sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aviso Aos Navegantes

Nos últimos dias houve uma tentativa de censurar o que eu escrevo e envio para as pessoas que conheço e que acho que merecem saber minha opinião.

Por merecer saber minha opinião, implica em dizer que são pessoas que respeito e, das quais, também quero saber o que pensam, mesmo que suas idéias e opiniões sejam contrárias às minhas.

E estas mensagens abrem as portas para o diálogo democrático.

Com isto estabelecemos uma sadia troca de idéias que, no final, pelo menos me ajudará a pensar melhor e ser um melhor cidadão.

Essa é, na minha concepção, a essência da democracia, um conceito tão antigo e, ao mesmo tempo tão recente no nosso continente, especialmente, no nosso país. Na história republicana do Brasil há mais tempo com a liberdade de expressão tolhida do que o contrário.

E parece que querem trazer estes períodos obscuros da nossa história republicana, de volta, em pleno Século 21.

Esta coluna do Augusto Nunes reflete bem o meu sentimento com relação a este esforço ditatorial que uma minoria pretende usar contra a democracia.

Aviso aos navegantes
Augusto Nunes

Como a coluna avança para a fronteira do primeiro milhão de páginas vistas por mês, vai crescendo o berreiro dos milicianos que, desesperados com a implosão da farsa dos 80% de popularidade, pretendem invadir os territórios ocupados pela resistência democrática. Perdem tempo. Este blog nasceu para combater sem medos nem meias palavras todos os sacerdotes do autoritarismo e seus rebanhos abúlicos. Devotos da ditadura, seja ela qual for, aqui não têm vez. Incontáveis nostálgicos do século 19 estão no coração do poder, prontos para o assalto ensaiado desde sempre pelos stalinistas de chanchada. A coluna é radicalmente democrata. É natural que se oponha ao governo.

Quem frequenta este espaço sabe que aqui se pratica o convívio dos contrários. Ninguém aceita nem tenta impor o pensamento único. Os comentaristas se expressam livremente, divergem entre si, discordam do colunista, escrevem o que querem. Não tenho bandidos de estimação, não sou filiado a partidos, não admito que a aplicação da lei se sujeite à carteira de identidade, à posição política, ao círculo de amigos ou à conta bancária do delinquente. Corrupto é corrupto, liberticidas são todos gêmeos, canalhas são siameses. Culpados devem ser punidos. Ponto.

Como atestam os comentários sobre o último post, nem o candidato da oposição é poupado. Mas só merece participar dos debates quem é provido de autonomia intelectual, pensa com independência, não tem compromisso com o erro, é capaz de rever conceitos e mudar de ideia. Cabeças sem cérebro, ou robotizadas pela rendição incondicional a um demagogo afundado na soberba, não têm o que fazer na coluna. O Programa Bolsa Imprensa espalhou pela internet dezenas de blogs estatizados. Todos hospedam com pompas e fitas o coro dos contentes. Os patrulheiros fanáticos e os servos vocacionais que navegam pela rede devem escolher um deles para a celebração do Brasil Maravilha que Lula inventou.

Verdades milenares são sempre contemporâneas do mundo ao redor. Uma delas se ajusta perturbadoramente ao Brasil deste começo de século. Ensina que os democratas não podem permitir que os pastores da escuridão invoquem cinicamente a liberdade de opinião para a destruição do Estado de Direito.

Ethan Edwards complementa e enriquece o Aviso aos Navegantes

O comentário do ótimo Ethan Edwards sobre o Aviso aos Navegantes complementa e enriquece o que escrevi. Ele falou por mim:

Às vezes é má-fé; às vezes, só ignorância mesmo. Não entendem ou fingem não entender o abecê da democracia. O que chamamos de “liberdade de imprensa” é um direito que, nas sociedades democráticas, se estabelece nas relações entre o governo e os cidadãos. É uma garantia de que o poder do Estado não será utilizado para impedir a livre expressão dos cidadãos. No caso brasileiro, a liberdade de imprensa – ou de opinião, tanto faz – assegura a qualquer cidadão (o que inclui Augusto Nunes) o direito de manter um blog e dizer o que acha do amor, dos colibris, do presidente da República, etc. Se a Justiça concluir que esse cidadão cometeu injúria, calúnia ou difamação, ele será punido nos termos do Código Penal. Ponto. Fim da primeira parte.

Segunda parte. A liberdade de imprensa não rege as relações entre Augusto Nunes e seus leitores. Não obriga, portanto, Augusto Nunes a veicular em seu blog qualquer comentário. O blog tem dono, não é do governo nem é mantido com dinheiro do contribuinte: publicar ou não publicar é decisão exclusiva do blogueiro.

No entanto, se tem esse “lado ruim”, digamos assim, de impedir que os meus inteligentíssimos comentários sejam publicados em alguns blogs, a liberdade de imprensa tem também um “lado bom”: ela assegura ao preclaro cidadão que teve seu comentário rejeitado por Augusto Nunes o direito de dirigir-se a outro blog (o de José Dirceu, por ex.), ou criar o seu, e livremente dizer o que acha de Augusto Nunes, do seu blog e das pessoas que o frequentam.

Não está bom assim? Ou esses argumentos são mais uma prova de que o governo tem-se mostrado muito frouxo por ainda ainda não haver instituído o “controle social da mídia”?

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