segunda-feira, 16 de junho de 2014

A Copa do Mundo e o Respeito perdido


Eu não sou apreciador de futebol, nem nunca acompanhei este esporte. Mas, como a grande maioria dos brasileiros, torcia pela seleção brasileira nos campeonatos internacionais em que a CBF participava.

Isto, até o grande malogro de 2006. Naquela ocasião me dei conta de que a equipe de futebol, formada por profissionais do esporte mais bem pagos do Brasil, estavam representando sómente seus interesses e de seus patrocinadores. Eles não representavam o Brasil e muito menos a minha pessoa.

A partir daí, futebol, CBF e Copa do Mundo passaram a ter para mim o mesmo valor de uma boa partida de gamão: isto é, absolutamente nada.

Até mexer no meu bolso!

E isto aconteceu quando o governo brasileiro, no meio de uma relação que parece infindável de escândalos, começou a defender o investimento, a fundo perdido, de bilhões de reais de impostos, neste megalomaníaco empreendimento chamado de Copa 2014. Neste momento, passamos a conhecer os absurdos e crimes contra os contribuintes, cometidos pelo Governo Federal e Estadual, em várias unidades da Federação.

Que um jogador de futebol - ou um treinador/técnico - ganha milhões de dólares por ano, não é problema meu.

Que o governo gaste bilhões de dólares para construir estádios, num país absurdamente carente de hospitais, escolas, estradas, é problema meu e dos grandes.

A Presidência da República, assim como o Congresso Nacional, são instituições que merecem todo o respeito, numa sociedade que seja digna deste nome.

Não é o caso brasileiro. Este país, pouco a pouco, vai se transformando num grande gueto, numa grande favela, com suas "tribos", com suas mazelas, com a total e completa falência da ordem e do direito.

Passamos a ser uma população dividida entre as "zelites" e o povo. Entre brancos, negros e índios. Entre cotistas e não cotistas.

Somos um país onde a presidente se sente perfeitamente à vontade de publicar um decreto, passando por cima do Poder Legislativo - que nem se rebela contra o estupro - e determinando que "grupos sociais" participem na decisões governamentais, criando um quarto poder. Na prática, a Constituição de 1988, chamada de "Cidadã," foi virtualmente rasgada e jogada no lixo.

Um país onde o presidente de um dos seus poderes, o Judiciário, é avacalhado e desrespeitado por vários políticos, todos do partido presentemente no governo, sem que nenhuma ação seja tomada contra estes indivíduos.

Somos um país onde o Poder Legislativo atua com um corporativismo de dar inveja à mais clássica das máfias, defendendo e protegendo seus membros e passando por cima, como um tanque, de sua obrigação constitucional, que é defender o povo que o elegeu. Que só defenestra algum membro quando debaixo de uma pressão avassaladora da mídia e da opinião virtual.

A cada dia, em cada pronunciamento, a autoridade máxima do Brasil desrespeita seus cidadãos com mentiras imediatamente desmascaradas ou com pronunciamentos que são como uma facada nas costas do idioma oficial do país.

Somos um país onde professores e policiais são diariamente desrespeitados por estudantes malcriados e bandidos recorrentemente presos. Sem que nada ou quase nada aconteça.

Somos uma nação onde seus cidadãos são diariamente desrespeitados pelas prefeituras corruptas e incompetentes, por governos estaduais omissos, corruptos e incompetentes e por governos federais omissos, corruptos e incompetentes, preocupados em ajudar outros países - na maioria ditaduras - com o dinheiro dos impostos brutais pagos por toda a população, dos ricos aos mais miseráveis. Sim, todos pagam estes os impostos covardemente ocultos nos preços e que ninguém consegue visualizar o absurdo de seus valores.

Então, quando as vaias começam - e foram usadas nos mais diversos locais e pelos mais diversos públicos - o governo se surpreende?

Quem mais desrespeita o cidadão brasileiro?

O respeito é uma atitude em extinção, no país "do nunca antes."

E o governo federal perdeu direito a esta atitude, por parte da grande maioria dos brasileiros.

Não usaria palavras de baixo calão contra a presidente do Brasil, enquanto exercendo suas funções. Eu tive uma boa educação, no berço.

Mas que ela mereceu, não tenho a menor dúvida.

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