domingo, 21 de dezembro de 2014

A Cuba da Realidade

Não existe a Cuba admirável. Ou: A Cuba de Verissimo

Hospital cubano, o “lado admirável” do regime assassino segundo os idiotas úteis
Você logo identifica um socialista envergonhado quando ele “faz críticas” ao regime cubano para logo depois jogar um “mas, por outro lado, as conquistas sociais…” Tudo balela! Se alguém achasse que conquistas sociais justificam ou amenizam tiranias assassinas, então precisariam, antes de mais nada, enaltecer o regime de Pinochet, que foi bem menos sangrento que o de Fidel Castro e com resultados econômicos e sociais infinitamente melhores.
As “conquistas sociais” cubanas não passam de um mito. A educação não é boa, e quem diz o contrário não entende que doutrinação ideológica jamais pode ser tratada como boa educação. Que educação boa é esta em que as pessoas sequer podem ler os livros que desejam, pois há um índice enorme de livros proibidos? Que boa educação é esta em que prostitutas e taxistas desfrutam de formação superior, mas não conseguem exercer suas profissões por falta de trabalho?
Falar em saúde é ainda pior: em Cuba falta o básico do básico. Os familiares dos pacientes precisam levar comida e lençóis, e as instalações são precárias. Qual a grande contribuição que Cuba deu à medicina mundial, à exceção de algum avanço sobre o tratamento do vitiligo? Nada. Fidel se trata com médicos espanhóis, pois sabe que são melhores. Chávez sim, acreditou na medicina cubana. E morreu.
Portanto, quem enxerga o “lado admirável” de Cuba não passa de um míope, ou um cego mesmo, dominado pela ideologia. Cuba é um retumbante fracasso em todos os sentidos, a mais longa e cruel ditadura do continente, que ceifou a vida de dezenas de milhares de pessoas inocentes. E não, isso não foi culpa dos “imperialistas ianques”, dos “malditos estadunidenses”. Quem repete isso dá atestado de estupidez.
O embargo americano é a simples proibição de comércio entre os dois países, após Cuba roubar as empresas americanas e apontar mísseis soviéticos para as cidades dos Estados Unidos. Fidel e Raúl Castro sonhavam em efetivamente destruir os Estados Unidos, como evidências apontam. Não há bloqueio algum, como alguns pensam, tanto que Cuba pratica comércio com Espanha, Brasil, Venezuela, Canadá, etc.
Só os americanos estão impedidos, e é hilário saber que nossa esquerda radical acha que essa é a causa da miséria na ilha. Ou seja: falta comércio com os… ianques! Se ao menos Cuba fosse “explorada” pelos consumistas burgueses americanos, tudo seria melhor… Ignoram, além da contradição de que estão defendendo indiretamente aquilo que odeiam (globalização e comércio com americanos), que a miséria crescente venezuelana não tem embargo algum como desculpa. É o socialismo mesmo que sempre, em todo lugar, produziu apenas miséria e escravidão.
Logo, quem fala em “meios e fins” para avaliar Cuba, como fez Verissimo em sua coluna de hoje, está sendo hipócrita. Não só os fins nobres não justificam os meios de uma assassina tirania, como não há fins nobres ali. Cuba não era um prostíbulo americano como os mentirosos ou ignorantes alegam. Era um dos países mais avançados da América Latina, com indicadores sociais acima da média. E foi transformada num feudo particular dos Castro.
O prostíbulo cubano existe hoje, não há 50 anos. São os maiores índices de prostituição, inclusive infantil, pois o povo miserável mal tem o que comer. Além de ter virado um bordel sob o regime socialista, Cuba virou um hub para o tráfico de drogas internacional, e até para terroristas. Chacal foi parar lá, como tantos outros. É essa a Cuba “admirável” de Verissimo e companhia? Diz o escritor:
Havia a Cuba que se transformara de bordel dos Estados Unidos em país independente, inclusive dos Estados Unidos, a Cuba que resistira durante anos à retaliação americana enquanto dava lições ao resto da América Latina em matérias como saúde publica e educação universal, a Cuba do idealismo preservado apesar de todas as privações — e a Cuba dos paredões, das prisões politicas, da censura à imprensa, da perseguição a dissidentes e do culto à personalidade dos irmãos Castro, eternizados no poder. Era possível admirar uma Cuba e lamentar a outra. Ou não era? A dúvida nos remetia à velha questão, velha como o tempo: quando é que os fins justificam os meios? Até onde a Cuba admirável dependia, para sobreviver a tão poucos quilômetros da Flórida, da Cuba lamentável? Felizmente, quem não era cubano não precisava se definir. As relações das duas Cubas eram apenas pontos de um debate teórico.
Pois é, eis o problema de nossos “intelectuais”: gostam de um “debate teórico” enquanto pessoas de carne e osso pagam com suas vidas e liberdades o preço dessas utopias assassinas. Cuba não preservou idealismo algum. É apenas uma fazenda dos irmãos Castro, com os quase 11 milhões de habitantes tratados como gado bovino. Quem encontra um lado para admirar em Cuba diz muito de si mesmo, de sua falta de princípios, de seu nulo apreço pelo próximo, de sua falta de empatia que permite colocar a ideologia acima dos fatos.
Mas a cara de pau de Verissimo é tanta que ele compara o regime cubano, há mais de meio século matando e escravizando, com a CIA, agência de inteligência do governo americano que eventualmente torturou terroristas em busca de informações para salvar vidas inocentes. Não, isso não é o mesmo que aplaudir os meios nefastos para os fins nobres. É apenas constatar o abismo intransponível entre ambas as coisas.
De um lado temos um ditador que usa dos piores meios por décadas, fuzilando inocentes, prendendo inocentes, apenas para se perpetuar no poder. Do outro lado, temos excessos condenáveis praticados por um órgão de um país democrático que abusa de métodos inaceitáveis sobre terroristas para tentar preservar a paz e a liberdade dos inocentes. Quem não enxerga o contraste moral é mesmo muito imoral.
Enfim, os defensores da pior tirania da América Latina estão prestes a perder a última desculpa esfarrapada que restou para justificar a tirania. E isso vale também para os defensores envergonhados, aqueles que “criticam” os “excessos” de Fidel e Raúl Castro, mas admiram, por outro lado, as “conquistas sociais” que existem apenas na mitologia canhota latino-americana.
Rodrigo Constantino

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