FIQUE BRAVA, GENTE
BRASILEIRA!
Como resultado natural da inexorável ação do tempo, a idade vai se
acumulando e nos transforma em testemunhas privilegiadas de um conjunto de
fatos e acontecimentos que constroem nossa história. Até aí, nada de
extraordinário. No entanto, ainda que inadvertidamente, esse estoque fabuloso
de informações captadas pelas nossas retinas ao longo de nossa existência e
arquivadas no HD de capacidade ilimitada do nosso cérebro espetacular, nos dá a
falsa sensação de que somos guardiões da sabedoria e, vencidos pela soberba, em
determinados momentos chegamos até a imaginar que já vimos de tudo nessa fugaz
experiência terrena.
Ledo engano. Em sua infinita benevolência a natureza nos concede o dom
da longevidade, mas, impõe como contrapartida o exercício da humildade. E nesse
aspecto ela é pródiga em nos ensinar que por mais longeva que seja nossa
caminhada a vida se renova e renasce todos os dias revelando eventos que
julgávamos inconcebíveis. Jamais imaginei, por exemplo, que assistiria a uma
das mais degradantes etapas de nossa história política. Mas os quase doze anos
da desastrada e corrupta administração petista provam que o malfeito de ontem
se reinventa a cada amanhecer, cada vez mais bem feito.
Nada mais me surpreende neste grande bordel que um dia foi a promissora
República Federativa do Brasil. O mais lamentável é que são raros os indícios
de um porvir mais venturoso. É desalentador ver uma nação naturalmente
vocacionada para conduzir, ser conduzida por porteiros de casas de tolerância
de quinta categoria. O gigante continua deitado, só que não mais em berço tão
esplêndido. Apequena-se com a disseminação da desfaçatez e sente diminuir seu
fulgor ante a sanha destruidora dos que teimam em reduzi-lo a mais uma mera
republiqueta terceiro-mundista.
Prova disso é a reportagem publicada sábado último pela revista Veja relatando
as denúncias do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, envolvendo
autoridades de grosso calibre da República em um dos mais escabrosos casos de
corrupção já perpetrado contra a estatal, arrastando para o fundo do pântano da
desmoralização deputados federais, senadores da República, ministros de Estado,
presidentes, ex-presidentes. Nem mesmo personagens que a tragédia se incumbiu
de beatificar foram poupadas. A República ruiria se já não estivesse no chão!
Apesar de estupefato com as revelações do ex-diretor, que gozava da
intimidade de Lula, ressalte-se, reconheço que nada supera a oportunidade ímpar
de ter assistido ao longo de mais de uma década a evolução da mais infeliz das
etapas da política brasileira. Jamais sequer cogitei da possibilidade de
conviver com uma casta de políticos tão ineptos, irresponsáveis, oportunistas e
corruptos e, concomitantemente, testemunhar o desempenho medíocre de um governo
que, além de amasiar-se com a promiscuidade ideológica e flertar
despudoradamente com a prostituição política, não se envergonha de recorrer ao
flagelo da fome e ao suplício da miséria para amealhar algum dividendo
eleitoral.
Paulo Roberto Costa, o ex-diretor que gozava da intimidade de Lula |
Infelizmente, o Brasil foi transformado na pátria dos vigaristas, no
reduto de vendilhões e no paraíso de velhos (e novos) comunistas que abominam o
capitalismo e detestam a burguesia, mas não abrem mão da felicidade, nem da
facilidade, que ambos propiciam. Nunca na história deste pais se contabilizou
tantas denúncias de corrupção, gestão temerária e ação fraudulenta como as
colecionadas pelos facínoras que têm comandado a nação brasileira. Embora
poucos (ou quase nenhum) foram presos, em tempo algum, tantas autoridades foram
levadas às barras da justiça. Mais dia menos dia a casa cai e eles terão de
prestar conta dos seus atos.
Em repúdio a mais um escândalo de grandes proporções envolvendo as
principais autoridades da República, o Brasil que presta haverá de fazer
retumbar pela vastidão das urnas o grito dos indignados. Com certeza ele
chegará aos ouvidos moucos daqueles que têm ultrajado a nossa pátria e coberto
de vergonha toda uma nação e os fará perceber no horizonte da esperança o raiar
de um novo tempo. O da decência. Desmoralizados, descobrirão que restará como
alternativa apenas rastejarem na sarjeta da mediocridade que a desonra lhes
reservou e, de lá, rezarem aos céus implorando, como imploram os covardes, para
que a justiça dos homens seja clemente ao julgá-los. Sabem que a toga da
história é impermeável à gratidão.
Ou nos levantemos contra a era da mediocridade que nos sufoca desde 2003
e estanquemos o mal que essa malta vem fazendo ao nosso País, ou não nos
restará sequer o consolo de sonharmos com um Brasil decente, soberano,
desenvolvido e democrático.
Fique brava, gente brasileira! Sem temor, sem ser vil!
Mauro Pereira
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