A essas alturas, talvez os estrategistas dilmistas estejam questionando o tempo, dinheiro e cargos que gastaram para conseguir 12 minutos na propaganda eleitoral
Cerca de 30
milhões de pessoas estão vendo o horário eleitoral na TV aberta, informa o
Ibope. Mas quase metade diz que vê “sem nenhum interesse”, um terço diz que tem
“um pouco” de interesse, e só 20%, cerca de seis milhões de eleitores, entre
uma garfada e outra, estão prestando alguma atenção às pirotecnias e armadilhas
publicitárias dos filmes que custam fortunas e são os maiores gastos das
campanhas.
Mas, além
das maiores despesas, os filmes para TV são sempre as maiores esperanças das
campanhas, “vocês vão ver quando entrar o horário eleitoral, vamos poder
mostrar o que fizemos” ou “com o horário eleitoral vão me conhecer melhor e
saber minhas propostas de mudanças”.
A essas
alturas, talvez os estrategistas dilmistas estejam questionando o tempo,
dinheiro e cargos que gastaram para conseguir 12 minutos no horário eleitoral.
Sem falar no que custa produzir esses 12 minutos por dia, embora dinheiro não
seja o problema da campanha. Tudo isso só para reiterar a esses seis milhões,
nas faixas de menor escolaridade e renda, que o Bolsa Família vai continuar,
que Dilma é sua pastora e nada lhes faltará?
Não é muito
caro para chover no molhado? Não estão pagando cada vez mais e fazendo maiores
bandalhas por um tempo que vale cada vez menos?
Será que só
os spots de 30 segundos, que são vistos por todos os segmentos sociais durante
a programação, serão capazes de decidir o jogo e justificar seu preço? Há
controvérsias. Além dos 60 milhões que assistem à TV por assinatura, todo mundo
está ligado na internet, as redes sociais são incontroláveis. Será que vale a
pena pagar tropas digitais para virarem dia e noite trolando ofensas,
difamações e slogans nas redes e pregando para convertidos? Todos já sabem: nem
tudo que cai na rede é pixel.
Se Marina
for ao segundo turno com dois minutos de TV, produzidos com alguns trocados, ou
se vencer a eleição, esse formato do horário eleitoral gratuito, que virou
moeda de troca dos partidos ao custo de 700 milhões de reais ao contribuinte,
estará com os minutos contados na reforma eleitoral que a sociedade está
exigindo.
Nelson Motta - O Globo, 5/9/2014
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