O nome é
pomposo: Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. A proposta, tão
grandiosa (e vazia) quanto: “Assessorar o presidente da República na formulação
de políticas e diretrizes específicas, e apreciar sugestões de políticas
públicas, de reformas estruturais e desenvolvimento econômico-social que lhe
sejam submetidas pelo presidente com vista à articulação das relações do
governo com representantes da sociedade”.
A produção,
um zero à esquerda. Criado em maio de 2003, o chamado “Conselhão” nunca pôs
para funcionar um táxi no Brasil, muitíssimo menos determinou a definição dos
grandes rumos do País ou “alargou de forma inédita a interlocução entre o
governo e a sociedade”, conforme informa o balanço de atividades na página do
CDES na internet.
Útil como
peça publicitária no início da gestão Luiz Inácio da Silva, o conselho
revelou-se inútil na prática. O que os conselheiros falavam nas reuniões entrava
por um ouvido do governo e saía pelo outro. As poucas sugestões acatadas – como
a concessão de crédito consignado – jamais foram atribuídas ao colegiado, mas
apresentadas como iniciativas do então presidente.
Pois agora
Dilma Rousseff anuncia a retomada desse foro de debates que se reúne amanhã,
repaginado. Saem, por exemplo, executivos de empreiteiras e entram
representantes de entidades de classe de empregados e empregadores. Para a
função de cereja do bolo foi convidado o ator Wagner Moura.
A agenda,
de novo, é ambiciosa: a definição de “estratégias para retomar o crescimento
sem afetar o ajuste fiscal”. A ideia sugerida é a de debater propostas para a
composição das medidas de recuperação da economia a serem anunciadas em
fevereiro. Ora, ora, sabemos todos e sabem muito mais ministros, governadores,
parlamentares governistas e políticos oposicionistas, quais são as bases do
diálogo continuamente prometido e jamais praticado pela presidente da
República, a quem cairia bem o codinome senhora de si.
Nessa
condição, não ouve ninguém. É conhecido seu hábito de convocar reuniões com
propósito exclusivo de se fazer ouvir. Não será, portanto, aos 90 conselheiros
do CDES que abrirá os ouvidos.
Dora Kramer, O Estado de São Paulo, 27/1/2016
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