O juiz
federal Sérgio Moro durante a aula inaugural do curso preparatório
da Escola da
Magistratura Federal do Paraná.
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- Numa
democracia, o político desonesto tem vantagens que um político honesto não tem
ao usar dinheiro de origem ilícito para ganhar apoio popular para suas ideias -
disse Moro.
Para o
juiz, se as investigações não forem suficientes para punir o chefe do crime, é
preciso fazer com que ele fique sentado sobre o dinheiro sujo e não consiga
usar para nenhuma finalidade.
Moro
lembrou que as lei que punem a lavagem de dinheiro, no mundo todo, são novas,
surgiram a partir da década de 80 (Brasil, é de 1998), e apenas a sanção
privativa da liberdade não é suficiente.
- É
preciso privar o criminoso do "produto" de sua atividade. O crime não
deve compensar - assinalou.
Moro
explicou que raramente os chefes estão diretamente envolvidos nos atos
criminais mais básicos, pois ele é o último beneficiário da atividade
criminosa. Por isso, acrescentou, é preciso seguir o "velho conselho
norte-americano" se quiser chegar ao chefe: "follow the money",
ou "siga o dinheiro".
-
Fatalmente o dinheiro vai chegar em quem tem o poder de controle sobre o grupo
criminoso.
O juiz
lembrou que o "lavador" de dinheiro tem sido um terceirizado
profissional, que "recebe informações ótimas sobre origens e destino do
dinheiro".
Nesta
terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enviar ao
Supremo os pedidos de abertura de inquéritos contra políticos e pedirá o fim o
sigilo das investigações da Operação Lava-Jato contra algumas autoridades suspeitas
de integrar o esquema, o que deve ser feito pelo relator do processo, o
ministro Teori Zavascki, alguns dias depois.
O Globo, 3/3/2015
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