Maria Lucia Victor Barbosa |
Foi algo
impressionante e o estopim foi um movimento de poucos jovens inebriados por um
esquerdismo mais folclórico do que fundamentado teoricamente. Eles pediam passe
livre apesar de andarem de carro. O que daí decorreu nada teve a ver com ônibus
de graça, não era liderado por partidos políticos e não possuía característica
ideológica. As multidões foram às ruas para manifestar insatisfação com o
governo em múltiplos aspectos.
Em
seguida, em meio às manifestações pacíficas apareceram os Black Block, horda
composta por bandidos, arruaceiros e a garotada que destrói tudo em nome da
esquerda, que ataca símbolos do capitalismo como agências de bancos. Aposto que
a moçada, como o ditador da Coreia do Norte, adoram ir à Disneylândia ou fazer
compras e estudar nos Estados Unidos. Em todo caso, diante da violência
plantada estrategicamente as manifestações recuaram. Seria, porém, ingenuidade
supor que a insatisfação popular diminuiu.
Outro
fato significativo foi a estrondosa vaia e o xingamento que a presidente
Rousseff recebeu na abertura da Copa. Um vexame pior do que a vaia sofrida por
Lula nos jogos Pan-americanos. Esporadicamente ela continuou sendo vaiada em
lugares aonde ia levar suas “bondades” de campanha.
E veio a
campanha. A situação econômica péssima com o Brasil quebrado pela senhora
presidente, enquanto eclodia o escândalo da Petrobras, mãe de todos os
escândalos já havidos no Brasil depois do mensalão. Mesmo assim, João Santana,
o Goebells do PT, avisou que Rousseff ganharia de lavada no primeiro turno,
pois os anões tenderiam ao canibalismo.
Tal não
aconteceu e veio o segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, depois da
destruição moral da candidata Marina Silva. Os canhões petistas, então, se voltaram
contra Aécio e foi um festival de acusações, de infâmias, de mentiras. Segundo
o PT, Aécio acabaria com a bolsa esmola, os direitos trabalhistas, poria no
ministério da Fazenda um monstro chamado Armínio Fraga, jogaria o povo na
miséria. Nunca antes nesse país houve uma campanha tão sórdida, tão suja, tão
abjeta. Desesperado o PT fez o diabo para não perder o bonde do poder.
Rousseff
ganhou por pouco. Por pouco Aécio perdeu em Minas. Lula perdeu feio em São
Paulo, seu berço político, assim com Rousseff em Porto Alegre e em Brasília. O
PT diminui a bancada na Câmara, perdeu governos em Estados importantes.
Há,
porém, um fato importante ainda não comentado. De modo inédito em campanhas as
pessoas tomaram posição de forma clara e se instalou com firmeza o petismo e o
antipetismo. Há uma probabilidade do sentimento antipetista se acentuar diante
da inflação crescente, da queda da renda, do desemprego que começa a mostrar
suas garras, das contradições do governo Rousseff que já cortou benefícios
previdenciários e trabalhistas fazendo o que acusava levianamente seus
adversários de fazer caso ganhassem.
Finalmente,
depois de muitos adiamentos o ministério foi composto. Não passa de um balcão
de negociação de votos no Congresso. Longe do mérito e da competência muitos
dos nomeados têm folha corrida e não curriculum. O grosso dos agraciados ignora
o que fazer no cargo e terá apenas por missão executar o que sua mestra mandar.
No meio da chusma aliada uma exceção com base no mérito: Joaquim Levy,
originário do governo Fernando Henrique Cardoso, que será o Armínio Fraga da
Dilma. Levy tentará tirar a economia do buraco e, assim, preparar a volta de
Lula em 2018 numa situação econômica menos caótica. Este, como sempre
empoleirado no palanque já se compõe com uma “frente de esquerda” que lhe dará
total apoio. No seu próximo governo, provavelmente, o baderneiro Guilherme
Boulos, líder do MTST, será um ministro importante ou comandará os conselhos
populares.
E veio a
posse. Havia militares e militantes. Estes buscados em vários Estados e
trazidos em muitos ônibus. Um sanduíche, um refrigerante e as bandeiras
vermelhas se agitaram à passagem da reeleita. O povo praticamente esteve
ausente da patuscada.
Menção
especial deve ser feita ao discurso de posse que impressionou pelo cinismo e
pela empulhação. Uma ficção de mau gosto sobre o paraíso Brasil, obra do PT
onde a pobreza acabou e o pleno emprego deixa a todos imersos em felicidade.
Uma dádiva que devemos agradecer de joelhos ao criador e a criatura. Falou-se
em misteriosos inimigos externos, em combate à corrupção, etc., até que o
delírio oratório culminou no slogan: “Brasil, pátria educadora”. Educadora com
Cid Gomes? Parece piada de salão, como diria o mensaleiro Delúbio Soares.
Infelizmente,
nunca fomos tão parecidos com uma republiqueta das bananas.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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