segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O petrolão na campanha de Dilma e o tesoureiro preocupadíssimo

Edinho Silva, de gravata vermelha, na posse de Dilma Rousseff
Revelado por VEJA desta semana, um manuscrito do chefe do cartel da Petrobras, Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e amigo de Lula, contém queixas contra os antigos parceiros de negócios e ameaças veladas a políticos. O empreiteiro liga os contratos sob suspeita assinados entre as empreiteiras e a Petrobras ao caixa de campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff e afirma que o tesoureiro do comitê da presidente, o deputado petista Edinho Silva (SP), está “preocupadíssimo” com esse desdobramento da Operação Lava Jato.
Eis as anotações mais bombásticas:
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Ricardo Pessoa
1) “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso na Lava Jato doaram para campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculações campanha X obras da Petrobras?”
2) “As empreiteiras juntas doaram para a campanha de Dilma milhões. O que dirá o nosso procurador-geral da República?”
3) “Lava Jato está prestes a mostrar que o que foi apresentado sobre a área de Abastecimento da Petrobras é muito pequeno quando se junta Pasadena, SBM, Angola, esquema argentino, Transpetro, Petroquímica. Ah, e o contrato de meio ambiente da Petrobras Internacional? Se somarmos tudo, Abastecimento é fichinha.”
Que é fichinha, nós sabemos. Que o “preocupadíssimo” Edinho Silva deve estar mais ainda depois da matéria de VEJA, também.
Ou será que ele fez um “boletim de ocorrência de preservação de direitos”, como em 2010, para evitar ser responsabilizado por eventuais crimes petistas?
Em matéria de acusar a oposição daquilo que o PT faz em campanha, Edinho é veterano. Eu não me espantaria se ele voltasse a fazê-lo.
Segue o artigo “zuero” que escrevi na ocasião:
A obra-prima petista [27/10/2010]
Se Steven Spielberg tem Tom Cruise, o PT tem Edinho Silva. Cada um lidera a divisão pré-crime de sua época. Tom Cruise, em Washington, 2054. Edinho Silva, em São Paulo, 2010. O presidente do PT paulista antecipou o roteiro de Minority Report 2. Se, no filme de Spielberg, o criminoso é preso antes de cometer o crime, na campanha eleitoral petista a vítima é culpada antes de sofrê-lo. Lula, o Filho do Brasil? Que nada! O PT é capaz de tramas muito melhores para levar o Oscar.
Dias após militantes petistas agredirem José Serra com um rolo de fita crepe, a equipe de Edinho Silva registrou, na Polícia Civil, um boletim de ocorrência de preservação de direitos. O objetivo é evitar que o partido seja responsabilizado por eventuais tumultos causados por “falsos” militantes petistas infiltrados nos próximos atos de campanha do PSDB. De quem veio a denúncia? Marilena Chaui. Se Tom Cruise tem os paranormais precogs para prever assassinatos, Edinho Silva tem a militante da USP Marilena Chaui para prever conspirações tucanas.
Os paranormais de Tom Cruise trabalham juntos e conectados, flutuando num tanque de fluido nutriente. Os paranormais do PT trabalham juntos e conectados, afogados num tanque de ideias marxistas e gramscianas. Os paranormais de Tom Cruise se chamam Dashiell Hammett, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie, em homenagem aos famosos escritores de mistério. Os paranormais do PT se chamam Marilena Chaui, Frei Betto e Emir Sader, cujas obras consistem em esconder os criminosos até o último capítulo, inclusive.
Quando os paranormais de Tom Cruise vislumbram crimes futuros, os nomes da vítima e do criminoso aparecem escritos cada qual numa pequena esfera, como duas bolinhas de bingo sorteadas. Os paranormais do PT simplificam a previsão, sorteando sempre a mesma bolinha azul para ambos os papeis. Se, a partir dos nomes, a equipe de Tom Cruise vai às ruas prender os pré-criminosos, a equipe de Edinho Silva vai à Polícia Civil garantir-lhes um salvo-conduto. Se o crime acontecer? Bingo! Prendam as vítimas.
O escritor e enciclopedista Diderot dizia que “toda a verdadeira poesia é emblemática”. Ao condensar num só boletim de ocorrência a autoridade ilimitada que se arroga o partido, seu papel de representante de um futuro pelo qual jamais terá de responder, sua inocência prévia incondicional, sua inversão moral, temporal e da relação entre criminoso e vítima, o roteiro deMinority Report 2 constitui-se uma das grandes obras de arte petistas de todos os tempos. Seu alcance simbólico é maior que o do mensalão, ainda que sua popularidade jamais lhe chegue aos pés.
Da mesma maneira que o PT usa o e-mail da Petrobras, o sistema de som da Eletrobras e os jornais da CUT para pedir votos para Dilma Rousseff, sugiro que faça como o coprodutor deGuerra ao Terror Nicolas Chartier e comece a pedir votos por e-mail para os membros da academia americana. Lula, o Filho do Brasil já era. Eu quero ver Dilma Rousseff ao lado de Edinho Silva no palco do Kodak Theater, dizendo que o Oscar de Melhor Filme para Minority Report 2 é “uma questão muito importante”.
[Ou, como diria hoje a presidente: é "estarrecedor".]
Felipe Moura Brasil

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