domingo, 16 de novembro de 2014

Intervenção militar?

Quem viveu o caos do último ano do governo João Goulart e assistiu/participou na Contra-Revolução de 31 de Março de 1964, fica estarrecido com os pedidos de "Intervenção Militar" que pipocam nas redes sociais e nas manifestações contra o desgoverno do PT e a maior rede de corrupção da história da República.

Explico por que fico estarrecido: parece que estas pessoas não aprenderam nada!

Diz-se que quem não aprende com a história está condenado a cometer os mesmos erros. É fato. Os brasileiros, conhecido por sua curta memória, também não gostam dos livros que registram sua história.

Os fatos que levaram aos acontecimentos culminados no dia 31/3/1964 ocorreram num cenário e numa época que não podem ser repetidos, como se fosse uma versão moderna, num "make-up" digital, de um antigo filme ou novela.

O mundo é outro, o Brasil é outro. O que se justificava em 1964, não se justifica hoje.

Historicamente os políticos colocaram o país em armadilhas ou encruzilhadas. Foi assim na criação da República, em 1889. Foi assim no final da Segunda Guerra Mundial, com a queda da ditadura de Getúlio Vargas e seu Estado Novo.

Foi assim com a eleição e posse de Juscelino Kubischek, só possível pela mão forte do General Henrique Lott, Ministro do Exército (chamado de Ministério da Guerra, na época), que garantiu a continuidade de democracia.

Foi assim no estabelecimento efêmero do parlamentarismo em 1961, como forma de evitar ( e só conseguiu o adiamento) as manobras de Jango e seu cúmplice Leonel Brizola, na tentativa de implantar no Brasil uma ditadura comunista nos moldes de Cuba.

Finalmente, foi assim em Março de 1964 no movimento, clamado pela classe média, pela Igreja, pelos ações sociais, que culminaram no estabelecimento de um governo militar que durou 21 anos.

Em todas estas ações em que os militares se envolveram na questão política (além de muitas outras não mencionadas como o Tenentismo de 1922, a intentona comunista de 1935, etc.), para resolver o imbroglio criado pelos políticos e pela sociedade brasileira, os militares foram convocados pelos civis e depois de afastado o perigo, violentamente criticados por quem os convocou: a sociedade brasileira.

Falar da segurança cidadã que se tinha entre 1964 e 1985 é como clamar no deserto. Quem viveu este período parece ter esquecido de como era e quem não viveu, não se preocupa em pesquisar a história e os fatos, preferindo ser emprenhado pelos ouvidos da propaganda oficialista.

A realidade é que depois de 29 anos, as Forças Armadas já não são o fiel da balança, na frágil democracia brasileira. Não adianta falar de "intervenção", pois ela não ocorrerá.

No século 21, a sociedade civil brasileira terá que aprender a tomar as atitudes necessárias para garantir sua liberdade e a democracia.

Esperar que isto venha dos quartéis é burrice política e atestado de incompetência cidadã.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...