Para a
entidade, o maior desafio da falta de estrutura da Copa e da opção de levar o
Mundial a todo o país será para os torcedores.
Valcke diz
que governo Lula e Ricardo Teixeira pediram à Fifa para que as seleções não
ficassem em apenas uma região e que a Fifa acreditou que, em cinco anos, a
infra-estrutura de transporte estaria pronta.
GENEBRA - A Fifa alerta aos milhares de
torcedores estrangeiros que, nas próximas semanas começarão a desembarcar no
Brasil para a Copa: não adotem os mesmo comportamentos e o mesmo planejamento
como se estivessem na Alemanha na Copa de 2006. Quem reconhece isso é o próprio
secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke. “Não apareça (no Brasil) achando
que é a Alemanha”, disse. Segundo ele,
foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a CBF de Ricardo Teixeira que
insistiram que a Copa teria de ocorrer em todo o país e que as seleções não
poderiam jogar apenas em uma região.
Para o
futuro, Valcke aponta que a experiência da Fifa no Brasil deve levar a entidade
a exigir que as futuras sedes se comprometam de uma forma mais rigorosa às
exigências da entidade antes de ganhar o direito de sediar o evento.
Em uma
conversa com agências internacionais nesta semana em Zurique, ele admitiu que,
desta vez no Brasil, os torcedores não poderão nem dormir em seus carros ou em
barracas como fizeram em 2006 na Alemanha e nem usar trens para ir de uma sede
a outra.
O CEO da
Fifa é claro em alertar que, em 2014, quem mais vai sofrer durante a Copa do
Mundo no Brasil por conta das distâncias, falta de estrutura, preços altos,
insegurança e falta de transportes são os torcedores. ”Eu sei que é difícil
falar sem criar uma série de problemas. Mas minha mensagem para os torcedores é
de que tenham certeza de que tenham tudo organizado quando viagem ao Brasil”,
disse.
“Não há
como dormir na praia, porque é inverno. Garanta sua acomodação. Não há como
chegar com um mochila e começar a andar. Não existem trens, não se pode dirigir
de uma sede à outra”, alertou.
“Não
apareçam no Brasil pensando que é a Alemanha, que é fácil se mover pelo país.
Na Alemanha, você poderia dormir no carro. No Brasil não”, disse. ”O maior
desafio será para eles (torcedores)”, disse. “Não será para a imprensa, não
será para os times e nem dirigentes. Será para os torcedores”, alertou.
Ele admitiu
que, em 2009, a Fifa sabia dos limites do Brasil em relação à infra-estrutura
de aeroportos. Mas a aposta era de que haveria tempo suficiente para que todas
as reformas fossem feitas. “Sabíamos disso. Mas isso era em 2009 e podemos
esperar que você tem cinco anos para um país garantir que as estruturas estejam
instaladas para entregar o que havia sido acordado”.
Lula –
Valcke deixou claro que a decisão de estruturar a Copa da forma que ela vai ocorrer
não foi ideia da Fifa. Segundo ele, foi o governo brasileiro, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e Ricardo Teixeira que fizeram questão de insistir
com a Fifa de que a Copa teria de ocorrer em doze cidades e que as seleções não
poderiam ficar em apenas uma região do País. A Fifa pede apenas oito sedes.
“É verdade
que você multiplica os riscos ao ter mais estádios. Mas tivemos uma situação em
que tínhamos um governo e um presidente, que naquele momento era Lula, que te
explicam que a Copa deve ser para todo o Brasil, e não apenas para poucas
cidades”, disse.
Valcke
também deixou claro que o pedido para que a Copa se estruturasse dessa forma
também veio de Ricardo Teixeira.
O dirigente
da Fifa admite que o “lógico” seria dividir os 32 times em quatro grupos
regionais, justamente para evitar que tivessem de sair de Manaus e jogar em
Porto Alegre, de São Paulo à Recife. “Isso evitaria que eles tivessem de se
mover para outras zonas do país”, declarou.
Mas a Fifa
acabou sendo obrigada a abandonar a ideia de dividir o país em quatro,
justamente por conta da insistência da CBF e do governo de que a seleção
brasileira iria percorrer o Brasil em seus jogos.
Segundo
Valcke, esse também foi um pedido do Brasil. “Eles não queriam que o Brasil
jogasse apenas em uma parte do país”, disse. O problema é que, para o
calendário da Copa funcionar, todos então teriam de viajar. Valcke, em 2007,
foi pago pela CBF como consultor para ajudar a preparar a candidatura
brasileira.
Valcke
ainda apontou que a mudança de governo no Brasil no meio da preparação também
afetou o andamento do processo. “Encaramos uma eleição geral no Brasil e não
foi fácil sair de Luiz Inácio Lula da Silva para uma nova presidente. Sempre
leva algum tempo para um novo governo entrar nos assuntos e tivemos também um
número elevado de mudanças de ministros”, disse. Um deles, Orlando Silva,
acabou caindo por conta de suspeitas de irregularidades.
Futuro –
Valcke não escondeu que a experiência no Brasil o leva a pensar que a Fifa,
para as futuras Copas, deve adotar uma nova postura e exigir maiores
compromissos do país sede. “Deve ser pelo menos parte do processo de
candidatura que haja compromisso do país em uma série de pontos”, declarou.
Uma opção,
segundo ele, é de que haja uma decisão vinda do Poder Legislativo sobre esses
compromissos, e não apenas do presidente no momento da escolha do país. “Não
pode ser apenas a decisão do presidente ou de um ministro. Mas deve ser apoiado
pelo senado, congresso ou assembleia nacional”, disse. Isso, segundo ele, evitaria
“potenciais conflitos”.
Valcke
ainda se queixou da imprensa, apontando que ele havia se transformado na pessoa
que é sempre citada quando há uma crítica a ser feita. Ele citou um estudo que
avaliou que, em 63% dos casos, a imprensa apenas reproduziu comentários
negativos que ele teceu sobre a Copa do Mundo.
Fonte: O
Estadão - 9/5/2014.
Meu comentário: A Copa tem tudo para ser uma grande mancha na
imagem do Brasil no exterior. A própria FIFA já antevê esta possibilidade. E,
como sempre, a culpa é da imprensa. Não sabia que o cartola Jerome Valcke era
filiado ao PT.
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