terça-feira, 3 de março de 2015

"Follow the money"

O juiz federal Sérgio Moro durante a aula inaugural do curso preparatório
 da Escola da Magistratura Federal do Paraná.
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, disse nesta segunda-feira, sem citar o escândalo envolvendo os desvios de recursos da Petrobras, que políticos desonestos têm vantagens sobre políticos honestos e, por isso, é sempre preciso rastrear o dinheiro movimentado ilegalmente para "se chegar ao chefe". Numa aula sobre lavagem de dinheiro na Escola da Magistratura Federal do Paraná, Moro afirmou que, nesses casos, a investigação contra políticos deve ser tal qual se faz contra chefes de tráfico de drogas: é preciso seguir o “velho conselho norte-americano” se quiser chegar ao chefe.

- Numa democracia, o político desonesto tem vantagens que um político honesto não tem ao usar dinheiro de origem ilícito para ganhar apoio popular para suas ideias - disse Moro.

Para o juiz, se as investigações não forem suficientes para punir o chefe do crime, é preciso fazer com que ele fique sentado sobre o dinheiro sujo e não consiga usar para nenhuma finalidade.

Moro lembrou que as lei que punem a lavagem de dinheiro, no mundo todo, são novas, surgiram a partir da década de 80 (Brasil, é de 1998), e apenas a sanção privativa da liberdade não é suficiente.

- É preciso privar o criminoso do "produto" de sua atividade. O crime não deve compensar - assinalou.

Moro explicou que raramente os chefes estão diretamente envolvidos nos atos criminais mais básicos, pois ele é o último beneficiário da atividade criminosa. Por isso, acrescentou, é preciso seguir o "velho conselho norte-americano" se quiser chegar ao chefe: "follow the money", ou "siga o dinheiro".

- Fatalmente o dinheiro vai chegar em quem tem o poder de controle sobre o grupo criminoso.

O juiz lembrou que o "lavador" de dinheiro tem sido um terceirizado profissional, que "recebe informações ótimas sobre origens e destino do dinheiro".


Nesta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enviar ao Supremo os pedidos de abertura de inquéritos contra políticos e pedirá o fim o sigilo das investigações da Operação Lava-Jato contra algumas autoridades suspeitas de integrar o esquema, o que deve ser feito pelo relator do processo, o ministro Teori Zavascki, alguns dias depois.

O Globo, 3/3/2015

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