terça-feira, 20 de maio de 2014

Sem baderna, Brasil busca identidade socioeconômica

Vamos passar vergonha na Copa. O Brasil não tem que deixar os estrangeiros chegar de metrô dentro dos estádios e não tem protesto que assuste o governo. Frases contraditórias, mas que só a partir de 12 de junho poderemos, ou não, confirmar. 

Antes, durante e depois da Copa, entretanto, os brasileiros têm que começar a agir, coletivamente e de maneira sistemática, de acordo com a virtude. A virtude nada mais é do que agir, viver e preservar a nossa existência como sociedade organizada sendo dirigida pela razão, visando ao proveito da coletividade. 

A identidade socioeconômica atual é uma repetição, mesmo com o inegável progresso do País, de outros momentos, bons ou maus. Movimentos grevistas, protestos e pedidos de mudança. Tudo muito difuso, mas é assim que caminha a humanidade e, nela, o Brasil.

Entretanto, o progresso que tivemos continua vindo de fora. Tecnologia, modelos e estereótipos são estrangeiros. Afinal, não temos solidificado um alegre jeito brasileiro de vida? Claro que temos. 

O Brasil é destinado a conviver com uma bipolaridade socioeconômica? Ora somos o país da moda, em outros dias surgimos à beira do abismo fiscal, da balança comercial e do crescimento deficitários. 

O Brasil dos movimentos sociais que descambaram, através de uma pequena parcela iconoclasta, para a desordem, a depredação e, finalmente, para o assassinato de inocentes, além de saques feitos sem qualquer repressão.

Vamos, devemos e precisamos encontrar a nossa verdade. Uma inquebrantável busca da verdade é que poderá corrigir os erros de governos que praticam um irracionalismo unilateral. 

Não podemos, para entender os problemas que nos assolam, esquecer a sociologia. Temos fatores que giram em torno do psiquismo das massas, além dos anseios socioeconômicos. 

Sem esquerdismos nem direitismos, dicotomia que só nos tem atrasado, temos, sim, condições de nos guiarmos em busca de dias melhores, sem as peias das paixões irracionais. 

A força dos anseios pela felicidade empurra os brasileiros para frente, pois são equipamentos naturais de todos nós. A cura social virá com a remoção dos obstáculos que nos impedem de agir. 

Porém, dentro da ordem, do planejamento, da disciplina e da consciência coletiva positiva. E isso vale para a Copa do Mundo, que pode, deve e tem tudo para ser um sucesso.

Tornamo-nos senhores da nação, porém, agora somos escravos da máquina burocrática permeada de corrupção, pública e privada. O brasileiro  sente-se bastante inquieto e, geralmente, perplexo. Labuta e lida, mas tem uma vaga consciência da futilidade dos seus esforços. 

Enquanto cresce na sua vida individual com a onda de consumo, desde produtos como automóveis e viagens ao exterior, sente-se impotente em sua vida espiritual, individual e socialmente, perdendo de vista o que dá significado a tudo, o próprio ser humano. 

Neste ano de 2014 – sem arruaças, furtos e depredações - podemos avançar ou ter dias tenebrosos, social, econômica e politicamente falando. Entretanto, Platão perguntava quem eram os filósofos no seu tempo. 

E ele mesmo respondia: são aqueles que amam contemplar a verdade. E a verdade, que liberta, aparecerá neste ano de 2014.

Editorial, Jornal do Comércio, RS - 19/05/2014

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