sabia muito, quando foi presa pela polícia da ditadura. Mesmo confrontada pelos inquisidores com copiosas evidências e provas materiais, mesmo submetida a torturas, garantiu que não havia participado de assaltos a banco e outras ações armadas, desmentiu o envolvimento com grupos de extrema-esquerda, escondeu os nomes dos parceiros de vida clandestina, não admitiu sequer que era quem era.

A candidata que Lula inventou gosta de contar que, apesar da sensação de desamparo e insegurança, não deixou escapar qualquer informação que a prejudicasse, ou colocasse em risco os companheiros que lutavam para substituir a ditadura militar pela ditadura do proletariado. Em três anos de cadeia, descobriu que a mentira — mais que justificável, nessas circunstâncias — pode garantir a sobrevivência física. No coração do poder há oito anos, descobriu que a mentira — injustificável em quaisquer circunstâncias — pode ser o preço da sobrevivência política.
A soma das duas descobertas explica por que Dilma Rousseff mente com a naturalidade de quem está ditando uma receita de bolo: ela acha que negar a verdade é o preço que se paga para continuar vivo. Ela não enxerga diferenças entre um palanque e um pau-de-arara, uma entrevista coletiva ou um interrogatório policial. Não vê motivos para remorsos ou constrangimentos. Nunca é visitada por qualquer espécie de conflito íntimo que possa tornar terríveis os 10 minutos que precedem o sono..


Foi assim em 2008, quando alquimistas da Casa Civil, incumbidos de desviar os holofotes que iluminavam a farra dos cartões corporativos no Planalto, produziram um dossiê que transformava o ex-presidente Fernando Henrique e Ruth Cardoso no mais perdulário dos casais. Pilhada em flagrante, Dilma rebatizou de “banco de dados” a fábrica de dossiês cafajestes gerenciada por Erenice Guerra. E jurou que não fizera o que fez com a mesma convicção aparente da juventude.

Foi assim quando se descobriu que o currículo era enfeitado por um misterioso doutorado em economia pela Unicamp. A Doutora em Nada garantiu que não sabia de nada, nunca havia lido o que estava no site da Casa Civil e nas introduções de todas as entrevistas concedidas desde 2003. Alegou que algum subordinado fizera aquilo sem consultar a beneficiária da fraude, não identificou o culpado, queixou-se da perseguição da imprensa e pediu ajuda a Lula. O Padroeiro dos Companheiros Delinquentes expediu outro habeas corpus perpétuo e o currículo fraudulento voltou para baixo do tapete.

A coleção de mentiras foi ampliada quando Lina Vieira, demitida da secretaria da Receita Federal por honestidade, contou que fora pressionada no fim de 2009 para “agilizar” a auditoria em curso nas empresas da família Sarney. Como fez de conta que não entendeu a ordem de Dilma para esquecer o caso, Lina perdeu o emprego. Numa entrevista à Folha, informou que foi convocada para o encontro pela onipresente Erenice Guerra, reproduziu o diálogo no gabinete, descreveu a cena do crime, até detalhou as vestes da protetora de Fernando Sarney. “Não fiz esse pedido a ela”, retrucou Dilma. No minuto seguinte, pediu de novo ajuda do Mestre.
Enquanto comparsas cuidavam da queima de arquivos – começando pelas fitas do serviço de segurança que endossavam o que Lina Vieira revelara –, ouviu-se a fala do trono: “Duvido que a Dilma tenha mandado recado ou conversado com alguém a esse respeito. Não faz parte da formação política da Dilma”. Fez, faz e, se o eleitorado permitir, continuará fazendo, comprova a edição de VEJA deste fim de semana, que escancara as dimensões inquietantes do salto no escuro.


Governar é escolher. Dilma escolheu como braço-direito uma Erenice Guerra. Até as maçanetas da Casa Civil sabem que, se reportagens de VEJA não tivessem desbaratado a quadrilha formada por parentes e agregados, a Mãe da Bandalheira seria mantida no cargo e promovida a figura mais poderosa de um governo Dilma Rousseff. Revelado o escândalo, a mulher que não sabe escolher sequer a melhor amiga finge que mal conhece Erenice. Mentiu para sobreviver politicamente.

É o que tem feito para safar-se da enrascada em que se meteu com a exibição de vídeos que a mostram defendendo a descriminalização do aborto. Poderia ter mantido o que disse ou informado que mudara de ideia. Em vez disso, preferiu violentar a verdade e atribuir o que comprovadamente afirmou a uma “campanha caluniosa”. As duas opções anteriores teriam provocado estragos bem menores que a reafirmação de que o Brasil pode ser presidido por uma mulher que mente compulsivamente.

“Quando não se sabe o que fazer, melhor não fazer nada”, aconselhava Dom João VI. Nocauteados pela frustração do primeiro turno, os comandantes da campanha governista resolveram voltar à ação ainda grogues. E mobilizaram uma brancaleônica brigada de voluntários dispostos a provar que Dilma decorou a Ave Maria aos 3 anos de idade, leu o catecismo aos 4 e aos 5, dispensada da confissão por falta de pecados, começou a comungar. O inevitável Frei Betto não poderia ficar fora dessa.

Na Folha deste domingo, depois de contar que conheceu a candidata na cadeia, Frei Betto jura que “ex-aluna de colégio religioso, dirigida por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho”. Bonito, isso. O problema é a fonte. Ultimamente, nas dedicatórias escritas em livros com os quais presenteia amigos especialmente próximos, o ex-frade tem repetido a mesma frase antes da assinatura: “do irmão em Cristo e irmão em Castro”. Quem compara a figura de Jesus Cristo a Fidel Castro não é o melhor fiador da religiosidade de ninguém.

Para apagar o fogo, chamaram um incendiário. Absolvida por Frei Betto, a mais santa das mulheres fica com cara de pecadora irremissível.



Atacar Primeiro não é Para Amadores

Atacar primeiro não é para amadores
Augusto Nunes

Tomar a iniciativa e partir para o ataque num debate eleitoral não é para amadores, ensinou outra vez o duelo transmitido pela Band. Candidata de primeira viagem, espantosamente desarticulada, desprovida de raciocínio ágil, sem vestígios de carisma, Dilma Rousseff desencadeou a ofensiva já na primeira pergunta a José Serra. Levou o troco mas foi em frente. Nas duas horas seguintes, sempre na fronteira do chilique, a veia da pálpebra esquerda latejante de cólera, sobrancelhas em arco de normalista contrariada, tentou combater simultaneamente o português, a lógica e os fatos — além do adversário experiente e tranquilo. Fracassou espetacularmente.

Abalroada por contragolpes sucessivos, levada às cordas por alusões ao bando de Erenice Guerra e ao descompromisso com a coerência, Dilma voltou a “comprimentar” meio mundo, evocou duas vezes uma mesa atulhada de árabes e judeus, conjugou a cada dois minutos o verbo tergiversar, embaralhou temas distintos ao perguntar ou responder, frequentemente não conseguiu dizer coisa com coisa, declarou-se indignada com o que até agora não passava de “factoide”, injuriou a mulher do oponente, fez tudo o que não devia. Depois de 120 minutos de agressividade e grosserias, queixou-se do baixo nível da campanha.

Dilma não aprendeu a atacar nem sabe defender-se. Nitidamente superior em todos os quesitos, nem por isso Serra foi brilhante. Pode melhorar muito. Pode ser bem mais contundente. A arrogância da oponente o autoriza a ser menos gentil. Deve expor com crueza alguns itens do vasto prontuário. Precisa entender que os brasileiros desinformados estão prontos para aprender que as privatizações modernizaram o país. Mas o essencial é que começou a percorrer o caminho correto.

Aparentemente, Serra preferiu transformar o primeiro debate do segundo turno como laboratório para aperfeiçoar a estratégia e a tática que adotará nos próximos. Além de confirmar que Dilma é a adversária que todo candidato pede a Deus, o confronto na Band mostrou que o eleitorado terá de escolher entre um administrador competente e uma gerente debutante. Em pouco tempo estará consolidada a certeza de que disputam o segundo turno um político com currículo respeitável e uma novata que oculta a folha corrida.

Cumpre a Serra deixar claro que, entre os dois candidatos à Presidência da República, só um pode garantir que não vai desonrar o cargo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Vamos Errar de Novo?

A opinião, insuspeita, de um antigo ativista de esquerda.

Vamos errar de novo?
Ferreira Gullar

FAZ MUITOS ANOS já que não pertenço a nenhum partido político, muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na medida do possível, procure contribuir para o entendimento do que ocorre. Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.

Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as coisas objetivamente. Na época em que se discutia o nascimento desse novo partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo partido de trabalhadores. Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.

Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude. Durante a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.

Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente, por ter acusado “essa gente de Ipanema” de dar força à ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação -como grande parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar- ou moravam em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares. Pouco depois, o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.

Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura -o de Sarney, o de Collor, o de Itamar, o de FHC. Os poucos petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi expulsa.

Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na vida do país. Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje todo cidadão brasileiro possui telefone. E tudo isso em nome de um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.

Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas contra os quais batalhara anos a fio. Não obstante, para espanto meu e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira política.

No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.

No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.

O povo nem sempre acerta. Por duas vezes, o Brasil elegeu presidentes surgidos do nada -Jânio e Collor. O resultado foi desastroso. Acha que vale a pena correr de novo esse risco?

sábado, 9 de outubro de 2010

O PT de Dirceu que Dilma Esconde

Este artigo foi escrito pela jornalista Eliane Catanhêde, na Folha de São Paulo, em 15 de Setembro.
A excelente análise merece a reflexão de todos os brasileiros decentes e preocupados com o futuro do país.

O PT de Dirceu que Dilma esconde
Eliane Catanhêde

A declaração de que o PT terá mais poder com Dilma do que com Lula, feita pelo ex-ministro José Dirceu, eterno presidente de fato do partido, é motivo para reflexões, avaliações e projeções muito sérias.

Até porque - ou principalmente porque - o PT tem sido um ausente do discurso de Dilma na campanha.

A equação não fecha: Dilma disfarça o partido, mas o partido vai ter ainda mais poder no governo dela?

No debate Rede TV!/Folha, no domingo à noite, Dilma relegou mais uma vez o PT ao segundo plano, referindo-se ao 'presidente Lula' e ao 'nosso governo' como os seus verdadeiros partidos.

Mas Dirceu entregou o jogo: o PT é que vai dar as cartas no governo Dilma - que, não custa lembrar, era do PDT até outro dia.

A julgar pelas pesquisas, o PT vem numericamente forte por aí. Vai fazer uma bancada grande e experiente no Senado (calcanhar-de-Aquiles de Lula) e tende a ultrapassar o PMDB como maior bancada na Câmara. (Aliás, desbancando a candidatura do peemedebista Henrique Eduardo Alves para a presidência da Casa.)

O PT, então, será o líder no Congresso de uma imensa tropa formada desde o PCdo B ao PP de Maluf, depois de já ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES; e estar em vias de 'extirpar' a oposição, como disse Lula sobre o DEM, enquanto ataca pessoalmente os tucanos Tasso Jereissatti no Ceará e Arthur Virgílio no Amazonas.

E aí entra a fala de Dirceu: 'A eleição de Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político'. Leia-se: Lula foi um meio para se chegar a um fim, ao tal 'projeto político'.

Agora, falta explicar exatamente do que se trata, antes que o governo e o projeto se instalem.

Dilma entregou um programa 'hard' de manhã ao TSE e, de tarde, retirou e entregou outro 'light'. Até agora, não se sabe ao certo qual é para valer.

Um dos laboratórios do 'projeto político' de Dirceu foi a liderança do PT na Câmara antes da eleição de Lula, que atuava e respirava conforme Dirceu mandava. Era ali o foco dos dossiês, das CPIs, das denúncias de todo tipo contra Collor, contra Itamar, contra Fernando Henrique, contra tudo e contra todos os demais.

E não é que foi dali que saíram Erenice Guerra, José Dias Toffoli, Márcio Silva? Saíram direto da central de dossiês contra adversários para o comando do país. Erenice surgiu meio do nada e virou ministra da Casa Civil, principal cargo do governo.

Toffoli é um ótimo sujeito, mas tinha todas as desvantagens e nenhum dos atributos para ser ministro, nada mais nada menos, do Supremo Tribunal Federal. E o tal do Márcio Silva é advogado da campanha de Dilma e dono de um escritório meteórico que, como diz o Painel da Folha de hoje (15/09/10), 'é assunto de advogados há muito estabelecidos em Brasília'.

Dilma teve a consideração de indicar a amiga e braço-direito Erenice Guerra como sua sucessora na Casa Civil. Mas, agora que a Casa Civil caiu (de novo) sob o peso da parentada toda dele, teve a desconsideração de rebaixá-la à condição de 'mera assessora'.

Deve estar aí a chave da questão: tem hora de esconder e tem hora de mostrar.

É o PT das Erenices dos dossiês, do aparelhamento e do patrimonialismo que vai tocar o 'projeto político' em curso no país? E com o inestimável apoio do PMDB, evidentemente.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha, em Brasília.

Dilma Cai e Serra se Aproxima

A pesquisa Datafolha divulgada hoje, aponta a candidata Dilma Rousseff, do PT, com 48% das intenções de votos e José Serra, do PSDB, com 41%.

No levantamento do Datafolha realizado entre 1 e 2 de outubro, antes do primeiro turno da eleição presidencial, Dilma aparecia com 52% e Serra com 40%, na hipótese de um segundo turno.

No primeiro turno, realizado dia 3 de outubro, Serra recebeu 32,61% dos votos válidos.

Considerando-se o mesmo universo de votos válidos do primeiro turno, José Serra recebeu o apoio adicional de mais 8.524.374 eleitores, na pesquisa divulgada hoje.

Dentro do mesmo raciocínio, o crescimento de intenção de votos para Dilma Rousseff foi o equivalente a 1.117.335 eleitores.

Votar no Tiririca, Afinal, Fez Sentido

A voz dos fatos
Olavo de Carvalho

Não resta ninguém para pregar o desmantelamento da máquina de corrupção e subversão petista, nem para prometer um castigo exemplar aos protetores das Farc e do PCC nas altas esferas, nem para dar voz à repulsa do povo pelas políticas abortistas, nem mesmo para explicar, com a simplicidade da lógica elementar, que uma inclinação sexual mutável não pode ser fonte de direitos permanentes.

Não é necessário analisar os resultados da eleição de domingo. Eles falam por si. O fato mais significativo, acima de qualquer possibilidade de dúvida, foi a votação espetacular do palhaço Tiririca. Ela é a moral da história de oito anos da Era Lula. Ostentando com franqueza sarcástica a sua condição de candidato inculto, burro, desprepreparado e inepto, Tiririca explicitou a regra implícita que elegeu o sr. Luís Inácio Lula da Silva em 2002 e lhe garantiu o aplauso de todo o beautiful people deste país.

Todos conhecem a previsão do general Olimpio Mourão Filho, publicada no seu livro de 1978, A Verdade de um Revolucionário: "Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso."

A Era Lula foi muito além da profecia. A adulação transpôs os limites do círculo palaciano, espalhou-se por todas as camadas sociais, implantando em milhões de almas uma nova escala de julgamento que invertia, num só lance, todos os valores. Pois não chegaram a enxergar uma virtude mística no fato de que o homem, subindo na escala social como nenhum outro brasileiro, aprendesse a vestir ternos Armani, a aparar a barba e a polir as unhas, mas continuasse tão iletrado ‒ e orgulhoso de sê-lo ‒ quanto no começo da carreira? Ao longo do governo Lula, o império do mau exemplo se impôs mediante atos, sem que ninguém ousasse verbalizar o seu significado, no entanto evidente aos olhos de todos. Tiririca simplesmente traduziu em palavras a máxima que meio Brasil já vinha seguindo sem declará-la: o maior dos méritos é subir na vida sem mérito.

Os 1.350.000 eleitores que transformaram a abestada criatura no deputado mais votado do Brasil fizeram muito mais do que enviar um eloqüente recibo a Lula e seus cultores: "Captamos a mensagem, sr. Presidente". Mostraram, da maneira mais clara, que uma expressiva parcela do eleitorado já desistiu de levar a sério uma palhaçada eleitoral onde a maioria conservadora ‒ algo entre 70 e 80 por cento ‒ não tem canais partidários por onde se fazer ouvir. Essa situação grotesca e degradante é precisamente aquilo que o sr. Presidente da República chama de "novo paradigma" e, inflado de triunfo, qualifica de irreversível, provavelmente com razão. Rateado o espaço eleitoral entre a esquerda da esquerda e a direita da esquerda, os remanescentes da antiga direita encaixam-se aí como podem: os sicofantas explícitos, na primeira, os camuflados na segunda. Não resta ninguém para pregar o desmantelamento da máquina de corrupção e subversão petista, nem para prometer um castigo exemplar aos protetores das Farc e do PCC nas altas esferas, nem para dar voz à repulsa do povo pelas políticas abortistas, nem mesmo para explicar, com a simplicidade da lógica elementar, que uma inclinação sexual mutável não pode ser fonte de direitos permanentes.

Já na Era FHC não havia direita. Havia esquerda e "centro". Associada a palavra "direita" a toda sorte de crimes e abusos ‒ objetivamente, no entanto, muito menores que os da esquerda ‒, todo direitista buscou prudente abrigo num inócuo meio-termo, sem saber que com isso se condenava à "espiral do silêncio" e à derrota inevitável. O passo seguinte foi rotular ao menos parte do "centro" como "extrema direita", de modo que os centristas trocassem novamente de crachá. Quando o sr. Luís Inácio festejou como apoteose da democracia a ausência de candidatos presidenciais de direita nas presentes eleições, a obra da "espiral do silêncio" estava completa. Era a vitória final do "novo paradigma": vote em quem quiser, contanto que seja de esquerda. É uma daquelas situações que o velho Karl Kraus diria impossíveis de satirizar, por já serem satíricas em si mesmas. Quem pode encarná-la melhor do que um palhaço profissional que alardeia como suprema razão para votarem nele a sua completa falta de qualificações para o cargo?

Outros dois fatos devem ser interpretados na mesma direção.

A vitória do sr. Tarso Genro no Rio Grande do Sul mostra que os liberais gaúchos nunca entenderam o óbvio: que sua vitória de 2006 não se deveu às suas lindas doutrinas e doces propostas, mas à hostilidade do povo gaúcho ao partido que durante doze anos transformara o Estado na sede nacional da subversão comunista. Uma vez no poder, tinham a obrigação precípua de destruir o esquema comunopetista, com o qual, em vez disso, preferiram cultivar uma política servil de boa vizinhança. Perderam para o velho inimigo porque não ousaram ser direitistas. Num campeonato de esquerdismo, vence, por definição, o mais esquerdista.

Quanto à votação modesta do sr. José Serra, ela já era esperada. Ele só poderia ampliá-la se, em vez das meras e evanescentes alusões que fez à aliança PT-Farc, apresentasse um programa de ação claro, definido, para o desmantelamento do Foro de São Paulo e de todas as articulações criminosas que o compõem. Parece até abusivo ter de lembrar isto a um político profissional, mas falemos o português claro: Candidatos presidenciais não fazem "críticas", candidatos presidenciais não "denunciam". Criticar e denunciar, no fim das contas, é somente falar. Isso é para os habitantes do Parlamento, que é um foro de debates, ou para os articulistas de mídia, que não têm poder de mando. Candidatos presidenciais, em vez disso, apresentam propostas de ação. Uma proposta de ação que quebre a espinha da narco-subversão e devolva a paz a um povo atemorizado pela violência - eis o que o eleitorado brasileiro espera. O sr. Serra, em vez de atender ao grito sufocado de uma nação prisioneira, limitou-se à função de crítico, e de crítico inibido pela timidez de ferir seus antigos companheiros de militância, dos quais, por alguma razão, se sente devedor e refém. A crítica, em si, tem seus méritos, e creio tê-los reconhecido sem meias palavras. Mas de um candidato presidencial espera-se muito mais. O sr. Serra que mostre a disposição de fazê-lo, e atrairá para si muito mais votos do que poderá obter mediante arranjos e alianças, nos quais o eleitorado só verá uma confirmação a mais de que votar em Tiririca foi a decisão mais razoável, dadas as circunstâncias.

Monumento à Sinceridade

"Quero começar este segundo turno agradecendo a Deus por ter me concedido uma dupla graça: ter sido a candidata mais votada no primeiro turno. E ter a oportunidade agora de discutir melhor minhas propostas e me tornar ainda mais conhecida"

Dilma "no-governo-do-presidente-lula" Rousseff, informando, com a habitual sinceridade, que ficaria decepcionada caso se elegesse no primeiro turno, porque acha muito melhor que todos os brasileiros conheçam direito a candidata, privilégio até então restrito a alguns parentes e à melhor amiga, Erenice "bolsa-familia-na-casa-civil" Guerra.

O Erro Foi o Salto Alto . . .

Do blog "Brasília Em Dia"

Niccolò Machiavelli, teórico da ciência política (Florença, 1469-1527), apesar de toda sua experiência com o poder, ignorou o que aconteceria muitos séculos depois: o salto alto. Qualquer que seja o nome que se dê a ele – soberba, sensação de superioridade, desprezo pelos outros, etc. –, o certo é que o salto alto já derrubou muitas carreiras políticas. Geralmente, de pessoas que se deixaram levar pela vaidade, envolvidas pela certeza da vitória, o que as fez subestimar os adversários. Nesse sentido, nada é mais letal para um político do que a proximidade dos áulicos, que fazem de tudo para incensar os poderosos ou os candidatos a conquistar o poder. No Brasil, tal prática vem desde a monarquia, principalmente quando D. João VI se instalou no país para ficar bem longe da Europa, a fim de fugir de Napoleão Bonaparte.

Depois da monarquia, na vida republicana, João Pinheiro, que assumiu a presidência de Minas, em cargo equivalente ao de um governador, no dia da sua posse foi advertido por um compadre do interior, que foi até ele só para preveni-lo: “Compadre, vim pedir-lhe uma única coisa: cuidado com esses tais de puxa-sacos. São perigosos e não são amigos, pelo contrário: só pretendem obter vantagem”. João Pinheiro ouviu-o atentamente e, logo depois, procurou tranquilizá-lo: “Uai, compadre, deixe comigo. Eles não terão vez!”.

Alguns dias depois, ele enviava um telegrama para o compadre, com um texto curto, mas muito abrangente: “Eles apareceram pt Eu estou gostando!”. Mesmo assim, a velha e inteligente raposa da política mineira se deixou sucumbir pela magia dos áulicos, que são imbatíveis na arte de seduzir os poderosos, para abandoná-los depois que conquistaram tudo na arte da vassalagem. Daí para o salto alto é rápido, porque os áulicos têm o dom de massagear o ego de quem tem o poder ou está na expectativa de conquistá-lo, uma presa fácil, sem dúvida, para os seus projetos.

A candidata do PT, Dilma Rousseff – ao tomar conhecimento de uma pesquisa do instituto Datafolha, segundo a qual havia a possibilidade de ela vencer no primeiro turno, com 47% dos votos, contra 30% de José Serra –, afirmou de forma muito clara que “pesquisa não ganha eleição”. Todavia, segundo admitem até mesmo alguns companheiros de Dilma, ela – que jamais havia disputado uma campanha eleitoral e até então parecia estar imune ao salto alto – não conseguiu resistir ao clima do já-ganhou, certamente estimulado pelos bajuladores de plantão, de olho no futuro governo.

Não é de hoje, nem para o PT nem para a oposição, que os áulicos agem, seja na esquerda, seja na direita, pois o que lhes importa é ser favorecidos pelas benesses do poder, sem compromisso com nenhum. Há exatamente quatro anos, Valter Pomar, historiador e secretário de Relações Exteriores do PT, já alertava os companheiros para os riscos de o partido, entusiasmado com o favoritismo de Lula nas eleições de 2006, ter uma recaída e voltar a subestimar os seus adversários na disputa pelo segundo mandato. O risco do salto alto não se limitou, naquele ano, apenas ao retorno da figura do “Lulinha, paz e amor”.

Prevalece uma convicção na política de que, quando se está no alto ou na frente, não se deve desprezar o adversário, sob pena de escorregar e perder o controle da situação.

Dilma – que não é apenas iniciante em campanha eleitoral, mas convive também com a carga emocional de disputar o cargo mais importante do país, só depois que emergiram os escândalos na Casa Civil, tendo Erenice Guerra, seus filhos, seu marido e agregados como protagonistas, trazendo à tona um propinoduto que parecia não ter mais fim – colocou bem firme os dois pés no chão, para evitar o salto alto, que já causou muitas perdas e danos na vida pública brasileira. Na véspera do primeiro turno, por exemplo, durante um compromisso de campanha na região do ABC paulista, ela evitou o clima do já-ganhou, que prevalecia aonde ela chegava.

“Ninguém está preparando festa nenhuma. Temos muito respeito pelo processo eleitoral”, afirmou no sábado. Mas ocorre que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal tinha protocolado uma solicitação de reforço policial para uma comemoração pela sua vitória na corrida pela faixa presidencial. Para não prevalecer qualquer dúvida, o pedido, transmitido na sexta-feira, tinha em destaque o timbre do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um órgão da Presidência da República, para reforço de segurança na Esplanada dos Ministérios a partir das 19 horas, ou seja, duas horas depois do fim da votação, para caso se confirmasse sua vitória já no primeiro turno.

Prevalece a convicção de que a perda de pontos da candidata do PT começou depois do escândalo na Casa Civil, antes ocupada pela candidata, que foi substituída por Erenice. Além disso, a queda de popularidade pareceu tomar uma direção irreversível quando o presidente Lula passou a fazer discursos combatendo a liberdade de imprensa. A atitude do presidente, que ameaçou derrotar alguns jornais e revistas que estariam se comportando como partidos políticos, levou a sociedade brasileira a se manifestar em defesa da imprensa.

A certeza do segundo turno, que não estava previsto para o PT, nem para Dilma, levou a candidata a realizar uma reflexão necessária, seguida de uma ação e de uma reação. Na segunda-feira, o “day after” para os petistas, a presidenciável convocou os governadores e sena-dores eleitos para mudar completamente o jogo, longe do salto alto que prevaleceu nos primeiros meses, quando as pesquisas revelavam seu favoritismo junto ao eleitorado. Preferência que, aliás, contou muito com o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cacifou a candidatura do alto do seu prestígio político e do altíssimo percentual de aprovação popular.

Um dos pontos principais seria, de imediato, motivar a militância, que não repetiu a performance das campanhas anteriores, com a onda vermelha envolvendo o país. Além disso, a candidata concluiu que será necessário reconquistar os votos dos evangélicos e dos católicos, que debandaram quando passou a correr pelo ciberespaço da internet que Dilma seria a favor do aborto. De igual forma, disseminou-se como vírus virtual a frase, atribuída a ela, de que “nem Jesus evitará a vitória”, considerada uma blasfêmia. Por causa da falta de comunicação, estes fatores combinados, seguramente, levaram a petista a perder os votos suficientes que assegurariam sua eleição já no primeiro turno.

Na reunião da segunda-feira, Dilma ressaltou que só percebeu essa situação muito tarde, mas asseverou que era tempo de reagir. Para isso, ela recrutou aliados que, na reta final do primeiro turno, advertiram a cúpula do PT de que a demonização de Dilma simplesmente ganhava espaço em todo o país. Na mesma época, Marina Silva conquistava mais simpatizantes e, nas igrejas católicas, padres conservadores orientavam seus fiéis a não votar na petista. Mas Dilma sabe que não será fácil mudar a convicção de católicos e evangélicos que consolidaram essa impressão sobre ela.

Político experiente, Tarso Genro, eleito para governar o Rio Grande do Sul, depois de participar da reunião em Brasília, não demonstrou segurança de que a estratégia que estava sendo montada teria ou não resultado para reverter o favoritismo da candidata petista. “Não sei se os ataques vão cessar. Foi uma estratégia bem montada pelo PSDB, com seus apoiadores na grande mídia”.

Não será fácil, principalmente porque a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu que continuará combatendo o aborto, inclusive lançando a campanha “Em Defesa da Vida”, que será divulgada para todo o país. A iniciativa conta com reforço do site da Pastoral Familiar, segundo o qual “diante de tantas ameaças que atualmente a vida vem sofrendo, é nossa missão reafirmar sua importância inestimável”. Também as paróquias foram orientadas a organizar atividades para homens públicos, como vereadores, deputados, prefeitos, governadores, com o propósito de difundir as “leis a favor da vida e da saúde pública”.

Socorrendo o PT, Gabriel Chalita (PSB), segundo candidato a deputado federal mais votado em São Paulo, eleito com 560 mil votos, se alistou como voluntário, colocando a favor da causa de Dilma o seu relacionamento com a ala carismática da Igreja Católica. “Eu me empenharei pessoalmente nisso. Não é só uma defesa da Dilma, mas da maturidade no debate político”, ressaltou Chalita. O aparente desinteresse de seu gesto perde força, porque ele está ambicionando sua convocação para ser ministro da Educação em um eventual governo de Dilma Rousseff, o que descaracteriza sua imparcialidade.

Na terça-feira, o presidente Lula reuniu todos os correligionários de fé, no Palácio da Alvorada, para analisar as perdas e os danos do primeiro turno e para também montar uma estratégia para o turno decisivo, com a participação de governadores, senadores e deputados. Ele sugeriu que, a 26 dias das eleições, era preciso avaliar os erros e como não repeti-los na reta decisiva, do tudo ou nada. O salto alto, sem dúvida, foi o vilão na derrota parcial. Na verdade, o clima do já-ganhou foi tanto que o PT chegou a ponto de organizar, com detalhes, a festa da vitória de Dilma Rousseff.

O salto alto chegou até a cabeça do mais importante e contagiou todos os governistas, com o presidente empenhado em acertos de contas com adversários, ao mesmo tempo em que entrava em rota de colisão com a imprensa, radicalizando como uma metralhadora giratória. Durante o encontro da terça-feira, lógico que o próprio Lula teve de ouvir críticas à sua postura durante a campanha, principalmente à sua incontinência verbal, que foi interpretada pelo cidadão comum, que votaria na legenda dele, como arrogância, fazendo muitos votos migrarem para Marina Silva ou José Serra.

Descalçando o salto alto e optando pela sandália da humildade, o mentor da candidatura de Dilma admitiu: “Em alguns estados, fui duro, forcei o discurso”. Ele ouviu também o líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Alves (RN), que não mediu palavras para afirmar o que pensava: “A gente tem que ganhar a eleição. É jogar o salto alto e a blindagem em torno da candidata na lata do lixo. Agora, é usar as sandálias Havaianas”.

No dia anterior, na segunda-feira, procurando ainda descobrir a caixa-preta do desastre eleitoral no domingo passado, Dilma ouviu a análise de alguns conselheiros, como os governadores reeleitos Eduardo Campos (PSB-PE) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), além do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), cujas presenças foram reforçadas pelo presidente Lula, que chegou depois de iniciado o debate informal. O diagnóstico formulado pelo pernambucano foi assimilado por todos, principalmente quando concluiu que os votos obtidos por Marina Silva foram como se os eleitores estivessem lhes dando “uma certa lição”.

Eduardo Campos, diante de uma plateia atenta, até fundamentou a sua tese: “O Brasil vai ter neste segundo turno um Lula mais paz e amor, vocês vão ver. O que temos que fazer agora é conversar com os eleitores de Marina, porque muitos eleitores entenderam que era preciso dar uma certa lição e não nos dar a vitória em primeiro turno. Muitos até com quem conversei disseram que têm até um arrependimento, porque viabilizaram o segundo turno”.

Sem a arrogância de antes do susto que teve no domingo, Lula – somando ideias com os conselheiros e amigos que se reuniram com ele na terça-feira – definiu alguns pontos estratégicos para o segundo turno. A agenda religiosa, por exemplo, como também a polêmica sobre o aborto simplesmente seriam “deletadas”, com rigor e imediatamente. Ele até concorda que a oposição procure provocar o debate sobre o tema, mas aconselhou que não deixasse que o assunto tomasse todo o espaço, o que levaria a eleição para um plebiscito informal.

Diante de todo o estrago contabilizado politicamente (quem diria?), o próprio Lula sugeriu que a candidata lançasse uma ponte em direção à imprensa, conselho que veio logo dele, que tudo fez para dinamitá-la.

Demonstrando que sabem agir e reagir, ao contrário do que seus adversários falavam no primeiro turno, os tucanos promoveram em Brasília, na quarta-feira, um ato de campanha com as suas principais lideranças, com o próprio José Serra esbanjando otimismo. Fernando Henrique, antes esquecido, passou a ser citado pelo próprio candidato, que anteriormente evitava até mesmo mencionar o seu nome. Essa mudança ocorreu depois de uma conversa que o presidenciável teve com Aécio Neves, ao afirmar que o governo Lula não teria o sucesso que obteve sem as conquistas deixadas pelos antecessores.

Com o dever de casa feito, José Serra, em seu discurso, lembrou que Itamar Franco deu a cobertura para o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lançar as bases do Plano Real. “O real é do Itamar, do Fernando Henrique. O real eliminou a nuvem de poeira quente que sufocava o país. Porque a gente sabe que quem paga o pato pela inflação são os pobres”. Logo depois, o próprio Aécio Neves afirmou que defender a privatização deveria ser a primeira atitude da nova fase da campanha e que não se deveria ter vergonha de falar sobre o tema. “Devemos defender isso com altivez e iniciar o segundo turno falando dele”.

O governador eleito de Minas Gerais manifestou a convicção de que o governo Lula teria aparelhado a máquina pública e até argumentou por que: “Uma campanha [da Dilma Rousseff] que se baseou no “nós contra eles”. Primeiro, pelo aparelhamento da máquina. A campanha do Serra vai dizer: o Brasil somos todos nós. Não queremos mais um governo a serviço do aparelhamento da máquina”.

Itamar Franco, já na condição de senador eleito, fez críticas a Lula e Dilma em seu discurso, além de fazer observações sobre o comportamento de José Serra, no estilo pão, pão, queijo, queijo. O político mineiro sugeriu que eles tivessem cautela diante dos mais otimistas, quando afirmam que o tucano já está com tudo para ser o sucessor: “Se não enfrentarmos, se ficarmos falando só na nossa biografia, se não mudarmos o nosso discurso [não seremos vitoriosos] (...). O segundo turno é uma nova eleição. Temos que corrigir erros e aferir a nossa bússola”. Ele fez uma pausa e depois acrescentou, com mais ênfase: “Seja mais Serra, seja mais o senhor do que o marqueteiro. Vossa Excelência tem uma vida limpa. Não precisamos esconder quem quer que seja do nosso lado. O povo quer saber o que pensamos, qual o pensamento dos problemas estruturais. Ninguém inventou o Brasil. Se não, teríamos de chegar à conclusão de que quem abriu os portos do Brasil não foi dom João VI, mas sim o presidente Lula”.

Quem também levou chicotadas com raio laser do presidente nacional do seu partido, Roberto Freire, foi o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Freire criticou a escolha de Ciro, feita por Lula e Dilma, para que o político cearense seja um dos coordenadores da campanha petista: “Ciro vai coordenar um ajuntamento de assaltantes? Pois é assim que ele se referiu ao PMDB. Como fica o PMDB nisso? O Ciro tem dificuldades para coordenar a própria campanha, imagine a dos outros. Posso falar por experiência própria, quando fizemos a campanha de 2002”.

O próprio presidente Lula, por sua vez, fez o dever de casa para Dilma. O presidente começou por convocar a militância e os aliados. Em seguida, fez esforços no sentido de reajustar a imagem da candidata, a fim de que ela pareça mais simpática, sem que fique demasiadamente monitorada pelo marketing da campanha. Para Lula, ela deve estar com mais naturalidade. O ponto mais sensível para o segundo turno também entrou na lista da candidata, que é o tema do aborto. O presidente acredita que ela deve ter todo o cuidado para não dar força ao debate, porque ela só tem a perder se falar sobre o assunto, que contribuiu muito para que ela fosse ao segundo turno.

Quem retornou à mídia, na quarta-feira, foi a candidata derrotada do PV, Marina Silva. Em uma reunião com os aliados, em São Paulo, ela criticou alguns dirigentes de seu partido que estão na expectativa de conquistar cargos no governo federal. Para ela, uma eventual negociação nesse sentido, para o segundo turno, significaria “se apequenar”. Marina mostrou-se determinada: “Quatro ministérios para o PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho estatal. Já estaria bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade”.

Também Dilma já começou a ter problemas com os principais líderes do PMDB, que se reuniram na quarta-feira, em Brasília, para que chegassem a uma definição sobre como irão compartilhar o plano de poder. O líder da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que o partido não aceita a história de eleição para um só partido: “Ou ganhamos juntos ou perdem aqueles que se julgam donos dos votos porque governam”.

Dilma que se prepare para perder muitas noites de sono a partir de agora.

Lula, sua Popularidade e a Imprensa

Um admirador do Lula criticou-me por minha postura contra o seu admirado e desafiou-me a ler a imprensa internacional, insinuando que a imprensa brasileira não retrata verdadeiramente a grande contribuição que o Lula deu ao Brasil.

Eu, e não por acaso, leio rotineiramente vários jornais estrangeiros todos os dias, via internet.

Mas o que causa espanto é a sugestão de que, vivendo no Brasil, tenha que recorrer a jornais e revistas estrangeiros para saber o que o presidente do meu país está fazendo.

Faz sentido?

Segundo as pesquisas (ah!, as pesquisas . . .), o Lula tem 80% de aprovação popular. Será que os 20% que não o aprovam estão todos trabalhando para os jornais e TVs brasileiros?

Será que só o Mino Carta enxerga a realidade?

E por que a imprensa brasileira estaria contra o Lula, se ele tem 80% de aprovação? Os seus admiradores e aprovadores continuam comprando jornais e assistindo os canais de televisão que falam mal do seu líder?

Deveria ser o contrário, não é mesmo?

A "Carta Capital", revista que se especializou em elogiar tudo que o Lula e seu partido fazem, deveria estar com uma circulação "nunca antes" vista no nosso país.

E os grandes jornais, como o Estadão, Folha, Globo, etc., deveriam estar morrendo às mínguas.

Os autocratas não gostam de críticas. Todos os ditadores, sem exceção, controlam e controlaram a imprensa, como ferramenta de controle das massas.

Para o Lula e seu partido, a democracia ideal é aquela onde só exista um partido político e um jornal/TV, controlados pelo Estado.

Assim, fica muito mais fácil. O Lula escolhe a Dilma, o partido único apóia, a imprensa única elogia e todos vivem felizes o resto de suas vidas.

Em vez de eleições ( do Aurélio: eleição: s.f. Escolha feita por meio de sufrágio: eleição por sufrágio universal.), teríamos uma grande festa nacional, com muito chope e shows com muitos artistas, para ungir a sucessora escolhida pelo grande Führer, err, quero dizer, líder (desculpem, é que vivendo em Santa Catarina às vezes troco o português pelo alemão).

Mas, felizmente, não é assim.

Como o Lula e o PT devem ter aprendido (ou não) no último domingo, o povo brasileiro no seu todo, não é massa de manobra.

Não sei quem vai ser eleito, mas pela rejeição caracterizada pelos votos contra, nulos ou por uma das maiores abstenções da era democrática brasileira, a candidata do Lula vai ter que convencer muita gente para subir a rampa.

P.S.: Só para esclarecer aos não versados no idioma bávaro, Führer traduz-se como "condutor", "guia", "líder" ou "chefe". Deriva do verbo führen, "para conduzir".

Candidatos, Pesquisas e Feiticeiros

Trechos do artigo do espanhol José Andrés Torres Mora, professor de Sociología e deputado socialista, publicado no "El País" de 20/9.

1 - Quando eu penso sobre a relação dos sociólogos eleitorais (analisando pesquisas), com os políticos, sempre me recordo de uma piada contada pelos antropólogos sobre uma aldeia de índios Hopi, perto de um observatório meteorológico. Depois de uma longa seca, os índios começaram a pressionar o novo feiticeiro da aldeia para que fizesse a dança da chuva. O bruxo tentou adiar a cerimônia para ver se chovia. A pressão da tribo culminou em ameaças sérias. Encurralado, o feiticeiro organizou a cerimônia e depois da tribo dançar até tarde da noite, disse aos índios que antes de dormir tirassem todos os seus potes para coletar água. Quase ao amanhecer, o feiticeiro fugiu da aldeia. Mas antes foi até o observatório meteorológico e ali viu um homem com um casaco branco, se aproximou dele e perguntou: "Você poderia me dizer se vai chover hoje?". O homem respondeu sem hesitar: "Sim". O feiticeiro perguntou ao cientista: "Como você pode ter tanta certeza?", ao que o cientista respondeu: "Porque os índios da aldeia lá embaixo colocaram seus potes para recolher a água da chuva."

2. Ao se escolher um candidato exclusivamente a partir das pesquisas se produz uma tautologia: o melhor candidato é aquele que segundo a pesquisa tem maior probabilidade de vencer. No entanto, é possível pensar que o melhor candidato, coincidindo ou não com a pesquisa, é aquele que tem mais competência na hora de resolver os problemas, aquele que demonstra maior coragem moral frente à injustiça, aquele que tem o melhor projeto ou qualquer outra qualidade que você acha ser importante para governar, e que sendo conhecida será também reconhecido pelos eleitores como algo valioso. As coisas mudam como resultado de nossas ações, e muitas vezes em um sentido diferente do que o esperado.

3. Em pesquisa, a uma pergunta impossível, uma resposta inútil. A política não pode ser reduzida a uma ciência, seja econômica, sociológica ou qualquer outra. A política tem de responder aos problemas que não tenham uma solução científica. A política tem a ver com as decisões cujas consequências são incalculáveis, para as quais não existe uma resposta verdadeira, mas um acordado razoável e apoiada por uma maioria. Alguns acreditam que é suficiente contratar as melhores agências de marketing eleitoral para ganhar uma eleição, que há um método científico para eleger os candidatos e fazer os programas.

4. Nada disso é verdade. Uma decisão política é mais parecida com a aposta de um empreendedor do que com um cálculo matemático. Nenhum sociólogo assumiria, por fazer a estimativa de um resultado eleitoral, a mesma responsabilidade que um arquiteto para a estabilidade de um edifício. Não haverá ninguém a quem reclamar se elegermos o candidato que diz a pesquisa e não o que temos vontade. Não há uma apólice de seguros ou uma empresa que seja responsável pelos danos, são os militantes que terão de arcar com as consequências.

5. Por isso, o melhor conselho que podemos dar a aqueles que vão escolher, é que votem naquele que conscientemente consideram o que melhor os representa e a sua causa, e não aquele apontado por um feiticeiro disfarçado com um jaleco branco de sociólogo. Algo tem as pesquisas que, em nosso país, o legislador proibiu publicá-las alguns dias antes da eleição. A pesquisa que se apresentava, mostrava um mapa da opinião antes da deliberação, mas a democracia não consiste somente em votar, mas sim fazê-lo depois de ter deliberado livremente.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Verdade Pura

Brasil melhorou por conta de NÓS, você e eu, trabalhando e "dando duro", pagando impostos e empregando gente, produzindo renda, estudando e trazendo novas tecnologias, dando o nosso "sangue, suor e lágrimas" para deixarmos um país melhor para nossos filhos, ensinando-os a terem ética, moral, respeito e honestidade. Você e eu, sim, fizemos esse país crescer, como fizeram os nosso pais e avós, apesar da corja de corruptos e ladrões que sempre existiram e existirão no Brasil e em outros países.

O Brasil melhorou APESAR da politica e da politicagem, por que a grande massa é séria, honesta, trabalhadora e competente, MAS tem medo de assumir o seu real e verdadeiro lugar e ocupar os espaços que estão sendo usurpados pelos políticos desonestos.


Cabe a nós sermos mais engajados e "pró-ativos" e tomarmos controle das nossas vidas políticas.

Aviso Aos Navegantes

Nos últimos dias houve uma tentativa de censurar o que eu escrevo e envio para as pessoas que conheço e que acho que merecem saber minha opinião.

Por merecer saber minha opinião, implica em dizer que são pessoas que respeito e, das quais, também quero saber o que pensam, mesmo que suas idéias e opiniões sejam contrárias às minhas.

E estas mensagens abrem as portas para o diálogo democrático.

Com isto estabelecemos uma sadia troca de idéias que, no final, pelo menos me ajudará a pensar melhor e ser um melhor cidadão.

Essa é, na minha concepção, a essência da democracia, um conceito tão antigo e, ao mesmo tempo tão recente no nosso continente, especialmente, no nosso país. Na história republicana do Brasil há mais tempo com a liberdade de expressão tolhida do que o contrário.

E parece que querem trazer estes períodos obscuros da nossa história republicana, de volta, em pleno Século 21.

Esta coluna do Augusto Nunes reflete bem o meu sentimento com relação a este esforço ditatorial que uma minoria pretende usar contra a democracia.

Aviso aos navegantes
Augusto Nunes

Como a coluna avança para a fronteira do primeiro milhão de páginas vistas por mês, vai crescendo o berreiro dos milicianos que, desesperados com a implosão da farsa dos 80% de popularidade, pretendem invadir os territórios ocupados pela resistência democrática. Perdem tempo. Este blog nasceu para combater sem medos nem meias palavras todos os sacerdotes do autoritarismo e seus rebanhos abúlicos. Devotos da ditadura, seja ela qual for, aqui não têm vez. Incontáveis nostálgicos do século 19 estão no coração do poder, prontos para o assalto ensaiado desde sempre pelos stalinistas de chanchada. A coluna é radicalmente democrata. É natural que se oponha ao governo.

Quem frequenta este espaço sabe que aqui se pratica o convívio dos contrários. Ninguém aceita nem tenta impor o pensamento único. Os comentaristas se expressam livremente, divergem entre si, discordam do colunista, escrevem o que querem. Não tenho bandidos de estimação, não sou filiado a partidos, não admito que a aplicação da lei se sujeite à carteira de identidade, à posição política, ao círculo de amigos ou à conta bancária do delinquente. Corrupto é corrupto, liberticidas são todos gêmeos, canalhas são siameses. Culpados devem ser punidos. Ponto.

Como atestam os comentários sobre o último post, nem o candidato da oposição é poupado. Mas só merece participar dos debates quem é provido de autonomia intelectual, pensa com independência, não tem compromisso com o erro, é capaz de rever conceitos e mudar de ideia. Cabeças sem cérebro, ou robotizadas pela rendição incondicional a um demagogo afundado na soberba, não têm o que fazer na coluna. O Programa Bolsa Imprensa espalhou pela internet dezenas de blogs estatizados. Todos hospedam com pompas e fitas o coro dos contentes. Os patrulheiros fanáticos e os servos vocacionais que navegam pela rede devem escolher um deles para a celebração do Brasil Maravilha que Lula inventou.

Verdades milenares são sempre contemporâneas do mundo ao redor. Uma delas se ajusta perturbadoramente ao Brasil deste começo de século. Ensina que os democratas não podem permitir que os pastores da escuridão invoquem cinicamente a liberdade de opinião para a destruição do Estado de Direito.

Ethan Edwards complementa e enriquece o Aviso aos Navegantes

O comentário do ótimo Ethan Edwards sobre o Aviso aos Navegantes complementa e enriquece o que escrevi. Ele falou por mim:

Às vezes é má-fé; às vezes, só ignorância mesmo. Não entendem ou fingem não entender o abecê da democracia. O que chamamos de “liberdade de imprensa” é um direito que, nas sociedades democráticas, se estabelece nas relações entre o governo e os cidadãos. É uma garantia de que o poder do Estado não será utilizado para impedir a livre expressão dos cidadãos. No caso brasileiro, a liberdade de imprensa – ou de opinião, tanto faz – assegura a qualquer cidadão (o que inclui Augusto Nunes) o direito de manter um blog e dizer o que acha do amor, dos colibris, do presidente da República, etc. Se a Justiça concluir que esse cidadão cometeu injúria, calúnia ou difamação, ele será punido nos termos do Código Penal. Ponto. Fim da primeira parte.

Segunda parte. A liberdade de imprensa não rege as relações entre Augusto Nunes e seus leitores. Não obriga, portanto, Augusto Nunes a veicular em seu blog qualquer comentário. O blog tem dono, não é do governo nem é mantido com dinheiro do contribuinte: publicar ou não publicar é decisão exclusiva do blogueiro.

No entanto, se tem esse “lado ruim”, digamos assim, de impedir que os meus inteligentíssimos comentários sejam publicados em alguns blogs, a liberdade de imprensa tem também um “lado bom”: ela assegura ao preclaro cidadão que teve seu comentário rejeitado por Augusto Nunes o direito de dirigir-se a outro blog (o de José Dirceu, por ex.), ou criar o seu, e livremente dizer o que acha de Augusto Nunes, do seu blog e das pessoas que o frequentam.

Não está bom assim? Ou esses argumentos são mais uma prova de que o governo tem-se mostrado muito frouxo por ainda ainda não haver instituído o “controle social da mídia”?

Por Que Lula se Recusa a Debater Com FHC?

Não entendo . . .

O Lula afirma, aos quatro cantos, que é o melhor presidente que o Brasil já teve. Que tudo de bom que existe aqui, foi feito ou proporcionado por ele e por seu governo.

Então, por que se recusa a debater com o Fernando Henrique Cardoso. Por que tem medo?

Vejam a excelente matéria sobre o assunto:

Na reunião que reduziu a residência oficial do presidente da República a comitê eleitoral, o inquilino prestes a devolver o imóvel ordenou aos presentes que, no segundo turno da campanha, comparassem o atual governo ao de Fernando Henrique Cardoso. A determinação animou a coluna a ressuscitar a grande ideia apresentada em fevereiro pelo comentarista Sebastião Silveira: um debate na televisão entre Lula e FHC. Ao fim de duas ou três horas, o eleitorado brasileiro dirá quem lhe pareceu mais sensato, mais preparado, mais seguro, mais convincente.

Há oito meses, Fernando Henrique topou de imediato: “Debate é sempre saudável”, disse. “Aceito, pelo Brasil”. Lula demorou uma semana para responder pela voz de Franklin Martins: “O presidente Lula, quando deixar a Presidência e se tornar um ex-presidente, aceitará debater com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, esquivou-se o ministro da Comunicação Social.

A explicação foi revogada pelo abandono do emprego. Há pelo menos três meses, Lula trocou o gabinete pelo palanque. E acaba de avisar que assim será até o fim do segundo turno. Livre do serviço, tem tempo de sobra para desincumbir-se pessoalmente da missão confiada aos aliados. Como repete de meia em meia hora que nunca antes neste país houve um governante tão iluminado, não devem faltar argumentos para vencer o debate.

Reapresentado o convite, o ex-presidente reiterou que está pronto para o duelo. Se o chefe de governo que virou chefe de comício recusar o confronto pela segunda vez, o país inteiro saberá que FHC está para o SuperLula como a kriptonita para o Super-Homem. Melhor não chegar perto.

Ideli "mensalão" Salvatti

Ideli Salvatti, o berreiro à procura de uma idéia, lutou bravamente pela derrota em Santa Catarina.

Que emprego merece ganhar em janeiro?
  • Babá do neto de Dilma Rousseff
  • Professora de oratória de Tiririca
  • Estilista particular de Marta Suplicy
  • Consultora de boas maneiras de Marco Aurélio Garcia
  • Personal trainer de Cândido Vaccarezza
  • Acompanhante de Marisa Letícia S
  • ócia de Wellington Salgado num salão de cabeleireiro

Ideli "mensalão" Salvatti, ex-senadora, ex-líder do governo-defende-mensalão-no-congresso, ex-candidata "com certeza vai ganhar, veja as pesquisas" do PT para o Governo de Santa Catarina e companheira de palanque do Luiz Inácio "deixa que eu inauguro" Lula da Silva está, mais do que nunca, fazendo campanha pra Dilma.

Afinal, se a marionete do Lula não ganhar, ela vai viver de que?

DERROTA POLÍTICA DO LULO-PETISMO

DERROTA POLÍTICA DO LULO-PETISMO

Augusto de Franco

Marina contribuiu para separar o joio do trigo em uma base eleitoral que o governo acreditava cativa e abriu fenda no esquema neopopulista

Contra fatos não há argumentos.

E "o dado concreto" é que os brasileiros, em sua maioria, não apoiaram o terceiro mandato de Lula (por interposta pessoa).

Os quase 47% dos votos de Dilma configuram uma derrota política, se considerarmos o fortíssimo empenho da máquina estatal a favor de sua candidatura e o engajamento exorbitante do presidente da República -como "nunca antes se viu neste país"- em prol da sua vitória no primeiro turno.

Com efeito, Lula abandonou a sua posição de magistrado para se engajar na guerra eleitoral da forma mais rasteira, transformando vítimas em culpados, levantando solertes suspeições, falsificando a opinião pública, investindo contra a liberdade de imprensa.

Ele cometeu esse erro porque estufou com seus 80% de popularidade. Perigo!

Em política, a hiperinflação do ego costuma vir acompanhada de pretensões despóticas. E o sujeito possuído pelo mito que criou sobre si mesmo acredita-se o único eleitor e acaba confundindo popularidade com legitimidade.

Em certa época, 99% dos albaneses achavam o governo do ditador Hoxha ótimo ou bom. Saddam, nos seus tempos de glória, alcançou 96% de aprovação dos iraquianos. Fujimori, quando deu um golpe em 1992, dissolvendo o Congresso e intervindo no Judiciário, chegou a 80% de popularidade no Peru.

Na lista das duas dezenas de ditadores remanescentes, de Lukashenko (em Belarus) a José Eduardo (em Angola), de Kim Jong Il (na Coreia) a Gaddafi (na Líbia), dos irmãos Castro (em Cuba) a Mugabe (no Zimbábue) passando por al-Bashir (no Sudão), temos um verdadeiro festival de campeões de popularidade.

Todos esses autocratas, a despeito dos votos que teriam ou tiveram, eram e são ilegítimos. Lula deveria refletir sobre isso.

Mas, independentemente do resultado do segundo turno, uma derrota política mais profunda do lulo-petismo já começou.

Porque a degeneração da política que atingiu o coração do governo-partido aborreceu seu público mais íntegro e criativo. Quem tinha um pouco de honestidade e espírito inovador não via a hora de pular fora daquele antro.

Quando apareceu uma candidatura alternativa, como a de Marina, a porta se escancarou. Militantes, simpatizantes e eleitores que ainda votavam no petismo para não parecer retrógrados acorreram para a saída, aos milhões.Marina contribuiu para separar o joio do trigo numa base eleitoral que o governo acreditava cativa.

Abriu uma fenda no esquema neopopulista, que só tende a se alargar. Lula e o PT ficaram com o joio.

Restaram-lhes, além das vítimas do clientelismo assistencialista e os mesmerizados pela sua retórica, os militantes mais deformados e os negocistas da política.

Tudo isso dependeu, em parte, do discurso inovador de Marina, mas, muito mais, da situação que objetivamente se configurou.

Mesmo que ela, Marina - tentada a se construir como liderança mítica substituta de Lula ou como chefe de uma espécie de "PT do bem"-, não recomende o voto em Serra no segundo turno (o que seria um erro), o estrago no lulo-petismo está feito.

AUGUSTO DE FRANCO, 60, escritor, é autor, entre outras obras, de "Alfabetização Democrática". Foi conselheiro e membro do Comitê Executivo da Comunidade Solidária durante o governo FHC (1995-2002). Foi membro da direção nacional do Partido dos Trabalhadores de 1982 a 1993.

TFP - Trapalhadas, Falcatruas e Picaretagens

TFP - Trapalhadas, Falcatruas e Picaretagens

Reinaldo Azevedo

José Eduardo Dutra, presidente do PT, sempre tão eloqüente no Twitter, famoso por seu senso de humor petista, chapa de um monte de jornalistas desde os tempos em que era senador, parece à beira de um ataque dos nervos.

Eu o vi ontem na TV: estava lívido. E promete reagir. Já chego lá.

Eu continuo não sabendo quem vai ganhar as eleições.

Todos aqueles que sabiam e que estavam certos de que Dilma Rousseff, do PT, venceria o embate já no primeiro turno quebraram a cara, foram desmoralizados — foram, na verdade, derrotados. Não se deram por vencidos.

Correram atrás de uma explicação e, em sociedade com o PT, resolveram “culpar” por seu erro a suposta migração do voto evangélico ou, mais amplamente, cristão.

O tiro saiu pela culatra. Acabaram criando uma causa.

Não sei quem vai ganhar, mas que é divertido ver o desespero de petistas, ah, isso é.

Acostumaram-se a ser os comandantes da boataria; acostumaram-se a destruir reputações na Internet; acostumaram-se a pautar a imprensa contra adversários — e são ainda bastante poderosos nisso.

Mas, desta feita, estão em palpos de aranha, esperneando, tentando escapar da armadilha que acabaram criando para si mesmos. A palavra de ordem da hora é ameaçar os “adversários” com uma tempestade de ações judiciais e com a polícia. Só que há um probleminha aí.

Em 2006, os petistas inventaram que Geraldo Alckmin iria privatizar a Petrobras, a CEF e o Banco do Brasil. A mentira pegou. NENHUM JORNALISTA CHAMOU AQUILO DE “BAIXARIA”.

Em 2010, o que pegou foi a verdade: Dilma efetivamente concedeu aquelas entrevistas defendendo a descriminação e a legalização do aborto. E agora se equilibra na corda bamba.

Ontem à noite, ela se dizia “contra o aborto”. A favor, convenham, ninguém é. A questão está na criminalização ou não da prática. Sem truques, candidata!

Polícia Federal
Os petistas são doidos para chamar a Polícia Federal. Em 2006, diga-se, ela precisou ser chamada — contra os aloprados do PT, não é mesmo? Ontem, Dutra anunciou — segundo informava Andrea Jubé Vianna no Estadão Online — que pedira à PF ”a abertura de inquérito para investigar a autoria” de um panfleto supostamente distribuído pela TFP (Tradição, Família e Propriedade) no encontro de oposicionistas ocorrido na quarta. Segundo a reportagem, “o texto orienta como difundir uma campanha contra Dilma na internet.”

Duas coisas:
1- Dutra pode pedir, no máximo, à PF que investigue alguma coisa. O órgão vai decidir se cabe investigação ou não. Não é o presidente do PT que decide se há inquérito ou não;
2 - o tal panfleto nem toca no nome de Dilma Rousseff nem orienta campanha.

Eis o PT trabalhando, apostando na confusão. Agora vamos pensar o conjunto da obra.

O tal papelucho atribuído à TFP, que não aceita mulheres, estava sendo distribuído por uma… mulher!

A organização, que está rachada no Brasil, mal existe.

As correntes mais tradicionais da Igreja Católica não costumam querer qualquer proximidade com a TFP, que, enquanto teve alguma importância, recusava a autoridade do Vaticano.

Mas isso ainda poderia ser o de menos. O fundamental vem agora: por que diabos alguém distribuiria um panfleto anti-PT ou anti-Dilma (o nome dela nem aparece no texto) num encontro de oposicionistas?

Para convencer quem do quê? Com que propósito?

Quem quer que tenha tomado tal iniciativa buscava, evidentemente, associar as oposições a um grupo ultra-reacionário, que, em tese ao menos (se tivesse existência real), vive às turras com a autoridade do próprio papa.

A quem interessa tal associação? Ao PSDB? Seria conveniente mesmo que a Polícia Federal investigasse. Afinal, tucano não é jumento.

A lambança toda não deixa de ter um aspecto curioso porque o trecho do papelucho que mais “chocou” diz o seguinte sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos:

“O PNDH-3 é um projeto de lei que tem por objetivo implantar em nossas leis a legalização do aborto, acabar com o direito da propriedade privada, limitar a liberdade religiosa, perseguir cristãos, legalizar a prostituição (e onde fica a dignidade dessas mulheres?), manipular e controlar os meios de comunicação, acabar com a liberdade de imprensa, taxas sobre fortunas o que afastará investimentos, dentre outros. É um decreto preparatório para um regime ditatorial“.

A pessoa que o redigiu para tentar, evidentemente, transformar as oposições em algozes e os petistas em vítimas — dando a Dutra a chance de pedir à PF “a abertura de um inquérito” (como se ele pudesse…) — soube ser bastante realista ao resumir o plano. Uma tramóia, afinal, precisa ser verossímil.

Vejam:
1 - Aborto - o plano, com efeito, trazia como diretriz a legalização do aborto. Tanto trazia que Lula foi obrigado a recuar. Estava lá não “Ação G” do Objetivo Estratégico III:
g) Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos.
( ) verdade ( ) mentira
Como ficou - Diante dos protestos, o governo mudou o texto, que ficou assim: “Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde”. É uma forma oblíqua de defender a descriminação, é claro.

2 - Direito de Propriedade - o plano, com efeito, relativiza o direito de propriedade ao propor que juízes só determinem a reintegração de posse de área invadida depois de promover audiências de que participem os invasores. Temos lá na “Ação D” do “Objetivo Estratégico VI:
d) Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos, com a presença do Ministério Público, do poder público local, órgãos públicos especializados e Polícia Militar, como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares, sem prejuízo de outros meios institucionais para solução de conflitos.
( ) verdade ( ) mentira
Como ficou - Nesse caso, a mudança foi ridícula. Manteve a proposta da audiência com invasores, mas “sem prejuízo de outros meios institucionais”.

3 - Perseguição religiosa - o plano, com efeito, defendia uma variante de perseguição religiosa ao determinar, na prática, que todos os crucifixos fossem retirados de repartições públicas. Está lá na “Ação C” do Objetivo Estratégico VI:
c) Desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.
( ) verdade ( ) mentira
A proposta foi eliminada na nova redação.

4 - Prostituição - O plano, com efeito, propõe a regulamentação da prostituição na “Ação N” do Objetivo Estratégico VI, a saber:
“Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão.
( ) verdade ( ) mentira
A proposta foi mantida.

5 - Liberdade de imprensa - o plano, com efeito, instituía uma forma oblíqua de censura em vários trechos. Cito a “Ação A” do Objetivo Estratégico I, entre outras:
a) Propor a criação de marco legal regulamentando o art. 221 da Constituição, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos, permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação, prevendo penalidades administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo com a gravidade das violações praticadas.
( ) verdade ( ) mentira
Como ficou - A nova redação se limite a falar na regulamentação do artigo 221 da Constituição, sem os outros penduricalhos.

6 - Taxação de Grandes fortunas - O plano, com efeito, essa diretriz na Ação D do Objetivo Estratégico II:
d) Regulamentar a taxação do imposto sobre grandes fortunas previsto na Constituição.
A proposta foi mantida.

Caminhando para o encerramento
Pronto! Se o inquérito for aberto, já quebrei um galhão para a PF. O trecho pode omitir algumas pequenas mudanças, mas mentiroso, em si mesmo, não é. Assim, é preciso, então, investigar outra coisa: quem estava circulando numa reunião de oposicionistas, dizendo-se da TFP, cometendo a ridicularia de distribuir panfletos contra o governo numa reunião que já é, por natureza, antigoverno, depositando-os, de modo estratégico, na mesa do cafezinho?…

O anúncio de Dutra é uma tentativa de criminalizar as oposições para tentar tirar o foco do essencial nesse caso: as declarações dadas por Dilma em favor da descriminalização do aborto e a histórica e comprovada militância do PT e do governo Lula em favor dessa causa.

É ou não é, Dutra? Por enquanto, os truques não estão funcionando.

FESTA NA VÉSPERA

Este artigo foi escrito nas vésperas do primeiro turno. A análise é perfeita.

FESTA NA VÉSPERA - por Míriam Leitão

Então é isso? Uma eleição cuja campanha começou antes da hora acabou antes que os votos sejam depositados na urna? A vencedora de véspera já estendeu a mão, magnânima, à oposição; seus dois maiores caciques começaram uma briga intestina; cargos são distribuídos entre os partidos da base e os assessores já preparam os planos e projetos.


Fala-se do futuro como inexorável.

O quadro está amplamente favorável a Dilma Rousseff, mas é preciso ter respeito pelo processo eleitoral.

Se pesquisa fosse voto, era bem mais simples e barato escolher o governante. Imagina o tempo e o dinheiro poupado se pesquisas, 30 dias antes do pleito, fossem suficientes para o processo de escolha? A estrutura da Justiça Eleitoral, as urnas distribuídas num país continental, mesários trabalhando o dia inteiro, computadores contando votos; nada disso seria necessário. Mas como eleição é a democracia num momento supremo, respeitá-la é essencial.

Os que estão em vantagem, e os que estão em desvantagem, não podem considerar o processo terminado porque isso amputa a melhor parte da democracia, encerra prematuramente o precioso tempo do debate e das escolhas.

Dilma já sabe até o que fará depois de ser eleita, como disse na sexta-feira: "A gente desarma o palanque e estende a mão para quem for pessoa de boa vontade e quiser partilhar desse processo de transformação do Brasil." Os jornalistas insistiram, ela ficou no mesmo tom: "Estendo a mão para quem quiser partilhar. Eu não sei se ele (Serra) quer. Você pergunta para ele, se ele quiser, perfeitamente." Avisou que se alguém recusasse, não haveria problema: "Pode ficar sem estender a mão, como oposição numa boa que vai ter dinheiro." Já está até distribuindo o dinheiro público.

Feio, muito feio.

Por mais animador que seja para Dilma os resultados da pesquisa - e deve ser difícil segurar a ansiedade - ela deveria pensar em algumas coisas antes.

Primeiro, que falta o principal para ela ganhar: o voto na urna.

Segundo, que o eleitor muda de ideia na hora que quer, porque para isso é livre.

Terceiro, que, novata em eleição, deve seu sucesso a fatores externos a ela: o presidente Lula, o momento econômico e a eficiência dos seus marqueteiros.


Aliás, o marketing de Dilma tem sido tão eficiente em aparar todas as arestas de sua personalidade que criou uma pessoa que nem ela deve conhecer.

O salto alto não é só dela, a bem da verdade.

A síndrome das favas contadas se espalha por todo o seu entorno, cada vez mais desenvolto.

Por isso já começaram a brigar os generais de cada uma das bandas: Antonio Palocci e José Dirceu.

Da última vez que brigaram, os dois caíram. A disputa dos partidos da base de apoio pelos cargos públicos, como se fossem os despojos da guerra já vencida, é um espetáculo que informa muito sobre valores, critérios e métodos do grupo.

A desenvoltura do já ganhou é tanta que até o presidente Lula, dono da escolha autocrática de Dilma, parece meio enciumado e reclamou que já falam dele no passado. E avisou: "Ainda tenho caneta para fazer muita miséria."

A declaração inteira é reveladora: "Tem gente que fica falando aqui como se eu já tivesse ido embora, mas ainda tenho quatro meses e alguns dias de governo. Alguns falam como se eu já tivesse ido. Tem gente que se mata para ser presidente por um dia e ainda tenho quatro meses e alguns dias. Ainda tenho a caneta para fazer muita miséria nesse país."

O sentimento é um perigo. O presidente Lula já está fazendo miséria.

Atropelou o calendário eleitoral, zombou das multas na Justiça, pôs o governo que dirige para trabalhar pela sua candidata como se a máquina pública fosse um partido político.

"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las."
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