O que há em comum entre estas pessoas presas por corrupção? |
Em várias
ocasiões – e muito especialmente no julgamento do mensalão –, o Partido dos
Trabalhadores (PT) tentou vender a ideia de que as atividades ilícitas de seus
membros não eram assim tão ilícitas. Seriam “apenas” caixa 2. Seriam “apenas” a
manutenção de práticas já existentes desde os tempos do Brasil colônia. De vez
em quando, os petistas tentavam ir um pouco mais longe, dizendo que as ações da
tigrada seriam na verdade meritórias. Desse delírio partidário nasceu o
ridículo ímpeto de proclamar como heróis do povo brasileiro alguns réus
condenados na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, o PT
mostra que é capaz de ir ainda mais longe em sua perversa retórica. Diante dos
avanços da Operação Lava Jato, o partido não tem se contentado em dizer que o
que fez não foi ilegal ou que seu líder e seu séquito não são criminosos.
Apregoam abertamente a ideia de que os criminosos estão do outro lado do
balcão. Nessa tresloucada visão, os contrários à lei seriam a Polícia Federal,
o Ministério Público e o Poder Judiciário – muito especialmente o juiz da 13.ª
Vara Federal de Curitiba, Sergio Fernando Moro.
É uma
completa inversão de valores – como se os petistas estivessem do lado da lei e
fossem as instituições as descumpridoras da lei. Haja descaramento. Sem
conseguir apresentar uma explicação convincente para as inúmeras denúncias e
escândalos em que estão implicados, os líderes petistas partem para o ataque.
Parece
maluquice, mas é apenas a exacerbação da sem-vergonhice: o PT anda querendo
criminalizar a Operação Lava Jato. Tal tentativa só pode ser a reação
desesperada de quem não tem fatos nem argumentos a apresentar em sua defesa.
Afinal, responde pelo saque do Brasil. Manifesta completo desespero, pois o
movimento de criminalizar o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério
Público não tem qualquer respaldo jurídico, nem muito menos apoio popular.
É evidente
que a sociedade está do lado de quem cumpre a lei. As manifestações do dia 13
de março foram suficientemente elucidativas quanto a isso. A população respeita
e admira a Operação Lava Jato, vislumbrando no trabalho realizado em Curitiba
um Brasil sério, que trabalha, que funciona, que não se detém diante de
poderosos políticos ou de influentes empresários. Pôr-se contra esse esforço
anticorrupção, como vem fazendo o PT, é nada mais nada menos que um suicídio
político.
No aspecto
jurídico, é um absoluto despautério a tentativa do PT de criminalizar a
Operação Lava Jato e, em concreto, a atuação do juiz Sergio Moro. Vige no País
a garantia do duplo grau de jurisdição – tem-se sempre a possibilidade da
revisão de uma decisão de um juiz monocrático por um órgão colegiado. Na
verdade, o problema do PT não é tanto com o juiz de primeira instância, mas com
os tribunais, que têm reconhecido sobejamente a correção das decisões de Moro.
Nos últimos
dias, a campanha contra o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba recrudesceu
sensivelmente, após a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente
Lula e a consequente divulgação de áudios gravados. Como o que foi revelado não
agradou nem a Lula nem a Dilma – afinal, a cafajestagem explícita nas conversas
faz corar frades de pedra –, o PT e o Palácio do Planalto tentaram tratar como
criminosa a decisão de Moro.
O Estado de São Paulo, 21/3/2016
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