Lula destilando puro ódio. |
No
desespero para salvar o PT de um desastre que a incompetência do governo de
Dilma Rousseff torna a cada dia mais grave, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ameaça incendiar as ruas com "o exército do Stédile", a massa
de manobra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Lula acenou
com essa ameaça em evento "em defesa da Petrobrás" promovido na sede
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, pelo braço
sindical do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos
Petroleiros (FUP).
Basta abrir
as páginas dos jornais ou assistir ao noticiário da televisão para perceber que
a radicalização política começa a levar a violência às ruas das principais
cidades do País. De um lado, militantes de organizações sindicais e movimentos
sociais, quase sempre manipulados pelo PT, aliados a radicais de esquerda; do
outro lado, sectários antigovernistas engajados na inoportuna campanha de
impeachment da presidente da República. Esses grupos antagônicos se agrediram mutuamente
diante da ABI, pouco antes do evento protagonizado por Lula.
Diante do
sintoma claro de que o agravamento da crise política em que o País está
mergulhado pode acender o rastilho da instabilidade social, o que se espera das
lideranças políticas é que ajam com responsabilidade para evitar o pior. Mas
Lula, assustado com a possibilidade crescente do naufrágio de seu projeto de
poder, parece disposto, em último recurso, a correr o risco de virar a mesa.
Não há outra interpretação para sua atitude no evento.
Em seu
discurso, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, como de hábito botou lenha
na fogueira: "Ganhamos as eleições nas urnas, mas nos derrotaram no
Congresso e na mídia. Só temos uma forma de derrotá-los agora: é nas
ruas". É o caso de perguntar o que Stédile quer dizer com
"derrotá-los nas ruas". Mas Lula parece saber a resposta. E
aproveitou a deixa, ao falar no encerramento do ato: "Quero paz e
democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando
o Stédile colocar o exército dele na rua". Uma declaração de guerra?
A atitude
irresponsavelmente incendiária do ex-presidente é coerente com a estratégia por
ele traçada e transmitida à militância petista com o objetivo de reverter a
repercussão extremamente negativa para a imagem do PT provocada pelo desgoverno
Dilma e, em particular, pelo escândalo da Petrobrás. A ideia é, como sempre,
transformar o PT em vítima da "elite", os temíveis "eles"
que só querem fazer mal ao povo brasileiro.
Do mesmo
modo que para Lula o escândalo do mensalão foi uma "farsa" que
resultou na condenação injusta dos "guerreiros do povo brasileiro", o
petrolão é coisa de "meia dúzia de pessoas" para a qual Dilma
Rousseff "não pode ficar dando trela": "O que estamos vendo é a
criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram
um degrau e isso incomoda a elite", disse Lula.
Ou seja, o
que abala o Brasil não é a ação da quadrilha que, há 12 anos, pilha a Petrobrás
e ocupa, para proveito próprio ou do PT, cada escaninho possível da
administração pública. Muito menos é a incompetência administrativa demonstrada
pelos petralhas que sugam o Tesouro. É - no entender de Lula e companhia bela -
a reação dos brasileiros honestos e indignados com a roubalheira e a
desfaçatez.
Esse discurso
populista pode fazer vibrar a militância partidária manipulada e paga pela
nomenklatura petista, mas é inútil para garantir ao PT e ao governo o apoio de
que necessitam para tirar o País do buraco em que Dilma Rousseff o meteu ao
longo de quatro anos de persistentes equívocos.
O principal
aliado do PT, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, agora decidiu exigir o
papel que lhe cabe como corresponsável pela condução dos destinos do País. Não
aceita mais, por exemplo, que o núcleo duro do poder de decisão no Planalto
seja integrado exclusivamente por petistas. O PMDB tampouco aceita que os
petistas continuem se fazendo passar por bonzinhos na votação das medidas de
ajuste fiscal, posicionando-se na defesa dos "interesses dos
trabalhadores" e deixando o ônus da aprovação do pacote para os aliados.
Os
arreganhos de Lula e do agitador Stédile mostram que a tigrada está cada vez
mais isolada - e feroz - na aventura em que se meteu de arruinar o Brasil.
Editorial - O Estado de São Paulo - 26/2/2015