sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Uma análise sobre o discurso de Dilma à sua arquibancada de ministros.

Em homenagem a Sergio Porto, criador de Stanislaw Ponte Preta e o
Festival de Besteira que Assola o País.
Ver Dilma Rousseff falando por 40 minutos em sua primeira reunião com os novos ministros é como assistir um filme surrealista sem graça. A presidente poderia ensinar a qualquer um a arte de driblar a realidade, vivendo no país de João Santana, o único marqueteiro que enganou milhões de pessoas e se orgulha disso, tendo ganho 70 milhões na última campanha e estando vivo para contar. Cobrando dos incontáveis ministros e ministras,que não couberam na foto oficial, mais empenho na “arte de se comunicar”, Dilma mal consegue ler seu discurso nas duas telas de alta geração que reproduzem os textos. Sua língua trava, o cérebro também e fica-se com a sensação de que, a qualquer momento, aquela pessoa que está falando vai parar de funcionar, com fumaça saindo de sua cabeça feito desenho animado.
Quando Dilma nos leva a seu país das maravilhas, guiada pelo coelho Santana, temos uma experiência reveladora: ouvimos que o governo do PT “preparou o Brasil para a era do conhecimento”. Enquanto isso, apenas com seu lucro trimestral, a Apple, de fato preparada para a era do conhecimento, poderia comprar todas empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores, com exceção da AMBEV. Dilma, muito orgulhosa, lembrou do slogan do coelho Santana, “pátria educadora”, se esquecendo da sabedoria popular mais básica: a educação se dá por exemplos. Neste exato momento, milhões de brasileiros aprendem, com o PT, o verdadeiro mote de governo: roube. Roube bastante, porque nada vai lhe acontecer e, se por um milagre, acontecer de um ministro no STF lhe prender, você será tratado como herói do povo brasileiro, e passará a ser um presidiário turista, como José Dirceu. 
Assalte os cofres da Petrobras, do BNDES, da Caixa e do Banco do Brasil, mas não deixe provas, apague seus vestígios, porque, assim, caberá ao acusador a tarefa de produzir provas, de investigar. Não abra a boca para confessar crimes, porque isso é anti-revolucionário. Seja analfabeto e tenha orgulho disso. Lute para implementar uma ditadura do proletariado e se auto-intitule coração valente, dizendo que lutou pela democracia.
Esta é a educação que milhões de brasileiros recebem, via exemplo do PT. Esta é a nossa verdadeira pátria educadora. Dilma acerta em um ponto de sua fala, quando diz: “foi para isso que eles (eleitores do PT) deram seu voto” — e o “isso” de Dilma é tudo que ela disse que não ia fazer e fez. 
O eleitor petista é cúmplice de tudo o que se passa em nosso país. Num caso de mulher de malandro a nível continental. E seguindo a lógica marxista de “igualdade”, a presidente nos joga goela abaixo a informação de que o Brasil está “cada vez mais igual”, novamente correta, porque a imensa maioria do país, com exceção da elite petista, vive atolada em um pesadelo de impostos, contas, balas perdidas, falta d’água, incompetência, burocracia, corrupção, assaltos, estupros e a ausência absoluta de educação intelectual e cultural. 
Dilma jamais vai entender o básico: não é porque alguém fica rico que necessariamente outro fica pobre. Ou melhor: fingirá que não entende.
João Santana, isso é inegável, é um gênio. Do mal, mas é. Ele consegue deixar a realidade no chão, como Garrincha deixava os adversários, com uma facilidade ímpar, e se supera ao mandar Dilma dizer que o governo fará as “medidas necessárias”, leia-se: medidas impopulares, que o PT, se oposição fosse, estaria esperneando ao mundo inteiro que o PSDB “de direita”, “neoliberal”, “nazista” aplicou aos pobres e indefesos brasileiros “excluídos”. 
Em nossa versão de Alice no país das Maravilhas, Dilma continua seguindo o coelho e nos tratando como completos idiotas, porque afirma a necessidade de ajustes, ajustes e mais ajustes, se esquecendo que ela e seu antecessor causaram tudo que acontece conosco, principalmente na economia. 
João Santana escrever isso eu até entendo, por 70 milhões eu escrevo um “Guerra e Paz” melhorado, mas uma presidente de república ler e acreditar nisso é cruel. Culpa a economia externa, para variar, só faltando culpar a crise de 29, recentíssima. Reclama da baixa no preço das commodities, sem notar que o Brasil não possui diversidade em absolutamente nenhum nicho econômico, ao menos dentro da lei.
Dilma falava para uma torcida organizada de ministros, que estavam tão empolgados quanto espectadores de um campeonato municipal de xadrez. Saídos do que parecia ser um porre de Rivotril, tamanho o desânimo.
Michel Temer, nosso Frank Underwood, pensava na compra do mês, se existe vida extraterrestre e se o Xvideos estava fora do ar, fazia tudo, menos ouvir o que Dilma falava. Aquele senhor estava ali em carne e osso, seu espírito em algum outro lugar. E neste momento, no país da piada pronta, Dilma alardeava: “lançaremos um programa de desburocratização”; quer algo mais burocrático do que um “programa”?
E aqui, PSDB vou cobrar meus vencimentos pela pesquisa, a cereja do bolo recheado de contradição.
Dilma, na frente de todo o país, disse: “nós vamos ampliar, tanto as concessões, como as autorizações de infraestrutura ao setor…privado”. Quando ela terminou esta frase, pensei que a câmera ia ser desligada, que a luz ia acabar, que algum som de ataque aéreo iria soar, mas nada aconteceu. Quer dizer que chegamos ao ponto do PT falar em privatização em plena luz do dia, na frente das crianças? É por isso que até a irmã de Lula votou no Aécio.
No resto destes 40 minutos de surrealismo gratuito na TV brasileira da pátria educadora, tivemos o ministro dos Esportes, George Hilton, também sonâmbulo, olhando para sua chefe ao ser lembrado de que em 2016 teremos Olimpíadas, ele pareceu muito à vontade com a tamanha falta de intimidade com sua pasta. Aprendeu com os melhores, na pátria educadora. 
Dilma mencionou, “hein mulheres”, que o setor de cosméticos vai de vento em popa, enquanto uma de suas ministras roía a unha, terminando de bocejar. E chamou os ministros para a “batalha da comunicação”, seu ponto forte, já que é uma comunicadora nata. Alertou para que não permitam que os “boatos se alastrem” e que “respondam rápido”. 
Esse pessoal da imprensa, realmente, não é fácil. Não deixam o Petrolão ser esquecido, alertam para as contradições do que a candidata falou e o que a presidente está fazendo, tiram foto da piscina onde o ex-diretor da Petrobras teria enterrado dinheiro, levantam e-mail que prova que Dilma sabia de tudo, trazem Venina para a frente das câmeras e por aí vai. Felizmente, para o coelho João Santana e Dilma, o ministro Berzoini já garantiu: em Março, com a ressaca do carnaval, vem aí a regulamentação da mídia. Aí tudo estará resolvido, sem que o PT precise pagar 70 milhões a um marqueteiro presidente.

Poço sem fundo


Se houve algo de bom na divulgação do balanço da Petrobras relativo ao terceiro trimestre de 2014 foi a aparição da primeira estimativa do tamanho do buraco aberto na empresa pela gestão petista.

Pelo que se divulgou até agora, ele é mais fundo que o pré-sal: são R$ 61,4 bilhões, no cálculo preliminar de duas consultorias independentes, o que equivale a nada menos que 50% do atual valor de mercado da estatal na Bolsa.

Que esse número fique registrado na história como um recorde de incompetência e de má-fé na gestão pública brasileira.

A perda foi determinada a partir da análise individual de 52 empreendimentos em que se envolveram empresas citadas na Operação Lava Jato. Juntos, equivalem a cerca de um terço dos ativos da estatal. Em 31 deles, o prejuízo é de R$ 88,6 bilhões; nos outros 21, haveria ganho de R$ 27,2 bilhões.

O cálculo resulta da comparação entre o que está contabilizado e a estimativa do valor justo atual, algo que se baseia em hipóteses como preços de insumos e margens de comercialização, entre outras.

Assim, as baixas decorrentes da corrupção (que o Ministério Público Federal supõe serem de pelo menos R$ 2,1 bilhões) se disfarçam no meio de fatores como ineficiências e mudanças nas condições de mercado. A distinção será feita até junho, com a publicação do balanço auditado.

No meio da confusão, sem que ninguém tenha certezas a respeito do tamanho real do rombo, a Petrobras luta para convencer investidores de que será capaz de estancar o ritmo de crescimento da dívida, de US$ 107 bilhões (descontado o caixa), mantendo sua solvência.

Mesmo nas hipóteses mais otimistas, no entanto, o problema parece cada vez mais intratável.

Os pagamentos de juros e amortizações em 2015 consumirão US$ 12,5 bilhões. As projeções mais recentes indicam que o caixa cairá de US$ 25 bilhões para cerca de US$ 10 bilhões neste ano, considerando promessas de cortes nos investimentos e venda de ativos. Não se exclui nem mesmo a suspensão da distribuição de dividendos.

Se o preço do petróleo permanecer em níveis baixos até o ano que vem, será bastante provável um corte na nota de crédito, o que agravará a dificuldade de financiamento. Nesse cenário, pode se tornar inevitável uma nova capitalização, que representaria novo golpe contra acionistas minoritários.

O governo enfim começa a entender a necessidade de montar uma operação de guerra para evitar o pior. Mas, sem uma reorientação completa na gestão, a Petrobras continuará sangrando –e de nada ajuda que a presidente Dilma Rousseff (PT), pensando sabe-se lá em que, insista em dizer que a estatal se fortaleceu nos últimos anos. 

Editorial - Folha de São Paulo, 30/01/2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

As lições do mensalão, aplicadas no petrolão


O julgamento do mensalão e as penas impostas a seus participantes deram uma lição de vida a quem se junta, presta serviço ou se dispõe a ser usado pelos políticos.

O resultado do julgamento é impressionante: a maioria dos políticos, que orquestraram a operação, já, já, estarão livres, leves e soltos, prontos a armar novas bandalheiras.

Já os agentes privados - banqueiros e companhia - vão ficar muitos anos presos em regime fechado. Pior para eles. Merecem.

E merecem por dois motivos: pelo crime que cometeram e pela disposição em ficar de boca calada, para proteger os políticos. Sim, protegeram o políticos e vão apodrecer na cadeia. Estúpidos, além de tudo.

Mas a lição serviu. No caso do petrolão, mais e mais agentes privados estão abrindo o bico para entregar todos os envolvidos, de bandeja. Amenizam suas penas e prestam um grande serviço ao país.

Esta postagem do Reinaldo Azevedo relata o processo com muita propriedade.

Advogado de Youssef diz que seu cliente serviu a um projeto de poder liderado pelo PT e não era chefe de nada. Querem saber? Ele está falando a verdade! Ou: Faz sentido Kátia Rabello estar presa, e José Dirceu, no conforto do lar?

Temos de estar preparados para a possibilidade de pessoas que cometeram crimes, como os empreiteiros ou o doleiro Alberto Youssef, dizerem a verdade. E isso não os torna inocentes. Apenas põe as coisas nos seus devidos termos. Se qualquer um dos presos da Operação Lava-Jato afirmar que a lei da gravidade existe, serei obrigado a concordar. Nem precisarão insistir que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos porque, ora vejam!, é mesmo. É algo que se pode verificar empiricamente. Nem é preciso recorrer à abstração do gato de Schrödinger, que explica — ou complica — a mecânica quântica. Não entendeu esse papo de gato? Pesquise lá. É fascinante. O que estou dizendo é que pessoas pelas quais não nutrimos grande admiração moral podem falar a verdade.
Antonio Augusto Figueiredo Basto, advogado de Youssef, apresentou nesta quarta à Justiça Federal a defesa do doleiro. Lá está escrito, com todas as letras, que “agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que, enquanto triunfassem, podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas”. Em suma: Youssef foi um serviçal de um projeto de poder. Não era o líder de nada. O texto prossegue: “Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto de o dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no Legislativo e Executivo”.
Querem saber, o advogado de Youssef fala a verdade. Ou alguém acredita que o doleiro chegou metendo os pés da porta do Palácio do Planalto ou do Palácio do Congresso para impor a sua vontade? Ou alguém acredita que, sem a liderança dos políticos, Youssef teria conseguido vender os seus serviços? O petrolão não pode terminar como o mensalão, com os agentes políticos já na rua, e a banqueira e o publicitário presos. Afinal, a quem serviam e para quem trabalhavam?
Conversei com Basto ontem à noite. Ele não está afirmando que seu cliente é inocente como as flores. Se achasse que não cometeu crime nenhum, acordo de delação premiada para quê? Ele busca justamente minimizar a pena desde que o acusado ou réu ajude a iluminar os meandros do crime — logo, crime houve. Mas alguém é tolo o bastante para supor que Youssef era chefe de alguma coisa?
Conheço as leis e sei como e por que, no fim das contas, a banqueira Kátia Rabello está presa, em regime fechado, condenada a 16 anos e 8 meses de cadeia, e José Dirceu, já em prisão domiciliar e se organizando para disputar postos de poder no PT. Ora que mimo! Ele acabou condenado por um crime: corrupção ativa; ela, por quatro: gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Digamos que a pena dela tenha sido justa… E a dele?
Os advogados não se assanhem a me explicar como funciona a tipificação dos crimes e a dosimetria. Conheço isso tudo direitinho. Mas só se chega a essa perversidade técnica — então a banqueira conseguiu fazer uma quadrilha para servir ao esquema gerenciado por Delúbio, mas ele não é quadrilheiro? — porque a leitura inicial do mensalão estava errada. E só se revelou com clareza nos votos de alguns ministros, muito especialmente Gilmar Mendes, Ayres Britto e Celso de Mello.
O mensalão foi uma das ações empreendidas pelo PT para tomar o estado de assalto. Foi obra, como definiu Celso de Mello no julgamento, de “marginais do poder”.
Qualquer pessoa que leia direito o que vai aqui percebe que não estou pedindo para aliviar a barra de ninguém, não. Até porque, parece-me, os bens que Youssef aceitou entregar à União deixam claro que já não sairá incólume. Mas é preciso não perder de vista o que está em curso.
Entendo que o agente público que pratica delinquência mereceria uma pena ainda mais severa do que a do agente privado: além de macular os interesses da coletividade, como qualquer bandido, ele também trai a confiança que nele foi depositada pela sociedade, por intermédio do ente estatal. Usa de uma posição de poder para delinquir com menos risco.
Youssef certamente não agia por ideologia, partidarismo, convicção ou o que seja. A população brasileira não depositou nele sua boa-fé e suas esperanças. Mas o que dizer daqueles para os quais trabalhou, com quem negociou, para os quais operou? 
Reinaldo Azevedo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Autocrítica zero

Dilma "Pinóquio" Rousseff, para desespero de uma nação, presidente do Brasil
A Dilma Rousseff continua mentindo, algo que tem feito com uma constância impressionante há mais de 4 anos. Nos últimos meses, então, mente tanto que parece até acreditar nas mentiras.
Claro, o discurso que fez não é seu. Claramente lendo no teleprompter e com ponto eletrônico na orelha, Dilma repete as palavras escritas por seus marqueteiros (oficiais ou contratados), imaginando que toda a nação é estúpida, como ela.

Autocrítica zero
Eliane Cantanhêde - O Estado de São Paulo

Depois de sumir durante todo o dificílimo mês de janeiro, a presidente Dilma Rousseff reapareceu ontem como se nada tivesse acontecido, nem aumento de tarifas e impostos, crise de energia e água, flexibilização trabalhista... E o mais chocante na fala de Dilma foi o de sempre: a falta de autocrítica.
 
Quem ouviu a presidente falando em "era do conhecimento", "pátria educadora", "estratégia de crescimento", "estabilidade e credibilidade" e "pacto contra a corrupção" deve ter se perguntado: será que está tudo tão bacana assim e eu é que estou errado (ou errada)?

Não, não está tão bacana e quem está assustado tem razão. O Brasil não cresceu, estagnou. A inflação nunca ficou na meta, sempre ficou no teto da meta. Os juros galoparam, apesar de toda a propaganda. A responsabilidade fiscal deixou de ser importante. As contas externas desandaram. O setor elétrico virou uma bagunça. A Petrobrás se debate em águas profundíssimas.

Depois de demitir o ministro da Fazenda em plena campanha e de dar uma guinada e tanto na economia do primeiro para o segundo mandato, o mínimo que se poderia esperar da presidente reeleita da República é que batesse no peito e assumisse: mea culpa, minha máxima culpa.

Mas Dilma Rousseff é Dilma Rousseff e não é de admitir culpas, nem de aceitar responsabilidades, nem de ouvir ministros, assessores, aliados e, muito menos, críticos. Nem de ter humildade.

Então, ficamos assim. Deu tudo errado mesmo na economia e - já que o culpado número um, o mordomo Guido Mantega, já foi devidamente defenestrado - Dilma apresentou oficialmente à Nação os maiores inimigos da eficiência e dos resultados: "os eventos internos e externos".

Quais sejam: externamente, os problemas de crescimento dos Estados Unidos, da Europa, do Japão, da China e da Índia, mais a queda no preço internacional das commodities; internamente, o pior regime de chuvas da história, com impacto nos preços dos alimentos e da energia.

Há verdades aí? Inegavelmente, há. Mas são só meias verdades, como se o Brasil não tivesse um presidencialismo forte, o Estado não fosse tão determinante em tudo no Brasil, Dilma não tivesse a cabeça que tem. E... como se não sobrasse "incompetência, ideologia e corrupção", conforme o diagnóstico de nove entre dez cabeças pensantes que Armínio Fraga verbalizou no Estado domingo.

Além de não fazer autocrítica, Dilma requentou pela enésima vez o tal "Pacto contra a Corrupção", elencando as mesmas medidas moralizadoras que, na verdade, dependem mais do Legislativo do que do Executivo e são mais adequadas a palanques do que a reuniões de trabalho.

Para resolver todos os problemas (Pibinho, inflaçãozona, juros estratosféricos, aumento de impostos e corte de direitos trabalhistas), Dilma apresentou pelo menos uma proposta concreta aos seus chefiados: que confrontem a mídia e a imprensa! Segundo ela, é preciso "reagir aos boatos", combater "as falsas versões", reagir ao "desconhecimento e à desinformação".

Pensando bem, era assim que se fazia na Petrobrás. Enquanto PTs, PMDBs, Cerverós, Paulos Robertos e doleiros faziam a festa, toda a energia estava concentrada em desmentir a mídia e reagir aos "boatos" e à "desinformação". O resultado está aí.

Tivesse o governo ouvido os alarmes de especialistas e da mídia, a Petrobrás não teria chegado a um fundo do poço tão fundo. Tivesse Dilma ouvido os alarmes de especialistas e da mídia, a economia não estaria tão medíocre quanto está.

Boa sorte aos 39 ministros!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Procura-se


Gosto de ler o que o Reinaldo Azevedo escreve. Não concordo com tudo o que ele diz, mas gosto do seu jeito claro e objetivo de escrever e sua coerência.
De certa forma ele me lembra o Carlos Lacerda atacando o governo corrupto de Vargas e seu afilhado, Jango Goulart. E como eu gostava do Carlos Lacerda!

"Um ouvinte do programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan, enviou essa ilustração ao programa.
Transcrevo o conteúdo porque muitos blogs e sites reproduzem os meus textos sem as eventuais ilustrações. Abaixo da palavra “Desaparecida”, há a imagem de Dilma, com a faixa presidencial, e a seguinte legenda: “Não é vista no país há várias semanas. Desapareceu falando de um país com inflação sob controle, juros baixos, crescimento alto, sem apagões, e onde não se mexe nos direitos dos trabalhadores nem que a vaca tussa”.
Pois é… A vaca está com o que o povo chamava antigamente “tosse comprida”, e a gente tem de torcer é para ela não ir para o brejo. É o que vai acontecer se a Soberana insistir em ignorar algumas advertências feitas pela realidade. Dilma vai reaparecer nesta terça. Reunirá na Granja do Torto aquele que deve ser o maior ministério do mundo para, segundo consta, defender as medidas que adotou depois que as urnas foram desligadas.
Já escrevi aqui. Há dois domínios para essa questão. Há a política como necessidade, e há a política como escolha de um futuro. Ainda que eu não endosse, mesmo na esfera da necessidade, todas as medidas adotadas até agora, reconheço a urgência de algumas intervenções. Ocorre que eu já a reconhecia antes. Afinal, dizem os puxa-sacos financiados por estatais, sou, como é mesmo?, um reacionário, um conservador, um direitista. Os progressistas, afinal, são Dilma Rousseff e o PT, certo?
Não dá para renunciar, em nome da necessidade, à política como escolha de um futuro. Pergunta-se: a Dilma que lidera o encontro dos ministros nesta terça é a mesma que venceu a eleição? Não se trata de exigir a coerência absoluta entre intenção, a anunciada ao menos, e gesto. Todos sabemos que a vida pública comporta algumas zonas de amoralidade para que o político possa alegar alguma interveniência inesperada, justificando, assim, o descumprimento da palavra empenhada.
Sim, milhões de brasileiros não caíram no truque e negaram seu voto a Dilma. Mas o que ela tem a dizer àqueles que acreditaram, não porque militantes petistas, não porque alinhados com os preconceitos ideológicos do partido, não porque fiéis à causa da legenda. Nada disso! Quem deu a vitória a Dilma foram pessoas sem pedigree partidário, gente comum, que fez dela a fiel depositária de suas esperanças.
Que fique claro: Dilma não está ME traindo. Ao contrário: ela cumpre fielmente as minhas expectativas. Ela estaria, parece-me, obrigada a se explicar com aqueles a quem prometeu um novo umbral do desenvolvimento. Posso ouvir uma indagação: “Você queria o quê? Que ela realmente pusesse em prática aquele discurso irresponsável da campanha?”.
Não! Eu não queria isso! Ainda bem que Dilma resolveu jogar no lixo aquela maçaroca de incongruências e bobagens. Mas,  em momentos assim, o pragmatismo não pode ser o nosso último Deus, ou passaremos a admitir a política como o lugar natural da mentira, da trapaça, da vigarice, do engodo.
Se Dilma estivesse fazendo o que prometeu, é certo que eu a estaria criticando, e seria uma crítica legítima. Como ela está fazendo o contrário do que anunciou — e, já escrevi, acho algumas medidas corretas —, eu a estou criticando porque mentiu. E essa crítica não é nem menos legítima nem menos necessária do que a outra.
Abrir mão de fazê-la corresponderia a conceder ao PT o direito de exercer a política como monopólio da trapaça. Não será aqui.
Por Reinaldo Azevedo"

O Diretor sumiu - E a Marta faz, direitinho, o trabalho de casa.


Eu acho a Marta "relaxa e goza" Suplicy tão falsa como uma nota de três reais e não compro nem um fósforo usado dela .
Estes rompantes de sinceridade ética na política não me convencem. Para mim, é "pau mandado" do Lula, que quer se afastar do desastre chamado Dilma, para viabilizar sua pretensão de voltar ao trono em 2018.
Mas o que ela escreveu hoje, na Folha de São Paulo, é realidade.


"Tenho pensado muito sobre a delicadeza e a importância da transparência nos dias de hoje. Temos vivido crises de todos os tipos: crise econômica, política, moral, ética, hídrica, energética e institucional. Todas elas foram gestadas pela ausência de transparência, de confiança e de credibilidade.

Se tivesse havido transparência na condução da economia no governo Dilma, dificilmente a presidente teria aprofundado os erros que nos trouxeram a esta situação de descalabro. Não estaríamos agora tendo de viver o aumento desmedido das tarifas, a volta do desemprego, a diminuição de direitos trabalhistas, a inflação, o aumento consecutivo dos juros, a falta de investimentos e o aumento de impostos, fazendo a vaca engasgar de tanto tossir.

Assim que a presidenta foi eleita, seu discurso de posse acompanhou o otimismo e reiterou os compromissos da campanha eleitoral: "Nem que a vaca tussa!".

Havia uma grande expectativa a respeito do perfil da equipe econômica que a presidenta Dilma Rousseff escolheria. Sem nenhuma explicação, nomeia-se um ministro da Fazenda que agradaria ao mercado e à oposição. O simpatizante do PT não entende o porquê. Se tudo ia bem, era necessário alguém para implementar ajustes e medidas tão duras e negadas na campanha? Nenhuma explicação.

Imagina-se que a presidenta apoie o ministro da Fazenda e os demais integrantes da equipe econômica. É óbvio que ela sabe o tamanho das maldades que estão sendo implementadas para consertar a situação que, na realidade, não é nada rósea como foi apresentada na eleição. Mas não se tem certeza. Ela logo desautoriza a primeira fala de um membro da equipe. Depois silencia. A situação persiste sem clareza sobre o que pensa a presidenta.

Iniciam-se medidas de um processo doloroso de recuperação de um Brasil em crise. Até onde ela se propõe a ir? Até onde vai o apoio à equipe econômica?

Para desestabilizar mais um pouco a situação, a Fundação Perseu Abramo, do PT, critica as medidas anunciadas, o partido não apoia as decisões do governo e alguns deputados petistas vociferam contra elas. Parte da oposição, por receio de se identificar com a dureza das medidas, perde o rumo criticando o que antes preconizou.

O PT vive situação complexa, pois embarcou no circo de malabarismos econômicos, prometeu, durante a campanha, um futuro sem agruras, omitiu-se na apresentação de um projeto de nação para o país, mas agora está atarantado sob sérias denúncias de corrupção.

Nada foi explicado ao povo brasileiro, que já sente e sofre as consequências e acompanha atônito um estado de total ausência de transparência, absoluta incoerência entre a fala e o fazer, o que leva à falta de credibilidade e confiança.

É o que o mercado tem vivido e, por isso, não investe. O empresariado percebe a situação e começa a desempregar. O povo, que não é bobo, desconfia e gasta menos para ver se entende para onde vai o Brasil e seu futuro.

Acrescentem-se a esse quadro a falta de energia e de água, o trânsito congestionado, os ônibus e metrôs entupidos, as ameaças de desemprego na família, a queda do poder aquisitivo, a violência crescente, o acesso à saúde longe de vista e as obrigações financeiras de começo de ano e o palco está pronto.

A peça se desenrola com enredo atrapalhado e incompreensível. O diretor sumiu.

MARTA SUPLICY é senadora pelo PT-SP. "


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A privataria petista na Petrobras africana


A PRIVATARIA PETISTA NA PETROBRAS AFRICANA

Imagine-se a doutora Dilma Rousseff dizendo o seguinte durante a campanha eleitoral: “Nossos adversários quebraram o país três vezes e venderam para um banco metade da participação da Petrobras em ricos campos de petróleo da África”.
Em julho de 2013, a Petrobras vendeu ao banco BTG Pactual metade de suas operações em campos de petróleo de sete países africanos. O coração do negócio estava em dois campos da Nigéria (Akpo e Agbami) dos quais a empresa tira uma produção de 55 mil barris/dia, 60% de todo o petróleo que o Brasil importa, ou 25% do que refina.
Para se ter uma ideia do que isso significa, é uma produção equivalente a 10% do que sairia do pré-sal brasileiro um ano depois, ou quatro vezes o que Eike Batista conseguiu extrair. No século passado, a Petrobras decidiu internacionalizar-se para controlar reservas fora do país. Nada mais certo.
A empresa trabalhou em sigilo e, em outubro de 2012, contratou o Standard Chartered Bank para assessorá-la. Um mês depois, numa negociação direta com a Petrobras, o BTG Pactual mostrou-se interessado no negócio, propondo a formação de uma nova subsidiária.
A Petrobras listou 14 petroleiras que poderiam se interessar, nenhum banco. Além do Pactual, só uma empresa chegou à reta final. Quanto valiam os campos? Aí é que a porca torcia o rabo. Uma nuvem preta pairava sobre os marcos regulatórios da Nigéria (onde estão Akpo e Agbami). O consultor financeiro da Petrobras estimou que, com a entrada em vigor de uma lei nova e ruim, valeriam US$ 3,4 bilhões, ou US$ 4,5 bilhões sem ela. O banco BSC estimou essas mesmas cifras. Sem considerar o eventual impacto da lei ruim, segundo uma publicação da consultoria Wood Mackenzie, valeriam até US$ 4 bilhões, e para outra, da IHS, só o campo de Akpo valeria pelo menos US$ 3,6 bilhões.
Endireitando-se o rabo da porca: com o barril de petróleo a US$ 100, o ano de 2014 acabou-se e até hoje a lei ruim não entrou em vigor. Em maio de 2013, o Pactual ofereceu US$ 1,52 bilhão, superando a proposta rival. Esse valor derivava de sua avaliação de US$ 3,04 bilhões para todo o pacote africano. Como a lei poderia mudar para pior, fazia algum sentido. O banco propunha que, ao nascer, a subsidiária tomasse um empréstimo de US$ 1,5 bilhão.
Mistério: por que a Petrobras venderia um ativo por US$ 1,52 bilhão e, seis meses depois, criaria uma nova empresa, endividada em US$ 1,5 bilhão? A sugestão foi rebarbada, mas admitiu-se negociar outro endividamento, mais adiante. Seis meses depois de fechar negócio com o BTG Pactual, a Petrobras discutia a tomada de um empréstimo de US$ 700 milhões para a subsidiária africana junto aos bancos Standard Chartered (o mesmo que assessorou a venda) e Paribas. O setor financeiro da empresa achou as condições salgadas, com uma taxa de juros acima do que a empresa paga no mercado internacional. Em janeiro de 2014, estimava-se que a subsidiária distribuísse US$ 1 bilhão em dividendos no 1º semestre daquele ano.
Portanto, um ano depois de ter entrado no negócio, o BTG Pactual poderia receber US$ 500 milhões. Na vida real, no primeiro trimestre distribuíram-se US$ 300 milhões, deixando-se US$ 500 milhões no caixa e US$ 200 milhões aplicados (o empréstimo, aprovado, não entra nessa conta).
Aquilo que, no século passado, foi uma ideia de ampliar os interesses da empresa em terras estrangeiras resultou numa privatização de metade da sua operação africana. Acertou-se também que ela continuaria sob o logotipo da Petrobras, apesar da estatal só ter metade do negócio.
A presidência da empresa e a diretoria comercial seriam ocupadas rotativamente pelo BTG e pela Petrobras, a cada dois anos. O diretor financeiro da subsidiária seria nomeado pelo banco, e o diretor operacional sairia da estatal.
Se a Petrobras tivesse liquidado alguns micos ou operações menores, tudo bem, mas ela vendeu metade de sua participação em terras d’África, especificamente a de dois campos nigerianos estrategicamente valiosos. Fez isso com relativa pressa, pois o negócio deveria ser concluído em 2013.
Elio Gaspari

sábado, 24 de janeiro de 2015

A barbárie politicamente correta


O envenenamento da verdade é o trunfo do autoritarismo disfarçado de revolução social
O chocante atentado em Paris contra uma revista de humor ultrapassa as fronteiras da França e da Europa. É a versão terrorista e sanguinária de uma praga que se espalha por todo o planeta: a caçada à liberdade de expressão fantasiada de revolução anticapitalista.
Por incrível que pareça, o Estado Islâmico, com seu método de tentar calar os oponentes cortando-lhes a cabeça, tem discretos simpatizantes entre “progressistas” do Ocidente – esses zumbis da esquerda que continuam se sentindo nobres e humanitários por detestar os Estados Unidos. No Brasil, o último grande movimento de massas gerou um único e bizarro fruto concreto: uma escória de depredadores boçais que conseguiram até o apoio de sindicatos de professores. Todos supostamente unidos contra o poderio da elite branca – e todos, na verdade, tentando a vida fácil de camelôs da bondade. A revolucionária e destemida Mídia Ninja terminou contratada pela campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Chegou-se a ver uma certa esquerda culta fazendo uma defesa envergonhada e meio dissimulada da violência. A palavra “vandalismo”, usada com propriedade para classificar as ações patológicas dos black blocs, acabou virando bordão debochado entre essas tribos antenadas. “Vandalismo” seria um tratamento conservador e reacionário por parte da mídia burguesa, para estigmatizar protestos legítimos e heroicos. Estudantes e intelectuais chegaram a portar broches com a inscrição “vândalo” – para tentar ironizar os críticos do quebra-quebra. Se esse ponto de vista ignorante, irresponsável e complacente com a violência chegou a proliferar entre gente esclarecida de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, pode-se imaginar o potencial de sucesso que a propaganda da barbárie politicamente correta tem ao redor do mundo.
Falar em “barbárie politicamente correta” já seria em si uma estupidez – se esse fenômeno não pudesse ser, infelizmente, identificado a olho nu. Quando um cinegrafista da TV Bandeirantes foi morto no centro do Rio de Janeiro por um rojão dos “manifestantes”, uma numerosa turma “progressista” educada e bem alimentada passou a dizer que a mídia capitalista estava explorando um cadáver para coibir os protestos contra o sistema. Se a desonestidade intelectual chega a esse ponto, por que não dizer que a repercussão da morte dos chargistas franceses seja também uma tentativa de vitimizar o capitalismo?
Esse vale-tudo da propaganda ideológica quer fundar uma nova verdade na marra. Os impostores que estão governando o Brasil há 12 anos só não foram enxotados ainda porque montaram um conto de fadas eficiente (tosco, mas incrivelmente eficiente). Quase mensalmente o governo popular solta alguma historinha sobre a ditadura militar e suas vítimas. É uma tragédia real que foi devidamente mercantilizada pelo PT – como a vitamina ideal para seu figurino de vítima. Consegue assim o milagre de mandar e desmandar no país sem perder a aura de combatente contra os poderosos e arbitrários. O ápice do sucesso desse projeto de cinismo assumido foi o discurso de posse da presidente reeleita: com a expressão mais tranquila do mundo, Dilma Rousseff atacou a corrupção e defendeu a Petrobras.
Petrobras cuja CPI seu governo trabalhou para sepultar. Petrobras que foi arrombada por um escândalo gestado sob o governo do PT, com operadores desse roubo bilionário diretamente ligados ao Planalto e ao partido governante. A praga do envenenamento da verdade, que ameaça jornalistas e humoristas no Brasil e no mundo, é o grande trunfo desses projetos autoritários fantasiados de revolução social. Só uma verdade envenenada permite que Dilma faça um discurso defendendo a Petrobras, e o Brasil não perceba a zombaria.
Qualquer humorista brasileiro sabe que nos últimos anos ficou mais difícil satirizar o governo – que em si já é uma sátira. A guerra da informação é uma das principais plataformas desse projeto populista de poder. Já tentaram contrabandear censura à imprensa em programa de direitos humanos – para ver que não fazem cerimônia. Simpatizantes do PT vandalizaram uma editora que publicou reportagem sobre o petrolão. Os fins (postiços) justificam os meios (boçais).
Paris não é longe daqui.
Guilherme Fiuza18/01/2015 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cadáver adiado que procria


Este ano de 2015 não está trazendo surpresas na economia. Para começar, era óbvio que o governo da presidente Dilma Rousseff descumpriria frontalmente seus compromissos de campanha eleitoral, o que, convenham, não surpreende quem estuda minimamente esse assunto. Creio até que as taxas de traição programática do primeiro governo Lula foram maiores que as do segundo governo Dilma – até aqui, ao menos.

Memória informa e também é política. Lembro-me de um Jornal Nacional no segundo turno das eleições de 2002: o Banco Central (BC) elevara os juros e Lula foi chamado a opinar. Não deixou por menos: “Isso é coisa de governo que serve aos bancos, governo de banqueiros!”. O candidato da situação – eu mesmo! –, em posição obviamente desconfortável, também falou, poupando o BC de críticas e atribuindo a medida às incertezas do processo eleitoral. Desdobramento: o petista venceu, nomeou um banqueiro para a presidência do BC, manteve antigos diretores por um bom tempo, nomeou depois outros piores, pôs os juros nas nuvens, ganhou aplausos de toda a comunidade financeira nacional e mundial e foi chamado de realista pela imprensa. Uma indagação aos navegantes: vale a pena aplaudir estelionatos eleitorais?
Reeleita, Dilma tem de reparar seus erros. É o caso da correção de preços administrados – derivados de petróleo e energia elétrica –, reprimidos anteriormente por interesses eleitorais. A taxa de câmbio nominal deve crescer, a menos que o governo mantenha os subsídios fiscais. Aliás, esse será um grande teste para a política econômica Levy-Barbosa: vai dar sequência à manipulação do câmbio para segurar a inflação mediante operações de venda futura de dólar (swaps), que custam caríssimo ao BC e ao Tesouro e ficam fora do Orçamento federal? Apenas no segundo semestre de 2014 (até novembro), o prejuízo nessa conta alcançou R$ 20,5 bilhões – o mesmo valor do pacote tributário ora anunciado.
Parafraseando o marqueteiro João Santana num ataque mentiroso às pretensões tucanas, o governo Dilma semeou inflação e elevou os juros. Com o aumento de 0,5 ponto ontem, a taxa subiu 1,25 ponto em três meses, o que custa a bagatela de R$ 19 bilhões/ano ao Tesouro – perto de 30% da meta de superávit primário anunciada pelo Ministério da Fazenda. O governo ainda aumentou a alíquota do IOF sobre o crédito ao consumo e elevou juros de financiamento habitacional.
Câmbio, petróleo e energia empurrarão a inflação para cima, noves fora dois fatores atenuantes, que talvez facilitem a acomodação de preços relativos: o enfraquecimento da atividade econômica e a queda dos preços internacionais de commodities.
A fim de conter a deterioração das expectativas sobre a economia brasileira, na iminência de ser rebaixada pelas agências de classificação de risco, a dupla Levy e Barbosa tem investido – até agora de forma bem-sucedida – na imagem da responsabilidade fiscal, abalada pelos números sofríveis e seguidas tentativas de maquiagem feitas até o ano passado. As ambições são moderadas: a meta de superávit primário de 1,2% do PIB para 2015 corresponde ao segundo menor porcentual desde 2000, sendo superior apenas ao de 2014, que foi zero. Como lembrou Francisco Lopes, o ajuste fiscal proposto não deve ser suficiente para estabilizar a trajetória da dívida pública líquida, que poderá saltar de 36% para 40% entre 2014 e 2019.
Neste espaço, desde 2011 procurei mostrar como o governo Dilma era inábil para administrar a difícil herança recebida de seu antecessor, de quem, aliás, ela fora estreita colaboradora. Na década passada o petismo desperdiçou uma das maiores oportunidades econômicas que o Brasil contemporâneo já teve: a notável bonança externa decorrente do crescimento exponencial dos preços de nossas exportações de matérias-primas e a disponibilidade de dinheiro externo abundante e barato.
Em vez de aproveitar essa situação para fortalecer nossa economia, o governo promoveu verdadeira farra voltada para o consumo, graças à sobrevalorização cambial mais estúpida de todas quantas houve. Depois da quebra do Lehman Brothers o BC demorou cinco meses para reduzir os juros, que já eram os mais elevados do mundo, enquanto o restante dos países derrubava rapidamente os seus. Em seguida atuou, para manter o diferencial entre o Brasil e o exterior, atraindo capitais à procura de ganhos extraordinários em curto prazo e apreciando ainda mais o real.
Assim, em vez de fomentar a competitividade da economia, investindo em infraestrutura, reduzindo o custo Brasil e incentivando as exportações de manufaturados, o petismo fez o contrário: barateou as importações e encareceu o preço externo de nossas exportações industriais. O golpe na indústria doméstica foi fatal: até hoje seu nível de produção é inferior ao de 2008; o emprego, 10% menor; a balança comercial de manufaturados, mais ou menos equilibrada em 2002, desabou para um déficit de US$ 70 bilhões em 2010 e mais de US$ 110 bilhões em 2014. Evidentemente, houve um colapso nos investimentos industriais, puxando a economia para baixo, além de elevar o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos à inquietante vizinhança dos 4% do PIB.
 Depois do quadriênio perdido, a economia entrou paralisada em 2015 e o Brasil deve assistir ao longo deste ano à marcha da estagflação galopante, com três fatores agravantes: a seca, que amplia as incertezas sobre a oferta de energia, já prejudicada pelos erros nessa área, e o escândalo do petrolão; o terceiro elemento serve de pano de fundo: não há rumo para o médio e o longo prazos. Inexiste até debate a respeito. A maior ambição do petismo, hoje, é a de um milagre: sobreviver até 2018 e tentar (re)eleger Lula. O modelo petista é um cadáver adiado que procria, como escreveu Fernando Pessoa (Dom Sebastião, Rei de Portugal). A oposição pode ir mais longe: além da vigilância, da crítica e da mobilização, tem de forçar o debate de ideias, fazer propostas, apresentar soluções. Eis uma bela e eficaz ação contra quem não tem mais nada a dizer.
José Serra, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, senador. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Esquerda caviar


Chico Buarque é o exemplo máximo da hipocresia.
Uma pena que um artista tão talentoso se preste para isto.
Eu o admirava na época que tinha a coragem de escrever as músicas em que criticava as limitações democráticas (censura) do Governo Militar e defendia uma democracia plena, ao estilo dos países ocidentais capitalistas.
Jamais imaginei que depois de milionário, ele se pusesse de bajulador do partido mais corrupto da nossa história e defensor de ditaduras tão sangrentas, como a dos irmãos Castro, em Cuba.
Esta postagem na coluna do Rodrigo Constantino é mais do que adequada para refletir o que eu penso do Chico.

Se Chico Buarque vai a Portugal, eu vou atrás, para ver a banda da esquerda caviar passar…

Tenho uma boa e uma má notícia aos nossos patrícios: começando pela pior, os livros de Chico Buarque serão editados e vendidos em Portugal agora; já a boa é que o antídoto contra o esquerdismo caviar daqueles que adoram Cuba de Paris chegará logo depois.
Com o lançamento de O Irmão Alemão, de Chico Buarque, em fevereiro, a Companhia das Letras inicia sua operação em Portugal. Lá, ela será um selo da Penguin Random House Grupo Editorial e ficará responsável pelos títulos de autores de língua portuguesa.
Isso ajudará a tornar o ícone de nossa esquerda caviar mais conhecido em Portugal e, com isso, suas incríveis ideias políticas. Como, por exemplo, a defesa do regime cubano, aquele bastião da “justiça social” no mundo. Ou do PT, um dos partidos mais éticos que já surgiram no Brasil.
Mas calma, companheiros da Lusitânia! Nem tudo está perdido. Sei que a “chegada” de Chico, ainda que na forma de literatura, vai adicionar lenha na grande fogueira socialista que já queima neurônios por aí, aos montes. Só que a brigada de incêndio vem logo atrás!
Falo, com muito orgulho, do lançamento de Esquerda Caviar em Portugal, pela editora Alêtheia, o que deve ocorrer em março. O livro passará por algumas adaptações e contará com prefácio do brilhante João Pereira Coutinho, além de orelha do meu amigo e intelectual de peso Bruno Garshagen. Eis a capa proposta pela editora, elegante e refinada:
esquerda caviar_capa_portugal
Comigo é assim: os hipócritas que “adoram” o socialismo enquanto curtem todas as benesses que só o capitalismo pode oferecer não terão sossego! Não adianta atravessar o oceano Atlântico, que eu vou atrás. Só para ver a banda podre dos bajuladores de ditaduras socialistas passar…
Rodrigo Constantino

Deus está ocupado!


Deus deu um recado aos brasileiros. Antes, algumas considerações.
Em entrevista à VEJA.com e ao programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, diz o óbvio: o país já vive um racionamento de energia, mas por outros meios. E por que ele afirma isso? Vamos ver. Já houve um tarifaço de 20% no ano passado e deve haver outro da ordem de 40% neste ano. Pra quê? Para financiar o setor e, sim, diminuir o consumo. O país também já convive com cortes de energia, como o havido na segunda-feira. Ou isso ou o colapso. Culpa da falta de chuva? Um pouco. Mas sobretudo da falta de planejamento.
A quantidade de besteiras do petismo na área assombra. E a situação só não é mais dramática porque o crescimento está na lona. O país não teria hoje energia para se expandir a modestíssimos 2%, por exemplo. E é certo que caiu numa espécie de círculo vicioso. A energia cara desestimula os outros investimentos, o que desestimula o… investimento em energia. Sic transit… O país chegou à atual crise por incompetência. Agora, o que se tem é um limite de infraestrutura mesmo.
A coisa vem de longe. Começou com os petistas tendo a ideia iluminada de tabelar a taxa de retorno das empresas que investissem no setor. O capital privado se mandou. É por isso que Belo Monte, por exemplo, é tocada basicamente por recursos públicos. Nem a China define taxa de retorno. Mas sabem como é o petismo e suas luzes trevosas. Aí Dilma Rousseff, sempre muito competente em criar a fama de competente, resolveu enfiar goela abaixo do setor a MP 579, que baixou a tarifa na porrada. O que já estava ruim foi para o desastre. E se chegou à atual situação.
Desde novembro de 2009, quando o Brasil ficou às escuras, especialistas e imprensa tentam discutir a real situação do setor elétrico no país. Inútil. Tudo termina num paredão chamado Dilma Rousseff. Qualquer outra crise em curso no país não foi fabricada principalmente pela atual presidente. Ela pode, sim, ser sócia do erro, mas não a sua protagonista. Na área energética, especialmente no setor elétrico, não há como dividir as culpas. Ela sempre pintou e bordou. Fez o que quis, com o resultado que se vê agora.
O governo segue com um discurso esquizofrênico a respeito. O Operador Nacional do Sistema admite o pico de consumo, que levou ao blecaute; Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, insiste na versão edulcorada do problema técnico. Mesmo assim, anunciou nesta terça a entrada em ação das termelétricas a óleo da Petrobras, o que vai adicionar 867 megawatts (MW) ao sistema até o dia 18 de fevereiro. Falou ainda em outras “medidas” envolvendo Itaipu. Então ficamos assim: para todos os efeitos, não há problema de energia no país, mas o governo anuncia a entrada em funcionamento das térmicas da Petrobras.
O problema desse tipo de conversa é a insegurança que gera. O primeiro item de qualquer investimento produtivo de monta se chama “energia”. Pires apontou em Os Pingos nos Is um paradoxo de que já tratei aqui no dia 5 de novembro. Quando o petróleo estava a US$ 100 o barril, o Brasil vendia combustíveis a preços subsidiados, abrindo um rombo na Petrobras. Agora que está a US$ 40, gasolina e diesel têm um preço abusivo. O mesmo acontece com a energia elétrica: quando era abundante, era cara; quando passou a ser escassa, os gênios da lâmpada (ooops!) decidiram derrubar a tarifa, e o resultado está aí.
O PT está de parabéns: o mundo tem hoje energia, não importa a fonte, abundante e barata. No Brasil, é escassa e cara. Os companheiros ainda não desistiram de assombrar a lógica, o mercado e o bom senso.
Ah, sim: em entrevista nesta terça, o ministro Eduardo Braga recomendou que a gente reze para chover. Então tá… “Meu divino São José/ dá-nos água comabundança…”. Fico pensando, assim, no olhar incrédulo de Deus: “Como é? Vocês elegem o PT quatro vezes e depois querem jogar a culpa nas minhas costas? Estou muito ocupado! Falem com o Lula, aquele que pensa ser o meu superior…”.
Reinaldo Azevedo

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Dilma e o João


O traficante Marco Archer e o exemplar funcionário da Varig
Ontem dia 17/01/15 o traficante Marco Archer foi executado na Indonesia, depois de ter sido preso, devidamente julgado e condenado por tráfico de cocaina.
Quando foi pego exercendo atividade tão tenebrosa e maléfica já tinha mais de 40 anos e vasta experiência no exercício do tráfico (já havia sido "promovido" para o cenário internacional). Tinha plena consciência do mal que a sua atividade exercia sobre outras pessoas: destruição de sonhos, famílias, tecido social e vidas, muitas vidas!
Enquanto o Archer traficava e ganhava vultosas somas em dólares, o "João", humilde funcionário da Varig, trabalhava com dedicação, cuidava de seus clientes, de sua própria família, estudava continuamente para se manter atualizado e produtivo, acalentava sonhos, ajudava famílias a se manterem em saudável contato, salvava vidas e construia laços sociais perenes, honestos e construtivos. Tinha muitos amigos do mesmo feitio, da mesma estirpe!
E o João trabalhou e estudou com afinco por décadas, tendo sido promovido (por mérito) para o cenário internacional onde sua responsabilidade aumentou ainda mais, assim como seu salário; mas (ao contrário do Archer) nunca obteve altos ganhos; só o suficiente para pagar as despesas da família, a escola dos filhos, ajudar instituições ou pessoas necessitadas. 
E, com muita economia, pagar o Instituto Aerus de Securidade Social para garantir que no inverno da vida teria o merecido retorno! O João era um cidadão previdente e exemplar: bom amigo, bom marido, bom pai, exemplo de dignidade, responsável, participativo, honesto e justo.
O Marco Archer e o João morreram no mesmo dia. O Archer executado com tiros. O João por nossas instituições e nossas autoridades: sem dinheiro para comprar o remédio que precisava. 
Quase tudo que ele pagou ao Aérus foi roubado com a anuência ou descaso de autoridades e instituições regiamente pagas para cuidar especificamente desses casos. E o João estava aguardando havia muitos anos por uma decisão judicial que garantisse o que lhe era devido. Podemos dizer que foi executado pela negligência.
Mas o que causa indignação não é só o fato de o João ter morrido prematuramente. 
Fico decepcionado e triste porque o Archer recebeu a atenção da "consternada e indignada" presidente Dilma que clamou pelo traficante, pressionou o governo Indonésio através de comunicados, telefonou várias vezes (sem sucesso) ao presidente da Indonesia, acionou embaixadores, ministros, imprensa e organismos internacionais. Lamentou publicamente a morte do Archer e enviou condolências à familia do delinquente. Até aí concordo; também sou contra a pena de morte.
E o João?!!! Se sou contra a pena de morte para o traficante, sou Indignadamente, Absolutamente, Visceralmente contra a pena de morte imputada ao João. E nenhuma autoridade, nem sequer um vereador clamou por ele e seus milhares de colegas igualmente condenados.
 A presidente Dilma não telefonou sequer uma vez a qualquer instituição para falar a respeito da condenação de tantos cidadãos e exigir justiça. Apenas justiça!
Um amigo e colega do falecido João

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A verdadeira dona do clube


Existem pessoas que acreditam que mandam, porém, das suas ordens nada resulta. Outras mandam e suas determinações se materializam. A Petrobras está no segundo grupo

Todo mundo já viu essa cena. Nos filmes policiais, as evidências de um crime são acondicionadas num saquinho plástico, mais tarde etiquetadas e usadas como prova. Como advogado da UTC, pedi para colocar num saquinho o comunicado 0743/2014, enviado pela Petrobras no final do ano passado a 23 empresas, informando-as que estariam impedidas de trabalhar para a estatal. O texto é uma confissão de culpa. Daí o saquinho.

Até sua expedição, os integrantes do Ministério Público poderiam ficar inseguros para abandonar a tese infundada de que as construtoras controlavam o mercado de óleo e gás, por meio de um suposto “clube”. Agora não mais. Em 28 linhas, a Petrobras produziu a prova que faltava para que os procuradores percebam que, no setor sob investigação, quem manda é a Petrobras. Se existe um clube, a sua coordenação está com a estatal. Quem mais conseguiria expulsar 23 empresas do mercado numa única canetada? Só quem realmente detém todas as informações e controla o mercado.

Existem pessoas que acreditam que mandam, porém, das suas ordens nada resulta. Outras mandam e suas determinações se materializam. A Petrobras está no segundo grupo. Neste caso específico, alvo das investigações e das manchetes diárias, a Petrobras, e só ela, definiu as regras de contratação, com ou sem a concordância do Tribunal de Contas da União.

Além de definir o regime de contratação mais conveniente para seus propósitos, a Petrobras selecionava as empresas que iriam fazer parte de seus projetos, cadastrando quem bem entendesse (com a mesma sem-cerimônia que agora descadastrou). Convidou para disputar suas obras as empresas que julgou adequadas e contratou, entre essas, as que entendeu ser mais acertado. O critério, só ela sabe explicar.

É a Petrobras — e não um fantasioso “clube” — que detém as informações sobre todos os certames, quem deveria ser convidado, o orçamento (secreto) estimado, quais participaram e quais foram as respectivas vencedoras e efetivas contratadas.

No comunicado 0743/2014, a estatal diz, resumidamente, o seguinte: “Comunicamos que, em função de essa empresa ter sido mencionada como participante de cartel nas contratações da Petrobras (...) estamos adotando, desde já, cautelarmente, a medida de bloqueio dessa empresa, tornando-a impedida de ser contratada diretamente e de participar de licitações da Petrobras”.

Ora, se houve cartel, como a Petrobras assume em seu comunicado, o principal responsável seria justamente a Petrobras. É ela o agente econômico por trás de todas as decisões tomadas para “manobrar” o mercado (deixando-se de lado a denominação jurídico-econômica desta realidade). Não lhe cabe, de maneira alguma, o papel de vítima que agora tenta assumir como forma de se proteger de futuras ações na Justiça.

As obras eram definidas de maneira colegiada (pela Petrobras), os resultados da licitação eram compartilhados com toda a diretoria (da estatal), da mesma maneira que os aditivos jamais seriam liberados pelo desejo de um funcionário “manipulado pelo clube”. Esta decisão envolvia toda a Petrobras. A prova 0743/2014 é decisiva.

Em função das realidades do funcionamento do mercado de petróleo, é risível a tese de que as empresas fornecedoras de serviços seriam capazes de se organizar para impor preços ao cliente. Essa imposição seria teoricamente possível num mercado com poucos fornecedores e muitos clientes. Num segmento onde a Petrobras é a única grande compradora de serviços, não há formas de sujeitá-la ao controle dos fornecedores. Qualquer tentativa de algumas empresas de elevar preços ou combinar seria imediatamente frustrada pela proposta de um fornecedor que não integrasse o “clube” (seja ele do Brasil, seja ele do exterior). Bastaria à inocente e “vítima” Petrobras contratá-lo, desmontando o suposto cartel.

O contrário, no entanto, não apenas é possível, como ocorreu e é comprovado pelo comunicado 0743/2014. A Petrobras mandava em tudo, controlando quem trabalha e quem já não mais trabalha para ela (as 23 empresas). E continua a mandar. A prova material que faltava já está no saquinho.

Sebastião Tojal, autor deste artigo, é advogado
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